Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2004
A Suprema Covardia
Sandra Galeotti
- 1ª Edição - Vivali Editora, 2004 -
Galeotti, Sandra
A suprema covardia : abuso e negligência
da criança(e seu impacto no cérebro em
desenvolvimento) / Sandra Galeotti. -- São
Paulo : Vivali, 2004.
Bibliografia
2004
Agradecimentos
3
2004
4
2004
Parte I
Abuso e Negligência Versus Desenvolvimento Cerebral na Infância
• Introdução 7
Parte II
Reflexões sobre Intervenção e Tratamento de
Crianças e Adolescentes Vítimas de Abuso
6
2004
7
2004
8
2004
1. Estudo de 2001 do governo americano indica que 59,3% dos adultos abusivos
são mulheres e 40,7% são homens.
10 http://www.acf.hhs.gov/programs/cb/publications/cm01/figure4_1.htm
9
2004
10
2004
O Que É Abuso?
1) Abuso físico;
2) Abuso sexual;
3) Negligência;
4) Abuso emocional.
11
2004
12
2004
13
2004
14
2004
15
2004
16
2004
Abuso sexual - Esta é uma das áreas mais pesquisadas no que diz respeito
ao abuso, na busca de um perfil psicopatológico ou biológico causal.
No entanto, nenhuma patologia específica ou categoria diagnóstica foi
consistentemente associada ao adulto molestador, como fator etiológico.
Novamente, o que se obteve foi um conjunto de características de
personalidade freqüentemente identificadas com a pedofilia e o incesto,
com dois perfis gerais opostos. Enquanto alguns molestadores de
crianças são tímidos, inseguros, têm baixa auto-estima, ou ainda exibem
desordens compulsivas, muitos pedófilos são indivíduos bem sucedidos,
líderes empresariais ou religiosos respeitados, ou exercem um papel
importante na comunidade. Este tipo de ofensa é muito mais comum por
parte de homens, embora se registrem casos de mulheres molestadoras
– tanto mães como babás.
17
2004
18
2004
19
2004
Pais que são radicalmente contra a punição física, mas que praticam
o abuso emocional, são também considerados de alto risco para um
eventual mas severo episódio de abuso físico da criança, “como um
último recurso”, em que toda a raiva represada é descarregada de forma
brutal e, muitas vezes, fatal (10).
20
2004
21
2004
Pais que não abusam de seus filhos e pais abusivos demonstram diferenças
cognitivas na forma como percebem a natureza e o comportamento da
criança e interpretam suas reações. Eles também diferem em suas atitutes
e expectativas quanto ao desenvolvimento dos filhos. Pais abusivos
tendem a atribuir características negativas e intenções malévolas a outras
crianças e pessoas de seu relacionamento interpessoal e aos seus próprios
filhos e demonstram grande reatividade física e irritabilidade em resposta
aos estados afetivos da criança, tanto os positivos como os negativos (16,
17, 18). Risos, ruídos de brincadeiras e atividades de crianças divertindo-
se irritam-nas ou incomodam; e possuem uma tendência a interpretar
o comportamento de seus filhos como intencionalmente provocador
e desobediente – enfim, uma sabotagem proposital ao bem estar do
adulto.
22
2004
23
2004
24
2004
25
2004
- a criança que não sofreu abuso mas que se torna um(a) progenitor(a)
abusivo(a);
- a criança não maltratada que não se torna abusiva de seus próprios
filhos;
- a criança maltratada que não se torna abusiva quando adulta;
- a criança maltratada que perpetua o abuso contra seus próprios filhos.
26
2004
REFERÊNCIAS
1. Understanding Child Abuse and Neglect – Panel on Research on Child Abuse and
Neglect. Commission of Behavioral and Social Sciences and Education – National
Research Council. National Academy Press, Washington, D.C. 1993; p. 59.
3. Understanding Child Abuse and Neglect – Panel on Research on Child Abuse and
Neglect. Commission of Behavioral and Social Sciences and Education – National
Research Council. National Academy Press, Washington, D.C. 1993; p. 111.
4. Ibidem; p. 112.
6. Ibidem; p. 115.
7. Teicher M. Scars that Won´t Heal: The Neurobiology of Child Abuse. Scientific
American, 2002; 286(3), 68-75
10. Understanding Child Abuse and Neglect – Panel on Research on Child Abuse and
Neglect. Commission of Behavioral and Social Sciences and Education – National
Research Council. National Academy Press, Washington, D.C. 1993; p. 130.
11. Trickett, P. K., & Kucynski, L. (1986). Children’s misbehavior and parental
discipline strategies in abusive and non-abusive families. Developmental Psychology,
22(1), 115-123.
12. Brunnquell, D., Crichton, L., & Egeland, B. (1981). Maternal personality and
attitude in disturbances of child-rearing. Journal of Orthopsychiatry, 51, 680-691.
13. Egeland, B., & Brunquell, D. (1979). An at-risk approach to the study of child
abuse: Some preliminary findings. Journal of the American Academy of Child Psychiatry,
8, 219-235
27
2004
14. Chalk, R., & King, R. A. (Eds.). (1998); Melnick, B., & Hurley, J .R. (1969).
Distinctive personality attributes of child-abusing mothers. Journal of Consulting and
Clinical Psychology, 33(6), 746-749.
16. Milner, J. S., & Dopke, C. (1997). Child physical abuse: Review of offender
characteristics. In D. A. Wolfe, R. J. McMahon, & R. D. Peters, (Eds.), Child abuse: New
directions in prevention and treatment across the lifespan (pp. 27-53). Thousand Oaks,
CA: Sage.
17. Mash , E. J., Johnston , C., & Kovitz , K. (1983). A comparison of the mother-child
interactions of physically abused and non-abused children during play and task
situations. Journal of Clinical Child Psychology, 12, 337-346.
18. Rosenberg, M. S., & Reppucci, N. D. (1983). Abusive mothers: Perceptions of their
own and their children’s behavior. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 51,
674-682
19. Larrance , D. T., & Twentyman , C. T. (1983). Maternal attributions and child
abuse. Journal Lindquest, C. U. & Hedlund, B. (1980). Aggressive or assertive: A scale
for distinguishing between them. Paper presented at WPA, Hawaii.
20. Belsky, J. & Vondra, J. (1989). “Lessons from Child Abuse: the Determinants of
Parenting.” In D. Cicchetti & V. Carlson (Eds.). Child Maltreatment: Theory and Research
on the Consequences and Causes of Child abuse and Neglect. New York: Cambridge
University Press, 153 - 202
21. Egeland, B. (1993). A history of abuse is a major risk factor for abusing the next
generation. In R. J. Gelles & D. R. Loseke (Eds.), Current controversies on family violence.
Newbury Park, CA: Sage.
23. Hunter, R.S. & Kilstrom, M. (1979). “Breaking the Cycle in Abusive Families.”
American Journal of Psychiatry, 136, 320 - 1322
24. Egeland, B. (1988). Breaking the cycle of abuse: Implications for prediction and
intervention. In K. D. Browne, C. Davies, and P. Stratton (Eds.), Early prediction and
prevention of child abuse. NY: J. Wiley & Sons, Ltd.
28
2004
25. Weinfield, N. S., Ogawa, J., & Egeland, B. (2002). Predictibility of observed
mother-child interaction from preschool to middle childhood in a high-risk sample.
Child Development, 73(2), 528-543.
26. Egeland, B., Bosquet, M., & Levy Chung, A. (2002). Continuities and discontinuities
in the intergenerational transmission of child maltreatment: Implications for breaking
the cycle of abuse. In K. D. Browne, H. Hanks, P. Stratton, & C. Hamilton (Eds.), Early
Prediction and Prevention of Child Abuse: A Handbook (pp. 217-232). Sussex, England:
John Wiley & Sons.
28. Polansky, N.A., Borgman, R. & DeSaix, C. (1972). Roots of futility. San Francisco,
Jossey-Bass.
29. Polansky, N.A., Chalmers, M., Buttenweiser, E., and Williams, D. (1981). Damaged
parents:An anatomy of child neglect. Chicago: University of Chicago Press.
30. Polansky, N. A.; Gaudin, J. M., Jr.; and Kilpatrick, A. C. “Family Radicals.”
Children and Youth Services Review 14(1992):19-26.
31. Polansky , N. A., Gaudin , J. M. Jr., & Kilpatrick , A. C. (1992). The maternal
characteristics scale: A cross validation. Child Welfare League of America, 71, 271-280.
32. Pianta, R., Egeland, B. & Erickson, M.F. (1989). “The Antecedents of Maltreatment:
Results of the Mother-Child Interaction Project,” in D. Cicchetti & V. Carlson, Child
Maltreatment. Cambridge University Press
29
2004
Estima-se que apenas uma pequena parcela dos casos de abuso chegue
ao conhecimento de autoridades e agências assistenciais em todo o
mundo. Crianças maltratadas raramente contam o que está acontecendo
a elas, especialmente se os agressores forem seus próprios familiares, ou
alguém que cuida delas na ausência dos mesmos. Sentimentos de medo
de maiores castigos por falar, vergonha, culpa, ou medo de que não
acreditem nela, são alguns dos motivos do silêncio da criança abusada
(1, 2). Quando porém, apesar de tudo isso, a criança arrisca-se a contar a
um adulto o que lhe acontece, se este a ignorar ou não acreditar nela, os
efeitos podem ser ainda mais devastadores – especialmente se tal pessoa
for um familiar ou uma professora, com a qual a criança possui vínculos
afetivos e de confiança.
Por outro lado, muitas crianças não possuem parâmetros para perceber
como errado o que o adulto faz a ela, pois o abuso vem sempre
acompanhado de acusações e comentários que a depreciam e retratam-na
como merecedora do abuso por ser má, indigna, ingrata, fonte de desgosto
e aborrecimento para os pais “que se matam de trabalhar por ela”.
30
2004
31
2004
No caso de pais não abusivos que deixam seus filhos pequenos sob
cuidados de terceiros, enquanto trabalham, vale também a observação
de muitos desses sinais e, no caso da criança espontaneamente relatar
maltrato, os pais devem levá-la a sério e investigar a questão. Muito
freqüentemente, quando um terceiro abusa física ou emocionalmente
a criança sob os seus cuidados, também a ameaça com mais punições,
no caso de ela contar aos pais ou a outras pessoas. Algumas famílias
deixam câmeras de vídeo ocultas ligadas enquanto estão ausentes para
se certificarem de que seus filhos pequenos não estão sendo vítimas de
maltrato ou negligência nas mãos de terceiros.
32
2004
34
2004
35
2004
- Higiene (em qualquer idade): pele suja, mau cheiro, cabelos ensebados,
despenteados e embaraçados, unhas sujas e compridas, roupas sujas.
36
2004
- Situações na escola: vai para a escola em jejum, não tem lanche nem
dinheiro, adormece na classe, não faz as lições de casa, destrói o material
escolar e os brinquedos, quebra objetos e destrói propriedade escolar, falta
muito às aulas ou chega atrasada, é agressiva com os colegas, perturba a
aula, mostra desinteresse pelo que é ensinado, tem problemas de atenção,
podendo ser apática ou hiperativa.
37
2004
A partir dos cinco ou seis anos, a criança pode começar a expressar opiniões
negativas sobre si mesma, tornar-se muito ansiosa por agradar outras
crianças e/ou adultos e obter aprovação. Pode ainda tornar-se tímida,
passiva, deprimida e alienada, com tendência a isolar-se ou a permanecer
longe da pessoa abusiva o maior tempo possível. Outras crianças podem
ainda tornar-se altamente reativas e agressivas ao menor sinal de ameaça,
desenvolver comportamento depressivo e auto-destrutivo e até mesmo
nutrir idéias de suícido. Algumas crianças emocionalmente abusadas
pensam e falam constantemente na morte e fazem inúmeros planos de
suícidio.
38
2004
Pais abusivos podem fazer o inverso; mas em algumas famílias com vários
filhos e de estrutura patriarcal, o pai abusivo (principalmente quando é
o único provedor) com freqüência deprecia e agride emocionalmente as
filhas e super favorece os filhos.
39
2004
Mais adiante, trataremos desse tema em detalhes, bem como dos modelos
de terapias hoje existentes para crianças abusadas. Antes porém, é
preciso ter em mente que ninguém sai ileso desse tipo de agressão
durante a infância e algumas desordens psiquiátricas e distúrbios de
personalidade estão hoje associados de forma consistente a indivíduos
sobreviventes ao abuso, embora nem todos os portadores desses mesmos
distúrbios pertençam necessariamente a esse grupo. Algumas desordens
neuropsiquiátricas encontradas em crianças abusadas e sobreviventes do
abuso na infância são: Desordem de Síndrome do Stress Pós-Traumático,
Distimia, Depressão Maior, Desordem de Múltipla Personalidade,
Desordens Dissociativas, Ansiedade Generalizada e Desordem de
Personalidade Extrema (Borderline Personality Disorder).
40
2004
41
2004
42
2004
REFERÊNCIAS
1. Perry, M. A., Doran, L. D., & Wells, E. A. (1983). Developmental and behavioral
characteristics of the physically abused child. Journal of Clinical Child Psychology,
12(3), 320-324
6. Marta Santos Pais and Paolo Pinheiro. First Comparative Analisys of Child
Maltreatment in Rich Nations. UNICEF Innocenti Report Card. Innocenti Research
Centre, Florence, Italy (Sep. 2003).
http://www.unicef-icdc.org/presscentre/indexNewsroom.html
11-14
7. Breaking the walls of silence: a UNICEF background paper on sexual exploitation
of children. July 1994 http://www.unicef.org/pon95/chil0015.html
43
2004
44
2004
45
2004
46
2004
47
2004
48
2004
49
2004
50
2004
51
2004
52
2004
53
2004
54
2004
56
2004
57
2004
58
2004
59
2004
60
2004
61
2004
62
2004
Termino este capítulo citando novamente o Dr. Bruce Perry: O que somos
quando adultos é o resultado do mundo que experimentamos quando
crianças. O modo de funcionamento de uma sociedade é o reflexo das
práticas de educação de crianças dessa sociedade. ...Como sociedade,
achamos mais importante exigir horas de treinamento formal para se
dirigir um automóvel do que o treinamento formal para a paternidade.
63
2004
REFERÊNCIAS
1. Mosby´s Medical, Nursing, & Allied Health Dictionary (sixth edition), 2002, Mosby,
Inc.
2. Bogen, J.E. The other side of the brain: II. an appositional mind. Bull Los Angeles
Neurol Psychiatry (1974):31:572-583
3. Matsuzawa, J. et. al. Age-related volumetric changes of brain gray and white
matter in healthy infants and children. Cereb. Córtex 11 (2001): pp. 335-342.
6. Joseph E. LeDoux. Emotion, Memory and the Brain. Scientific American (Aug.,
2002): pp. 66-67.
7. Csibra, G. et al. Gamma oscillations and object processing in the infant brain.
Science 290; (2000): pp1582-1585.
9. Yamada, H. et al. A milestone for normal development of the infatile brain detected
by functional MRI. Neurology 55 (2000): pp 218-223.
10. Born, P., et al. Change of visually induced cortical activation patterns during
development. Lancet 347 (1996) 347-543.
11. De Bellis, M.D., Keshavan, M.S., Clark, D.B. et al. Developmental Traumatology,
Part 2: Brain Development. Biological Psychiatry, Vol. 45, Nr. 10: pp 1271-1284, May
15, 1999.
64
2004
15. Plotsky, P.M. Meaney, M.J. Early, postnatal experience alters hypothalamic
corticotropin-releasing factor (CRF) mRNA, median eminence CRF content and
stress-induced realease in adult rats. Brain Research. Molecular Brain Research
18(3);1993: pp 195-200.
16. Born, P. et al. Change of visually induced cortical activation patterns during
development. Lancet 347 (1996): p. 543
18. Ladd, C.O., Huot, R.L., Thrivikraman, K.V., Nemeroff, C.B., Meany, M-.J.,
Plotsky, P.M. Long-term behavioral and neuroendocrine adaptations to adverse
early experience. Progress in Brain Research, 122(2000): pp. 81-103
19. Heim, C., Newport, D.J., Heit, S., Graham, Y.P., Wilcox, M., Bonsall, R., Miller,
A.H., Nemeroff, C.B. Pituitary-adrenal and autonomic responses to stress in women
after sexual and physical abuse in childhood. J. Am. Assoc. 284(5), 2000:592-597.
20. Inside the Teenage Brain. Interview with Jay Giedd. (2004) http://www.pbs.org/
wgbh/pages/frontline/shows/teenbrain/interviews/giedd.html
18
21. Misia Landau. Deciphering the Adolescent Brain (Harvard Medical School
– Psychiatry). The Harvard University Gazette. (AWSNA WHSRP Research Material
– 2004)
22. Inside the Teenage Brain. Interview with Deborah Yurgelun-Todd. (2004)
http://www.pbs.org/wgbh/pages/frontline/shows/teenbrain/interviews/
19
todd.html
23. The National Advisory Mental Health Council Workgroup on Child and
Adolescent Mental Health Intervention, Development, and Deployment. “Blueprint
for Change: Research on Child and Adolescent Mental Health.” Washington, D.C.:
2001. PP. 40-45.
65
2004
Relato de Casos
Caso 2. Menino de 3 anos, único filho, pais de classe média alta. Todos
as noites, quando o pai chegava em casa, a mãe se lamuriava do imenso
trabalho que a criança dava, de como era rebelde, desobediente e difícil.
O pai então surrava o menino e colocava-o no berço.
66
2004
67
2004
Casou-se após os trinta e cinco anos com homem bem mais velho,
problemático, verbalmente abusivo e de difícil convívio, mostrando-se
sempre submissa e cordata no relacionamento com ele. Começou porém
a definhar fisicamente até o ponto de esqualidez. Aos 45 anos, suicidou-se
ingerindo veneno.
Caso 5. Quatro irmãos (dois casais), o mais velho, menino de seis anos, a
mais nova, bebê de seis meses, quando os pais se divorciaram. Após uns
poucos meses, o pai raptou as crianças e saiu do país de origem, vindo
residir no Brasil.
68
2004
69
2004
A mãe fazia seus deveres de casa por ele e, quando o menino estava com
oito anos, passou a dar-lhe os calmantes e barbitúricos que ela própria
consumia, alegando que “ele era muito nervoso”. A partir da quinta série,
o desempenho escolar da criança caiu e o menino brigava e apanhava na
escola com freqüência. Com a separação dos pais, viveu em companhia
dos avós maternos em outra cidade por dois anos, onde tornou-se o
melhor aluno de sua classe em uma escola vocacional, considerada, na
época, a de melhor qualidade de ensino do estado.
70
2004
Voltando a viver com a mãe aos 12 anos de idade, esta passou a dar-lhe
os medicamentos psicoativos que consumia, outra vez. O desempenho
escolar do menino voltou a se deteriorar e, após surpreender a mãe na
cozinha bulinando-se com um amante, em uma tarde em que saiu mais
cedo da escola, passou a se envolver com drogas. Primeiro maconha e, aos
16 anos passou a usar heroína, que a mãe complacentemente financiava
e comprava de traficantes “para que o filho não tivesse contato direto
com eles”. Aos 17 anos, graças a uma denúncia feita a autoridades pela
irmã mais velha, o menino foi internado para desintoxicação e apoio
psicoterápico por seis meses. Ao receber alta, optou por viver longe da
mãe, sob a tutela do pai.
Relato aqui esses casos de amigos queridos (Casos 2 a 6), como uma
homenagem a eles, pelo tanto que sofreram e ainda sofrem – e para dar
ao leitor uma dimensão real do problema do abuso e da negligência.
Para mim, eles são heróis e veteranos de uma guerra na qual a principal
vítima é a alma da criança. Apesar das estatísticas desfavoráveis, nenhuma
dessas pessoas tornou-se cruel ou abusiva, seja em relação a seus próprios
filhos, seja em relação ao cônjuge ou a outras pessoas de seu convívio
pessoal ou profissional. E eu as conheço e fui testemunha delas ao longo
de muitos anos. São sobreviventes das tentativas de assassinato da alma
infantil, por aqueles que deveriam, acima de tudo, amá-las e protegê-
las nos anos de suas vidas em que são mais inocentes, vulneráveis e
completamente dependentes de seus pais. Esses amigos são meus heróis
e heroínas, pois, apesar de gravemente feridos e mutilados em diversos
aspectos psico-emocionais, não perpetuaram a crueldade sofrida.
71
2004
72
2004
Aqueles pacientes que tinham sofrido tanto maltrato físico quanto abuso
sexual atingiram índices indicativos de distúrbios no sistema límbico
113% mais elevados do que o grupo controle.
73
2004
75
2004
76
2004
77
2004
78
2004
79
2004
Este assunto não deve ser objeto de legislação reativa e mal considerada
e, muito menos, desenvolvida por legisladores cientificamente
incompetentes e sem visão realista das alternativas que o estado pode
oferecer, principalmente quando se considera a institucionalização da
criança negligenciada ou abusada, mas que possui outros familiares não
abusivos. Em um orfanato que conheço, a maioria dos internos possui
avós, tios, pai e/ou mãe.
80
2004
81
2004
82
2004
83
2004
84
2004
Portanto:
86
2004
87
2004
88
2004
REFERÊNCIAS
1. Martin H. Teicher. Scars that Won´t Heal: The Neurobiology of Child Abuse.
Scientific American, March 2002; p. 68
4. Bremner, J.D., Randall, P.R., Vermetten, E., Staib, L.,et al. MRI-based measurement
of hippocampal volume in posttraumatic stress disorder related to childhood physical
abuse and sexual abuse: a preliminary report. Biol Psychiatry (1997). 41:23-32.
5. Stein, M.B., Koverola C., Hanna C., Torchia, M.G., McClarty, B. Hippocampal
volume in women victimized by childhood sexual abuse. Psychol Medicine (1997):27:
951-959
6. Schiffer F, Teicher MH, Papanicolaou AC. Evoked potential evidence for right
brain activity during the recall of traumatic memories. J Neuropsychiatry and Clinical
Neuroscience 1995; 7:169-175.
8. De Bellis MD, Baum AS, Birmaher B, Keshavan MS, Eccard CH, Boring AM,
Jenkins FJ, Ryan ND. Developmental traumatology part I: biological stress systems.
Biological Psychiatry, 1999; 45(10): 1259-70.
9. Davidson, R.J., Putnam, K.M., Larson, C.L. Dysfunction in the Neural Circuitry of
Emotion Regulation – A Possible Prelude to Violence. Science V. 289, 28 July 2000;
pp581-594.
10. LeDoux, J.E. Emotion, Memory and the Brain. Scientific American – Special Edition:
The Hidden Mind, 2002. p. 63.
20 11. Bruce D. Perry, M.D., Ph.D. Impact of Abuse and Neglect on Developing Brain.
http://teacher.scholastic.com/professional/bruceperry/abuse_neglect.htm
89
2004
12. Perry, B.D. (2001b). Bonding and attachment in maltreated children: Consequences
of emotional neglect in childhood.
21
http://teacher.scholastic.com/professional/bruceperry/bonding.htm
13. Martin H. Teicher. Scars that Won´t Heal: The Neurobiology of Child Abuse.
Scientific American, March 2002.
14. Perry, B.D. & Pollard, R. (1997). Altered brain development following global
neglect in early childhood. Proceedings from the Annual Meeting of the Society for
Neuroscience, New Orleans.
15. Perry, B.D.. Traumatized Children: How Childhood Trauma Influences Brain
Development. In: The Journal of the California Alliance for the Mentally Ill 11:1, 48-51,
2000.
16. Research Links the Interaction of Child Abuse and a Specific Gene Adverse
Behavioral Outcomes. P.14 do Relatório do National Institute of Mental Health. FY
2004 Budget. http://www.nimh.nih.gov/about/cj2004.pdf
17. Husseini K. Manji, Wayne C. Drevets & Dennis S. Charney. The cellular
neurobiology of depression. Nature Medicine, Vol. 7 (5) May 2001:541-546.
18. Starkstein, S.E. & Robinson, R.G. Mood disorders in neurodegenerative diseases.
Semin. Clin. Neuropsychiatry 4, 272–281 (1996).
19. Kessler, R.C. The effects of stressful life events on depression. Annu. Rev. Psychol.
148, 191–214 (1997).
20. McEwen, B.S. Stress and hippocampal plasticity. Ann. Rev. Neurosci. 22, 105–122
(1999).
22. Brown, E.S., Rush, A.J. & McEwen, B.S. Hippocampal remodeling and damage
by corticosteroids: implications for mood disorders. Neuropsychopharmacology 21,
474–484 (1999).
23. Eisenberger,N.I., Lieberman, M.S., Williams, N.D. Does Rejection Hurt? An fMRI
study of social exclusion. Science (10 Oct.2003);302:pp.290-292.
24. Louro I.D., Vieira de Melo, M.S., Galeotti, S. Introdução à Genética – Conceitos
Gerais. In: Louro, I.D., Llerena Jr. J.C., Vieira de Melo, M.S., Ashton-Prolla,
P.,Conforti-Froes, N. (eds.) Genética Molecular do Câncer (2a. edição), pp. 11-24. MSG,
São Paulo, 2002
90
2004
* Tradução livre: “Você tem que ser ensinado a odiar e a temer/ Você tem
que ser ensinado de ano a ano/ Isso tem que ser martelado em seu pequeno
e querido ouvido/ Você tem que ser cuidadosamente ensinado/ Você tem que
ser ensinado a ter medo/ de pessoas com olhos amendoados/ e de pessoas
cuja pele tem outra tonalidade/ Você tem que ser cuidadosamente ensinado/
Você tem que ser cuidadosamente ensinado antes que seja tarde demais/ Antes
que você tenha cinco ou seis ou oito (anos)/ A odiar todas as pessoas que seus
familiares odeiam/ Você tem que ser cuidadosamente ensinado...”.
91
2004
Este é um debate com, pelo menos, um século de idade. Até o século XIX,
acreditava-se que o indivíduo vinha ao mundo como um folha de papel
em branco, sobre a qual o ambiente (família, religião, sociedade, etc)
escrevia uma história. Em outras palavras, o indivíduo era fruto exclusivo
do meio. O behaviorismo de Skinner foi um esforço experimental que fez
persistir essa visão dentro da Psiquiatria e da Psicologia até a segunda
metade do século XX e ainda hoje encontra defensores. Carl Gustav Jung
foi talvez um dos primeiros investigadores da Psiquiatria e Psicologia
a contestar essa visão, afirmando a necessidade de se considerar o fator
hereditariedade como um componente importante nos estudos da psique
humana – tanto na investigação das psicoses quanto dos diferentes perfis
personalísticos.
92
2004
93
2004
94
2004
95
2004
96
2004
98
2004
99
2004
101
2004
102
2004
103
2004
104
2004
105
2004
106
2004
107
2004
108
2004
109
2004
110
2004
111
2004
Os irmãos dessa criança, bem como os pais e outros parentes eram magros.
A obesidade em decorrência deste distúrbio é muito comum em pacientes
com depressão e pode levar a outras doenças, como hipercolesterolemia,
ateromas, hipertensão arterial, problemas cardíacos, problemas de coluna
e artrose de joelhos e tornozelos.
112
2004
113
2004
114
2004
115
2004
116
2004
117
2004
118
2004
119
2004
120
2004
121
2004
REFERÊNCIAS
3. The biology of soul murder: Fear can harm a child’s brain. Is it reversible?
22 http://www.nospank.net/trau.htm
6. Depression Overview.
http://www.healthyplace.com/communities/depression/types.asp
23
7. Fiorillo C.D., Tobler P.N. Schultz W. Discrete Coding of Reward Probability and
Uncertainty by Dopamine Neurons. Science (2003) 299:p.1898-1902.
10. Sabelli H.C., Fink P., Fawcett J., Tom C. Sustained antidepressant effect of PEA
replacement. Journal of Neuropsychiatry Clinical Neuroscience (1996 Spring); 8(2): p.
168-171.
11. Perry, B.P. Brain Structure and Function II – Special Topics Informing Work with
Maltreated Children. The ChildTrauma Academy. www.ChildTrauma.org.
12. MacFarlane, K., Waterman, J. et al. Sexual Abuse of Young Children. Guilford Press,
New York, NY, 1986
13. Dominguez, R.Z., Nelke, C.F., Perry, B.D. Child Sexual Abuse. In: Encyclopedia
of Crime and Punishment. Vol. 1 (David Levinson, Ed.) Sage Publications, Thousand
Oaks pp. 202-207, 2002
122
2004
14. Stein MB, Hanna C, Koverola C, Torchia M, McClarty B. Structural brain changes
in PTSD: does trauma alter neuroanatomy? In: Yehuda R, McFarlane AC, (eds.)
Psychobiology of posttraumatic stress disorder. Annals of the New York Academy
of Sciences, vol. 821. New York: The New York Academy of Sciences, 1997; 76-82.
15. Rauch SL, Shin LM. Functional neuroimaging studies in posttraumatic stress
disorder. In: Yehuda R, McFarlane AC, (eds.) Psychobiology of posttraumatic stress
disorder. Annals of the New York Academy of Sciences, vol. 821. New York: The
New York Academy of Sciences, 1997; 83-98.
16. Ackerman PT, Newton JEO, McPherson WB, Jones JG, Dykman RA. Prevalence
of posttraumatic stress disorder and other psychiatric diagnoses in three groups of
abused children (sexual, physical, and both). Child Abuse and Neglect, 1998; 22(8): 759-
74.
17. Schiffer F, Teicher MH, Papanicolaou AC. Evoked potential evidence for right
brain activity during the recall of traumatic memories. J Neuropsychiatry and Clinical
Neuroscience 1995;7:169-175.
18. Schiffer F: Affect changes observed with right versus left lateral visual field
stimulation in psychotherapy patients: possible physiological, psychological, and
therapeutic implications. Comprehensive Psychiatry, 1997;38:289-295
20. J. Douglas Bremner, M.D. The Invisible Epidemic: Post-Traumatic Stress Disorder,
Memory and Brain. (March 2000).
http://www.thedoctorwillseeyounow.com/articles/behavior/ptsd_4/
21. Bremner J.D., Marmar C (eds.). Trauma, Memory and Dissociation. APA Press,
Washington DC., 1998
22. Virgin C.E., Taryn, P.T.H., Packan, D.R., et al. Glucocorticoids inhibit glucose
transport and glutamine uptake in hippocampal astrocytes: implications for
glucocorticoid neurotoxicity. J. Neurochemistry, (1991) 57; pp. 1422-1428
23. Bremner J.D., Narayan, M. The effects of stress on memory and hippocampus
throughout the life cycle: implications for childhood development and aging. Develop
Psychopatol,(1999); 10:pp 871-886.
24. Stein, M.B., Koverola, C., Hanna, C., et al. Hippocampal volume in women
victimized by childhood sexual abuse. Psychol. Medicine (1997); 27:pp 951-959.
123
2004
25. Gurvits, T.G., Shenton, M.R., Hokama, H., Ohta, H., et al. Magnetic resonance
imaging study of hippocampal volume in chronic combat-related posttraumatic
stress disorder. Biol. Psychiatry, 1996; 40:pp 192-199
26. Morgan, M.A., LeDoux, J.E. Differential contribution of dorsal and ventral medial
prefrontal córtex to the acquisition and extinction of conditioned fear in rats. Behav
Neurosciences (1995);109:pp 681-688.
27. Husseini K. Manji, Wayne C. Drevets & Dennis S. Charney. The cellular
neurobiology of depression. Nature Medicine (May 2001); 7:pp541-546.
28. Inside the Teenage Brain. Interview with Jay Giedd. (2004)
http://www.pbs.org/wgbh/pages/frontline/shows/teenbrain/interviews/
18 giedd.html
29. Bruce D. Perry, M.D., Ph.D. Helping Traumatized Children, 2002. The Child
Trauma Academy, Houston, Texas.
124
2004
125
2004
Quando a mãe sorri com freqüência para o bebê, pega-o no colo, abraça-o,
beija-o, faz contato olhos nos olhos, fala com o bebê, alimenta-o, limpa-o
e cuida dele com carinho, o bulbo cerebral e o diencéfalo são ricamente
estimulados, desenvolvendo e organizando sistemas de conexões
somatosensoriais imprescindíveis para o desenvolvimento cerebral
durante os primeiros doze meses de vida (1).
126
2004
A partir do 12º mês de vida até os três anos de idade, o sistema límbico e
o neocórtex estarão altamente receptivos a consolidar essas experiências,
não somente com a mãe mas também com os outros membros da família
e amigos. A qualidade dessas interações familiares com a criança e a
qualidade das interações por ela testemunhada entre os adultos da
família, terão uma influência positiva ou negativa na continuidade do
desenvolvimento de sua capacidade de estabelecer e manter vínculos
emocionais saudáveis e no desenvolvimento de suas habilidades de
comunicação social.
127
2004
Carl Gustav Jung relata em suas memórias (2) o caso de uma paciente
que sofria de ansiedade crônica e comportamento agressivo compulsivo
frente à menor frustração ou contrariedade.
128
2004
Era uma pessoa culta, família muito rica, que havia sido literalmente
abandonada nas mãos de empregados por seus pais durante a primeira
infância, devido às inúmeras viagens e atividades sociais destes. Como
forma de compensação, os pais informaram à menina aos três anos
de idade que “ela era a dona da casa na ausência deles” e instruíram
os empregados (governanta, babá, mordomo, motorista) para jamais
contrariá-la.
129
2004
130
2004
Nesta fase, é o ambiente externo que exerce uma ação regulatória, através
do atendimento das necessidades da criança. Se este atendimento é
eficiente e acompanhado de carinho e compaixão, um vínculo emocional
fundamental é estabelecido com o adulto cuidador, lançando as bases
para a segurança emocional.
131
2004
132
2004
133
2004
Tal rejeição pode levar a dois modos opostos de reagir: maior retração
e auto-isolamento ou maior hiperatividade e agressividade. Se deixadas
sem atendimento adequado por pais, professores ou outros profissionais,
a tendência dessas crianças será, em uma fase posterior, a de se associar
com outras crianças também marginalizadas, desenvolvendo hábitos
auto-destrutivos e comportamentos de rebeldia na escola, família e
sociedade (5). Além disso, a genética também tem um papel importante
no tipo de temperamento com que nascemos. O cérebro de indivíduos
extrovertidos é diferente dos introvertidos. Alguns estudos demonstram
que os introvertidos têm menos tolerância a ruídos e ambientes agitados,
preferindo ambientes mais calmos, pequenos grupos de amigos, pois
sentem-se desconfortáveis em multidões e grandes agrupamentos – em
contraste com o temperamento extrovertido que aprecia festas, “baladas”,
esportes coletivos, etc (6).
134
2004
135
2004
Bruce Perry afirma que as bases das seguintes estruturas devem estar
desenvolvidas, para que o aprendizado emocional e social da tolerância
seja possível:
136
2004
137
2004
138
2004
Por outro lado, em vista da inversão de valores que permeia hoje a nossa
sociedade e do crescente número de casos de paternidade/maternidade
entre menores de 18 anos, um programa pedagógico de orientação
e preparação para a sexualidade e para a paternidade/maternidade
responsável deveria ser urgentemente incluído nas séries do ensino
139
2004
140
2004
141
2004
142
2004
143
2004
Ainda no final dos anos 90, portanto antes dos achados recentes de Giedd
e Yurgelun-Todd, diversos estudos indicavam a importância de horas
regulares de sono durante a puberdade e adolescência e o Relatório do
NIMH de 2001 referente ao período de pesquisas 1998-2000 sobre a Saúde
Mental da Criança e o do Adolescente já dava destaque a essa questão
(11).
144
2004
145
2004
REFERÊNCIAS
2. Green, C.B., Menacker, M. Circadian Rhythms: Clocks on the Brain. Science (2003)
301: 319-320.
4. Maria Irene Maluf. Falando sobre a difícil tarefa de educar. Press Release enviado
por Francisco Galvão e-mail: francisco@cgcomunicacao.com.br (25 de maio de
2004).
10. Inside the Teenage Brain. Interview with Deborah Yurgelun-Todd. (2004)
http://www.pbs.org/wgbh/pages/frontline/shows/teenbrain/interviews/
todd.html
11. Thompson PA, Giedd JN, Blanton RE, Lindshield C, Woods, RP, MacDonald
D, Evans AC, Toga AW (2000) Growth Patterns in the Developing Human Brain
Detected Using Continuum-Mechanical Tensor Maps and Serial MRI. Nature 404:
190-192.
12. The National Advisory Mental Health Council Workgroup on Child and
Adolescent Mental Health Intervention, Development, and Deployment. “Blueprint
for Change: Research on Child and Adolescent Mental Health.” Washington, D.C.:
2001. PP. 40-45.
146
2004
147
2004
148
2004
149
2004
150
2004
151
2004
Todos esses elementos são mediados pelo cérebro humano, o qual confere
a “cola” sócio-emocional para a família, comunidade e sociedade (3),
afirma Perry, destacando que a deterioração do tecido social leva à
violência entre os indivíduos nos diversos níveis das relações familiares
e sociais. A deterioração da qualidade de ensino, a violência urbana e a
desintegração social estão associadas ao aumento de práticas de maltrato
e negligência da criança, segundo a Academia Nacional para a Prevenção
do Abuso Infantil dos Estados Unidos (3).
152
2004
Enfim, criando uma situação do tipo “salve-se quem puder” que resulta
em agressividade social, facilita a ação do crime organizado, violência
urbana, violência no trânsito, desarmonia e conflitos profissionais e
familiares – com um impacto direto sobre a criança. Em suma, o ser
humano volta-se contra seus semelhantes. Violência, suicídio, doença
mental e uma constelação de outros males sociais crescem quando o
tecido social se deteriora (3).
153
2004
155
2004
156
2004
157
2004
158
2004
159
2004
160
2004
161
2004
162
2004
163
2004
164
2004
Porém, o que poucos por aqui têm ciência, é que as boas universidades
européias sabem que o aluno com ensino médio completo do Brasil,
mesmo formado pelos melhores colégios particulares, não tem condições
de acompanhar um curso de medicina, biomédica, engenharia, etc.
naqueles países, com raríssimas exceções.
165
2004
No entanto, não é inválido supor que esses números não devam ser
baixos, em vista de tantos níveis dimensionais de stress presentes em
nossa sociedade. Podemos certamente afirmar que a nossa sociedade é
profundamente psicopatogênica.
167
2004
REFERÊNCIAS
1. Anthony J. Urquiza, Cynthia Winn. Treatment for Abused and Neglected Children:
Infancy to Age 18. U.S. Department of Health and Human Services. Administration
for Children, Youth and Families – National Center on Child Abuse and Neglect.
2. Garbarino, James et al. Children and Families in the Social Environment. (2nd
edition), 1992, Walter de Gruyter, Inc. New York.
5. Bell, C.C., and Jenkins, E.J. Traumatic stress and children. Journal of Health Care
for the Poor and Underserved. 2(1):175-85, 1991
7. Garbarino, J., and deLara, E.W. And words can hurt forever: Protecting
adolescents from bullying, harassment, and emotional violence. In: deLara, E. W.
Adolescents´perceptions of safety at school and their solutions for enhancing safety
and decreasing school violence: A rural case study, Ph.D. dissertation. Cornell
University, Ithaca, NY, 2002 .
8. Weisenburger, W., Underwood, K.F., Fortune, J.C. Are schools safer than we
think? Educational Digest (1995);60(9):13-17.
9. Center for Media Education. Children and television: frequently asked questions.
Washington, DC: CMF, 1997. http://www.cme.org/children/kids_tv/c_and_
t.html
10. Aronson, E. The social animal. 8th edition. N.York: Worth Publishers, 1999
11. Bushman, B.J., Anderson, C.A. Media Violence and the American public: Scientific
facts versus media misinformation. American Pasychologist (2001);56(6/7):477-89
12. Price, J.H., Merrill, E.A., Clause, M.E. The depiction of guns on prime-time
television. Journal of School Health. (1992);62(1):15-18
168
2004
13. Pennell, A.E., Browne, K.D. Film violence and young offenders. Aggression and
Violent Behavior (1999);4(1): 13-28
14. Dill, K.E., Dill, J.C. Video game violence: a review of the empirical literature.
Aggression and Violent Behavior (1998);3(4):407-428.
15. Anderson, C.A., Dill, K.E. Video games and aggressive thoughts, feelings, and
behavior in the laboratory and in life. Journal of Personality and Social Psychology
(2000);78(4):772-90
16. Funk, J.B. Reevaluating the impact of video games. Critical Pediatrics (1993);32(2):
86-90
17. Grossman, D., DeGaetano, G. Stop teaching our kids to kill: A call to action against
TV, movie, and video game violence. New York: Crown Publishers, 1999.
18. James Garbarino. The Changing Lives of Children, In: Educating Children in a
Socially Toxic Environment. (1997) 54(7): 12-16
20. Study Downplays Role of Race, Income Among Troubled Teens. December 1,
2000
26
http://www.intelihealth.com/IH/ihtIH/EMIHC000/333/333/304893.html
21. Elder, Glen H., Jr. 2002. “Historical Times and Lives: A Journey Through Time
and Space.” Pp. 194-218 in Looking at Lives: American Longitudinal Studies of the 20th
Century, edited by Erin Phelps, Frank F. Furstenberg, Jr., and Anne Colby (Chapter
8). New York: Russell Sage Foundation
22. Sandra Galeotti. Karma e Dharma - Visão Ecológica de Homem e Natureza (2a
edição, 1993) Editora Aquariana, São Paulo - SP
169
2004
170
2004
171
2004
172
2004
173
2004
174
2004
175
2004
176
2004
177
2004
Todo o grupo familiar que mantém contato diário com a criança deve ser
avaliado e ter seus problemas, capacidades e habilidades identificadas,
de forma a se determinar o plano de intervenção terapêutica para a
criança. A família é o fator mais importante e consistente da vida das
crianças e, à medida em que elas se desenvolvem dentro do sistema
familiar, todo o grupo passa por adaptações e mudanças. Além disso,
as dinâmicas e interações interpessoais dentro da família são também
multidimensionais: os pais e adultos cuidadores influenciam seus filhos e
são influenciados por eles. No entanto, nos casos de abuso e negligência
de crianças, a coleta de dados para essa avaliação não é geralmente fácil
e nem sempre possível.
178
2004
179
2004
180
2004
181
2004
182
2004
183
2004
184
2004
REFERÊNCIAS
185
2004
Assim como outros pacientes sob terapia, a criança tem o direito de ser
tratada em um ambiente livre de abuso, tem o direito de questionar as
ações do terapeuta ou expor dúvidas quanto à terapia e receber respostas
corretas e adequadas ao seu grau de entendimento. A criança tem ainda
o direito de receber tratamento individualizado e adequado às suas
necessidades particulares e o direito de esperar ser ajudada através do
tratamento. A criança tem também o direito de ser protegida contra
abusos cometidos por profissionais e quaisquer irregularidades desse
tipo devem ser relatadas às autoridades competentes e investigadas.
186
2004
187
2004
188
2004
189
2004
190
2004
191
2004
Intervenções
192
2004
Abuso Físico e/ou Sexual – Estes dois tipos de abuso requerem que o
médico da equipe faça uma completa avaliação clínica e física da criança,
pois os problemas de saúde e as possíveis lesões internas e externas
devem ser imediatamente diagnosticadas e tratadas.
193
2004
Abuso sexual: nos casos de estupro ou incesto, a criança deve ser também
testada para doenças sexualmente transmissíveis, inclusive AIDS.
Crianças molestadas e induzidas ao sexo oral, mas sem penetração,
podem apresentar infecção oral, como por exemplo, gonorréia. Nos
casos de penetração, a criança pode ter sofrido lesões anais ou vaginais
internas.
194
2004
195
2004
196
2004
197
2004
198
2004
199
2004
200
2004
201
2004
203
2004
204
2004
Com freqüência, ela não sabe nem compreende quem é a vítima e quem
é o agressor, pois crê que foi a causadora da violência. A intervenção
terapêutica deve portanto abordar este problema levando a criança a
descobrir e reconhecer a situação real. Além disso, os seguintes fatores
podem estar presentes e contribuindo para as dificuldades do paciente:
• A criança esconde seus sentimentos de dor, medo, tristeza, por receio de ser
rejeitada pelo terapeuta ou por não ter consciência do que sente. Vários recursos
podem ser utilizados para ensinar à criança os quatro diferentes tipos de
emoção: raiva, medo, alegria, tristeza. O terapeuta pode ainda expressar
em seu rosto esses diferentes estados, através de uma atividade lúdica,
a encenação de uma estória, ou em suas reações ao relato da criança
sobre o seu maltrato (tristeza, raiva); ou quando o paciente demonstra
uma nova habilidade ou talento, através de uma atividade, o terapeuta
pode demonstrar em seu rosto, voz e gestualística, expressões de alegria,
admiração, apreciação pela criança.
206
2004
Perry alerta que estes são os momentos em que a criança está pronta para
aprender a respeito dos diferentes tipos de sentimentos e ressalta que,
independente da atividade, os seguintes princípios são importantes (3):
1. Todos os sentimentos que ela sente são válidos: alegria, tristeza, raiva,
etc;
2. Ensine a ela modos saudáveis de agir quando ela estiver triste, alegre
ou com raiva;
207
2004
208
2004
REFERÊNCIAS
1. Bruce D. Perry, M.D., Ph.D. Helping Traumatized Children, 2002. The Child
Trauma Academy, Houston, Texas.
2. Treatment Issues for Abused and Neglected Children and Specialized Interventions.
In: Treatment for Abused and Neglected Children: Infancy to Age 18 pp.62-85.
17
http://nccanch.acf.hhs.gov
209
2004
210
2004
211
2004
Mas o que até hoje parecia a muitos hipóteses apenas prováveis e a outros
improváveis, tornou-se ao longo dos últimos 30 anos um fato científico
difícil de ignorar: estamos danificando a nós mesmos, danificando nossos
cérebros, através do modo como nos organizamos e nos relacionamos em
diversos níveis: familiar, social, empresarial, econômico, governamental,
e assim por diante. Nosso problema maior não é a tecnologia, a engenharia
genética – ou qualquer outro tipo de conhecimento ou recurso de que
dispomos: mas o uso que fazemos disso. Nosso problema não está nos
armamentos nucleares, bombas biológicas ou armas de fogo: mas no
estado de nossa saúde mental – individual e coletiva – que permite que
fabriquemos e façamos uso desses instrumentos de destruição e auto-
destruição.
212
2004
213
2004
214
2004
Remeto o leitor que caminhou comigo até este posfácio, ao Anexo das
próximas páginas, onde modelos brasileiros são apresentados, bem como
entidades que se dedicam a este serviço, tais como ABRAPIA – Associação
Brasileira de Proteção à Infância e Adolescência, o Núcleo de Atenção à
Violência do Instituto Fernandes Figueira (FIOCRUZ), Núcleo de Atenção
à Criança Vítima de Violência – Instituto de Puericultura e Pediatria
Martagão Gesteira- IPPMG / UFRJ, Conselhos Tutelares – entre outras.
Na home page da ABRAPIA (http://www.abrapia.org.br) há material
2 informativo e indicação de livros publicados por autores brasileiros sobre
o assunto.
215
2004
216
2004
217
2004
218
2004
219
2004
220
2004
Isso é importante pois muitas vezes se confunde e se pensa que a 1a. Vara
vai responsabilizar criminalmente o agressor. Ela não tem competência
para isso, essa é a competência das Varas Criminais. Há um momento em
que o processo é remetido à Vara Criminal, e esse momento pode variar:
o Juiz pode se convencer de imediato, o Promotor pode desde o início
remeter peças do processo à Central de Inquéritos, o que já desencadeia o
processo criminal… vai depender enfim das circunstâncias de cada caso
e do convencimento do Juiz. Nem sempre o descumprimento do dever
enseja crime. Nos casos de violência, o Juiz pode aplicar as medidas
pertinentes aos pais. Em relação ao fluxo dos casos de violência na 1a.
Vara:
221
2004
222
2004
223
2004
O Serviço Social da 1a. Vara recebe os casos quase sempre após tomadas
as medidas de proteção, para avaliar a adequação das medidas e
encaminhar ao Juiz um relatório. Não há no Serviço Social uma sistemática
de atendimento a casos de violência.
SERVIÇO SOCIAL
NÚCLEO DE PSICOLOGIA
224
2004
225
2004
226
2004
TRÊS PROJETOS:
ESCOLA DE PAIS: (2 meses)
PAIS TRABALHANDO:
227
2004
4. Defensoria Pública
Representante: Dr Tadeu Valverde (2a. Vara JIJ)
228
2004
229
2004
230
2004
Por isso, acho que uma medida importante seria tratar com maior
severidade os casos de abuso sexual.
231
2004
Os laudos podem ser solicitados pelo Juiz, pelo Delegado, pela Promotoria
ou pelos Conselheiros Tutelares, que são autoridade competente para
solicitar o laudo quando se trata de casos de maus-tratos contra crianças.
Alguns Conselhos Tutelares encaminham a requisição por intermédio das
Delegacias Policiais, e às vezes alguns técnicos recusam a feitura do laudo
se o solicitando é o Conselho Tutelar; em outras palavras, não há consenso
sobre esse procedimento. No entanto, o IML pode atender à solicitação
direta do Conselho Tutelar, até porque o Conselho tem autoridade legal
para requisitar qualquer serviço público.
232
2004
233
2004
234
2004
235
2004
236
2004
237
2004
238
2004
Não acreditamos que essa seja uma tarefa apenas do Programa de Atenção
a Crianças e Adolescentes Vítimas de Maus-tratos da FIA. Não cabe aí
orgulho nem vaidade, que não contribuem em nada para a proteção da
criança. A capacitação feita pela SOBEPI, contratada pelo Programa, foi
aberta a todos os profissionais interessados.
239
2004
240
2004
241
2004
Como realizamos uma sessão por semana com cada criança, geralmente
entre 6 e 10 atendimentos, e a equipe técnica é pequena (2 psicólogos e 2
assistentes sociais), o trabalho com cada criança leva 3 meses ou mais para
ser terminado. Isso ocorre também em razão da necessidade de elaboração
de relatórios e pareceres técnicos apurados. A fila de espera, portanto, é
inevitável, não sendo possível ao Programa limitar as inscrições (por
orientação da Prefeitura) e encaminhar para outra instituição que tenha o
mesmo tipo de atendimento.
242
2004
Desde sua criação, o NAP tem sido muito demandado pelos profissionais
do IFF. Embora o NAP só se reúna a cada 15 dias, as consultas que os
membros do Núcleo recebem são diárias.
243
2004
Esse horário foi um dos fatores de seu sucesso, pois não impede nem
prejudica outros compromissos dos membros do Núcleo nem daqueles
interessados em participar das reuniões. Por outro lado, esse tempo
não permite que tudo se resolva durante as reuniões. Mas os membros
do Núcleo estão abertos às consultas diárias, encaminhadas pelos
profissionais.
244
2004
245
2004
No IFF, não é o NAP que notifica o caso. O NAP não tem nenhuma
ação direta. Quem notifica é o profissional que acompanha o caso. Esse
acompanhamento deve, acredito, seguir as mesmas regras da Pediatria:
o profissional deve se interessar pelos desdobramentos do caso, pelos
resultados dos exames…
246
2004
247
2004
Com essa perspectiva, criamos um Comitê interno que não foi à frente
em parte devido à falta de sensibilização dos profissionais da equipe.
Quando elaboramos nosso primeiro projeto, com base no treinamento
da Secretaria Estadual de Saúde, constituímos o Comitê pretendendo
que ele fosse o ponto chave para a orientação das diversas equipes que
lidam com crianças e adolescentes. Mas observamos que essa proposta
não foi viável, pois o Comitê nem sempre podia estar presente, como por
exemplo nos plantões da Emergência. Então, o Comitê saiu do Hospital e
tentou se articular à rede, capacitar e instrumentalizar seus profissionais
para formar uma equipe de atendimento mais dinâmica.
248
2004
249
2004
250
2004
251
2004
252
2004
253
2004
254
2004
255
2004
256
2004
- Prontuário único;
- Ficha de notificação – uma via para SMS e outra para Conselho Tutelar;
- Relatório quando solicitado.
257
2004
Problemas identificados:
258
2004
259
2004
260
2004
Cerca de 50% dos casos que chegam ao IPUB são casos de abuso sexual.
Essa porcentagem é ainda maior entre os autores da agressão.
261
2004
262
2004
263
2004
264
2004
265
2004
266
2004
É importante ressaltar também que a 1a. Vara do JIJ enviou mais uma
representante (assistente social Glícia N.O. Morais e Silva) e que o CT de Ramos
esteve representado por mais 3 Conselheiros (Karina Nunes da Silva, Soraia
Denise de Brito e Célio Marcelino Gomes). O NAV esteve representado por
Bárbara Souza e Ingrid Dako, e as demais instituições pelos mesmos membros da
1a. Oficina.
267
2004
268
2004
269
2004
270
2004
Anexo 1
1. Esclarecimentos
Para o NACA: Os casos que vão para investigação são somente aqueles
que se avalia a necessidade da mesma?
271
2004
2. Discussão
272
2004
3. Propostas
4. Recomendações
Contatos:
E-mails:
Ana Lúcia Ferreira - anaferr@gbl.com.br
Mario José Ventura Marques - mjvmarques@uol.com.br
Mônica Moreira Alves Lanfredi - mlanfredi@hotmail.com
Verônica Simões Silveira Busch - vssbusch@bol.com.br
273
2004
II - LITERATURA RECOMENDADA
PUBLICAÇÕES BRASILEIRAS
Gonçalves, H.S. & Ferreira. A.L., 2002. A notificação da violência intrafamiliar contra
crianças e adolescentes por profissionais de saúde. Cadernos de Saúde Pública< 18(1):
315-319
Ferreira, A.L. (2001). “Abuso sexual”. In: Azevedo, C.E.S. e Del Favero, W.M. (org.).
Terapêutica em Pediatria. São Paulo: Atheneu, 591-593
Ferreira, A.L. e Marques, M.J.V. (2001). “Violência”. In: Coutinho, M.F.G e Barros,
R.R. (org.). Adolescência – uma abordagem prática. São Paulo: Atheneu, 251-261
Gonçalves, HS. (2001). Infância e violência no Brasil: um estudo das práticas de educação
em lares do Rio de Janeiro. Tese de Doutorado em Psicologia. Rio de Janeiro, PUC-RJ
Borba, F.C.; Cavalcanti, D.D. e Gonçalves, H.S. (2000) “Violência contra a criança e o
adolescente: perfil do agressor”. Revista de Pediatria do Ceará 1 (1): 102
274
2004
Gonçalves, H.S. (2000). “Violência Familiar, Justiça e Cultura”. Anais do III Congresso
Ibero-Americano de Psicologia Jurídica. São Paulo: Universidade Presbiteriana
Mackenzie. Pp 159-160
Ferreira, A.L. (1999). “Lesões cutâneas por violência física”. In: Azevedo, C.E.S.
(org.). Doenças exantemáticas em pediatria e outras doenças monocutâneas. São Paulo:
Atheneu, 239-244
Ferreira, A.L. (1999). “Violência contra a criança alerta os médicos”. JAMA Brasil, 3
(8): 2515.
Ferreira, A.L.; Gonçalves, H.S.; Marques, M.J.V.; e Moraes, S.R.S. (1999). “A prevenção
da violência contra a criança na experiência do Ambulatório de Atendimento à
Família: entraves e possibilidades de atuação”. Ciência e Saúde Coletiva 4 (1): 123-30
Gonçalves, H.S.; Ferreira, A.L.; Lima, R.H.G. e Moraes, S.R.S. (1999). “A experiência
do IPPMG/UFRJ na violência contra a criança e o adolescente”. Texto e Contexto 8 (2):
501-505
275
2004
LITERATURA INTERNACIONAL
DeBellis M, Baum AS, Birmaher B, Keshavan M, Eccard CH, Boring, AM, Jenkins FJ,
Ryan N.(1999) Developmental Traumatology Part I and II: Biological Stress Systems.
Society of Biological Psychiatry 45:1259-1270 (Part I) 1271-1284 (Part II)
Charney DS, Deutch AY, Krystal JH, Southwick SM, Davis M. (1993) Psychobiologic
mechanisms of posttraumatic stress disorder. Archives of General Psychiatry, 50:294-
305.
Perry BD, Pollard RA, Blakely TL, Baker WL, Vigilante D. (1995) Childhood trauma,
the neurobiology of adaptation and use-dependent development of the brain: How
‘states’ become ‘traits.’ Infant Mental Health Journal, 16:271-291.
Pynoos RS, Steinberg AM, Ornitz EM, Goenjian AK. (1997) Issues in the developmental
neurobiology of traumatic stress. Annals of the New York Academy of Science, 821:176-
1993.
Van der Kolk B. (1997) The body keeps the score: Approaches to the psychobiology
of posttraumatic stress disorder. In BAS van der Kolk, AC McFarlane, L Weisaeth
(Eds.) Traumatic Stress: The effects of overwhelming experience on mind, body and society,
Guilford Press, New York, 214-241.
ver Ellen P, van Kammen. (1990) The biological findings in post-traumatic stress
disorder: A review. Journal of Applied Social Psychology, 20:1789-1821.
DeFries, J. C., Plomin, R., & Fulker, D. W. (Eds.) Nature and nurture during middle
childhood. Cambridge, MA: Blackwell.
276
2004
Hetherington, E. M., Reiss, D., & Plomin, R. (Eds.) Separate social worlds of siblings:
Impact of nonshared environment on development. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum
Associates.
Pedersen, N. L., Plomin, R., & McClearn, G. E. Is there G beyond g? (Is there genetic
influence on specific cognitive abilities independent of genetic influence on general
cognitive ability?) Intelligence, 18, 133-143.
Plomin, R. Genetics and experience: The interplay between nature and nurture. Newbury
Park, CA: Sage Publications.
Plomin, R. The Emanuel Miller Memorial Lecture 1993. Genetic research and
identification of environmental influences. Journal of Child Psychology and Psychiatry,
35, 817-834.
Plomin, R., McClearn, G. E., Smith, D. L., Vignetti, S., Chorney, M. J., Chorney, K.,
Venditti, C.P., Kasarda, S., Thompson, L. A., Detterman, D. K., Daniels, J., Owen, M.,
& McGuffin, P. DNA markers associated with high versus low IQ: the IQ Quantitative
Trait Loci (QTL) Project. Behavior Genetics, 24, 107-118.
Plomin, R., Owen, M. J., & McGuffin, P. The genetic basis of complex human
behaviors. Science, 264, 1733-1739. PDF
Plomin, R., Pedersen, N. L., Lichtenstein, P., & McClearn, G. E. Variability and
stability in cognitive abilities are largely genetic later in life. Behavior Genetics, 24,
207-215.
Plomin, R., Reiss, D., Hetherington, E. M., & Howe, G. W. Nature and nurture: Genetic
contributions to measures of the family environment. Developmental Psychology, 30,
32-43.
Braungart-Rieker, J. M., Rende, R. D., Plomin, R., DeFries, J. C., & Fulker, D. W.
Genetic mediation of longitudinal associations between family environment and
childhood behavior problems. Development and Psychopathology, 7, 233-245.
O’Connor, T. G., Hetherington, E. M., Reiss, D., & Plomin, R. A twin-sibling study of
observed parent-adolescent interactions. Child Development, 66, 812-829.
277
2004
Plomin, R., McClearn, G. E., Smith, D. L., Skuder, P., Vignetti, S., Chorney, M. J.,
Chorney, K., Kasarda, S., Thompson, L. A., Detterman, D. K., Petrill, S. A., Daniels, J.,
Owen, M. J. & McGuffin, P. Allelic associations between 100 DNA markers and high
versus low IQ. Intelligence, 21, 31-48.
Wadsworth, S. J., DeFries, J. C., Fulker, D. W., & Plomin, R. Covariation among
measures of cognitive ability and academic achievement in the Colorado Adoption
Project: Sibling analysis. Personality and Individual Differences, 18, 63-73.
Wadsworth, S. J., DeFries, J. C., Fulker, D. W., & Plomin, R. Cognitive ability and academic
achievement in the Colorado Adoption Project: A multivariate genetic analysis of parent-
offspring and sibling data. Behavior Genetics, 25, 1-15.
Pike, A., McGuire, S., Hetherington, E. M., Reiss, D., & Plomin, R. ( Family environment
and adolescent depressive symptoms and antisocial behavior: A multivariate genetic
analysis. Developmental Psychology, 32, 590-603. PDF
Pike, A., Reiss, D., Hetherington, E. M., & Plomin, R. Using MZ differences in the search for
nonshared environmental effects. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 37, 695-704.
Caspi, A.; Sugden, K.; Moffitt, T.E.; Taylor, A. et al. “Influence of Life Stress on
Depression: Moderation by a Polymorphism in the 5-HTT Gene.” Science (2003), 301:
386-389.
Green, C.B.; Menaker, M. “Circadian Rhythms: Clocks on the Brain” Science (2003)
301:319-320
Akers, R. L. 1977. Deviant Behavior: A Social Learning Approach (2nd ed.). Belmont, CA:
Wadsworth.
Allard, M., R. Albelda, M. Colten, and C. Cosenza. 1997. In Harm’s Way? Domestic
Violence, AFDC Receipt, and Welfare Reform in Massachusetts. Boston, MA: University
of Massachusetts at Boston.
Bandura, A. 1977. Social Learning Theory. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall.
278
2004
Black, D. A., R. E. Heyman, and A. M. S. Slep. 2001. “Risk Factors for Child Physical
Abuse.” Aggression and Violent Behavior 6(2/3): 121–188.
Dong, M., R. F. Anda, S. R. Dube, W. H. Giles, and V. J. Felitti. 2003. “The Relationship
of Exposure to Childhood Sexual Abuse to Other Forms of Abuse, Neglect, and
Household Dysfunction during Childhood.” Child Abuse and Neglect 27(6): 625–639.
Egeland, B. 1993. “A History of Abuse Is a Major Risk Factor for Abusing the Next
Generation.” In Current Controversies on Family Violence, edited by R. J. Gelles and D.
R. Loseke. Newbury Park, CA: Sage Publications.
Egeland, B., D. Jacobvitz, and L. A. Sroufe. 1988. “Breaking the Cycle of Abuse.”
Child Development 59: 1080–1088.
Feshbach, S. 1980. “Child Abuse and the Dynamics of Human Aggression and
Violence.” In Child Abuse: An Agenda for Action, edited by G. Gerbner, C. J. Ross, and
E. Zigler. New York: Oxford University Press.
Garbarino, J., and G. Gillam. 1980. Understanding Abusive Families. Lexington, MA:
D.C. Health.
279
2004
Gil, D. 1970. Violence Against Children. Physical Child Abuse in the United States.
Cambridge, MA: Harvard University Press.
Heyman, R. G., and A. M. S. Slep. 2002. “Do Child Abuse and Interparental Violence
Lead to Adulthood Family Violence?” Journal of Marriage and the Family 64(4): 864–
870.
Higgins, D. J., and M. P. McCabe. 2000. “Multi-Type Maltreatment and the Long-
Term Adjustment of Adults.” Child Abuse Review 9: 6–18.
Hunter, R. S., and N. Kilstrom. 1979. “Breaking the Cycle in Abusive Families.”
American Journal of Psychiatry 136(10): 1320–1322.
Kadushin, A. 1974. Child Welfare Services (2nd edition). New York: Macmillan.
Kalmuss, D. 1984. “The Intergenerational Transmission of Marital Aggression.”
Journal of Marriage and the Family 46(1): 11–19.
Kaufman, J., and E. Zigler. 1987. “Do Abused Children Become Abusive Parents?”
American Journal of Orthopsychiatry 57(2): 186–192.
280
2004
Leiter, J., K. Myers, and M. Zingraff. 1994. “Substantiated and Unsubstantiated Cases
of Maltreatment: Do Their Consequences Differ?” Social Work 18(2): 67–82.
McGuigan, W. M., and C. C. Pratt. 2001. “The Predictive Impact of Domestic Violence
on Three Types of Child Maltreatment.” Child Abuse and Neglect 25: 869–883.
O’Leary, K. D., and A. D. Curley. 1986. “Assertion and Family Violence: Correlates of
Spouse Abuse.” Journal of Marital and Family Therapy 12(3): 281–289.
281
2004
Roper, P., and G. Weeks. 1993. Over Half of the Women on Public Assistance in
Washington State Reported Physical and Sexual Abuse as Adults. Issue Brief. Seattle, WA:
Washington State Institute for Public Policy.
Stark, E. 1985. “Women Battering, Child Abuse, and Social Heredity: What Is The
Relationship?” Marital Violence: Sociological Review Monograph 31: 141–171.
Steele, B. J., and C. B. Pollock. 1968. “A Psychiatric Study of Parents Who Abuse
Infants and Small Children.” In The Battered Child, edited by R. E. Helfer and C. H.
Kempe. Chicago: University of Chicago Press.
Steele, B. J., and C. B. Pollock. 1974. “A Psychiatric Study of Parents Who Abuse
Infants and Small Children.” In The Battered Child (2nd ed.), edited by R. E. Helfer and
C. H. Kempe. Chicago: University of Chicago Press.
Steinmetz, S. K. 1977. The Cycle of Violence: Assertive, Aggressive, and Abusive Family
Interaction. New York: Praeger.
Straus, M. A., R. J. Gelles, and S. K. Steinmetz. 1980. Behind Closed Doors: Violence in
the American Family. Garden City, NY: Doubleday.
282
2004
Walker, L. 1983. “The Battered Women Syndrome Study.” In The Dark Side of Families:
Current Family Violence Research, edited by D. Finkelhor, R. J. Gelles, G. T. Hotaling,
and M. A. Straus. Beverly Hills, CA: Sage.
Widom, C. S., and M. Maxfield. 2001. “An Update on the ‘Cycle of Violence.’”
Research in Brief (NCJ 184894). Washington, DC: National Institute of Justice.
Wilt, S., and S. Olson. 1996. “Prevalence of Domestic Violence in the United States.”
Journal of the American Medical Women’s Association 51: 77–88.
Yoshihama, M., and B. W. Gillespie. 2002. “Age Adjustment and Recall Bias in the
Analysis of Domestic Violence Data: Methodological Improvements through the
Application of Survival Analysis Methods.” Journal of Family Violenc
Consultas MEDLINE
Kostiunina MB.
[The human electroencephalogram during the mental recall of emotionally colored
events] Zh Vyssh Nerv Deiat Im I P Pavlova. 1998 Mar-Apr;48(2):213-21. Russian.
PMID: 9644801 [PubMed - indexed for MEDLINE]
Kostandov EA.
[Lateralization of emotional functions]
Fiziol Zh SSSR Im I M Sechenova. 1984 Jul;70(7):976-82. Review. Russian.
PMID: 6386546 [PubMed - indexed for MEDLINE]
Bruyer R.
[Differential implication of cerebral hemispheres in emotional behavior (author’s
transl)] Acta Psychiatr Belg. 1980 May-Jun;80(3):266-84. French.
PMID: 6782833 [PubMed - indexed for MEDLINE]
283
2004
George MS, Parekh PI, Rosinsky N, Ketter TA, Kimbrell TA, Heilman KM,
Herscovitch P, Post RM.
Understanding emotional prosody activates right hemisphere regions.
Arch Neurol. 1996 Jul;53(7):665-70.
PMID: 8929174 [PubMed - indexed for MEDLINE]
Gainotti G.
[Emotions and hemispheric lateralization. Review of the literature]
Encephale. 1983;9(4):345-64. Review. French.
PMID: 6368198 [PubMed - indexed for MEDLINE]
Hamann S, Mao H.
Positive and negative emotional verbal stimuli elicit activity in the left amygdala.
Neuroreport. 2002 Jan 21;13(1):15-9.
PMID: 11924878 [PubMed - indexed for MEDLINE]
Simonov PV.
[The brain mechanisms of emotions]
Zh Vyssh Nerv Deiat Im I P Pavlova. 1997 Mar-Apr;47(2):320-8. Review. Russian.
PMID: 9173736 [PubMed - indexed for MEDLINE]
Simonov PV.
Brain mechanisms of emotions.
Neurosci Behav Physiol. 1997 Jul-Aug;27(4):405-13. Review.
PMID: 9252998 [PubMed - indexed for MEDLINE]
Simonov PV.
[The functional asymmetry of the emotions]
Zh Vyssh Nerv Deiat Im I P Pavlova. 1998 Mar-Apr;48(2):375-80. Russian.
PMID: 9644820 [PubMed - indexed for MEDLINE]
284
2004
Szelag E, Fersten E.
Recognition of faces expressing emotions in patients with unilateral brain damage.
Acta Neurobiol Exp (Wars). 1991;51(3-4):115-23.
PMID: 1819190 [PubMed - indexed for MEDLINE]
Fossati P, Hevenor SJ, Graham SJ, Grady C, Keightley ML, Craik F, Mayberg H.
In search of the emotional self: an FMRI study using positive and negative emotional
words. Am J Psychiatry. 2003 Nov;160(11):1938-45.
PMID: 14594739 [PubMed - indexed for MEDLINE]
285
2004
286
2004