POESIA e MAR

AS ONDAS As ondas do mar quebravam uma a uma Eu estava s com a areia e com a espuma Do mar que cantava s para mim. Caminho MAR SONORO Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim. A tua beleza aumenta quando estamos ss E to fundo intimamente a tua voz Segue o mais secreto bailar do meu sonho. Que momentos h em que eu suponho Seres um milagre criado s para mim. Sophia de M. B. Andresen, Dia do Mar, Caminho PRAIA Abro o caderno e o mar as ondas varrem a praia palavras e ritmo tudo ondeia mar viva de Agosto escrevo na pgina como na areia. Manuel Alegre, Doze Naus, Dom Quixote SURF De p na frgil tbua onda a onda ele escrevia poesia sobre a gua. Era uma escrita to una de to perfeita harmonia que o que ficava na espuma no se podia apagar: era a prpria grafia do poema do mar. A COR DO VENTO Quando o horizonte se fecha o azul converte-se em cinzento e o prprio mar fica da cor do vento. MAR ABSOLUTO
()

Sophia de M. B. Andresen, Dia do Mar,

Manuel Alegre, Doze Naus, Dom Quixote

Manuel Alegre, Doze Naus, Dom Quixote

Mar invisvel sobre o mar visvel mar que me bate em todos os meus msculos e s vezes traz s praias do dizvel a msica e a melancolia dos crepsculos.
()

Venha at mim o mar venha at mim o mar que foi e o que h-de-ser e pai e me venha at mim o mar princpio e fim

o mar que mesmo aqui mais alm. Manuel Alegre, Doze Naus, Dom Quixote HEROSMOS Eu temo muito o mar, o mar enorme, Solene, enraivecido, turbulento, Erguido em vagalhes, rugindo ao vento; O mar sublime, o mar que nunca dorme. () Cesrio Verde, O Livro de Cesrio Verde, tica O MOSTRENGO O mostrengo que est no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; A roda da nau voou trs vezes, Voou trs vezes a chiar, E disse: Quem que ousou entrar Nas minhas cavernas que no desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo? E o homem do leme disse, tremendo: El-Rei D. Joo Segundo! De quem so as velas onde me roo? De quem as quilhas que vejo e ouo? Disse o mostrengo, e rodou trs vezes, Trs vezes rodou imundo e grosso. Quem vem poder o que s eu posso, Que moro onde nunca ningum me visse E escorro os medos do mar sem fundo? E o homem do leme tremeu, e disse: El-Rei D. Joo Segundo! Trs vezes do leme as mos ergueu, Trs vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer trs vezes: Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um povo que quer o mar que teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo, Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. Joo Segundo! Fernando Pessoa, Mensagem, Oficina do Livro