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NA
MEDICINA POPULAR
FICHA TÉCNICA
Texto
Teófilo Braga e Gilda Pontes
Fotografia
Gilda Pontes, Teófilo Braga,
Gilberto Cardoso, Lúcia Ventura,
Jorge Cardoso e Emanuel Cordeiro
Design
Black Tulip
Execução Gráfica
EGA - Empresa Gráfica Açoreana, Lda.
Tiragem
1 000
Depósito Legal
236 146 / 05
ISBN
972-8144-25-3
Edição
Amigos dos Açores
Apoio
Secretaria Regional do Ambiente e do Mar
2ª Edição
Aquele que estiver doente
Vá tomando chá de murta
Que os remédios da botica
Põem a vida mais curta
(S.Miguel)
Nome vulgar
Alecrim; Alecrim-da-terra
Nome científico
Rosmarinus officinalis
Descrição
Arbusto erecto, ramoso, com aroma
forte. As folhas são persistentes,
coriáceas e lanceoladas e as flores são
de cor azul-pálida (raramente rosada
ou branca).
Nome vulgar
Alho
Nome científico
Allium sativum
Descrição
Planta bolbosa vivaz, com flores es-
branquiçadas ou avermelhadas. A
sua raiz possui um bolbo formado
por vários bolbilhos conhecidos
como dentes.
Nome vulgar
Araçazeiro, Araçaleiro
Nome científico
Psidium littorale
Descrição
Pequena árvore ou arbusto, sempre
verde, com um tronco acastanhado.
As suas folhas são glabras e opos-
tas e os seus frutos, que podem ser
vermelhos ou amarelos, são muito
saborosos.
Utilização na Medicina Popular nos Açores
A infusão das suas folhas, sobretudo da variedade roxa, é utilizada como Distribuição Geográfica
anti-diarreico (Pereira, 1953). Nativo da América do Sul, o araçazei-
Em 1988 e em 2002, de acordo com todos os questionários feitos em ro é cultivado nos Açores por causa
toda a ilha de São Miguel, o araçazeiro era usado com o mesmo fim: dos seus apreciados frutos, aparecen-
combater as diarreias. do por vezes naturalizado em ravinas
e correntes de lava, abaixo dos 300 m
de altitude.
Nome vulgar
Arruda
Nome científico
Ruta chalepensis
Descrição
Erva vivaz com folhas acinzentadas,
segmentadas e fétidas. O caule é len-
hoso e ramificado, podendo atingir
os 60 cm de altura. As suas flores são
amarelas e pequenas.
Nome vulgar
Avenca
Nome científico
Adiantum capillus-veneris
Descrição
Feto herbáceo de ramificações muito
finas, pretas ou castanho-escuras e
lisas. As frondes apresentam folíolos
triangulares em forma de leque.
Distribuição Geográfica
Utilização na Medicina Popular nos Açores Nativa da Europa e da América do
Cândido Abranches (1894) menciona o uso do chá para purificar o Norte, a avenca aparece sobretudo
sangue. Por seu turno Silvano Pereira (1954) refere o uso do xarope dos em sítios húmidos e sombrios.
seus rizomas no combate à tosse.
Na freguesia de São José, a avenca era usada no tratamento do catarro
pulmonar, da rouquidão e da tosse (inquérito de 1988).
Nome vulgar
Borragem
Nome científico
Borago officinalis
Descrição
Planta anual com caule espesso pelu-
do e ramificado, com folhas alternas,
ásperas e enrugadas e flores azuis.
Distribuição Geográfica
Planta mediterrânica mais frequente
em terrenos ricos em azoto. Utilização na Medicina Popular nos Açores
Cândido Abranches (1894) menciona o seu uso em “chá” como sudo-
rífero e Silvano Pereira (1954) refere o uso da infusão das suas flores
como sudorífero e diurético.
Na Maia, a borragem era usada para combater a tosse e inflamações (in-
quérito de 1988).
Nome vulgar
Celidónia, Erva-das-verrugas,
Erva-de-golpe, Erva-andorinha,
Erva-tintureira
Nome científico
Chelidonium majus
Descrição
Erva vivaz de caule ramoso e cilín-
drico, folhas verde-claras lobadas e
flores amarelo-douradas, com látex
amarelo.
Utilização na Medicina Popular nos Açores
Acúrcio Ramos (1871) refere que o seu suco é “aconselhado nas Distribuição Geográfica
obstrucções, ulceras antigas, manchas da cornea, verrugas e outras ex- Encontra-se na Europa, Ásia Central
crescencias cutaneas”. Silvano Pereira (1953), por sua vez, menciona o e Meridional e América, em sebes,
uso do seu látex nos golpes e feridas recentes, como antiséptico e cica- muros e entulhos, em lugares húmi-
trizante. dos. Nos Açores, é espontânea em
Em toda a ilha de São Miguel, tanto nos inquéritos feitos em 1988 como caminhos, muros e lugares incultos,
em 2002, é referido o uso do látex em “arranhões e feridas ligeiras”. em areias e cascalhos grosseiros secos
e expostos.
Nome vulgar
Coucelos, Conchelos
Nome científico
Umbilicus rupestris
Descrição
Planta vivaz, com folhas carnudas na
base, redondas, formando uma “cra-
tera central”. As flores são branco-
brilhantes ou avermelhadas.
Distribuição Geográfica
Existe na Europa Meridional e na Utilização na Medicina Popular nos Açores
Grã Bretanha, sobretudo em paredes Cândido Abranches (1894) refere a sua aplicação sobre feridas para “tirar
velhas, escarpas abruptas e fendas de a inflamação”.
rochas. No inquérito de 1998, nos Ginetes e na Ribeira Chã o “chá” das se-
mentes era usado para combater a diarreia.
Nome vulgar
Dente-de-leão, Alfacinha
Nome científico
Taraxacum officinale
Descrição
Planta herbácea vivaz, com folhas
glabras, compridas, fendidas ou par-
tidas, dispostas em roseta, com flores
de um amarelo intenso, formando
um capítulo.
Nome vulgar
Erva-Cidreira, Cidreira
Nome científico
Melissa officinalis
Descrição
É uma planta vivaz, muito ramifi-
cada e aromática, conhecida pelo seu
forte e agradável aroma a limão. As
suas folhas são ovais, serradas e de
nervuras salientes.
Nome vulgar
Erva-de-São-Roberto, Erva-roberta
Nome científico
Geranium robertianum
Descrição
Erva anual, de caule avermelhado,
com folhas verde-claras, triangulares,
palmadas e flores rosadas.
Distribuição Geográfica
Nativa da Europa Central e Me-
Utilização na Medicina Popular nos Açores ridional e da Ásia, está aclimatada na
Segundo o inquérito de 1998, em São Pedro, Ponta Delgada, a infusão América do Norte. Encontra-se em
era usada para combater os nervos e no Pico da Pedra para controlar a locais húmidos e sombrios, sobre-
tensão alta e os diabetes. tudo junto a muros e sebes.
Nome vulgar
Eucalipto, Eucalipto-comum
Nome científico
Eucalyptus globulus
Descrição
Árvore que pode atingir mais de 30
m de altura, as folhas jovens são ovais
e glaucas e as mais velhas são lanceo-
ladas e em forma de foice. As flores,
grandes e solitárias, são amarelo-
-esbranquiçadas.
Utilização na Medicina Popular nos Açores
Distribuição Geográfica Segundo Cândido Abranches (1894) a infusão das suas folhas em álcool
Originário da Austrália, o eucalipto era usada “em fricções para a cura do rheumatismo”.
é cultivado em regiões temperadas, No Pico da Pedra, as folhas de eucalipto fervidas em água eram usadas
subtropicais e tropicais, preferindo para combater a gripe (inquérito de 1988). Por seu lado, segundo o in-
terrenos com alguma humidade. quérito de 2002, nas Sete Cidades a fricção das folhas no corpo era usada
para combater o reumatismo.
Nome vulgar
Fava-da-cova, Alfavaca-da-cova,
Fava-da-cobra, Alfavaca-da-cobra
Nome científico
Parietaria judaica
Descrição
Erva vivaz, de caules sub-erectos, len-
hosos e avermelhados, folhas em for-
ma de coração e desprovidas de pêlos
e flores pequenas e esverdeadas.
Nome vulgar
Funcho
Nome científico
Foeniculum vulgare
Descrição
Planta perene ou bienal, podendo
atingir 1,5 m de altura. De cor verde
brilhante, com folhas profunda-
mente recortadas e reduzidas, por
assim dizer, às nervuras, as suas flores
são amarelas e estão dispostas em
umbela. Utilização na Medicina Popular nos Açores
De acordo com Cândido Abranches (1894), a água da infusão do funcho
Distribuição Geográfica é usada para combater a inflamação dos olhos. Segundo Silvano Pereira
Nativo da região mediterrânica, (1953), a infusão das suas sementes é usada como estimulante estomacal
aparece em terrenos baldios, nas ber- nas dispepsias.
mas dos caminhos. Nos Açores surge Na Ribeirinha, segundo o inquérito 1988, a planta era usada para com-
abaixo dos 500 m, nas bermas de bater “a prisão de ventre e as dores de barriga”. Nas Sete Cidades, era
caminhos e em terrenos incultos. usada para diversos fins, como para tratamento da constipação, rou-
quidão, dores de barriga e de cabeça (inquérito de 2002).
Nome vulgar
Hortelã, Hortelã-de-sopa
Nome científico
Mentha viridis
Descrição
Erva vivaz, rizomatosa, de caules
semi-prostrados, folhas sub-lanceo-
ladas, serradas e aromáticas.
Distribuição Geográfica
Planta nativa da região mediter-
Utilização na Medicina Popular nos Açores rânica, muito cultivada em Portugal,
De acordo com Silvano Pereira (1953), a infusão das suas folhas é usada incluindo nos Açores
como vermífugo, sendo também utilizada em culinária.
Na Maia, segundo o inquérito de 1988, a hortelã-de-sopa era usada para
combater as lombrigas e nas Sete Cidades, em 2002, era usada para de-
belar as dores de barriga.
Nome vulgar
Hortelã-pimenta
Nome científico
Mentha x piperita
Descrição
Erva vivaz, estolhosa, com aroma
bastante forte, de caules avermel-
hados e folhas pecioladas e lanceo-
ladas.
Distribuição Geográfica
Por se tratar de um híbrido estável Utilização na Medicina Popular nos Açores
e infecundo da hortelã-aquática e da De acordo com Cândido Abranches (1894), a hortelã-pimenta era usada
hortelã comum, é cultivada na Eu- “em licor ou em chá para expelir o ar do estomago”, por seu lado Silvano
ropa, Ásia e América do Norte por Pereira (1953) refere o uso da infusão das suas folhas como estimulante
via vegetativa. da digestão.
De acordo com o inquérito efectuado em 1988, a planta era usada na
Ribeirinha no combate à tosse, e na Ribeira Seca da Ribeira Grande e nas
Sete Cidades, no combate às dores de barriga (inquérito de 2002).
Nome vulgar
Linho
Nome científico
Linum usitatissimum
Descrição
Planta anual, de caule erecto, folhas
alongadas e estreitas com flores de
cor azul clara. O fruto é uma cáp-
sula globulosa com sementes de cor
castanha.
Nome vulgar
Losna
Nome científico
Artemisia absinthium
Descrição
Planta vivaz, de caule verde-prateado
e erecto. As folhas são cinzento-
-esverdeadas na página superior e
brancas na inferior e as flores são
amarelas.
Nome vulgar
Louro, Louro-macho, Louro-da-
terra, Louro-bravo, Louro-manso,
Louro-de-cheiro, Loureiro
Nome científico
Laurus azorica
Descrição
Árvore de folhas persistentes e aromáti-
cas, que pode atingir 20 m de altura.
As folhas são verde-escuras e são utili-
zadas na culinária. Os frutos são bagas
Utilização na Medicina Popular nos Açores que quando estão maduras tornam-se
Cândido Abranches (1894) menciona o uso do louro na culinária como negras.
tempero e queimado como desinfectante.
Distribuição Geográfica
Espécie endémica dos Açores, exis-
tente em todas as ilhas, excepto
na Graciosa, que aparece geral-
mente acima dos 500 m de altitude,
podendo encontrar-se quer em sítios
húmidos quer em correntes de lava
quase secas.
Nome vulgar
Macela, Marcela
Nome científico
Anthemis nobilis
Descrição
Erva vivaz, rasteira, com folhas ver-
des-esbranquiçadas, em roseta e
flores amarelas reunidas em capítu-
los.
Distribuição Geográfica
Nativa da Europa Ocidental, a ma- Utilização na Medicina Popular nos Açores
cela aparece em campos cultivados, Cândido Abranches (1894) menciona o uso da macela para “amargos de
relvados, margens arenosas de rios e boca e doenças do estomago”. Silvano Pereira (1953) refere que a infusão
nas bermas de caminhos. das suas flores é usada como tónico para estômagos dispépticos.
No concelho da Ribeira Grande, de acordo com o inquérito realizado em
1988, a macela era utilizada essencialmente para combater as dores de
estômago e intestinos bem como nas doenças da pele e dos olhos.
Nome vulgar
Maria-luísa, Limonete, Erva-limão
Nome científico
Lippia citriodora
Descrição
Arbusto ramoso, com folhas lanceo-
ladas e muito aromáticas.
Distribuição Geográfica
Originária da Argentina, do Peru e
do Chile, é espontânea na América
Utilização na Medicina Popular nos Açores do Norte. Nos Açores é cultivada em
Segundo Cândido Abranches (1894) era usada para tratar “doenças es- quintais e jardins.
tericas” e Silvano Pereira (1953) refere que a infusão das suas folhas e
flores é usada como calmante.
De acordo com o inquérito de 1988, no Pico da Pedra, na Maia, na
Lomba da Maia e na Ribeira Seca da Ribeira Grande, era usada “para o
coração” e nas Sete Cidades, em 2002, era considerada “boa para a tosse
e canseira, estômago e sistema nervoso”
Nome vulgar
Milho
Nome científico
Zea mays
Descrição
Planta anual, com flores masculinas
e femininas separadas, estas últimas
agrupam-se numa espiga, que se
transforma em maçaroca. As suas
folhas são oblongas e lanceoladas.
Nome vulgar
Morangueiro
Nome científico
Fragaria vesca
Descrição
Planta vivaz, rasteira, com folhas tri-
foliadas mais claras na face inferior.
As flores são brancas e têm cinco
pétalas.
Distribuição Geográfica
Utilização na Medicina Popular nos Açores Planta comum nas bermas de camin-
Silvano Pereira (1953) menciona o uso da infusão dos rizomas e folhas hos, sebes e bosques das zonas mon-
como anti-diarréico. tanhosas de regiões temperadas de
Nos Ginetes e em Santo António (Além-Capelas), de acordo com o in- toda a Europa. Muito cultivada em
quérito de 1988, a infusão das folhas era usada para combater problemas quase todo o mundo.
urinários.
Nome vulgar
Nêveda, Erva-névea
Nome científico
Calamintha officinalis
Descrição
Erva vivaz, ramificada, de folhas
pequenas, pecioladas, ovadas e
aromáticas. As suas flores são tam-
bém pequenas e arroxeadas.
Distribuição Geográfica
Planta do Sul de Inglaterra e Europa Utilização na Medicina Popular nos Açores
Central, existindo em Portugal em Silvano Pereira (1953) refere que as suas folhas eram usadas como es-
locais secos e áridos até aos 1500 m timulante do aparelho digestivo.
de altitude. Nos Açores, é espontânea No Pico da Pedra, a neveda era usada para dar às pessoas “boa disposição”
aparecendo sobretudo em terrenos (inquérito de 1988).
incultos.
Nome vulgar
Ourego, Ouregão
Nome científico
Origanum vulgare ssp. virens
Descrição
Erva vivaz com caule erecto, por
vezes avermelhado, com pequenas
folhas ovais, pontiagudas e flores
brancas.
Distribuição Geográfica
Utilização na Medicina Popular nos Açores Nativo da Europa e da Macaronésia
Pereira (1953), refere que o ourego possui propriedades estimulantes o ourego prefere solos pedregosos em
e carminativas e menciona o uso da infusão das folhas e sumidades zonas de montanha. Encontra-se em
floríferas para combater a tosse. vertentes rochosas e escarpas abaixo
No inquérito realizado em 1988, na Ribeira Seca da Ribeira Grande, o dos 300 m.
ourego era usado para combater a tosse. Por seu lado, nas Sete Cidades
era usado para combater as dores de barriga e estômago (inquérito de
2002).
Nome vulgar
Poejo, Hortelã-pimenta-mansa
Nome científico
Mentha pulegium
Descrição
Erva vivaz, robusta, com folhas opos-
tas, pecioladas, elípticas ou ovadas,
de cor acinzentada. Apresenta um
cheiro agradável.
Distribuição Geográfica
Nativo da Europa e Ásia Ocidental, Utilização na Medicina Popular nos Açores
o poejo naturalizou-se na América. Cândido Abranches (1894) diz que em licor a planta é estomacal.
Nos Açores é comum em pastagens, Silvano Pereira (1953) escreve que a infusão das suas folhas é utilizada
atalhos de gravilha e bermas de como estimulante e tónico estomacal.
caminhos até aos 1000 m De acordo com o inquérito de 1988, na freguesia de Rabo de Peixe, o
poejo era usado “para acalmar os nervos”. Por seu turno, na Maia servia
“para aliviar as dores de barriga” e, sob a forma de cigarro, para combater
as dores de dentes.
Nome vulgar
Queiró, Rapa
Nome científico
Calluna vulgaris
Descrição
Subarbusto lenhoso, com folhas per-
sistentes, opostas e lineares e flores
cor-de-rosa.
Distribuição Geográfica
Planta nativa da Macaronésia, Eu-
Utilização na Medicina Popular nos Açores ropa, NW de África e América do
Nos Ginetes, de acordo com o inquérito de 1988, era usada uma infusão Norte. Nos Açores é comum em
do seu caule e folhas para fazer baixar a tensão arterial. vertentes secas e correntes de lava re-
cente, até aos 2300 m de altitude.
Nome vulgar
Rabo d’Asno; Cavalinha
Nome científico
Equisetum telmateia
Descrição
Planta vivaz, rizomatosa, com caules
aéreos, muito ramificados, que po-
dem atingir 1m de altura..
Distribuição Geográfica
Existe na Europa, exceptuando o
extremo Norte e em grande parte Utilização na Medicina Popular nos Açores
da ex-União Soviética. Aparece em Silvano Pereira (1953) refere o uso da infusão dos caules como diurética
locais muito húmidos e geralmente e externamente em cataplasmas, nas cistites e litiase renal.
sombrios, onde a água se encon- No inquérito de 1988 era referido o uso do rabo d’asno, no Pico da
tra permanentemente disponível e, Pedra e na Lomba da Maia, no tratamento das “dores dos rins e bexiga”.
também, nas margens das lagoas e
ribeiras.
Nome vulgar
Romã, Romãzeira
Nome científico
Punica granatum
Descrição
Arbusto erecto muito ramoso, de
casca avermelhada nos ramos novos
podendo atingir de 2 a 5 m. As suas
flores são de cor vermelha forte e o
fruto é esférico, com casca coriácea,
amarela ou avermelhada.
Utilização na Medicina Popular nos Açores
Na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, segundo o inquérito reali- Distribuição Geográfica
zado em 1988, usava-se a casca do fruto seco para aliviar doentes que Planta nativa do Sudoeste da Ásia,
sofriam de falta de ar. muito cultivada na Europa e Améri-
ca do Sul.
Nome vulgar
Sabugueiro, Sabugo, Rosa-de-bem-
fazer
Nome científico
Sambucus nigra
Descrição
Arbusto com os ramos cheios de
medula branca, com folhas peciola-
das, com 5 a 7 foliolos serrados. As
suas flores são branco-amareladas e
as suas bagas negras, apresentando
de três a cinco sementes. Utilização na Medicina Popular nos Açores
Cândido Abranches (1894) menciona o seu uso em chá, como sudo-
Distribuição Geográfica rífero. Por seu turno Silvano Pereira (1954) menciona o uso da infusão
Nativo da Europa, Ásia Ocidental das suas flores como diurético e sudorífero.
e Central e Norte de África, cresce No inquérito de 1988, na Lomba da Maia, era feita referência ao uso da
em bosques e terrenos incultos. Nos flor do sabugueiro para debelar a febre, enquanto que na Lombinha da
Açores é utilizado em sebes. Maia usavam-se as bagas para combater a diarreia.
Nome vulgar
Salsa
Nome científico
Petroselinum sativum
Descrição
Planta herbácea anual, de folhas
com contornos triangulares e flores
amarelo-esverdeadas, dispostas em
umbela.
Distribuição Geográfica
Utilização na Medicina Popular nos Açores Possivelmente originária da região
Cândido Abranches (1894) menciona o uso do sumo desta planta como mediterrânica, esta planta é culti-
diurético. Por seu turno Silvano Pereira (1954) menciona o uso da in- vada em todo o mundo como planta
fusão das suas raízes como febrífuga, tónica e depurativa. condimentar.
Na Ribeirinha, a salsa era utilizada como diurética, segundo o inquérito
de 1988. Nas Sete Cidades, a salsa era considerada boa para as dores de
estômago, vesícula e para memória (inquérito de 2002).
Nome vulgar
Salva
Nome científico
Salvia officinalis
Descrição
Subarbusto aromático, de caules
quadrangulares, folhas lanceoladas,
verde-escuras, apresentando o verso
acinzentado. As flores são pequenas
e arroxeadas.
Nome vulgar
Silva, Silva-brava, Silvado-bravo
Nome científico
Rubus ulmifolius
Descrição
Subarbusto sarmentoso, prostrado
ou trepador, com flores brancas e
fruto globoso.
Distribuição Geográfica
Originária da Europa a silva aparece
Utilização na Medicina Popular nos Açores sobretudo em matas e sebes. Nos
Cândido Abranches (1894) afirma que os rebentos novos mastigados são Açores é espontânea, aparecendo
bons contra a inflamação da garganta, os frutos em calda de açúcar no sobretudo em sebes e terrenos in-
combate à desinteria e em licor para acalmar as dores de dentes. Por seu cultos.
turno Silvano Pereira (1954) menciona o uso das extremidades das folhas
tenras, em decocto, como antidiarreico.
Segundo o inquérito de 1988, na Ribeira Chã era usado o chá no trata-
mento da diarreia e o “mastigar o caule do olho da silva” nas as infecções
da boca.
Nome vulgar
Tanchagem, Língua-de-vaca
Nome científico
Plantago major
Descrição
Planta herbácea vivaz, com folhas
lanceoladas, pecíolos delgados e
corola esbranquiçada e flores dispos-
tas em espiga.
Distribuição Geográfica
Nativa da Europa e regiões tempera- Utilização na Medicina Popular nos Açores
das da Ásia e do Norte de África, Cândido Abranches (1894), afirma que o cozimento da planta é apli-
aparece sobretudo em planícies e ter- cado para inflamações da vista. Por seu turno, Silvano Pereira (1954)
renos incultos e húmidos. menciona o uso da infusão das suas folhas em inflamações e o sumo das
folhas como cicatrizante de feridas.
Na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo era usada para cicatrizar feri-
das (inquérito de 1988).
Nome vulgar
Tomilho, Erva-úrsula
Nome científico
Thymus caespititius
Descrição
Planta rasteira, de caules lenhosos,
de folhas curtas, em forma de agulha
e flores branco-arroxeadas.
Distribuição Geográfica
Existe em todas as ilhas dos Açores,
Utilização na Medicina Popular nos Açores na Madeira, em Portugal Conti-
De acordo com o inquérito de 1988, no Porto Formoso, o tomilho era nental e Nordeste de Espanha. Nos
usado para debelar a tosse e a rouquidão. Nas Sete Cidades era usada, em Açores pode ser vista desde a costa
infusão, no tratamento das dores do estômago (inquérito de 2002). até altitudes muito elevadas, como
na ilha do Pico.
Nome vulgar
Usai-dela, Erva-formigueira, Erva-
lombrigueira
Nome científico
Chenopodium ambrosioides
Descrição
Erva anual, de caule erecto com es-
trias verdes, frequentemente verme-
lho, com folhas obovadas, inteiras ou
com dentes irregulares e compridos e
flores esverdeadas.
Utilização na Medicina Popular nos Açores
Distribuição Geográfica Cândido Abranches (1894) refere que o chá era aplicado contra vermes
Existe em zonas temperadas da Eu- intestinais. Segundo Silvano Pereira (1954) o suco das sumidades
ropa do Sul, preferindo solos areno- floríferas, diluído em água açucarada, era usado como vermífugo.
sos e entulhos. De acordo com os inquéritos realizados, nas Feteiras (1988) e Sete Ci-
dades (2002) a usai-dela era, também, usada como vermífuga.
Capítulo- inflorescência densa, formada por Excitante- que estimula ou aumenta a activi-
um conjunto do flores geralmente sésseis dade do sistema nervoso (por vezes é usado
(sem pecíolo). como sinónimo de estimulante).
Cápsula- fruto seco que abre na altura da ma- Febrífugas- que produz uma descida da tem-
turação. peratura corporal.
Carminativa- que favorece a expulsão dos gases Folíolos- parte de uma folha composta; folha
produzidos pelas fermentações intestinais. secundária.
Lobada- folha cujo recorte não atinge metade Subarbusto- planta vivaz, geralmente com
da aba. menos de 1m de altura, lenhosa apenas na
base e sempre herbácea na parte restante.
Maceração- processo que consiste em mergul-
har a planta em água fria, conservando-se Sudorífero- que estimula a sudação (acto de
assim durante 24h ou mais. Também se suar).
pode usar vinho ou outro líquido.
Tónico- que fortalece e incrementa as funções
Oblonga- mais comprida do que larga e arre- do organismo.
dondada nas extremidades.
Umbela- inflorescência indefinida em que os
Obovada- que tem a forma de um ovo inver- pedúnculos se inserem no eixo principal
tido. Numa folha a parte superior é mais todos à mesma altura.
larga do que a que está próxima do pé.
Vermífugo- que provoca a expulsão de vermes.
Palmada- recortada em segmentos divergentes,
dispostos como os dedos de uma mão aberta. Vivaz- planta cuja parte subterrânea vive vári-
os anos, florescendo em cada um deles,
Peciolada- que possui pecíolo. mesmo que as partes aéreas morram anual-
mente.
Pecíolo- o pé de uma folha.