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Empresários portugueses: incapazes, inúteis, nocivos e

batoteiros

Empresários e mandarins,

Trafulhas, vigaristas e
afins

Índice

1 – “Empresários” em busca de sobrevivência

2 - Os desabafos do van Zeller

3 - A batota institucionalizada – o caso Face Oculta

4 - A batota/batata quente agora está entregue aos togados *

5 - Transparência democrática

6 - Cosec, um caso esquecido?

1 – “Empresários” em busca de sobrevivência

Em Junho, inseriu-se neste blog um texto com a designação “Preparação de


um Bilderberg saloio” (1). Nele procurou-se referir algumas instâncias em que
o empresariato indígena discutia o momento conturbado para a sua
apropiação da riqueza criada pelo trabalho, bem como o seu futuro, num
contexto de grande pressão do capital global.

Em via de regra, as burguesias fracas e dependentes, incapazes de se


baterem com as multinacionais e o sistema financeiro globalizado, focam a
sua sobrevivência em dois factores:

• Acentuação da ocupação do Estado com o aumento da quota do OE para


apoios às empresas, contratações, adjudicações, encomendas,
mordomias, comissões, etc;

• Prossecução da lógica de atomização dos trabalhadores, para sua


melhor catequização no sentido da aceitação do sacrifício, em prol da
economia dita nacional, da recuperação económica, da salvação das
empresas, com muitas promessas de empregos e melhorias salariais
para… quando puder ser.

A meio da última semana de Outubro, os lídimos representantes do


empresariato luso, capitaneados pelo van Zeller, bem encadernados dentro
dos seus fatinhos e depois da missa, foram entregar ao Sócrates as suas
encomendas para se safarem da crise. O governo iria para uma cimeira em
Bruxelas onde se discutiria o momento de tornar de novo o deficit, como a
prioridade política: já em 2010 ou posteriormente. Os governantes deveriam
ir, como canídeos de circo, bem adestrados para cumprir as instruções dos
donos.

Como pontos estratégicos, a comitiva do van Zeller indicou a Sócrates:

• A manutenção dos apoios às empresas “pelo menos até 2011”,


esquecendo-se, entretanto, o deficit orçamental;

• O congelamento do salário mínimo, pois as empresas “correm risco de


fechar”.

Ainda se procurou no texto patronal, várias vezes, uma tirada abnegada do


género “pronto, nós sacrificamo-nos e investimos o dinheiro que costumamos
enviar para os offshores, pagamos ao fisco sem aldrabice, não emitiremos
facturas falsas e vamos encolher nos nossos salários e mordomias”. Debalde.

2 - Os desabafos do van Zeller

Costumamos estar atentos aos recados e desabafos do van Zeller (ver “O


perfil de um tal Van Zeller, da CIP”, Maio/2006) (2) e, logo os mandarins se
encontraram a caminho de Bruxelas, o cavernoso presidente da CIP, abriu,
publicamente, o seu coração.

O homem não manda dizer, nem utiliza floreados, à semelhança de um dos


seus antecessores, o Ferraz da Costa, também ele de espírito trauliteiro. E
proclamou (30/10) - do alto do cadeiral da pouco recomendável CIP - o que
toda a gente sabe que é prática corrente – o mundo empresarial é o antro da
albrabice. Se se colocar bem os ouvidos à escuta, ouvir-se-ão ainda os ecos
das palmas entusiásticas da claque dos chamados empresários.

Ele escolheu a rádio para desabafar e, os restantes media – com a excepção


do DN e do comentário radiofónico de Pedro Guerreiro do Jornal de Negócios –
incomodados, fingiram-se distraidos e calaram-se.

Disse o van Zeller coisas tão interessantes como:

• É preciso o Estado proteger as empresas portuguesas nos


concursos de obras públicas

Seria trivial e soaria a cópia daquilo que Sarkozy aplicou para as empresas
industriais francesas dos sectores vitais. Mas há diferenças, no alcance e no
conteúdo.

A França detém aqueles sectores de alta tecnologia – aviões, combóios, por


exemplo – que Sarkozy quer defender e apoiar, afirmando-se como
nacionalista, pretendendo ter um sector industrial exportador de tecnologias
de ponta.

Van Zeller, sem querer, mostrou uma das características que definem o
capitalismo português, como subalterno. Não se mostrou preocupado com as
empresas industriais, ou exportadoras mas, apenas com a manutenção de um
elevado nível de concursos abertos pelo Estado que garantam a reactivação
do ciclo do betão.

Isso é recorrente, sistémico. Há uns dez anos, sabe-se de um estudo


patrocinado pelos industriais do betão, com o emblema da AIP, para apontar
ao governo de Guterres, os investimentos necessários, terminado o ciclo da
Expo/98. Ao abrir o saco, van Zeller, já saberia das irregularidades nos
concursos lançados pela Estradas de Portugal, anunciadas, entretanto, pelo
Tribunal de Contas e que prejudicam, adivinhem só… a Mota-Engil e a Soares
da Costa!

Van Zeller mostrou estar a léguas das PME - que tanto pairam na boca do
mandarinato - ou mesmo das pequeníssimas, das nano-empresas que a
esquerda institucional tanto gosta de referir. A propósito, convém não
esquecer que há, de modo sintético, dois tipos de empresários: os grandes,
que controlam o mandarinato, a elaboração das leis e do OE, que van Zeller
representa e, os pequenos, cuja principal característica é pretenderem crescer
e sentarem-se à mesa dos grandes.

Ao gritar pela protecção do Estado, van Zeller explicitou que os chamados


empresários de grande calibre são uns eternos infantes, dependentes da teta
estatal e da absorção do dinheiro dos impostos, para sobreviverem. Dito de
outro modo, o empresário definido nos livros de economia “mainstream”, que
aplica as suas poupanças, transbordante de energia criativa, que inova e
assume responsabilidades perante os trabalhadores que cumpre
escrupulosamente os seus deveres fiscais e que não rouba, é uma figura tão
real como o Asterix.

Naquele sentido, não há empresários em Portugal, sem que com isso se


pretenda dizer que, nos outros países, os chamados empresários possam viver
sem os seus Estados. A diferença é que, em Portugal, essa dependência é
muito maior, dado o atraso do capitalismo português; daí resultam,
necessidades absolutas como o modelo dos baixos salários, a extensiva fuga e
evasão fiscal e contributiva, a construção de minuciosa e labiríntica legislação,
verdadeiro babel, manejado por advogados a soldo, a corrupção tão
banalizada quanto impune, tornando supérflua uma verdadeira capacidade de
gestão. A rapina inerente a essa subalternidade tem, como principais
consequências, o subdesenvolvimento económico e as piores condições de
vida para os trabalhadores, no contexto da Europa ocidental.

• É preciso considerar, que os “próprios projectos sejam escolhidos


em função da capacidade das empresas portuguesas”
Dito de outro modo, como os empresários portugueses não sabem construir
combóios, para os beneficiar, o Estado lançará concursos internacionais para a
utilização de carroças nas futuras linhas do TGV, garantindo assim que os
industriais lusos terão fortes possibilidades de vencer. Quando o alfaiate não
tem tecido para servir o cliente, encolhe-se o cliente para que o tecido
chegue.

É este o modelo de que van Zeller propõe para beneficiar os “empresários”


portugueses, um proteccionismo assente numa imbrincação íntima entre
Estado e os grupos económicos, tal e qual como a efectuada por Salazar e
Caetano. Resta saber se a dependência face aos capitais externos – os fundos
europeus e os empréstimos que financiam a banca – permite essa margem de
manobra; pelo menos sem retaliações.

• É preciso beneficiar as empresas, logo no concurso, como fazem


todos os países europeus, com realce, dado pelo van Zeller, aos
espanhóis

Naturalmente que os Estados fazem o que podem para favorecer os seus


empresários em nome de um - nem sempre discreto - nacionalismo que se
sobrepõe, matreiramente e em regra, ao ecumenismo de mercado, vomitado
pelos mandarins, para entreter a multidão. Na lógica do Van Zeller e dos seus
vivaços confrades, o mercado deve funcionar para vender aos estrangeiros e,
ser restringido para protecção do empresariato nacional da concorrência
desses mesmos estrangeiros – é o mercantilismo puro e duro. Apesar de isso
estar no coração e nos desejos do empresariato, o que se ouve, mais
frequentemente, é a música celeste com que é embrulhada a teologia do
mercado, cuja credibilidade é tendencialmente nula.

E, esse nacionalismo anti-espanhol, típico da geração do Van Zeller, veio,


curiosamente, à superfície, no mesmo dia em que solenemente, Cavaco e Juan
Carlos, em Madrid, ouviam as reclamações dos ditos empresários ibéricos e
italianos no V Encontro Cotec. Cremos mesmo que Cavaco terá ficado…
encavacado quando o confrontaram com os desabafos do Van Zeller, na
presença da bourbónica cabeça coroada espanhola.

• Temos de deixar “essa brincadeira de sermos uns limpinhos, que


cumprimos todas as regras. Isso acabou"

Ele sabe bem do que fala, pois há muito que não existem as regras de
coexistência típicas da dita economia social de mercado e que os
trabalhadores são tomados como peças descartáveis a qualquer momento,
tratados pior do que máquinas. As máquinas não admitem falhas na
manutenção, enquanto que para o Van Zeller e amigos, a capacidade de
compressão salarial é infinitamente elástica e a margem de substituição de
trabalhadores é bem mais elevada do que a das máquinas.

Se o cumprimento das regras, mesmo assim, acabou, como declara o Van


Zeller, isso talvez não tenha como principais destinatários os empreiteiros
espanhóis que concorrem âs obras na Lusitânia mas, antes signifique novos
sacrifícios aos trabalhadores portugueses, pois é aí que nasce a riqueza dos
vanzelleres todos, dos motas, dos amorins e dos belmiros, todos amplamente
envolvidos no manejo das betoneiras.

Nesse sentido, antecipadamente, van Zeller havia mandado às malvas o


acordo que havia subscrito na reputada “concertação social” relativamente ao
aumento do salário mínimo para os € 500. Rasgou as regras por ele próprio
assinadas. Naturalmente, não jogou limpinho, como só os anjinhos admitiram
que ele iria jogar.

• De acordo com o Van Zeller, se "ninguém na Europa" está a cumprir


as regras, "nós não temos obrigação de o fazer"

Tremei, oh empresários europeus e particularmente esses desgraçados


espanhóis!!! Portugal vai ser grande outra vez e, com a ausência de regras,
finalmente levada a cabo pelo Van Zeller e comparsas, os empreiteiros de
todos os países vão sofrer as ruas da amargura. O Van Zeller vai dar uns
decretos para o Sócrates assinar e, nem uma caixa de parafusos vai ser
comprada a esses estrangeiros de má morte! Com o trabalho do Van Zeller e
as encomendas públicas oferecidas aos chamados empresários lusos, as
betoneiras da Mota-Engil, do Soares da Costa ou da Teixeira Duarte
trabalharão dia e noite e irão fazer crescer o PIB de modo a causar inveja à
China! Paralelamente e como efeito colateral, os trabalhadores portugueses
serão promovidos a “coolies”.

• Deixamos para o fim a melhor piada do Van Zeller. “Se tivermos de


fazer batota para safarmos a nossa economia, pois que façamos batota"

O Van Zeller reflecte, sobretudo, o incómodo dos seus promotores pois a


Mota-Engil apresentou um orçamento mais caro € 300 M (coisa pouca…) que a
concorrência espanhola para um troço do TGV e perdeu a empreitada. E,
como acontece frequentemente, depois de perderem em campo, os dignos
“empresários” lusos procuram condicionar a secretaria, comprar o árbitro do
próximo jogo, fazer batota. Este facto, foi a espoleta que fez explodir o van
Zeller e emitir aquelas afirmações tão reveladoras.

Ao mesmo tempo, em Madrid, Daniel Bessa, catedrático muito ligado a uma


subespécie de “empresários” - os do Norte, protagonistas em excelentes
anedotas - defendia, educadamente, uns estafados incentivos fiscais a quem
investir na inovação e na investigação. O referido lente propôs ainda, uma
legislação mais eficaz quanto a benefícios, pois contrariamente ao que
acontece em Espanha, procede-se (que escândalo!) a uma verificação prévia
das condições de atribuição desses benefícios. Se quiserem ver um
“empresário” deste quilate entrar em ebulição, defendam a não verificação
prévia das condições de atribuição do RSI ou do subsídio de desemprego…

3 - A batota institucionalizada – o caso Face Oculta


Enquanto o van Zeller vociferava e, em Madrid, outros empresários figuravam
em elegante festim, era revelado (mais) um caso de vigarices tendo como
protagonistas, a gentinha do costume – empresários e mandarins. Trata-se da
operação Face Oculta onde brilham, um tal Manuel José Godinho, empresário
de Ovar, o bem conhecido Vara que mereceu um texto neste blog, em
Fevereiro de 2008, com o título de “O Vara... vinha cantando alegremente,
plem, plem... “ (3) e o clã Penedos cujo patriarca é conhecido por ser um bom
angariador de fundos para o PS, entre outros mafiosos ou traficantes de
influências. Um caso de evidente batota, demasiado vulgar para ser estranho
e, que revela como é construído o sucesso de muitos empresários ou, de uma
forma mais lata, como se procede à acumulação de capital.

Uma coisa que eles gostam muito é de transacções imobiliárias. Não há


deslocações físicas de bens e tudo se resolve em registos notariais e contratos
celebrados em discretos gabinetes de gestores ou advogados, topo de
gama(nço). Na caso Face Oculta estão presentes empresas imobiliárias da
Galp e da EDP, como foi imobiliário o negócio dos CTT de Carlos Horta e Costa,
com um prédio em Coimbra, a passear há vários anos pelos tribunais, como
imobiliário foi também, o negócio Portucale, com o protagonismo do grupo
BES e de mandarins do CDS, capitaneado pelo moralista da treta, Paulo
Portas. É o reino da batota, esse empestado caneiro onde bóiam mandarins e
empresários.

Uma vez mais, obrigaram o letárgico Constâncio, governador do BdP a


interromper a sesta. Cordato e complacente até ao inaudito, coloca-se numa
postura de espera infinita pela condenação judicial do seu camarada Vara,
para o inibir de cargos de gestão bancária. Não seria de esperar que aos
gestores bancários se exigisse uma elevada idoneidade, sobretudo depois das
conhecidas vigarices ocorridas no BCP? E uma atitude firme, lesta e lapidar do
BdP? O homem só sabe arrastar os pés?

Não fora a batota inerente aos processos de nomeação partidária, nunca Vara
teria sido sequer responsável pelo galinheiro do quintal da sua avó, como
adiante se verá. Mas, como diz van Zeller, há que fazer a economia singrar,
com a dose de batota adequada a cada caso.

Santos Ferreira, chefe do Vara no BCP é que decidiu a questão. Embora se


saiba que as transacções Vara-Godinho nada terão a ver com o banco, Santos
Ferreira, decerto com o aval do governo, não quererá mais lama no frágil BCP,
já lhe bastando a procissão do julgamento da anterior administração, que
ainda vai no adro. Santos Ferreira sabe muito bem que o melhor capital de um
banco é a discrição e, já se considera bem aviado de más razões para o BCP
ser notícia. Conseguiu que o Vara entrasse em banho-maria, fora da gestão do
banco.

Quanto ao Penedos da REN, vai resistindo a apresentar a demissão uma vez


que ninguém se mostra capaz de o demitir do cargo, talvez porque, como
gestor de gabarito, terá acautelada a entrega de uma fortuna em
indemnizações, se o demitirem. E, já que está no ocaso da carreira, não quer
sair, sem um bom reforço da conta bancária; por isso, prefere que o demitam.
Manuel José Godinho é o personagem central da Face Oculta, a cabeça do
polvo mafioso, o padrinho. O Godinho é sucateiro, o que não lhe dá grande
lustro, pelo que a actividade formal em que o “empresário” se insere ganha
notoriedade e elegância se adoptar a designação ecológica e inovadora de
reciclagem de resíduos. Esse Godinho, espantosamente, tem andado à solta,
apesar de ser arguido pela emissão de facturas falsas em 2005/2007, no
âmbito da qual se apropriou de € 11.6 M, que caberiam ao Fisco. O
“empresário”, decerto seguro da sua rede clientelar e da fidelidade ou dos
bons ofícios daqueles a quem presenteava largamente, não terá sequer
moderado ou tomado cautelas na sua actividade “empresarial” depois de
constituído arguido no processo das facturas falsas. Um precursor, este
Godinho, um industrial de vistas largas, entre tantos, que praticam a tal
batota que o van Zeller defende; e, porventura, ainda virá a reclamar o seu
carácter de benfeitor por ter criado postos de trabalho ou o direito a exigir
uma indemnização ao Estado.

Ao que consta, o Godinho vem beneficiando, na adjudicação de concursos e


consultas públicas, tendo como cúmplices, gente bem colocada na REN, na
Refer, na Galp, na EDP, nos CTT, na Empordef, na Estradas de Portugal, na
Carris, tudo empresas, muito ligadas ao Estado, onde pululam quadros, por
inerência, próximos ou obrigados a estar próximos do PS/PSD ou, onde o
PS/PSD tem mandarins em reciclagem, em “formação” ou processo de
transformação em “experientes gestores”. Como o regime político e jurídico
que vigora é o da roubalheira impune, é só esticar a mão para lá cair dinheiro,
carros caros e até uma palete de cimento, em troca de distrações,
esquecimentos, assinaturas, faltas de assinatura, erros de pesagem,
telefonemas estratégicos, etc.

Sem se pretender ser exaustivo, é espantoso como saem da refinaria de Sines


€ 300000 em cabos de cobre e quadros eléctricos, misturados com sucata de
ferro, sem ninguém ter visto. Aliás, o Godinho tem azar pois desaparecem
frequentemente coisas volumosas e valiosas de empresas quando procede à
recolha de sucatas (ver mais adiante, o caso da Refer).

Armando Vara, ex-ministro, vice-presidente do BCP, transitado da CGD, é


responsável pelas relações com África, embora se saiba que é uma África
pouco mais vasta que Angola ou que os negócios com o José Eduardo dos
Santos, a sua filha e mafiosos do gang MPLA.

Vara é do PS desde pequenino, quando foi funcionário da Fundação José


Fontana e, gostou tanto de lá estar, que mais tarde, como ministro, criou uma
fundação para si e alguns amigos, a Fundação para a Prevenção e Segurança
Rodoviária. Também transitou durante alguns meses pela CGD de Mogadouro;
trabalhar na banca, sim mas, não ao balcão! Em 1983, candidatou-se à
Câmara da Amadora, num processo que terminou em altas desavenças com
os correligionários locais. Talvez mais interessante, no contexto das acusações
que sobre ele agora impendem, é o que consta da edição de 29/5/1998 do
“Tal & Qual” onde se afirma ter o Vara construido a sua carreira política com
base na utilização de informações privilegiadas que recolhia, junto de fontes
bem informadas, sobre o passado criminal de “camaradas” e menos
camaradas.

O Vara já foi condenado, nos anos 90, a quatro anos com pena suspensa, no
âmbito do caso Sovenco, empresa em que teve como fugaz sócio, o seu amigo
José Sócrates e ainda a vedeta Fátima Felgueiras e um tal Virgílio de Sousa,
condenado por vigarices no Centro de Exames de Condução de Tábua. Desse
processo, o Vara saiu ileso mas, rapidamente recaiu, ainda que impune, no
negócio da Fundação para a Prevenção e Segurança Rodoviária no qual, pelas
suas mãos de ministro, passaram ilegalmente, do Estado para essa fundação,
um prédio e subsídios no valor de € 400000. Mesmo com esse cadastro, o
governo do amigalhaço Sócrates nomeou Vara para a administração de um
banco público – CGD - e, posteriormente foi indicado para vice-presidente do
maior banco privado português. Estes factos geram óbvias suspeitas sobre
cada um dos altos gestores bancários que por aí andam, muitos deles vindos
dos partidos do poder.

No entanto, Vara criou amizades nessa fase da sua vida de presidente de


Fundação para a Prevenção e Segurança Rodoviária. Referimo-nos a um tal
Lopes Barreira que veio agora a partilhar com ele o exercício de influências
que ajudassem o infatigável Godinho a aumentar o PIB nacional. Barreira,
fundador da referida e extinta fundação exerce a transparente e prestigiada
função de … empresário (não apurámos de quê); e, por isso, se terá disposto a
ajudar o colega Godinho, numa fraterna manifestação de solidariedade
empresarial. Talvez seja por esse espírito que haverá mais associações
empresariais que empresários.

Vara queima-se apenas por € 10000, o correspondente a uma semana do seu


vencimento no BCP?

Com um belíssimo vencimento no BCP e oportunidades angolanas de realizar


bons negócios, parece estranho Vara ter aceite uns miseráveis €10000 (em
notas) do Godinho, por intermediações de conteúdo mafioso, para além de
uns quantos almocitos – naturalmente, joaquinzinhos fritos com arroz de
tomate, nos “Mercados do Peixe” de Lisboa e Ovar. Vara mostrou-se muito
cauteloso, em não repetir a façanha do António Preto, do partido irmão (PSD)
que foi apanhado com €150000 em notas, oferecidos por… empresários,
numa mala da cor do seu apelido e perante a qual a coisa talvez possa vir a
estar… preta. E, assim, o precavido Vara recebeu o dinheiro no recato do seu
gabinete, no BCP, sem imaginar que a PJ o estava a cuscar.

Várias hipóteses se levantam para o comportamento do Vara, estranho para


quem detém uma das funções mais invejadas no torrão pátrio. Será Vara um
cleptocrata compulsivo que instintivamente abre a mão, quando sente no ar o
cheiro do dinheiro? Embora assim pareça, julga-se mais curial outra
explicação, mais apropriada ao funcionamento de instituições mafiosas, como
os partidos de poder.

Vara só existe por causa da sua ligação ao PS, só essa ligação lhe dá
existência. Desde que saiu de Vinhais com um curso comercial no bolso,
passando pela compra do diploma de doutor na Independente, até ao lugar
que vinha desempenhando no BCP, em acumulação com os de presidente dos
Millenium Angola e Moçambique, nada se passou com ele sem que a pertença
ao partido, não estivesse por detrás.

Sabe-se que, nas estruturas mafiosas, as benfeitorias exigem retornos


irrestritos e irrecusáveis; essa é a sua lógica. Se alguém lá entra,
compromete-se com trafulhices para singrar e, não sai desse circuito, sem
custos muito elevados pois, entretanto, ficou detentor de informação
reservada sobre os outros que, por seu turno, também terão informação
interessante sobre esse “compagnon de route”. Para participar no banquete
colectivo, qualquer mafioso tem de contribuir – não há almoços grátis! Veja-se
o caso do Rui Mateus, fundador do PS, que escreveu um livro onde revela
segredos pouco abonatórios para Mário Soares e comparsas e que,
prudentemente, desapareceu da circulação, ele e o livro (este, só se encontra
na internet, o autor nem isso). Em Portugal, os métodos não são tão
sangrentos como em Corleone mas, a Cosa Nostra lusitana é igualmente
exigente.

Afastando-se as hipóteses de um Vara cleptocrata patológico e a de proceder


a uma ajuda desinteressada, própria de almas solidárias, amigas do seu
amigo, o que parece mais provável é que o Godinho através das
intermediações conseguidas, contribuisse valentemente para os cofres do PS,
sem que obrigatoriamente, tal passasse pelas mãos do Vara; tal como os
trolhas que, lapidados como empresários, pagaram para o PSD, via Preto.

O caso Preto e o do gang do BPN, onde o PSD está bem atolado, obriga a
Manuela a ser discreta e não acenar muito contra o partido-irmão, a propósito
do caso Face Oculta. Sintomaticamente o advogado Aguiar Branco, grão-
deputado do PSD recusou estabelecer uma ligação entre a Face Oculta e o PS,
tal como criticou quem pretenda ligar ao caso BPN ao… PSD.

O clã Penedos é dirigido, neste caso, pelo patriarca José, mandarim do PS


desde sempre ligado ao gang da energia (se preferirem digam lobby, termo
mais fino, em linguagen de salão) e presidente da REN, empresa privada
criada no âmbito do Mibel, para permitir a entrada de fornecedores espanhóis
de electricidade, em Portugal, até hoje, sem benefícios visíveis para as
famílias. Quando se revelou a Face Oculta, o Penedos estava em Madrid, na
reunião da Cotec, já referida atrás, no seio da nata dos empresários ibero-
italianos, em convívio com “su majestad” D. Juan Carlos de Bourbón, com D.
Aníbal de Boliqueime e com o PR italiano, enviado por Berlusconi, que terá
preferido ficar na Sardenha com umas jovens amigas.

O filhote Penedos, o Paulinho, menino de 40 tenros e ingénuos aninhos, é


advogado, daqueles de sucesso meteórico que tornam a profissão entre as
mais desprestigiadas e, cuja presença leva os cidadãos a segurar,
instintivamente, a carteira. Paulinho gosta de carros caros como é apanágio
de certo tipo de saloios e, nas horas vagas, vem sendo funcionário da PT.
Dado o seu pendor para pareceres jurídicos, trabalhava arduamente para o
Godinho que lhe pagou € 295000 em poucos meses, o que ilustra bem o
desgaste que o Paulinho teve em lambuzar códigos. Porventura, tanto quanto
o do seu camarada João Pedroso, mano do outro Paulinho (o da Casa Pia) na
produção de caixotes de fotocópias do Diário da República e que constituiram
um aprofundado estudo para o ministério da varejeira Milu. Bem, de acordo
com a PJ, sabe-se que ao jantar, Paulinho metia umas cunhas ao papá para
que a REN adjudicasse uns trabalhos ao esforçado Godinho.

Ainda no âmbito desses aprofundados estudos, o prolixo causídico Paulinho


procura que o presidente da Refer – que responsabilizava o Godinho do
desaparecimento de € 105000 de carris em Macedo de Cavaleiros – seja
demitido. Essa bela peça jurídica, contudo não obteve parecer favorável da
Ana Paula Vitorino, a socratóide de estado, insensível aos interesses do
dedicado empresário, de nada servindo a cunha do Vara ao impagável Mário
Lino, provavelmente perdido no deserto, na margem sul do Tejo arrastando
um camelo pela arreata.

Paulinho é muito trabalhador e, para além de curtir os popós onde investiu os


largos honorários pagos pelo Godinho, decidiu apresentar-se, em 2002, como
“challenger” do Ferro Rodrigues na candidatura a secretário-geral do PS. E, no
ano seguinte, teve de se contentar com uma vereação na câmara de V N de
Poiares, onde, por ignotos motivos veio a perder a confiança política dos
outros PS’s.

Entende-se que é por infame incompreensão desta relação familiar tão


exemplar entre os Penedos, pai e o filho, que ambos ficaram arguidos no
processo Face Oculta. Aliás, esta entreajuda familiar tem fortes tradições em
Portugal, nem sempre compreendidas; basta que se recorde o enlevo paternal
do Jardim Gonçalves ao desviar dinheiro do banco para o filhote Pipinho
desbaratar ou, da comovente entreajuda da família de Sócrates (mamã, titios,
priminhos) revelada a propósito do Freeport. E ainda se pode citar o caso do
Mexia, da EDP, que arranjou trabalho para o seu amigo Santana Lopes por €
10000 mensais, sendo interessante saber quais os trabalhos desenvolvidos
pelo personagem.

4 - A batota/batata quente agora está entregue aos togados *

Quando e como irá acabar esta novela?

Quando, sabe-se - dados os precedentes - que só daqui a muitos anos, depois


de um ror de incidentes, com designações pomposas que, verdadeiramente,
os leigos desconhecem mas, que constituem outras tantas oportunidades – e
isso é que é importante – de safar facínoras com influências e dinheiro;
oportunidades essas, presentes nas labirínticas leis, não por mero acaso,
criadas pelo PS/PSD.

Carlos Anjos, presidente da Associação Sindical dos Funcionários de


Investigação Criminal da PJ já veio prevenir que o "excesso de formalismo" da
actual lei penal ameaça arrastar no tempo uma decisão final para o processo
"Face Oculta" que, nunca estará a menos de sete anos de distância.
Vários serão, decerto, esses incidentes:

• Está garantida a presença de advogados “especiais”, daqueles que,


para além de dotes para actuar na barra do tribunal, se movimentam
ainda melhor nos meandros do poder PS/PSD.

• Manifestações de suspeição contra juízes. Qualquer motivo, por muito


idiota que seja, obriga a meses de análise e de arrastamento do processo
base;

• Recursos, que nas instâncias superiores, são apreciados por gente do


PS/PSD, como se viu no caso Lopes da Mota e na não promoção do juiz
Rui Teixeira, que actuou, do lado politicamemte errado, no processo Casa
Pia;

• Adiamentos por muitas razões, não sendo de estranhar que algum dos
arguidos apareça com um braço em gesso, para postergar uma qualquer
acção em tribunal, como aconteceu ao famoso António Preto, protegido
da Balela Ferreira Leite;

• Alterações legislativas, eventualmente encomendadas a sociedades de


advogados, por bom preço e que, por acaso, aproveitarão as
conveniências dos seus clientes para as contemplar na lei, recebendo
bons honorários, também por essa via;

• Transferências de comarca de juizes ou magistrados pouco colaborantes


com os interesses da mafia;

• Mudanças de serviço de responsáveis pelas investigações policiais, para


gerar quebras no ritmo investigativo e desperdiçar o conhecimento já
adqurido. Recorde-se que o actual responsável policial da PJ no caso Face
Oculta, em tempos foi afastado do Porto, porque desvendou actos de
corrupção no futebol (Apito Dourado);

• Haverá múltiplas acusações de ilegalidade e, de consequente nulidade


nas escutas telefónicas e outros instrumentos de prova;

• Alguns dos arguidos ficarão entretanto, com “termos de residência” que,


de facto, em nada limitam, pois qualquer arguido pode ir até à Lapónia
sem prestar cavaco ao tribunal ou, instalar-se mesmo em parte incerta,
dispondo do recheio das suas contas “offshore”;

• Outros, poderão ficar altamente penalizados com a anedótica proibição


de contactar os co-arguidos;

• Todos acabarão por ficar à solta, a gerir os seus negócios, a incrementar


a colocação de dinheiro em offshores e, talvez procurando casa em
Londres, com a ajuda do veterano Vale e Azevedo, se a coisa aze(ve)dar.
Entretanto, o processo apodrece e morre, sendo instrumento para isso, o
solene instituto da prescrição.

No final, todos serão devolvidos à sociedade, livres que nem passarinhos, sem
que alguém lhes moleste o património ilicitamente constituido. Alguns arcarão
com umas penas suspensas que, no caso do Vara será uma reincidência mas,
como a outra foi há uns anos, já deverá ter o cadastro limpo.

Mas, haverá pelo menos um culpado. Quem se não irá safar, provavelmente, é
o chefe das finanças de S. João da Madeira que foi encarregue de descobrir
nulidades em processos fiscais contra o Godinho, a troco de uns € 35000
pagos, estupidamente, por cheques, dirigidos ao prevaricador e à mulher, pelo
Godinho. Este pobre diabo e alguns colegas mais, serão, talvez, os futuros
bibis da Face Oculta.

5 - Transparência democrática

Naturalmente, não se crê que seja possível eliminar todo o compadrio mafioso
e a corrupção que atravessa toda a sociedade portuguesa, enquanto seja
notório o protagonismo do PS/PSD e dos gangs de “empresários”. A ausência
de controlo dos movimentos de capitais, de intolerância face à constituição
repentina e injustificável de fortunas, não será, decerto resolvida com a
introdução de “códigos de conduta ética” como proposto pelo governo
socratóide (versão 2), a desenhar pelas sociedades de advogados do costume.

Num texto inserto neste blog recentemente - Para um Programa de Medidas


Favoráveis aos Trabalhadores (5) – foi descrito um conjunto de fórmulas de inibição e
punição de transgressores, que adiante se repetem, parcelarmente:

• Aplicação aos titulares de cargos públicos, conseguidos ou não por


eleição, dos mesmos direitos e deveres comuns a todos os cidadãos, com
a extinção de toda e qualquer imunidade específica;

• A nomeação de dirigentes na administração pública deverá efectuar-se


no âmbito de pessoas com vínculo público há mais de cinco anos, por
meio de concurso e não podendo o governo ou os executivos autárquicos,
interferir, nomeando elementos externos;

• Moldura penal agravada incluindo o alargamento para 10 anos do prazo


de prescrição para todos os crimes praticados por quem tenha estado
investido de cargos públicos ou de carácter político e no exercício desses
cargos;

• Moldura penal agravada para os responsáveis de actos de gestão


danosa ou irresponsável, nomeadamente com consequente e imediata
penhora de bens pessoais que responderão por esses actos;

• Criminalização do enriquecimento ilícito e expropriação dos valores em


causa, com a sua consignação ao apoio a causas sociais, como lares para
idosos, por exemplo, sem prejuízo da aplicação de medidas do foro
criminal e da indemnização aos prejudicados;

• A voluntária disponibilização e entrega, nos casos anteriores, dos


valores dos benefícios ilícitos recolhidos, nomeadamente quando
depositados em offshores ou dissipados como património de familiares ou
amigos, constituirá atenuante nas penas de prisão a que sejam
condenados os réus;

• Disponibilização pública, aplicável a todos os cidadãos, dos rendimentos


declarados em sede de IRS bem como dos registos de propriedade de
bens imóveis ou móveis sujeitos a registo;

• Regime de exclusividade absoluta para os deputados;

• Fixação do número de ministros e secretários de estado, bem assim do


número de assessores e pessoal de apoio contratado para o efeito, sem
direito a ingresso nos quadros da administração pública. Idênticas
restrições para os executivos camarários, grupos parlamentares e para a
Presidência da República;

• Revogação da lei do ajuste directo, aprovada em Janeiro pelo governo, à


sombra das medidas excepcionais contra a crise e que mais não
representa que a agilização de práticas corruptas e de financiamento
partidário

Quem quiser, poderá esperar sentado, observando as teias de aranha a


constituir-se em seu torno, aguardando que, no caso Face Oculta (como
noutros semelhantes), sejam feitas apreensões judiciais de bens, ou
congelamento de contas bancárias, para evitar a dissipação de património dos
arguidos, cauções vultuosas para os que ficarem à solta, afastamento dos
arguidos de cargos de gestão de empresas ou outras entidades investigadas
no processo, etc. O funcionário público, o Vara e o tipo da EDP ficaram e bem,
fora do exercício das suas funções. E os outros, mormente o Godinho, vão
continuar a efectuar actos de gestão nas empresas onde praticaram os
ilícitos? Não deveriam ser nomeados pelo tribunal, elementos externos ao
grupo e idóneos, para exercer a gestão das empresas?

Perante tanta batota e da sua legitimação pelo soba van Zeller, cabe a cada
cidadão aplicar, tranquilamente, o seu engenho para enganar o Fisco,
trabalhar quando estiver de baixa ou ocultar rendimentos antes de se
candidatar ao RSI, inventar uma doença para estar uns dias de papo para o
ar… E, se forem apanhados, peguem nas declarações do van Zeller e digam
que é assim que a economia nacional singra, com batota.

6 - Cosec, um caso esquecido?


Finalmente, aproveita-se este ensejo para recordar este tema, que se arrasta,
discretamente, desde Maio último e que foi abordado, neste blog, em Junho
(6)

Por ordem expressa do empresariato nortenho, o governo Sócrates iniciou


contactos para a nacionalização da Cosec – Companhia de Seguros de Crédito,
para aplicação da habitual regra de defender o mercado nos discursos e
torpedear o seu funcionamento, na prática.

O que pretendem os “empresários”, os campeões da factura falsa é que o


Estado compre a Cosec e baixe os prémios de seguro de modo a não cobrir os
riscos. Beneficiários? Os ditos campeões da exportação. Prejudicados? Os
contribuintes que irão pagar aos actuais accionistas o valor das suas
participações e os futuros prejuizos, resultantes da fixação de baixos prémios
de seguro.

Os sócios da Cosec, o BPI e a Euler Hermes, esses, vêm-se divertindo, fazendo


subir, ora um, ora outro, a parada a pagar pelo governo – que, será para cima
dos € 55 M.

É mais um caso da tal batota que o van Zeller, agora abertamente, veio a
defender, para impulsionar a economia nacional, claro está.

- - - - - - - - - - - -- - - -

* Togados - indivíduos que usam uma ridícula capa preta e que circulam nos
corredores dos tribunais, dividindo-se em dois grupos que se detestam
cordialmente – o dos juizes/magistrados e o dos advogados

(1) http://esquerda_desalinhada.blogs.sapo.pt/33375.html

http://www.scribd.com/doc/16673253/Preparacao-de-um-Bilderberg-saloio

(2) http://esquerda_desalinhada.blogs.sapo.pt/2006/05/

(3) http://esquerda_desalinhada.blogs.sapo.pt/18008.html

(4) http://esquerda_desalinhada.blogs.sapo.pt/32084.html

(5) http://www.scribd.com/doc/15926603/PARA-UM-PROGRAMA-DE-
MEDIDAS-FAVORAVEIS-AOS-TRABALHADORES

(6) http://www.scribd.com/doc/16263708/Intervencao-na-Cosec-e-outros-
apoios-aos-chamados-empresarios

http://esquerda_desalinhada.blogs.sapo.pt/32084.html

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