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A ciéncia, 0 poder e os riscos A cultura cientifico-tecnologica Estudiosos de sociologia atribuem muitas designagées a cultura ocidental do nosso tempo, reflectindo cada uma delas a perspectiva em que 0 socidlogo se coloca. Ao designarem a nossa cultura por cultura cientifico-tecnologica, de imediato nos remetem para 0 papel da ciéncia e da técnica na determinacao da mentalidade e do modo de viver do ocidental contemporaneo. Ao falarmos de cultura cientifico-tecnolégica, estamos, pois, a referir-nos: * Accultura ocidental, isto é, a que vigora na generalidade dos paises euro- peus e em muitos paises da América. ¢ Acultura contemporanea, embora o seu desenvolvimento hist6rico se tenha processado particularmente a partir do Renascimento e Idade Moderna. « A cultura dos povos industrializados, também chamados desenvolvidos, em virtude de as suas fontes de rendimento ultrapassarem de longe os rudi- mentares processos agricolas e artesanais. * Accultura que assenta em processos cientifico-tecnolégicos cuja evolu- Gao se deve ao desenvolvimento da racionalidade cientifica Dado que a cultura se inscreve na nossa constituigaéo de seres humanos, insis- ta-se que, ao falarmos de “temas e problemas da cultura cientifico-tecnolo- gica”, n&o estamos a referir-nos a algo que nos seja estranho, antes, a assuntos que sdo nossos, a preocupagées que se podem a todos nés. Falar de cultura é falar de nds, de como somos, de como nos com- portamos, do nosso modo habitual de estar no mundo. E como somos nés, os actuais europeus, oci- dentais, industrializados? Num trabalho conjunto, vamos tentar obter alguns dados que nos permitam chegar a um conceito da nossa identidade cultural. Comece por ler atentamente os textos que a seguir Ihe apresentamos, apds 0 que deve trocar impresses com os colegas acerca do seu contetido: As aplicagées do conhecimento cientifico esto presentes em cada instante da vida quotidiana, sendo tao indispensévels quanto tiranicas. Velam pela nos- sa satide, intervém na constituigéo de mais infimo produto que manipulamos, na fabricagao de todos os utensilios de que nos servimos. E as préprias des- cobertas_cientificas, ao permitirem uma renovacéo totalmente imprevisivel dos métodos de construgao de fabricas, ao fazerem entrar na nossa vida um grande ntimero de objectos ou de “engenhocas” que transformam 0 nosso modo de vida, introduzem pela porta das traseiras germes que nao sabemos ainda se tornam a sociedade mais s4 oula pervertem: em todo o caso, trans- formam-na. dado-primeiro com que nos defron- tamos assim que efi : .) Somos forgados a aceitar essa ="tléncia e ndo nos deve surpreender o facto de que ela seja um elemento pri- mordial nas nossas vidas. Nao nos deve surpreender o desejo manifesto de pensar em termos de ciéncia, de compreender e inferpretar a circunstancia em fungao de categorie icas. A inten¢ao de construir 0 nosso mundo & permeavel ao tratamento cientifico. Se isso 6 bom ou mau, se 6 convenien- te ou nao, cabe a nds decidir. O facto é que estamos sob 0 fascinio de um pensamer ido objectivo, pensamento que procura aquelas afir- magdes que seriam aceitéveis, fosse qual fosse o inaividuo que as fizesse (7 & um némero impar, 0 tifo 6 uma moléstia microbiana, a Terra descreve uma Orbita eliptica em torno do Sol...), e desconfia de assercées que se vejam Chelas de elementos afectivos (eu gosto do mar, acho que a t rente ao uso que dela se faca...) cnica é indife- (...) Nao podemos sendo curvar-nos a evidéncia maior: é pensando objecti- vamente, fazendo apelo aos dados da ciéncia, que se tem conseguido os maiores éxitos, no sentido de maiores conquistas para o bem-viver. Sim, por- que ao homem nao basta viver. Ele aspira a bem-viver. E nesse bem-viver esto incluidos os factores materiais que a técnica ihe permitiu conseguit, bem como a satisfacao intelectual que os novos métodos de raciocinio, a que a ciéncia 0 tem encaminhado, the tem oferecido. =) Sugestdes de actividades =» 1. Escreva os conceitos-chave de cada um dos textos. _» 2: Sintetize o contetido dos textos, nao utilizando mais do que duas frases para cada um deles. A que conclusées chegou? Certamente se apercebeu que mesmo antes de adquirirmos conceitos préprios da cién- cia, ja estamos integrados num ambiente em que a respiramos, assimilamos, passan- do a inclui-la nas estruturas mentais com que nos situamos e encaramos 0 mundo. Quer queiramos, quer nao, a ciéncia faz parte de nés mesmos. Presente nos mais diversos objectos ¢ situagées do quotidia- no, ela vai-se insinuando, tornando familiar, acabando por se introduzir subliminar- mente e passando a fazer parte da estru- “tura com que reagimos ao mundo. | A ciéncia nao é, portanto, algo que nos passe ao lado, que possamos admirar ou repudiar como coisa que nada tenha a ver connosco. Antes, ela 6 uma rea- lidade sem a qual no seremos capazes de viver, dado que se incorporou em Nés, passou a inscrever-se na nossa “natureza”, condicionando a nossa ati- tude em face da vida. Do saber ao poder Grande ntimero de pessoas considera, talvez de modo simplista, a evo- lugdo cientifica como a tinica responsavel pela instabilidade vivida e pelos problemas que actualmente se colocam. Mas talvez nao seja bem assim. Neste capitulo teremos oportunidade de reflectir um pouco sobre, isso, clarificando conceitos que nos ajudarao a concluir que tal- vez o homem esteja a ser vitima de si mesmo e nao pro- priamente da ciénci: w e Porqué culpabilizar a ciéncia? Que representacéo fazemos do saber cientifico e do cientista? a ack see A ciéncia nao é vista por um prisma meramente optimista. A imagem que dela fazemos é algo de dilemético, contrabalangando os aspec- tos que nos fascinam com outros que, de certo modo, nos atemori- zam. Esta imagem vem-nos do passado, tendo sido gradualmente construida com pressupostos caracteristicos da mentalidade de dadas épocas historicas. * Aciéncia como saber revelador da |novidade e do progresso aoa O conceito de ciéncia como manifestagao reveladora do que é novo e como potenciadora de progresso é uma heranga do Renascimento. Do século XV ao XVII, 0 conhecimento cientifico passa por um surto de expan- so que possibilita novos conceitos nas areas da geografia, biologia, astro- nomia, sociologia e epistemologia, cujos efeitos se traduzem na descoberta de mundos até entao ignorados. Contudo, a euforia do conhecimento nao é imune a um certo sentimento de inseguranga e de receio, em virtude de se destronarem importantes referenci is com que as pessoas estavam habi- tuadas a contar. y 1 * Acciéncia como instrumento de dominio da natureza Na Modernidade, a aplicagao de modelos mecanicos a experimentacao a partir de Galileu ¢ a sistematizagao do método experimental efectuada por Francis Bacon impulsionam fortemente a ciéncia. Esta, por sua vez, apre- senta-se como ingrediente essencial do desenvolvimento técnico que atingira © seu ponto culminante na revolugdo industrial, com todas as consequéncias dai decorrentes. Com a maquina, o homem comega a ver concretizado 0 seu velho sonho de dominar a natureza e de a controlar de modo eficiente. * Aciéncia como saber “superior” O lluminismo do século XVIII ¢ o Posi mo do XIX enaltecem a razao eo saber cientifico, transformando a ciéncia numa quase religiao, separada do conhecimento vulgar pelos conceitos que domina e pela linguagem que utiliza. A especializagdo que a ciéncia exige, a complexidade das suas teo- rias e a linguagem de que se serve, que poucos podem entender, geram uma imagem de ciéncia como algo de inacessivel ao comum das pessoas, e uma viséo do cientista como um ser superior, diferente, afastado dos outros homens. * Aciéncia como agente transformador de nossas vidas gascenaacome agente mansfotmadondeiiessasividass Na primeira metade do século XX, as grandes Guerras Mundiais evidenciam, na pratica, os aspectos bipolares e contraditorios da ciéncia que, de ha longa data, nela se adivinhavam. A aviag&o, por exemplo, concretizagaio da liberda- de humana, permitindo ao homem realizar o sonho ha muito tempo acalentado de voar, apre- senta o seu lado negativo ao possibilitar o langa- mento de bombas mortiferas enderegadas a populacao civil. Fritz Haber, prémio Nobel em 1918, demonstra que a mesma ciéncia quimica ‘se presta ao fabrico de fertilizantes Uteis na agricultura e ao fabrico de armas de enorme potencial desirutivo. De geracdo em geragao, as concepgées foram-se transmitindo, adicionando, modificando, chegando a nés uma representac&o que, embora enaltega o conhecimento cientifico como imprescindivel ao desenvolvimento do homem i © progresso das comunidades, nao deixa de, pelo poder que confere, trazer consigo o gérmen de certas inquietagées. 0 cientismo S33 A dupla face com que hoje se encara a ciéncia nao obsta a que no passado se formasse e expandisse uma onda de entusiasmo e optimismo a res- peito do conhecimento cientifico, fazendo dele um Sere mito. Sobretu- do_no_século XIX e nas arimeiras décadas_do 1GaO_ generalizada de homem pode chegar ao conhecimen- to absol i i te, vir a resolv S- t6es praticas que se Ihe p6em. Esta confianga absoluta do homem nos Poderes tedrico-praticos da racionalidade cientifica ficou conhecida pela designacao de cientismo. z * Para(mitologizar a ciéncia, muito contribuiram o Huminismo, ao enaltecer as eateic Corr capacidades da razo humana, e o Positivismo, de Auguste Comte, ao evi- (1798-1857) denciar o conhecimento cientifico em detrimento da metafisica e da religido. ons ae eee O mito do cientismo assentava nos seguintes pressupostos: putoicoreiontls! eee eet cu) ‘Accéncia €um conhecimenta _Aceitam-se os seus enunciados sem necessidade de os com- verdadeiro. provar. Aciénciaéanica formade _ Qualquer outta representacao da realidade é destituida de acesso a realidade, sentido. A Génca é auténoma, Nao tem que se submeter a qualquer forma de autoridade ‘As ciéncias da natureza so as Constituem-se como modelo de investigacao a adoptar pelas céncias por exceléncia. outras ciéncias, nomeadamente as humanas. A céncia $6 aceita as 5 5 Les ualquer que seja 0 dominio a estudar, as investigacoes Soci obiisaes (aaeitea Gon bare a pet neat ahead oath método cientifico. es a vam. ‘A Géncia fornece explicagies As leis sdo a expresso das relagdes constantes, universais € causais. necessarias entre antecedentes e consequentes. A céncia tem par objectivos a Conhecidas as causas, sabem-se os efeitos consequentes, dado previseo € 0 controlo exactes que, “nas mesmas condicdes, as mesmas causas produzem os dos fenémenos. mesmos efeitos’. Neste contexto, o saber cientifico torna-se poderoso, interferindo nos mais diversos sectores da vida do homem e das comunidades. Aciéncia, cujo saber deu frutos no dominio da natureza fisica, apli- ca-se agora, também, ao homem. Com ela transforma-se o mundo, transforma-se o homem e transformam-se as relagées entre ambos. A ciéncia invade a vida das sociedades, rege a actividade politica, e imprime cariz cientifico as formas de governar. Da um conhecimen- to do grande puiblico, das suas motivagées, das suas expectativas. Esclarece as possibilidades de as satisfazer, ou confere meios estra- tégicos de as iludir. Determina o que convém, difunde valores, ’cria necessidades, estabelece prioridades, hierarquiza interesses e pro- blemas. Com ela se formam governantes, com ela se molda a von- tade dos governados. A propaganda ideolégica invoca a ciéncia sempre que pretende legitimar ideias, bem como as razGes que as fundamentam. Sobre o poderio da ciéncia, nao é necessério alon- garmo-nos mais. Recorde os textos que leu na pagina 110 e as actividades sugeridas na pagina 111’e ficara consciente do quanto dela dependemos, do conforto e bem-estar que nos proporciona e do que arriscariamos na vida se nos vissemos privados dos seus beneficios. Porém, subsiste a questao: sera que a ciéncia torna o homem feliz? se A queda do cientismo A concepgao mitica de ciéncia como conhecimento absoluto e definitivo da realidade e como entidade solucionadora dos problemas que afligem o homem viria, nos finais do século XX, a entrar em decadéncia. ‘Sao trés os factores principais que contribuiram para a queda do cientismo: * O desenvolvimento das investigagées cientificas veio mostrar que os con- ceitos, leis e teorias nao exprimem certezas indubitaveis, mas verdades relativas, provisorias, sujeitas a revisdo. * Os homens constataram que a ciéncia e a tecnologia nao Ihes conferia a felicidade sonhada, deixando grande quantidade de problemas por solu- cionar. * Os homens também se aperceberam de que, com a ciéncia, surgiu toda uma série de novas situagGes que se constituiram como areas problematicas para o homem contemporaneo. Daqui resulta que muitos pensadores fiquem atentos ao caracter relative dos conhecimentos cientificos e procurem, no contexto das mais diversas areas do saber, alertar a humanidade acerca dos perigos inerentes a evolucao desenfreada da ciéncia e da tecnologia. A tecnociéncia Desde a Antiguidade que 0 pensamento ocidental se desenvolveu bipolarmen- te, considerando a realidade em termos dualistas. Neste sentido, desde sem- ‘Pre se vincou a oposigaio entre: Pensamento <= Accéo Espirito = Matéria Inteligivel <= Sensivel Saber = Fazer Teoria = Pratica Intelectual <= Manual O primado da ciéncia O pdlo do pensamento foi tradicionalmente valorizado em detri- mento do pélo da acgao. Ja na Antiguidade, Aristoteles separava a theoria da techné, 0 saber compreender do saber fazer, as ciéncias tedricas das produtivas. Pelo seu caracter desinteressado, as ciéncias teoréticas sobrepunham-se em termos de valor e dignidade as ciéncias “poiéticas” ou produtivas. A supremacia do saber sobre o fazer, da actividade intelectual sobre a manual, do cérebro sobre a mao, do espirito sobre a matéria, da ciéncia sobre a técnica foi uma constante na Antiguidade e na Ida- de Média. Como é ja do nosso conhecimento, este panorama comega a alte- rar-se no Renascimento, periodo em que as ciéncias naturais arrancam vigorosamente com o apoio de instrumentos técnicos concebidos para esse fim. A mentalidade renova-se e reconhece-se aos mode- los mecanicos o estatuto de preciosos auxiliares da ciéncia. Dai que se comece a apreciar as actividades manuais e técnicas, que entram num crescendo de valorizagao. O primado da tecnociéncia ee 5 Posteriormente, com o desenvolvimento da ci ~se cada vez mais as relag6es entre a ciéncia Z iza¢ao industrial, fortalecem- ea técnica/ manifestando-se hoje como entidades que se interpenetram de modo inextrifcavel. Os aspectos téc- nicos sao credores da admiracao geral das pessoas, e a cién é valorizada pelas suas consequéncias praticas, ou seja, pelas realizagdes tecnolégicas que possibilita. Estamos actualmente a viver sob 0 signo da tecnociéncia, apreciando-se 0 conhecimento pela sua vertente tecnologica. Quer dizer, se em abstracto se considerar isoladamente a ciéncia ou a tecnologia, a classica hierarquia grega aparece invertida, ganhando a técnica supremacia em relagdo a ciéncia. O reconhecimento da importancia da ciéncia para o desenvolvimento econé- mico e a melhoria da condigéo humana provocou alteragdes no préprio sis- tema cientifico e tecnolégico. Acostumamo-nos a olhar para a ciéncia pura como a procura de novos conhecimentos sem se pensar em virtuais aplica- gdes @ a ciéncia aplicada como um meio de resolver problemas ou desenvol-_ ver tecnologias. Hoje a tendéncia é no sentido de muita desta invastigacao sé tornar basica mais do que pura, na medida em que deixou de ser escolhida livremente pelo cientista a luz do seu interesse e curiosidade intelectual, .mas' é sunlit proposta e apoiada por empresas © governos interessados no me vestigacdo basica orientada é desejével, mas 6 importante, numa perspectiva de futuro, que se garanta uma quantidade critica de investigagao pura, assente na livre escolha, pois é a par- tir desta que surgem os grandes saltos cientificos. Alexander King, Comunidade cientitica € poder A investigagao cientifica deixou de ser, portanto, uma actividade puramente contemplativa, para se transformar numa actividade interventiva. Ciéncia e técnica praticamente j4 nao se distinguem, considerando-se ambas como uma a Reenieaicedutisouse- Nesta perspectiva, a ciéncia ja néo € um puro saber, mas, acima de tudo, uma forma de poder: poder agir, poder manipular, poder transformar, poder domi- nar. Com a ciéncia produz-se mais, vende-se mais, ganha-se mais. A tecnociéncia confere ao homem um poderio quase ilimitado, dos a aspectos positivos que manifesta, nao deixa de le envolver um elevado nume- ro de perigos. Se explorar desenfreadamente as possibilidades de actuacao que a tecnociéncia Ihe confere, o homem pée em risco 0 planeta e pode desen- cadear a sua autodestruigao. ido, o qual, apesar Aparentemente, um dos. nites mais bem suc cedides da actualidade 6 o o que polariza em torno de Ciéncia as expectativas de fe redencao quanto 0 a tut ac a fo que nay hist6ria humana é subdesenvolvimento individual | ow Colectivo, quel este Sja perspectivado numa dimenséo econémica, Eultural, afectiva ou @utra. Na verdade, 0 conhecimento cientifico, designadamente na vertente 4, WFfifrOU-Se NO quotidiano a partir de meados do século XIX 6 os seus agentes produtores viram-se prestigiados aos olhos da comunidade como paradigmas duma ac¢ao humana portadora de signos de positividade. Esta imagem penetra na opiniao publica e intensifica-se ao longo da segun- dae terceira revolucao industrial. Os mass media contribuem para a implan- taco deste arquétipo que atravessa sem dificuldade grupos sociais diferenciados pelos estatutos econdémicos, convicgées religiosas ou atitudes politicas. Da maquina de lavar a transplantacdo cardiaca, do microcomputa- dor a engenharia genética, 2 tecnologia nao cessa de nos fazer convencer qué ¢ co impossivel de ontem é 0 trivial de amanhd. A precipitagéo dos aconte- cimentos, a rapidez com que a mudanga e a novidade se instalam, acaba por levar & banalizagao do excepcional, apressadamente arrastado na voragem do veienves )Apesar disso - e talvez por isso — cresce ininterruptamente o pres- figio dos “batas brancas”, essa comunidade anonima de sabios, investigado- res, técnicos, que dia e noite vai erquendo a Torre de Babel que anunciard o fim da nossa contingéncia milenar. : Levi Malho, O deserto da filosofia

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