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Introdução
Na introdução o autor apresenta alguns outros pensadores que trazem novas formas de estudar
música, priorizando como ele a criatividade e a exploração, questionando fortemente a maneira
como a música é estudada pelos músicos eruditos. Concordo plenamente com várias
observações: o estudo técnico/mecânico exaustivo não necessariamente resulta em uma música
melhor interpretada; ao ensinar música, a criatividade tem de estar presente... não faz sentido ler
partitura se o sujeito não compreende o que faz. Ele também (o autor) dá vários exemplos de
como a forma de vida atual se reflete na aula de música, “a aula de música é sempre uma
sociedade em microcosmo”.
Schafer considera a música Pop como fenômeno social e não musical, “qualidade musical,
sociologia e negócios não se beneficiam quando se misturam”. Concordo em parte com ele...
também não considero benéfica essa interação entre música e dinheiro já que os interessados
não estão preocupados em produzir algo autêntico ou de alta expressividade artística, porém a
música criada para ser vendida é produzida com base no que o consumidor escuta (ou não escuta
realmente), é consumida pelo público, e é produto da criação humana (qualquer que seja seu
fim), portanto é fenômeno musical e social, já que a meu ver é impossível dissociar esses dois
fenômenos, toda música é produto de sua sociedade.
Schafer traz diversas concepção contemporâneas (na verdade nem tanto, porém as instituições
de ensino insistem em não vê-la), como o erro considerado melhor que o acerto, pois leva à
reflexão. Esta perspectiva também respalda o trabalho do professor pesquisador, que não deve
temer o erro, para reforçar esta ideia, o autor relata algumas experiências próprias, onde o erro
fez parte do processo.
Ao contrário de outras áreas do conhecimento humano, as artes, e dentro delas a música é claro,
não deve ser entendida como matéria de “acumulação de conhecimento” como o tradicional
ensino de história (processo adotado em muitas partes do estudo de música), mas deve ter o
expressivo e a exploração como objetivo “estamos entrando em uma nova era da educação, que
é programada para a descoberta e não para a instrução”.
O autor relata uma forma de trabalho que já experimentei, usando primeiramente a exploração
livre dos instrumentos à disposição, depois uma “colheita” do que os alunos apreenderam desta
experiência (em forma de organização dos diferentes sons possíveis em cada instrumento), e por
último cada um faz uma composição (no meu caso várias improvisações). Este “método” foi
utilizado por mim com crianças desde 4 até 14 anos e é muito envolvente e produtivo.
O ambiente sonoro
“Se ficarmos todos surdos, simplesmente não haverá mais música. Uma das definições de ruído
é que ele é o som que aprendemos a ignorar”. Nesta frase o autor concentra muitas das suas
convicções, e através dela é capaz de justificar muitas das escolhas propostas em todo o livro.
Expondo a “inaturalidade” da separação das artes, o autor fala sobre o trauma para a criança que
tem sua percepção fragmentada, e como esta visão particionada de mundo dificulta a inserção da
criança, que recebe todos estes dados juntos, na prática escolar (onde normalmente é iniciada
nesta fragmentação).
Esta separação das artes é tão contraditória que não resiste na grande maioria das manifestações
culturais/populares, onde em geral a música está fortemente atrelada à dança/movimentação,
sabores e cheiros típicos desta festa. Este momento tem um significado totalmente diferente para
a comunidade e seus costumes.
Schafer é absolutamente contra a separação total e prolongada das artes, mesmo admitindo que
para aprofundar-se em certa área é necessário um estudo super específico e guiado por
profissionais (vai falar mais adiante sobre isso).
Apontando alguns motivos comumente aceitos para a presença da música na escola, passa pela
discussão da moralidade da música (se ela influencia diretamente a ética de um indivíduo)
Ao final da seção revela uma utilidade maior para a música, atribuindo a ela um poder de mediar
a ligação com as várias coisas da vida e do universo. Esta observação é interessante, pois cada
vez mais percebo o quanto tudo está ligado, e como as relações entre estas coisas é que muitas
vezes fazem a diferença.
O repertório a ser trabalhado na aula de música deve abranger desde as manifestações culturais
populares locais (sugere uma expansão/pesquisa desses referenciais, que normalmente ficam
presos ao senso comum de folclore) expandindo este referencial até as músicas “mundial
étnica”, tradicional e contemporânea.
Propõe uma forma de utilizar as músicas no processo “ouvir => analisar => fazer”, conceito
facilmente transportado para o ideal dos PCNs “fazer, apreciar e contextualizar”, diferenciando-
se pela não obrigatoriedade desta ordem nos nossos referenciais.
Através da experiência que gera descoberta (como já falado anteriormente, sem transmissão de
conhecimento), onde o processo é valorizado respeitando as singularidades de cada aluno.
Schafer ressalta que este como deve possibilitar que todos possam participar deste processo, e
não somente alguns dotados de um gênio musical apuradíssimo.
Após uma breve enquete com alguns alunos, o professor percebe como de modo geral a notação
e o som são confundidos quando associamos música a “notas”, alturas definidas em bolinhas
escritas em um papel. Segue-se uma breve explanação sobre a origem das partituras e seus
elementos gráfico e simbólico. É interessante perceber como a interação entre esses elementos e
A caixa de música
Contendo materiais estranhos à prática musical corrente, a provocação visa possibilitar a criação
por parte dos alunos e incentiva a adição de novos elementos pelo grupo.
Trenodia
Através desta peça o compositor Schafer busca alcançar os interesses do público adolescente
para questões musicais. A forma encontrada foi abordar um tema forte (textos sobre a bomba
atômica jogada em Nagasaki, narrados e cantados), e utilizar elementos da música
contemporânea como sons eletrônicos e vozes.
Neste trecho a meu ver o autor tenta apresentar propostas mais práticas (atividades propriamente
ditas) para seus ideais de educação musical e de integração das artes.
Curriculum Vitae
Expondo novamente suas opiniões sobre as instituições de ensino musical engessadas e sem
qualquer compromisso com o ensino de música de uma nova maneira, Schafer faz
correspondência com a dificuldade da criatividade entrar na academia, já que esta não pode ser
medida e nem tem métodos para ser desenvolvida tecnicamente.