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Índice
Fundamentos de hematologia
Composição do sangue
Volume sangüíneo
Sistema hematopoiético/lítico
Hematopoiese
Eritropoiese
Eritropoiese ineficaz
Eritropoiese anormal
Anticoagulantes
Colheita de sangue
Bibliografia
Literatura Recomendada
Estudo do eritron
Introdução
Eritrograma
Literatura recomendada
Introdução
Sintomatologia clínica
Colheirta
Hemoparasitas
Intensidade da anemia
Introdução
Sintomatologia Clínica
Avaliação laboratorial
Os leucóticos
Leucopoiese / compartimentos
Os leucócitos e a inflamação
Referências bibliográficas
Interpretação do leucograma
Referências bibliográficas
Hemostasia
Introdução
Sintomatologia clínica
Fatores envolvidos
Hemostasia primária
Hemostasia secundária
Fibrinólise
Avaliação laboratorial
Esquema diagnóstico
Anormalidades de hemostasia
Introdução
Produção / circulação
Funções
Colheita
Técnica de colheita
Análise laboratorial
Colheita
Artrópodes
Helmintos
Fungos
Sistema renal
Formação da urina
Bibliografia
Literatura recomendada
Introdução
Anatomia
Circulação hepática
Funções hepáticas
Sinais clínicos
Mecanismo da lesão
Avaliação
Mecanismo da lesão
Exame de fezes
Introdução
Colheita
Conservação
Exame físico
Elementos anormais
Exame químico
Exame microscópico
Tabelas
Introdução
Índice
Composição do sangue
Volume sangüíneo
Sistema hematopoiético/lítico
Hematopoiese
Eritropoiese
Eritropoiese ineficaz
Eritropoiese anormal
Anticoagulantes
Colheita de sangue
Bibliografia
Literatura Recomendada
Composição do sangue
O sangue é um tecido formado por três tipos de células: os glóbulos vermelhos, também
conhecidos como hemácias ou eritrócitos; os glóbulos brancos ou leucócitos e ainda as
plaquetas, que são fragmentos de citoplasma dos megacariócitos e por um meio intercelular,
denominado plasma, que por sua vez é composto de 91,5% de água, 7,5% de sólidos
orgânicos. Proteínas, tais como albumina, globulinas e o fibrinogênio e demais fatores de
coagulação respondem por 7% dos sólidos orgânicos do plasma, os 0,5% restantes são um
conjunto de substâncias nitrogenadas, gorduras neutras, colesterol, fosfolipídeos, glicose,
enzimas e hormônios. A parte restante compõe-se de sólidos inorgânicos, os minerais como
Na, K, Mg, Cu, e HCO3.
Volume sangüíneo
O sangue é responsável por cerca de 7,5% do peso de um animal. Esse valor mantém-se
estável, pela passagem de líquidos intersticiais para o meio vascular e vice e versa. Mas
alguns fatores, como a ingestão de líquidos, a produção de água metabólica e perda de água
corporal podem determinar variações neste percentual.
Sistema hematopoiético/lítico
Sabemos que as células do sangue possuem natureza temporária, ou seja, apresentam um
período de vida curto e limitado. Portanto, para que se mantenha uma quantidade estável
destas células na circulação é necessária a existência de um conjunto de órgãos e tecidos
chamados de sistema hematopoiético/lítico, que tem a função de produzir e destruir glóbulos
do sangue e plaquetas, de modo a manter a população sempre constante.
Medula óssea
É o tecido existente no interior das cavidades ósseas, podendo ser divido em dois meios, o
intravascular e o extravascular, sendo que neste último são produzidos os glóbulos brancos,
vermelhos e plaquetas.
Baço e linfonodos
Fígado
Mucosa estomacal
Produz ácido clorídrico, que libera o ferro das moléculas complexas e o fator intrínseco, que
facilita a absorção da vitamina B12.
Mucosa intestinal
Absorve vitamina B12, folatos e ferro e ainda elimina boa parte da bilirrubina.
Rim
Hematopoiese
Atualmente, a teoria mais aceita é que exista na medula óssea uma célula pluripotencial
indiferenciada. Ao se dividir, esta célula dá origem a duas células: uma igual a si própria,
destinada a manter a população constante e a uma outra célula chamada Unidade
Formadora de Colônias (UFC). A UFC pode ser uma UFCe, formadora de linhagem
eritrocítica; uma UFCmg, formadora de linhagem megacariocítica ou uma UFCmm,
formadora de linhagem mielomonocítica, que por sua vez da origem a duas linhagens, a
mielocítica ou granulocítica e a monocítica. A célula tronco provavelmente dá também
origem a célula que originará os linfócitos. Após formadas, as UFCs seguem um processo de
amadurecimento, com várias divisões, dando origem a um clone de células de seu grupo.
Eritropoiese
Fator estimulante
Como foi visto anteriormente, a célula tronco se divide em duas, uma igual a si e outra que
dará origem à Unidade Formadora de Colônias da linha eritrocítica ou UFCe.
Rubroblasto
É a célula que vem em seguida a UFCe, também chamado de proeritoblasto. É uma célula
três vezes maior que o eritrócito maduro, tem núcleo geralmente central, que ocupa quase
toda a área da célula e é formado por cromatina de aspecto delicado, onde pode-se ver dois
ou até três nucléolos. Apresenta DNA e RNA em atividade, além da síntese proteíca, mas não
sintetiza hemoglobina.
Pró-rubrócito
Rubrócito basófilo
Rubrócito policromático
Metarubrócito
Reticulócito
O metarubrócito não se divide mais, apenas amadurece, perde o núcleo e passa a se chamar
reticulócito. A substância basófila dessas células é o RNA, pode se apresentar em formas de
grânulos. Quando corados pelo novo azul de metileno ou outro corante vital, esta substância
basófila precipita-se em forma de retículos, daí o nome reticulócito. Quando corados pelos
métodos usuais, os reticulócitos são vistos como células não nucleadas, um pouco maiores
que os eritrócitos adultos, apresentando certa policromatofilia. Essas células não são achadas
normalmente na circulação de cavalos e ruminantes sadios, pois toda a maturação
eritrocitária nestas espécies ocorre dentro da medula óssea. Em suínos sadios são
observados cerca de 2% de reticulócitos na circulação. Já em cães e gatos normais podem
ser encontrados em percentuais que variam de 0,5-1,5; sendo que nestes últimos animais se
apresentam em duas formas: os reticulócitos agregados e ponteados e refletem diferenças
significativas no estádio de maturação e tempo de vida no sangue. Os reticulócitos
agregados apresentam a substância basófila de forma linear e se maturam em ponteados,
que apresentam apenas pequenos pontos de retículo, sem formações lineares. A contagem
de reticulócitos pode ser usada na avaliação da resposta individual a uma anemia em todos
os animais e avaliação da terapia usada, com exceção dos eqüinos, pois nestes animais os
reticulócitos só são liberados da medula após sua total maturação. Cerca de 20% da
hemoglobina contida nos eritrócitos é ainda sintetizada nos reticulócitos.
Eritrócitos
Proteínas
Vitaminas
Minerais
Lipídios
Os lipídios são integrantes da membrana do eritrócito. Além disto, o colesterol funciona como
regulador da resistência osmótica da célula.
Eritropoiese ineficaz
Este termo designa a quantidade de eritrócitos que morrem ainda no interior da medula, sem
chegar a circulação. A taxa de eritropoiese ineficaz é cerca de 10% na maioria das espécies,
mas pode estar aumentada em algumas doenças.
Eritropoiese anormal
Anticoagulantes
EDTA
Heparina
Fluoreto de sódio
Atua como anticoagulante e conservador de glicose, por isto é usado quando se deseja a
determinação da glicemia. Na rotina laboratorial o tubo que o contém é identificado por uma
tampa de borracha de cor cinza.
Colheita de sangue
Local de punção
O local de punção varia de acordo com a espécie, quantidade de sangue a ser colhido e a
finalidade laboratorial da amostra.
Bovinos: Para obtenção de maiores quantidades, utiliza-se a veia jugular, a veia mamária e
a veia coccígea. Para pesquisa de hemoparasitas utiliza-se também a borda das orelhas,
realizando-se o esfregaço do sangue obtido logo em seguida
Gatos: Para maiores quantidades, utiliza-se a veia jugular e cefálica Para pesquisas de
hemoparasitas, faz-se o mesmo procedimento que os outros animais.
Suínos: Veia cava anterior ou seio venoso orbital. Para pesquisas de hemoparasitas, faz-se
o mesmo procedimento que os outros animais.
Técnica de punção
A realização de anti-sepsia no local antes que a agulha seja introduzida na veia é de suma
importância na colheita do sangue. Seria desejável que a área a ser puncionada fosse
depilada antes da anti-sepsia com álcool ou álcool iodado, mas na rotina hospitalar, este
procedimento nem sempre é feito; sendo resguardado para momentos em que se necessite
melhor visualização do vaso a ser puncionado.
Após a escolha do local adequado e realização da ant-sepsia, faz-se então o garrote, isto é, a
compressão da veia escolhida cranialmente ao local desejado. Se for necessário, pode-se
distender a pele sobre a veia, para que esse fique mais firme. Em seguida, introduzir a
agulha na pele com o bisel posicionado para cima, puncionando a veia. Soltar o garrote,
recolher o sangue, retirar a agulha e comprimir a região, para evitar a formação de
hematomas.
Cuidados a serem observados durante a colheita visando evitar a hemólise e danos aos leucócitos
A medula óssea ativa é vermelha, enquanto que aquela não produtiva é amarela. Nos
animais adultos a maioria das cavidades ósseas dos ossos longos são preenchidas por
medula amarela, estando a atividade hematopoiética reservada aos ossos chatos, tais como
costelas, pélvis e ossos da cabeça, a ossos menores como as vértebras e as extremidades
dos ossos longos. Portanto, para obtenção de amostras para estudo, é necessária a escolha
de algum destes sítios. O esterno pode ser escolhido para este procedimento em grandes
animais, bem como a porção dorsal da oitava a décima primeira costelas. A crista ilíaca é um
local adequado para colheita tanto em grandes animais como nos pequenos, sendo que
nestes utiliza-se também a porção proximal do úmero e do fêmur.
Bibliografia
1) JAIN, H.C. Schalm's Veterinary Hematology, Lea & Febiger, 4 ed, Philadelphia, 1986,
1221p.
Literatura Recomendada
1) JAIN, H.C. Schalm's Veterinary Hematology, Lea & Febiger, 4 ed, Philadelphia, 1986,
1221p.
Estudo do eritron
Índice
Introdução
Eritrograma
Bibliografia
Literatura recomendada
Introdução
Eritrograma
Para a realização da contagem total de eritrócitos podem ser utilizados vários métodos, que
são divididos em manuais e automáticos. O método manual utilizado é o método do
hemocitômetro ou seja, a Câmara de Neubauer. As contagens automáticas são realizadas
através de aparelhos fotoelétricos, eletrônicos ou a lazer.
A hemoglobina é uma proteína conjugada, composta por uma proteína simples, a globina e
por um núcleo prostético do tipo porfirina, chamado heme, cujo principal componente
químico é o ferro. A hemoglobina é responsável por até 90% do peso seco de um eritrócito
adulto e por aproximadamente 1/3 de seu conteúdo celular e sua síntese se faz no
citoplasma dos precursores nucleados dos eritrócitos.
A molécula de hemoglobina tem peso molecular que varia entre 66.000 e 69.0000 daltons.
É formada por um conjunto de quatro moléculas de heme, ligadas a uma cadeia peptídica,
formando um conjunto de duas cadeias alfa e duas beta. O grupamento heme é um
composto metálico, com um átomo de ferro em seu interior e uma estrutura porfirínica,
formada por quatro anéis pirrólicos. Os grupamentos heme e polipepitídicos ligam-se através
de pontes que se abrem facilmente para fazer a ligação com o O2 ou com o CO2. Estas
ligações obedecem ao grau local de tensão destes gases. Nos capilares pulmonares, a tensão
de O2 é elevada e de CO2 é baixa. Desta forma, a ligação de da hemoglobina com o O2
acontece juntamente com a liberação de CO2. Nos capilares dos tecidos ocorre o contrário.
Dentro de uma mesma espécie existem várias formas de hemoglobina, sendo as principais,
além da hemoglobina, a oxi hemoglobina, meta hemoglobina e hemoglobina reduzida. Essa
variedade é determinada por alterações na seqüência de aminoácidos da molécula, havendo
ainda diferenças entre as hemoglobinas fetais e adultas.
O eritrócito, no fim de sua vida útil, perde a sua elasticidade, não conseguindo mais passar
pelos sinusóides do baço, onde é fagocitado por um macrófago. No interior desta célula
ocorre o desmembramento da hemoglobina, com liberação do ferro do heme e da globina,
formando-se então a bilirrubina, que abandona o macrófago e passa a circular no plasma.
Existem ocasiões em que o hematócrito pode estar falsamente aumentado. A principal destas
são os casos de desidratação, pela perda de líquidos do organismo. Neste caso, as proteínas
plasmáticas totais estarão também aumentadas, diferenciando a desidratação de outra
situação na qual haverá um aumento real do hematócrito. Quando sangue é colhido em
situações de excitação ou estresse, principalmente em eqüinos, pois nestes animais o baço
reserva cerca de 1/3 do potencial de eritrócitos circulantes, além de possuir musculatura
muito enervada. Portanto, sob estímulos adrenérgicos, ocorre a contração deste órgão e
liberação de grande quantidade de eritrócitos na corrente circulatória, e isto causar
alterações de 10-15% na determinação do hematócrito. Em menor grau, este fato é também
observado em certas raças de cães de difícil manuseio.
Por outro lado, existem situações em que o hematócrito pode estar falsamente diminuído.
Em amostras colhidas com excesso de EDTA, uso de amostras velhas e ainda o uso de
anestésicos ou contenção química pode ocorrer o "encarquilhamento celular", isto é uma
diminuição do tamanho dos glóbulos.
Além da determinação da massa eritrocítica em si, outras avaliações podem ser feitas a
partir do hematócrito. Por exemplo, uma avaliação do botão leucocitário pode sugerir um
excesso de leucócitos, se esse estiver muito largo; o teor de proteínas plasmáticas totais, se
o tubo é quebrado e o plasma colocado em um proteinômetro para leitura. O aspecto do
plasma pode ainda oferecer informações sobre o estado da amostra colhida, pois
normalmente ele se apresenta claro, mas em outras situações pode ter aspecto avermelhado
se há hemólise, esbranquiçado se há uma lipemia ou ainda amarelado, se há icterícia. Alguns
protozoários pode ser observados no plasma, dentro do tubo do hematócrito, logo acima do
botão leucocitário. São eles Tripanossoma eqinun e T. equiperdum vistos no plasma de
equídeos e T. Cruzi, em cães e tatus. Larvas de helmintos são também observados,
especialmente as microfilárias dos gêneros Dirofilaria e Diptalonema, no plasma de cães
habitantes de regiões litorâneas, onde existam insetos transmissores.
Este índice determina o tamanho médio dos eritrócitos ou seja o volume de um eritrócito
médio. Se estiver aumentado, normal ou diminuído, indica se as células estão macrocíticas,
normocíticas ou microcíticas. O VGM é determinado pela divisão do hematócrito em 1.000 ml
de sangue (porcentagem x 10) pelo número de hemácias em milhões. Os resultados são
expressos em fentolitros (fl). A fórmula portanto é:
Observação: 1 fl = 1015l
Concentração hemoglobínica globular média (CHGM)
CHGM: Hb x 100 / Hc
O HGM é calculado pela divisão do teor de hemoglobina em 1.000 ml de sangue (g/dl x 10)
pelo número de hemácias em milhões. Os resultados expressos em picogramas (pg).
Portanto, a fórmula é:
HGM: Hb x 10 / no He (106)
Bibliografia
1) JAIN, H.C. Schalm's Veterinary Hematology, Lea & Febiger, 4 ed, Philadelphia, 1986,
1221p.
Literatura recomendada
1) JAIN, H.C. Schalm's Veterinary Hematology, Lea & Febiger, 4 ed, Philadelphia,
1986, 1221p.
Avaliação das anemias
Índice
Introdução
Sintomatologia clínica
Colheita
Hemoparasitas
Intensidade da anemia
Introdução
Sintomatologia clínica
Colheita
Para avaliação adequada das anemias é importante que a amostra seja colhida e manuseada
corretamente, pois caso contrário os resultados podem ser alterados total ou parcialmente.
Primeiramente, não estressar muito os animais, em especial os cavalos e os gatos, a
contração esplênica resultante lançará eritrócitos na corrente sangüínea alterando o valor do
eritrograma.
As anemias podem ser divididas em relativas e absolutas. As anemias relativas são aquelas
nas quais não há redução da massa celular, ocorre apenas expansão do volume plasmático.
Situam-se nestes casos, as fêmeas gestantes, os neonatos e os animais submetidos a
fluidoterapia. Por outro lado as absolutas são também chamadas de anemias verdadeiras
onde verifica-se redução da massa celular e são classificadas baseando-se na resposta
medular, na morfologia e coloração dos eritrócitos e na patofisiologia.
A avaliação do sangue periférico de cada animal oferece indícios da resposta medular: nos
cães e gatos encontra-se policromatofilia (indicando reticulocitose); nos cavalos observa-se
macrocitose e anisocitose mas não se observa policromatofilia (por não haver liberação de
reticulócitos na corrente sanguínea); nos ruminantes observa-se ponteado basófilo e, nos
suínos, policromatofilia.
A avaliação reticulocitária deve ser relacionada com a espécie em questão, já que são
encontrados normalmente no sangue periférico de cães, raramente em ruminantes e não são
encontrados em cavalos. A resposta reticulocitária em cães é bastante acentuada permitindo
avaliar bem a resposta medular; em ruminantes poucos reticulócitos já são patognomônicos
de resposta medular. A avaliação nos eqüinos é feito pelo exame da medula óssea e ainda,
existem atributos bioquímicos celulares nas células destes animais que podem ser medidas.
Classificação morfológica.
Normocítica e normocrômica
Neste tipo de anemia verifica-se pouca ou nenhuma resposta medular, sendo consideradas
arregenerativas, ou pouco regenerativas. Geralmente ocorre em doenças crônicas:
Macrocítica e normocrômica
Relacionada com deficiência de vitamina B12 e ácido fólico. Com a deficiência vitamínica não
há síntese normal de DNA, as células não apresentarão divisões normais, encontrando-se
células maiores na corrente sanguínea. Como a produção de hemoglobina é normal, o núcleo
com crescimento contínuo é por fim estrusado, dando origem a células maiores. Pode ocorrer
em doenças hepáticas, mieloproliferativas, com o uso de algumas drogas e por distúrbios
nutricionais. Ocorre na deficiência de cobalto em ruminantes; pois este mineral é essencial
na síntese de vitamina B12 no rumem. A macrocitose e normocromia pode ser ocorrência
normal em cães da raça Poodle.
Macrocítica e hipocrômica
Microcítica e normocrômica
Microcítica e hipocrômica
Ocorre nas deficiências de ferro, cobre e piridoxina (vitamina B6). Nas deficiências de ferro
ou falhas na sua utilização não haverá produção normal de hemoglobina e havendo demora
na hemoglobinização não haverá parada na síntese de DNA, ocorrendo mitoses extras,
aparecendo células menores com pouca hemoglobina na corrente sangüínea. O ferro faz
parte da molécula de hemoglobina e o cobre é co-fator da enzima ácido d aminolevilínico
(ALA) requerida para síntese do heme, além de componente principal da ceruloplasmina,
enzima responsável pela transferência do ferro das células da mucosa intestinal para a
transferrina, proteína de transporte plasmático. A deficiência de ceruloplasmina dificulta
também a transferência do ferro dos macrófagos e do fígado para o plasma. A piridoxina é
necessária para a eritropoiese , principalmente porque serve de co-fator para a síntese do
ácido d aminolevilínico que faz parte da biogênese do heme. Ocorre em perdas de sangue
crônicas como nas lesões gastrointestinais, neoplasias, desordens de coagulação, infestação
de ecto e endo parasitas hematófagos tais como carrapatos, piolhos, pulgas e vermes.
Classificação patofisiológica
Anemias hemolíticas também tem caráter agudo e crônico e geralmente tem caráter
regenerativo. Causas:
• hemoparasitas;
• anemias hemolíticas imunomediadas;
• intoxicações: ingestão de cebola por cães e gatos, drogas como acetominofen em
gatos, azul de metileno em cães e gatos;
• anemias hemolíticas idiopáticas.
Ponteado basófilo
Corpúsculos de Howell-Jolly
Hemoparasitas
Ricketsias
Gênero Haemobartonela
Gênero Anaplasma
Parasitas dos bovinos, que aparecem como pequenos pontos escuros no citoplasma da
célula, sendo que A. marginale possui sempre localização periférica e é mais numeroso e A.
centrale, de localização central.
Protozoários
Gênero Babesia
Gênero Plasmodium
Tais protozoários podem ser vistos no interior de hemácias de répteis, aves, cães, gatos e
seres humanos.
Intensidade da anemia
Jain N. C. SCHALM'S VETERINARY HEMATOLOGY, 4ed., Philadelphia, Lea & Febiger, 1986.
Cole, D, J., Roussel, A, J., Whitney, M,S Interpreting a bovine CBC: Collecting a sample and
evaluating the erythron. VETERINARY MEDICINE. N.4, P. 460-478, 1978.
Morais, D,D. Review of anemia in horses Part II: Pathophisiologyc mechanisms, specific
diseases and treatment. EQUINE PRATICE-HEMATOLOGY. v.2 n.5, p. 39-46, 1989.
Avaliação das policitemias
Índice
Introdução
Sintomatologia Clínica
Avaliação laboratorial
Introdução
Sintomatologia Clínica
Relativa
Absoluta
Policitemia primaria
Também chamada de policitemia vera, doença mieloproliferativa caracterizada por excessiva
proliferação das células tronco hematopoieticas da série eritróide. Esta mieloproliferação é
independente da produção de eritropoetina.
Policitemia secundária
• "Shunt" átrio-ventricular
• Doenças pulmonares crônicas
• Altitudes elevadas
• Obesidade acentuada
• Hemoglobinopatias
• Depressão do centro respiratório
• Carcinoma renal
• Linfossarcoma renal
• Hepatoma
• Tumores uterinos
• Tumores da supra renal
Avaliação laboratorial
O exame mais importante é o volume globular que deve estar acima de 60%.
A medida dos gases arteriais é útil para se verificar a oxigenação do sangue assim como a
dosagem de eritropoetina. Normalmente nas policitemias relativas a saturação de oxigênio e
os valores da dosagem de eritropoetina são normais enquanto na policitemia primária a
saturação de oxigênio é normal e a dosagem de eritropoetina é ligeiramente abaixo do
normal; por outro lado, nas policitemias secundarias fisiologicamente apropriadas a
saturação de oxigênio é baixa e a dosagem de eritropoetina é alta e nas fisiologicamente
inapropriadas, a saturação de oxigênio é normal mas a dosagem de eritropoetina é alta.
A análise clínica e laboratorial das policitemias pode ser feita através do fluxograma que se
segue:
Bibliografia e leitura recomendada
Jain N. C. SCHALM'S VETERINARY HEMATOLOGY, 4ed., Philadelphia, Lea & Febiger, 1986.
Cole, D, J., Roussel, A, J., Whitney, M,S Interpreting a bovine CBC: Collecting a sample and
evaluating the erythron. VETERINARY MEDICINE. N.4, P. 460-478, 1978.
Morais, D,D. Review of anemia in horses Part II: Pathophisiologyc mechanisms, specific
diseases and treatment. EQUINE PRATICE-HEMATOLOGY. v.2 n.5, p. 39-46, 1989.
Avaliação das policitemias
Índice
Introdução
Sintomatologia Clínica
Avaliação laboratorial
Introdução
Sintomatologia Clínica
Relativa
Absoluta
Policitemia primaria
Também chamada de policitemia vera, doença mieloproliferativa caracterizada por excessiva
proliferação das células tronco hematopoieticas da série eritróide. Esta mieloproliferação é
independente da produção de eritropoetina.
Policitemia secundária
• "Shunt" átrio-ventricular
• Doenças pulmonares crônicas
• Altitudes elevadas
• Obesidade acentuada
• Hemoglobinopatias
• Depressão do centro respiratório
• Carcinoma renal
• Linfossarcoma renal
• Hepatoma
• Tumores uterinos
• Tumores da supra renal
Avaliação laboratorial
O exame mais importante é o volume globular que deve estar acima de 60%.
A medida dos gases arteriais é útil para se verificar a oxigenação do sangue assim como a
dosagem de eritropoetina. Normalmente nas policitemias relativas a saturação de oxigênio e
os valores da dosagem de eritropoetina são normais enquanto na policitemia primária a
saturação de oxigênio é normal e a dosagem de eritropoetina é ligeiramente abaixo do
normal; por outro lado, nas policitemias secundarias fisiologicamente apropriadas a
saturação de oxigênio é baixa e a dosagem de eritropoetina é alta e nas fisiologicamente
inapropriadas, a saturação de oxigênio é normal mas a dosagem de eritropoetina é alta.
A análise clínica e laboratorial das policitemias pode ser feita através do fluxograma que se
segue:
Bibliografia e leitura recomendada
Jain N. C. SCHALM'S VETERINARY HEMATOLOGY, 4ed., Philadelphia, Lea & Febiger, 1986.
Cole, D, J., Roussel, A, J., Whitney, M,S Interpreting a bovine CBC: Collecting a sample and
evaluating the erythron. VETERINARY MEDICINE. N.4, P. 460-478, 1978.
Morais, D,D. Review of anemia in horses Part II: Pathophisiologyc mechanisms, specific
diseases and treatment. EQUINE PRATICE-HEMATOLOGY. v.2 n.5, p. 39-46, 1989.
Interpretação clínica das alterações no número dos leucócitos
Índice
Interpretação do leucograma
Referências bibliográficas
Aumentos nos níveis de corticóides, sejam eles endógenos ou exógenos estão associadas
com alterações previsíveis nas contagens total e diferencial de leucócitos. A resposta típica
consiste em neutrofilia, linfopenia e eosinopenia. A neutrofilia é devido as células maduras,
embora bastonetes possam ser observados em algumas ocasiões. Para este estímulo,
monocitose é uma resposta característica do cão enquanto que nas outras espécies a
resposta é variável.
Alguns dos motivos mais comuns de leucopenia são algumas doenças a vírus, septicemia ou
toxemia bacteriana, alguns casos de leucemia, anafilaxia, substâncias tóxicas, drogas ou
outros compostos químicos, que competem na utilização do ácido fólico pelas células e ainda
deficiências nutricionais.
Os ruminantes são ainda menos responsivos que os equídeos. Muito freqüentemente, a faixa
normal de resposta fica entre 4.0100-12.000/ml. A leucocitose acentuada seria representada
por contagens de 20.000-30.000/ml e extremas por valores discretamente superiores a
30.000/ml.
Neutrofilia/Neutropenia (Leucocitose/Leucopenia)
Os neutrófilos são as células presentes em maior porcentagem no sangue dos animais. Assim
sendo, a maioria das leucocitoses, vistas principalmente em cães e gatos, são devido a
neutrofilia e da mesma forma, a maioria das leucopenias advindas de neutropenias.
Como os neutrófilos são as células de primeira linha de defesa contra infecções e nas reações
inflamatórias, é natural que as alterações neste tipo de leucócito sejam melhor percebidas.
Assim sendo, os termos desvio para a esquerda e desvio para a direita foram propostos para
descrever as alterações no sangue na contagem diferencial destas células. Estes desvios são
baseados na contagem total de leucócitos, na contagem diferencial de neutrófilos e no grau
de maturação destes.
Neste tipo de alteração o número total de leucócitos é variável, mas há elevação no número
de neutrófilos muito maduros ou seja, hipersegmentados. As formas jovens estarão ausentes
ou em números muito reduzidos. É observado em doenças caquetizantes ou em situações de
deficiência de vitamina B12. A elevação nos níveis de corticóides na circulação, sejam
endógenos ou exógenos, faz com que os neutrófilos permaneçam mais tempo no
compartimento marginal, amadurecendo mais, ficando assim com o núcleo
hipersegmentado.
Neste caso o número total de neutrófilos é normal ou há até mesmo neutropenia, mas há
aumento do número de formas jovens. Há duas explicações para o desvio à esquerda
degenerativo. No primeiro caso, o número de neutrófilos deveria estar aumentado, mas a
destruição dessas células processa-se a uma velocidade maior que a sua reposição. No
segundo caso há uma interferência no processo de maturação das células, causada por
agressões em nível medular. O prognóstico para o desvio a esquerda degenerativo é
reservado, exceto nos ruminantes em fase inicial de resposta inflamatória.
A neutrofilia fisiológica não tem relação com alterações patológicas; é causada por uma
liberação súbita dos neutrófilos do compartimento marginal. Isto ocorre após as refeições, na
gestação, após exercícios violentos ou prolongados, após vômitos ou convulsões e no
estresse. Lembrar que o compartimento marginal na maioria das espécies domésticas é igual
ao compartimento circulante, nas no gato o tal compartimento chega a ser 2-3 vezes maior
que o compartimento circulante.
Existem situações em que a neutrofilia é patológica, como por exemplo na fase aguda das
inflamações e infecções, especialmente aquelas causadas por bactérias piogênicas, como a
maioria dos cocos. Ocorre também na agudização de processos crônicos anteriormente em
equilíbrio; intoxicações metabólicas, (uremia, acidose diabética, e hipocalcemia puerperal) ou
não metabólicas (chumbo, mercúrio, digitálicos, adrenalina, veneno de artrópodes
peçonhentos); lesões com necrose abrangente de órgãos e tecidos como miocárdio, pâncreas
e rins e nas leucemias mielocíticas. Observa-se neutrofilia também em fase inicial e de
regeneração das hemorragias, quando a liberação aumentada de eritrócitos jovens pode vir
acompanhada de um maior número de neutrófilos. Algumas afecções são caracterizadas por
extrema neutrofilia, como por exemplo a piometra na cadela e na gata e a pericardite
traumática nos bovinos.
Linfocitose/Linfopenia
Eosinofilia/Eosinopenia.
Já a eosinopenia ocorre na fase aguda das inflamações, após intenso estresse emocional ou
físico, nas endotoxemias e nas situações em que há excesso de hormônios corticosteróides
circulantes, sejam de origem endógena ou exógena.
Monocitose/Monocitopenia
A monocitopenia não é alteração significante, pois pequenos números destas células são
normalmente observados.
Basofilia
Não é observada normalmente, pois estas células estão presentes em número bastante
reduzido na circulação dos animais domésticos. Em alguns casos, porem, pode ser
observada: nas mesmas ocasiões em que há eosinofilia, quando há lipemia nos cães ou
ainda em casos de tuberculose.
Interpretação do leucograma
Referências bibliográficas
BUSH, B.M. Interpretation of Laboratory Results for Small Animal Clinicians Blackwell
Scientific Publications, Oxford, 1994, 515p.
JAIN, H.C. Schalm's Veterinary Hematology, Lea & Febiger, 4 ed, Philadelphia, 1986, 1221p.
NAVARRO, C.E.K.G., PACHALY, J.R. Manual de Hematologia Veterinária. Livraria Varela, São
Paulo, 1994, 163p.
WILLARD, M.D., TVEDTEN, H., TURNVALD, G.H. Small animal diagnosis by laboratory
methods.. W.B. Saunders Company, 2 ed., Philadelphia, 1994, 377 p.
Hemostasia
Índice
Introdução
Sintomatologia clínica
Fatores envolvidos
Hemostasia primária
Hemostasia secundária
Fibrinólise
Avaliação laboratorial
Esquema diagnóstico
Anormalidades de hemostasia
Introdução
Sintomatologia clínica
Vasculares
Plaquetas
Fatores de coagulação
Os fatores II, VII, IX e X são inicialmente sintetizados pelos hepatócitos como percursores
inativos e requerem vitamina K para sua ativação. Os macrófagos produzem vários fatores
de coagulação como os fatores II, V, VII, IX e X e fator tecidual. O fator V também é
sintetizado pelos megacariócitos e possivelmente por células endoteliais. O fator de Von
Willebrand (VWF) é sintetizado por células endoteliais e megacariócitos, estando presente
nos a grânulos plaquetários. O fator XIII além do fígado, é sintetizado nos megacariócitos,
monócitos e também pela placenta. Os megacariócitos produzem também fibrinogênio.
Sistema fibrinolítico
Hemostasia primária
Hemostasia secundária
Fibrinólise
Avaliação laboratorial
A avaliação laboratorial deve ser sempre relacionada com a sintomatologia e histórico clínico.
Como exemplo animais com distúrbio de sangramento causado pela Doença de von
Willebrand apresentam testes de coagulação normais apesar dos sintomas clínicos, por outro
lado, animais com deficiência de fator XII ou deficiência de précralicreína poderão apresentar
testes anormais, mas não apresentar sangramentos. Os testes de hemostasia podem ser
divididos em testes gerais que avaliam a atividade de todo o mecanismo hemostático
(vasculares, plaquetas, coagulação e resposta fibrinolítica) e testes mais específicos que
avaliam os componentes passo a passo desses processos.
Colheita
Para a contagem de plaquetas deve ser usado sangue colhido em EDTA que impede a
agregação das mesmas. Pode-se contar por métodos diretos usando o hemocitômetro ou via
indireta por avaliação do esfregaço sangüíneo correlacionando com o número de hemácias.
Por esse mesmo método avalia-se também a forma e tamanho das mesmas. A avaliação
plaquetária via esfregaço sanguíneo oferece resultados satisfatórios de forma rápida. A
contagem de 10 a 30 plaquetas em um campo de imersão sugere números normais, isto é,
cada plaqueta em tal campo microscópio representa cerca de 15000/mm3. A presença de
plaquetas gigantes indica hipertrofia de megacariócitos e resposta regenerativa.
Retração do coágulo
Avaliação da coagulação
Avalia o sistema intrínseco, é simples, mas pouco sensível, sendo influenciado por muitos
fatores como volume do sangue, tipo do tubo, temperatura, valor do hematócrito,
concentração de plaquetas.
Avalia o sistema extrínseco e os fatores de coagulação da cascata comum I, II, III, V, VII, X.
Avalia o sistema intrínseco e a cascata comum sendo utilizado no diagnóstico das hemofilias.
Este teste envolve também a recalcificação do plasma, porém, em presença de uma cefalina.
A cefalina é uma lipoproteína que funciona como substituto das plaquetas, fornecendo uma
concentração ótima de fosfolípede. O meio de ativação por contato é obtido pela adição de
suspensão de caolin ao reagente.
Esquema diagnóstico
TTPa TP TC TS
Deficiência plaquetária Normal Normal Normal Aumentado
Deficiência do fator VII Normal Aumentado Normal Normal
Sistema intrínseco Aumentado Normal Aumentado Normal
Deficiência de fibrinogênio Aumentado Aumentado Aumentado Normal
Anormalidades de hemostasia
Congênitas
Como o nome indica ocorre por deficiência deste fator, sendo comum em cães das raças
Doberman, Pastor Alemão, Poodle e Schnauzer, suínos e eqüinos.
· Deficiência de fator X
· Deficiência de fator XI
· Hipoprotrombinemia
· Deficiência de vitamina K
· Doença hepática
Má absorção de vitamina K.
· Glomerulonefrite
Perda de antitrombina 3.
I - Fibrinogênio
II - Protrombina
III - Trombloplastina tissular
IV - Cálcio
V - Fator lábil, AC-globulina, proacelerina
VII - Proconvertina, fator estável
VIII - Fator anti-hemofílico (FAH), tromboplastinogênio
IX - Componente tromboplastínico do plasma (CTP), fator de Christmas
X - Fator de Stuart-Power, fator de Stuart
XI - Antecedente tromboplastínico do plasma (PTA)
XII - Fator de Haegeman, fator de ativação "in vitro"
XIII - Fator de estabilização da fibrina (FEF), fibrinase, fator de Laki-Lorand
Avaliação laboratorial do líquido céfalo raquidiano
Índice
Introdução
Produção / circulação
Funções
Colheita
Técnica de colheita
Análise laboratorial
Introdução
O Sistema Nervoso Central (SNC) está completamente alocado dentro de ossos dificultando
avaliação clínica satisfatória e procedimentos tais como biópsias e avaliações radiográficas. O
cérebro mantém estrito isolamento do restante do organismo; muitas substâncias que
circulam pelo corpo podem nunca penetrar no liquido céfalo raquidiano (LCR) e vice versa,
substâncias químicas cerebrais e do LCR nunca se difundirão para a circulação geral. Essa
característica é mantida pela barreira hematocefálica, que é uma entidade física e química
que mantém o cérebro estável no corpo que é sujeito a variações drásticas. A biópsia
geralmente é traumática, podendo ocasionar lesões irreversíveis no SNC e, as radiografias
normalmente oferecem poucas informações. Alguns exames como tomografias
computadorizadas e ressonância magnética são onerosos e de difícil acesso. O exame do LCR
ou o líquor é um teste diagnóstico do SNC que fornece boas informações, e com treinamento
e prática, oferece mínimo de trauma.
Produção / circulação
Cerca de 70% do líquor (LCR) é produzido primariamente nos plexos coróides do sistema
ventricular cerebral, outros 30% são formados em outros sítios como as células ependimais
do sistema ventricular e dos espaços subaracnóides cerebrais. Normalmente duas barreiras
podem ser identificadas entre os capilares sanguíneos que nutrem o SNC e o fluido
intersticial das células neuronais. A primeira, a barreira sangue - líquor é uma membrana
semipermeável formada por endotélio vascular e células ependimais altas do plexo coróide
que protege o SNC de várias substancia, inclusive iônicas. O líquor é o resultado da
ultrafiltração do plasma e transporte ativo através desta membrana. Uma segunda barreira,
a barreira LCR - cérebro permite que alguns materiais sejam transportados do LCR para o
fluido intersticial do cérebro e medula espinhal. Quando comparado com o plasma, o líquor
possui discretamente mais cloretos, sódio e magnésio; discretamente menos potássio, cálcio
e glicose e significativamente menos proteínas. É relativamente acelular, contendo poucos
linfócitos. Sua velocidade de formação é cerca de 0,05 cc/minuto em cães e 0,02 cc/minuto
em gatos e essa velocidade é independente da pressão do líquor ou da pressão hidrostática
sanguínea, mas é reduzida por aumento da pressão osmótica. Sua circulação ocorre no
sistema ventricular, entrando nos espaços sub aracnóides através de aberturas laterais do
quarto ventrículo cerebral. Nos espaços subaracnóides difunde-se entre as membranas sub
aracnóides e pial da coluna vertebral e do cérebro, banhando toda superfície do SNC. O fluxo
é primariamente no sentido caudal sendo na maioria das vezes absorvido através das
vilosidades aracnóides nos seios venosos e veias cerebrais. Estas estruturas atuam como
válvulas de uma só direção (líquor - sangue venoso) que se abrem quando a pressão do
líquor excede a pressão venosa e se fecham quando a pressão venosa aumenta, prevenindo
o retorno do sangue venoso para os espaços sub aracnóides. Pequenas quantidades são
absorvidas pelas veias e linfáticos encontrados ao redor das raízes dos nervos espinhais,
primeiro e segundo par craniano quando saem do crânio.
Funções
O LCR cobre todo o SNC mantendo o cérebro e a medula espinhal suspensos, protegendo-os
de injúrias. Ajuda a modular as variações normais da pressão intracraniana (PIC) junto com
o fluxo sangüíneo cerebral, possui propriedades antibacterianas e anticorpos, assim como é
meio de transporte de nutrientes, metabólitos, neurohormônios e neurotransmissores.
Colheita
O LCR é um importante aliado no diagnóstico das doenças do SNC, mas a colheita pode ser
perigosa, devendo-se tomar certos cuidados.
Anestesia
Traumatismo
Contaminação
Como é um espaço fechado e estéril, recomenda-se total assepsia para evitar veiculação de
doenças contagiosas, assim como evitar o contágio do colhedor em casos de doenças infecto
contagiosas.
· Pressão intracraniana
Técnica de colheita
Em geral recomenda-se anestesia geral e intubação dos pacientes assim como preparação de
área cirúrgica. Como o LCR não possui diferenças de composição durante o seu percurso,
pode-se colher tanto em punção cisternal como lombosacral. Alguns autores indicam a
colheita próxima da lesão como meio mais eficiente de diagnóstico, mas devido à dificuldade
de colheita fora do forame magnum, é pouco usado. Colhe-se normalmente em três frascos:
contendo EDTA, estéril para cultura e frasco normal.
Cães e gatos
O paciente é colocado em decúbito lateral, com a cabeça formando um ângulo de 90° com a
coluna cervical. Não inclinar demais a cabeça para evitar obstrução traqueal. Delinear o
espaço entre a protuberância occipital e a ponta crânio dorsal da vértebra C2, o espaço
mediano é o local onde inserimos a agulha. Esta agulha deve ter um estilete para evitar
entupimento no transpassar da pele como também evitar contaminação celular intramedular.
Esperar o gotejamento evitando a aspiração. A quantidade coletada varia de um a dois ml
que será suficiente para todos os exames, devendo-se colher em frascos separados para
culturas e rotina, devendo-se os exames serem processados rapidamente para evitar
deterioração celular.
Colheita lombar
A punção neste espaço de colheita é mais indicado para mielografias. A colheita de líquor
mais difícil, pois menor quantidade de material é obtido e maior a possibilidade de
traumatismos e sangramentos. A utilização desse espaço pode ser necessário em casos de
doenças que possam obliterar o espaço subaracnóideo da cisterna magna, ou na localização
de doenças de origem tóraco - lombar, já que o fluxo do LCR é no sentido caudal. A punção
poderá ser entre L5 - L6 ou entre L6 -L7, tendo-se o cuidado de fletir os membros para abrir
os espaços intervertebrais.
Bovinos/ovinos
Nestas espécies usa-se também as duas formas de colheita, mas preferencialmente, utiliza-
se à colheita lombar.
Como nos cães os animais são colocados em decúbito lateral, podendo-se também fazer a
colheita com o animal em estação, sendo esta forma mais difícil. Pode-se colher um total de
100 ml de cada vez, porém dois a três ml são suficientes para todos os exames.
Colheita Lombar
Pode ser realizado com animal em estação, sendo a agulha introduzida no espaço entre a
ultima vértebra lombar e primeira sacra (L6 S1). O local a ser puncionado é anestesiado; os
animais indóceis devem ser sedados. A colheita será facilitada com o animal posicionado em
decúbito esternal, com os membros anteriores flexionados e os membros pélvicos estendidos
no sentido do abdômen.
Eqüinos
Análise laboratorial
Consiste nos exames físico, citológico e bioquímico. O exame citológico deve ser efetuado até
30 minutos após a colheita ou resfriado imediatamente para evitar degeneração celular.
Exame físico
· Cor
O líquor de qualquer espécie tem cor semelhante à água, qualquer turvação indica alteração,
como aumento celular e/ou de proteínas. A cor deve ser verificada antes e após
centrifugação. O líquor hemorrágico que apresenta cor clara após centrifugação indica que as
hemácias estão intactas sugerindo sangramento recente; o líquor amarelado pós-
centrifugação sugere hemorragias antigas, com degradação de eritrócitos. A xantocromia,
um amarelo mais denso, sugere formação de bilirrubina derivada da degradação do
eritrócito, como nos casos de hidrocefalia, neoplasias do SNC, hemorragias subaracnóideas,
inflamações agudas e icterícias sistêmicas.
· Densidade
Não é parâmetro muito usado, mas seu aumento acima de 1.000 indica aumento de
proteínas, aceitando-se como normais, os valores entre 1004-1006 para cães e gatos e
ruminantes e eqüinos valores abaixo de 1010. É avaliada pelo uso do refratômetro.
· Coagulação
Exame Citológico
· Citometria
É a contagem global das células do líquor, podendo ser utilizada a câmara de Neubauer ou a
de Fuchs-Rosenthal. Normalmente o líquor é acelular, podendo apresentar variações normais
de 0 - 8 células nucleadas /mm3, não se encontrando hemácias. O aumento do número de
células denomina-se pleocitose. As células do líquor se degeneram rapidamente, por isso a
contagem e avaliação celular devem ser realizada até uma hora após a colheita. Existem
poucas variações do número celular em relação aos locais de colheita, mas espera-se no LCR
colhido na cisterna magna cerca de cinco células/mm3 enquanto a punção lombar contém
menos de um célula /mm3. A pleocitose nas meningoencefalites bacterianas geralmente
apresenta números altos (500-1000/mm3). As doenças viróticas, Ricketisias, intoxicações e
micoses apresentam pleocitose moderada.
· Citologia
Exame Bioquímico
· Dosagem de proteínas
· Glicose
A glicose no LCR é dependente da concentração no soro, pois os níveis são atingidos através
do mecanismo de transporte através da barreira hematocefálica. Os valores de glicose para o
líquor nos animais domésticos são menores que os valores sangüíneos, isto é, cerca de 60 -
70% dos valores sangüíneos, sendo os valores médios em torno de 40 - 80 mg/dl. O método
de avaliação é o mesmo de avaliação sangüínea. A hipoglicorrafia, isto é, a diminuição dos
valores da glicose no líquor, geralmente é encontrada em casos de hipoglicemia,
impedimento do transporte através da membrana hematocefálica, aumento do metabolismo
do parênquima cerebral ou infecção por organismos glicolíticos, isto é, a utilização da glicose
por microorganismos, leucócitos ou células do SNC. Em geral nas meningites bacterianas
ocorre diminuição dos valores de glicose. A hiperglicorrafia está relacionada com o diabetes
melitus.
· Cloretos
Em geral os níveis de cloretos são mais altos no líquor que no sangue, podendo os valores
variar entre 650 - 850 mEq/ml. Os métodos de avaliação são os mesmos sangüíneos, e em
caso de inflamação das meninges estes valores estarão diminuídos, tendo pouca importância
diagnóstica.
· Outros exames
Enzimas
A atividade de várias enzimas tem sido medidas para avaliar se o SNC ou suas barreiras foi
lesadas. Enzimas como AST, CPK, LDH podem ser medidas, mas não são específicas para se
fechar um diagnóstico.
Coles.E.H. Fluido cerebroespinhal IN: Coles. E.H. Patologia Clínica Veterinária. 3 ed. São
Paulo, Manole, 1984, pag.367-381.
Feldman, B.F. IN: Kaneko J.J. Clinical Biochemistry of Domestic Animals, 4 ed., San Diego,
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Scott, P.R. The collection and analysis of cerobrospinal fluid and aid to diagnosis in ruminant
neurological disease. British Vetrinary Journal, v.151, n.6, p.603-614, 1995.
Aspectos laboratoriais das afecções de pele
Índice
Introdução
Colheita
Artrópodes
Helmintos
Fungos
Introdução
Doenças de pele são um desafio para o clínico, pois a pele responde de maneira similar as
diversas afecções: prurido, alopecia, nódulos. Assim como os outros sistemas, exige histórico
e exame clínico detalhado. O raspado de pele é importante auxiliar no diagnóstico de
algumas dermatoses, servindo para o diagnóstico definitivo e avaliação do prognóstico e da
evolução de outras.
Colheita
Artrópodes
Demodicose
Após o tratamento, fazer reavaliação dos casos através dos raspados. É bom prognóstico
quando é observada a diminuição no número de adultos ou os raspados ficam negativos,
sendo este último também o critério para a cura da doença.
Escabiose
Em cães esta dermatite é causada pelo Sarcoptes scabiei var. canis e em gatos pelo
Notoedres cati. O raspado de pele é o melhor método de diagnóstico em ambos os casos. Os
raspados devem ser superficiais, já que o ácaro cava um túnel no estrato córneo da
epiderme e devem cobrir áreas extensas, pois pode ser difícil encontrar o ácaro. Deve-se
ainda o raspado em áreas com pápulas, crostas amarelas, na região axilar e borda da orelha.
Colocar o produto do raspado entre lâmina e lamínula e examinar no aumento 40X. Caso
seja necessário a clarificação do material, acrescentar KOH 10% e aquecer por alguns
minutos.
Importante: O encontro de um único ácaro tem valor diagnóstico, bem como o encontro de
peletes fecais castanho-escuros, redondos ou ovais ou ainda ovos do ácaro. Raspados
negativos não significam a não existência da doença.
Esta infeção, causada pelo ácaro da orelha, ocorre em cães e gatos. As infestações por este
ácaro estão associadas a freqüente agitação da cabeça. Além da otite externa pode-se
algumas vezes observar a infestação generalizada. No caso da otite, o exame otoscópico
revelará os ácaros, porém raspados profundos e o exame microscópico subsequente são
necessários, caso haja envolvimento cutâneo extenso.
Helmintos
Fungos
Dermatofitose
São infecções fúngicas dos pêlos, unhas, garras e extrato córneo da pele. causado pelas
espécies de Microsporum (M. canis, M. gypseum), Tricophyton (T. mentagrophytes) e
Epidermophyton. Deve-se colher material raspando a pele limpa, após cortar o pêlo,
especialmente se o material for enviado para a cultura. As lesões variam desde a forma
clássica arredondada, eritematosa e de bordas elevadas até nódulos ulcerados e
granulomatosos, alopecia generalizada e foliculite.
Exame direto: colocar o material obtido no raspado (pêlos, descamação) juntamente com
KOH 10% (Hidróxido de Potássio, 10%) e deixar por 30 minutos em temperatura ambiente
ou aquecer rapidamente. Este procedimento visa a clarificação (diafanização) da queratina.
Como a maioria das infecções fúngicas dos animais são ectotrícicas, a clarificação não
necessita ser tão intensa como nas infecções humanas. Mesmo para profissionais
experimentes esta técnica é diagnóstica em poucos casos, pois é muito demorada e pode
levar a falsa interpretação quando fungos saprófitas estão presentes na amostra.
Cultura fúngica: O material raspado pode ser utilizado também para a cultura e esta é a
forma mais segura de se fornecer diagnóstico definitivo de dermatofitose na maioria dos
casos, bem como a biópsia.
Meios de cultura: O meio de cultura mais apropriado para o crescimento e identificação dos
dermatófitos é o DTM (Dermatophyte Test Medium). O DTM é o ágar glicosado de Saboraud
adicionado com ciclo-hexemida, gentamicina e clortetraciclina como agentes antibacterianos
e antifúngicos e vermelho fenol como indicador.
Dermatomicoses
Índice
Sistema renal
Formação da urina
Bibliografia
Literatura recomendada
Sistema renal
Rim
O rim é composto de córtex e medula sendo a ultima totalmente circundada pelo primeiro.
Nefron
Glomérulo
É o responsável pela produção de grande quantidade de ultra filtrado do plasma sendo que
somente pequena quantidade do mesmo é eliminada pela urina. Contém células dos
capilares endoteliais, células epiteliais parietais e viscerais, células mesangiais, membranas
capilares basais. Todos os glomérulos são corticais.
Cápsula de Bowman
Tem a função de coletar o filtrado glomerular do espaço de Bowman. Nos TCP ocorre
reabsorção passiva e ativa de 75% do filtrado glomerular. A parte luminal é coberta por
numerosas microvilosidades que aumentam a capacidade absortiva. Existe uma parte
enovelada de localização cortical e uma parte reta que segue em direção medular.
Alça de Henle (AH)
Em continuação ao túbulo TCP, segue AH que possui uma parte descendente e uma
ascendente que mergulham profundamente na medula renal, representando maior papel na
geração do gradiente de concentração do soluto no interstício medular e no plasma. O soluto
na parte descendente da alça de Henle é concentrado por movimento passivo de água para o
interstício hiperosmolar, já a parte ascendente é impermeável a água, mas o NaCl se move
para o interstício medular de forma passiva e ativa na parte externa medular, criando urina
diluída. O cloreto é absorvido de forma ativa, sendo o sódio absorvido a seguir por absorção
passiva.
É o tecido que rodeia os glomérulos, túbulos, vasos e nervos. É composto por fibroblastos,
colágeno e células mononucleares. Acredita-se que neste local ocorra a síntese de
prostraglandinas E2 e F2a.
Rede vascular
Formação da urina
Filtração glomerular
1. Tamanho da molécula,
2. Fricção da molécula entre os poros,
3. Atração às moléculas de carga positiva e repulsão às moléculas de carga negativa,
4. Diferença de alinhamento da molécula com os poros,
5. Aumento do tamanho da molécula com a associação entre elas.
É o mecanismo que permite selecionar substâncias que são aproveitáveis ou não pelo corpo.
Por exemplo, a creatinina e a alantoina não são utilizadas por isso não são reabsorvidas, já
as vitaminas, os aminoácidos, a glicose são necessárias por isso são reabsorvidas. Algumas
substâncias possuem capacidade limitada de reabsorção como a glicose; quando este limiar
é ultrapassado é detectada na urina.
Os rins tem a função vital na regulação da excreção de água pelo organismo podendo
conservar água por concentração da urina, quando o organismo necessitar ou eliminar
(diluir) a urina quando houver excesso de água.
Concentração
Sabe-se que cerca de 60 litros de filtrado glomerular é formado por dia em um cão de 10 kg,
mas somente 0,5 litro é normalmente eliminado pela urina. Cerca de 75% é reabsorvida
passivamente no TCP seguindo reabsorção ativa de Na, Cl, glicose, Ca, PO4 e outros. Após a
reabsorção de eletrólitos pela parte ascendente da AH o fluido que chega ao TCD em cães é
hipo-osmótico (1005) e iso-osmótico nos gatos(1008). A ação de concentração de urina tem
ação do hormônio antidiurético (ADH) produzida no hipotálamo e estocado na hipófise. Este
hormônio influencia a permeabilidade dos túbulos distais e coletores a água.
Diluição
Na ausência de ADH, pouca água será removida do lúmen tubular distal e coletor. Como o
transporte ativo de soluto (sódio) não será afetado mais soluto será removido do lúmen
tubular que água, tornando a urina mais diluída em relação ao filtrado glomerular. Nesses
casos, a densidade urinária estará menor que do filtrado glomerular (<1008) ou a densidade
plasmática o que denomina-se hipostenúria. Também no processo de diluição e concentração
da urina é importante citar o Mecanismo Contra Corrente (MCC). A função do MCC é gerar e
manter alta concentração de soluto no interstício medular (primariamente sódio, cloreto e
uréia) no sentido de atrair água de uma região de baixa concentração de soluto (túbulos
distais e coletores). Nestes casos, quaisquer doenças que impeçam ou dificultem esta
concentração pode gerar poliúria. Como exemplo, temos os casos de insuficiência hepática
na qual observa-se baixa produção de uréia; perda de NaCl e perda de sódio em casos de
hipoadrenocorticismo ou doenças glomerulares que podem também interferir com essa
concentração medular.
Nos cães o rim é o único órgão produtor de eritropoietina, hormônio que regula a produção e
liberação de eritrócitos pela medula óssea, sendo que nos outros animais o fígado também
tem essa função. É responsável pelo metabolismo da vitamina D (25-hidroxicolecalciferol)
hepática para sua forma ativa (1-25-dihidroxicolecalferol) que é responsável pela absorção
de cálcio intestinal e mobilização de cálcio e fósforo dos ossos.
Degradação hormonal
Consiste das arteríolas aferentes e eferentes, macula densa, os túbulos distais, as células
granulares. Tem papel importante na hemodinâmica renal.
Quando se reduz a perfusão renal, diminui a pressão nas arteríolas aferentes ocorrendo
ativação do sistema renina-angiotensina com liberação de renina, enzima proteolítica
presente nas arteríolas aferentes e em menor quantidade das arteríolas eferentes, dando
origem a todo o esquema anterior.
Colheita
Uma boa colheita é um dos fatores principais para uma correta interpretação do exame de
urina. O método de colheita deve ser levado em conta quando da interpretação do exame. A
urina colhida pela manhã, de animais confinados é mais eficiente para avaliar a capacidade
de concentração tubular além de conter maior quantidade de sedimento.
Métodos
A micção normal: tem a vantagem de poder ser colhido pelo proprietário, sendo boa conduta
para animais arredios, mas pode apresentar maior número de contaminantes. Procurar
colher o jato médio lavando bem a genitália externa (vulva e prepúcio), diminuindo assim a
contaminação pelo conteúdo uretral.
Caninos
Felinos
Método ideal para colheita nesta espécie é a cistocentese, porém existem sondas uretrais
próprias de material flexível, porém nunca são atraumáticas. Esses animais devem ser
sempre sedados e bem contidos. Nesses animais sedados existe ainda a possibilidade de
compressão manual da bexiga que deve ser realizada com muito cuidado para evitar
rompimento da bexiga.
Eqüinos
Bovinos
Nestes animais usa-se a massagem prepucial para os machos e massagem sobre vaginal
para as fêmeas.
Necessitando-se de urina colhida por 24 horas, pode se usar caixas de colheita para os
pequenos animais e bolsas amarradas no corpo dos grandes animais. Em geral, os cães
produzem de 12-24ml de urina/Kg/24 horas e os gatos, 8-9ml/Kg/24 horas.
Conservação
Independente da forma de colheita a urina deve ser refrigerada até trinta minutos após a
colheita e pode permanecer em geladeira até seis horas, porém a mesma deverá estar na
temperatura ambiente antes do exame, pois os aparelhos são calibrados para esta
temperatura e a fita reagente com a baixa temperatura demora a responder a coloração.
A urina muito tempo na temperatura ambiente terá seu pH alterado pela proliferação
bacteriana que, transformando a uréia em amônia, tornará o mesmo alcalino. Esta
alcalinidade pode provocar resultados falsos positivo na observação dos elementos anormais,
isto é, a glicose será utilizada pelas bactérias, bem como a destruição de cristais e cilindros,
leucócitos e hemácias.
Propriedades físicas
Volume
Normalmente de pouca utilidade, salvo quando se quer avaliar a quantidade diária de urina
eliminada, pois 10 ml de urina são necessários para o exame.
Coloração
Odor
Oferece pouca ajuda clínica, podendo sugerir crises urêmicas (odor amoniacal) ou odor
pútrido em infecções.
Densidade urinária
É utilizada para verificar a habilidade dos túbulos renais de concentrar ou diluir o filtrado
glomerular. Animais com dieta alta em proteína tendem a apresentar maior capacidade de
concentração devido a maior concentração de uréia no plasma e interstício intramedular
renal. A habilidade dos pacientes de concentrar a urina (densidade acima de 1015) é
dependente do sistema de produção e liberação perfeito do ADH, suficiente população de
nefrons funcionais para gerar e manter alta concentração de solutos na medula renal e
suficiente população de túbulos funcionais para responder ao ADH. A urina tem a densidade
maior que a da água pois possui água e vários solutos de diferentes densidades. Como a
presença de solutos altera a temperatura de resfriamento e aquecimento a densidade é
alterada pela temperatura. A densidade nos animais domésticos pode variar de 1001-1087,
mas a variação normal é de 1015 a 1035, tendo certo cuidado com a avaliação dos animais
recém nascidos que podem apresentar menores valores. Para o rim perder sua capacidade
de concentrar a urina deve ter perdido cerca de 66% de sua capacidade funcional não se
detectando antes disso alteração na concentração pois estas afecções se instalam
gradualmente. A densidade urinária reflete não só o funcionamento renal, mas a ingestão de
água, disfunções hormonais, intoxicações, uso de medicamentos, infecções. Em caso de
haver necessidade, para se calcular a osmolaridade urinária é só multiplicar os últimos
dígitos da densidade por 36. Exemplo: Densidade 1012 12x36=432 432 mosmol/kg
Métodos de avaliação
• Refratômetro
• Fita reagente
• Urodensímetro
pH
Métodos de análise:
• Fita de pH: são de uso simples e rápido, oferecendo média de valores entre 5,0 e
9,0.
• Medidores de PH (Peagômetro): oferece resultados mais precisos e mais amplos.
Proteínas (Proteinúria)
A urina eliminada pelo organismo não contém proteína detectável; algumas delas, como as
proteínas de baixo peso molecular que conseguem ultrapassar o filtro glomerular são
reabsorvidas pelos túbulos. Em geral a proteinúria deve ser avaliada junto com a densidade;
densidade diminuída com presença de proteína significa valores mais altos para a mesma. A
avaliação também se relaciona com o exame do sedimento, proteinúria sem presença de
hemácias, leucócitos, espermatozóides geralmente significa lesão renal, podendo ser
glomerular por aumento da permeabilidade tendendo essa proteinúria ser mais elevada;
pode ser também de origem tubular pela diminuição da capacidade de absorção,
apresentando geralmente valores menos elevados. A proteinúria é classificada como
persistente ou transitória. Em animais com urina concentrada aceita-se até traços na fita.
Métodos de dosagem
Fita reagente (contém azul de tetrabromofenol tamponado): este método mede a presença
de albumina, a fita é imersa na amostra de urina e a cor comparada com cores padrão, que
por sua vez fornecem a resposta em escalas (cruzes).
Glicose (Glicosúria)
Normalmente não se detecta glicose na urina; toda glicose filtrada é reabsorvida nos túbulos
e a pequena quantidade excedida desses processos é indetectável. Ocorre glicosúria quando
a concentração de glicose plasmática supera 170 mg/dl. Pode ser dividida em fisiológica
farmacológica e patológica. Como a fita reagente é enzima dependente, a urina refrigerada
deve voltar a temperatura ambiente para ser analisada.
Métodos de avaliação
Cetonas (Cetonúria)
Métodos de exame
Bilirrubina (Bilirrubinúria)
Causas de bilirrubinúria
• Aumento da produção de bilirrubina conjugada devido a hemólise, doença hepática
ou obstrução biliar, Associação dessas afecções com disfunção renal, Pequenas
quantidades são observadas em cães, com densidade urinária elevada, o limiar para
bilirrubinas em cães é baixo.
• A detecção da bilirrubinúria precede a observação da icterícia.
Métodos de diagnóstico
• Fita reagente
• Ictotest: Como a exposição à luz quebra a bilirrubina em biliverdina, e este pigmento
não é medido por métodos normais, deve-se proceder o exame rápido ou manter a
urina no escuro
Urobilinogênio (Urobilinogenúria)
Alguns laboratórios não usam por ter pouco significado, pois é oxidado facilmente com pouca
quantidade de luz e em urina ácida também é oxidado rapidamente para urobilina ainda na
bexiga. O uribilinogênio pertence a um grupo de substâncias, resultantes da redução da
bilirrubina conjugada, pelas bactérias intestinais
• Hematúria
o A presença de poucas hemácias na urina de pode ser encontrado
dependendo do método de colheita. Associar sempre com a avaliação da
densidade. As causas de hematúria serão discutidas quando do estudo do
sedimento urinário.
• Hemoglobinúria
o A presença de hemoglobina na fita reagente deve ser interpretada junto com
a avaliação do sedimento urinário.
o Hemoglobina positiva na fita e falta de hemácias no sedimento urinário.
o Hemoglobinúria ou mioglobinúria,
o Lise das hemácias causada por urina muito diluída ou pH alcalino,
o Falta da identificação da hemácia no sedimento.
o Hemoglobina negativa na fita mas presença de hemácias no sedimento
urinário.
Fita reagente vencida,
Centrifugação prévia da amostra,
Erro na identificação das hemácias.
o A hemoglobinúria pode ter origem renal ou extra renal
Origem extra renal
Reações transfusionais,
Anemia hemolítica,
Babesiose, Piroplasmose, Leptospirose,
Envenenamento por picada de cobras,
Plantas que causam hemólise,
Drogas,
Fotosensibilização,
Agentes hemolíticos, cobre, mercúrio
Origem urinária
Destruição dos eritrócitos por urina muito diluída e/ou
alcalina.
• Mioglobinúria
o Lesões musculares e exercícios prolongados,
o Choque de calor,
o Intoxicação por veneno de cobra,
o Choques elétricos.
Métodos de exame
Nitritos (Nitritúria)
A redução do nitrato presente na urina para nitrito pelas bactérias patogênicas pode dar uma
idéia da presença bacteriana na urina. É pouco sugestivo nos animais em geral pois
precisaria haver crescimento bacteriano por no mínimo quatro dias para haver positividade.
Sua positividade em urina recente é indicativo de pedido de urocultura.
Bibliografia
1) JAIN, H.C. Schalm's Veterinary Hematology, Lea & Febiger, 4 ed, Philadelphia, 1986,
1221p.
Literatura recomendada
1) JAIN, H.C. Schalm's Veterinary Hematology, Lea & Febiger, 4 ed, Philadelphia, 1986,
1221p.
Avaliação laboratorial das doenças hepáticas
Índice
Introdução
Anatomia
Circulação hepática
Funções hepáticas
Sinais clínicos
Mecanismo da lesão
Avaliação
Mecanismo da lesão
Introdução
O fígado é um órgão essencial para a manutenção da vida, sendo o maior e um dos órgãos
secretórios/excretórios mais importantes do corpo. É um órgão que apresenta alta
capacidade de estoque, muita reserva funcional além de alta capacidade de regeneração. Por
ser um órgão primário de metabolismo e detoxificação está sujeito a lesões causadas por
afecções e secreções vindas de outros órgãos como doenças inflamatórias intestinais,
pancreatites, doenças endócrinas e septicemia.
Anatomia
Circulação hepática
A irrigação do fígado é feita pelas artéria hepática e veia porta. A veia porta, vindo dos
órgãos abdominais, drena sangue de todos estes órgãos encaminhando-o ao fígado antes de
ir para o resto do corpo. A veia porta, responsável por 80% do fluxo sangüíneo hepático, no
fígado se une a artéria hepática, rica em oxigênio, que é responsável pelos outros 20% do
fluxo sangüíneo do órgão, compondo finalmente a veia central que se perfunde pelos
capilares sinusóides, dão seqüência a veia hepática e continua como veia cava caudal. Desse
modo verifica-se que o fígado trabalha em baixa oxigenação, com cerca de somente 20% de
sangue arterial. Essa anastomose dos vasos permite apenas 50% de saturação de oxigênio
ao mesmo. Por outro lado, no sangue portal estão presentes nutrientes do intestino,
hormônios pancreáticos como insulina e glucagon, que atuam como fatores hepatotropicos
responsáveis por nutrição e determinam as dimensões dos hepatócitos; a amônia, toxinas
bacterianas e microorganismos derivadas do intestino para serem metabolizadas no fígado
antes de chegar a circulação, verificando-se nesse caso a importância do órgão na
detoxificação.
O sistema biliar se compõe de canalículos biliares, ductos biliares, ducto cístico, vesícula
biliar e ducto biliar comun. A bile é inicialmente secretada pelos hepatócitos indo até os
canalículos biliares, seguindo pelos ductos biliares e armazenada na vesícula biliar.
Composição da bile.
Função
Funções hepáticas
• Formação e eliminação da bile: síntese de proteínas e metabolismo de
aminoácidos. A unidade estrutural básica do fígado é o lóbulo hepático que consiste
de cordões de hepatócitos irradiando concentricamente em torno da veia hepática
central. Os limites desse lóbulo são demarcados por vênulas, arteríolas, canalículos
biliares e nervos (tríade portal). A unidade funcional é o ácino hepático, que é
composto de parênquima hepático e está situado em torno do eixo vascular do ácino,
centrado na tríade portal. A perfusão do hepatócito inicia-se na tríade portal,
percorre sinusóides hepáticos e termina nas vênulas hepáticas terminais, ou veias
centrais. Os sinusóides hepáticos compreendem a rede vascular que converge para a
vênula hepática terminal e são compostos de células endoteliais, células de Kupffer e
células de ito. Estas células revestem o canal vascular do sinusóide, separando-o dos
hepatócitos adjacentes pelo espaço de Disse, ou espaço perisinusoidal. A formação
da linfa hepática é o resultado da ultrafiltração do sangue pelas fenestrações
endoteliais e perfurações do espaço perisinusoidal. Os hepatócitos são distribuídos
em cordões celulares que são interconectados por um canalículo biliar central. Os
canalículos biliares circundam os hepatócitos e são os condutores iniciais através dos
quais a bile flui em direção a tríade portal, no sentido oposto ao fluxo sangüíneo. Os
hepatócitos são ricos em organelas como retículo endoplasmático liso e rugoso,
mitocôndrias, aparelho de Golgi, lisossomas, vesículas citoplasmáticas, microtúbulos
e microfilamentos.
• Metabolismo de carboidratos: a unidade estrutural básica do fígado é o lóbulo
hepático que consiste de cordões de hepatócitos irradiando concentricamente em
torno da veia hepática central. Os limites desse lóbulo são demarcados por vênulas,
arteríolas, canalículos biliares e nervos (tríade portal). A unidade funcional é o ácino
hepático, que é composto de parênquima hepático e está situado em torno do eixo
vascular do ácino, centrado na tríade portal. A perfusão do hepatócito inicia-se na
tríade portal, percorre sinusóides hepáticos e termina nas vênulas hepáticas
terminais, ou veias centrais. Os sinusóides hepáticos compreendem a rede vascular
que converge para a vênula hepática terminal e são compostos de células
endoteliais, células de Kupffer e células de ito. Estas células revestem o canal
vascular do sinusóide, separando-o dos hepatócitos adjacentes pelo espaço de Disse,
ou espaço perisinusoidal. A formação da linfa hepática é o resultado da ultrafiltração
do sangue pelas fenestrações endoteliais e perfurações do espaço perisinusoidal. Os
hepatócitos são distribuídos em cordões celulares que são interconectados por um
canalículo biliar central. Os canalículos biliares circundam os hepatócitos e são os
condutores iniciais através dos quais a bile flui em direção a tríade portal, no sentido
oposto ao fluxo sangüíneo. Os hepatócitos são ricos em organelas como retículo
endoplasmático liso e rugoso, mitocôndrias, aparelho de Golgi, lisossomas, vesículas
citoplasmáticas, microtúbulos e microfilamentos.
• Metabolismo de lipídeos
• Hematológicas
• Metabolismo de hormônios
• Detoxificação e excreção
• Defesas (SFM)
• Infecções
• Inflamações
• Toxinas
• Endotoxinas
• Imunológicas
• Nutricionais
• Anormalidades vasculares
• Neoplasias
Sinais clínicos
Os sinais de afecções hepáticas são muito subjetivos, já que o órgão, por sua alta
capacidade de reserva e regeneração só apresentará sintomas clínicos com 80% de
comprometimento. A capacidade de recuperação do órgão é tão acentuada que é capaz de
regenerar ¾ de sua massas funcional em poucas semanas. Em geral os sinais clínicos são:
icterícia, hemorragias, letargia, inapetência, anemia, sintomas neurológicos, mudanças de
comportamento, sintomas gastrointestinais, poliúria, polidipsia, icterícia e ascite.
Mecanismo da lesão
Por toxinas - originadas no intestino pelo crescimento bacteriano nas enterites e carreadas
através da veia porta.
Drogas - podem ocasionar falência do sistema imunológico hepático, perda de função das
células de Kupffer, além de irritação e aumento de permeabilidade dos hepatócitos.
Lesões vasculares
• Esteatose
• Trombose
• Choque, diminuindo a circulação intersticial
Avaliação
• Clínica
• Radiográfica
• Ultra-sonografia
• Avaliação laboratorial
• Biópsias
Mecanismo da lesão
Pela alta capacidade regenerativa hepática, as lesões precisam ser graves, ocorrer em
localizações anatômicas estratégicas como os hepatócitos ou devem estar associadas a
colestase antes que os testes laboratoriais revelem a presença de lesão hepatobiliar. Deve-se
avaliar em conjunto a avaliação clínica e histórico do paciente. Em geral, procura-se
desenvolver um diagnóstico e prognóstico de doença hepática primária e secundária,
diferenciar icterícias, diagnosticar anemias de origem desconhecida, avaliar a regeneração,
considerar riscos anestésicos, avaliar intoxicações e migrações parasitárias. A seleção
criteriosa dos testes leva em consideração seu custo, a desejada abrangência do estudo e
sua eficácia diagnóstica.
Os testes bioquímicos para esta avaliação pode ser dividido em quatro grupos:
Enzimologia
São substâncias intracitoplasmáticas que neste local não podem ser medidas ou avaliadas,
mas o são quando liberadas para o meio exterior. Podem aumentar sua concentração
plasmática devido ao aumento da permeabilidade, por destruição e necrose celular. O grau
de elevação dos valores de uma enzima depende do grau da lesão, da concentração
enzimática no tecido, da localização intracelular e da meia vida enzimática. A grande maioria
das enzimas não são hepatoespecíficas, sendo encontradas em outros tecidos, precisando
por isso diferenciação. As enzimas de localização hepática podem ser centro lobulares,
periferiolobulares e distribuídas uniformemente pela membrana celular. A localização celular
é citoplasmática, em organelas, núcleo e membrana celular.
Enzimas hepatocelulares
ALT (alaninaminotransferase)
Está presente em grandes quantidades nos músculos esqueléticos, rins, cérebro, eritrócitos e
coração. Nos caninos e felinos tem baixa concentração citoplasmática (cerca de 20%), mas
está presente dentro de organelas (mitocondrias) aumentando em lesões mais acentuadas,
com necrose celular. Sua meia vida é em torno de 5 a 12 horas no cão e cerca de 2 horas no
gato, sendo bom índice para se avaliar processos em resolução nas lesões hepatocelulares,
pois retornam ao normal mais rapidamente. Nos bovinos e eqüinos, existe grande
quantidade de AST citoplasmática, além da localização mitocondrial, sendo uma das enzimas
de escolha para a avaliação hepática nessas espécies, mostrando-se bem sensível, mas
pouco específica, pois qualquer lesão em hepatócitos ou fibras musculares é suficiente para
permitir a saída de enzimas celulares. Uma boa conduta quando se tem dúvida da origem
enzimática, é processar no mesmo material a enzima CPK (creatina fosfoquinase), que é
específica para lesões musculares, usando-se os resultados para diferenciação. Em caso de
aumento de ambas, avaliar nesse caso alguma lesão de músculo esquelético. A elevação por
drogas é discreta ou ausente.
Arginase
Considerada como hepatoespecífica por estar presente em concentrações mais elevadas nos
hepatócitos mas ainda não incluída normalmente nos testes rotineiros de análise.
Mensurações simultâneas com as aminotransferases podem oferecer informações
prognostica importante em relação a lesão hepatocelular. Nas lesões hepáticas agudas, é
imediatamente liberada pelos hepatócitos, persistindo por cerca de dois a três dias, mas em
casos de regeneração, seus valores retornam ao normal rapidamente, indicando recuperação
mesmo com valores elevados de ALT e AST.
Estas são as enzimas mais comuns que são avaliadas pelos laboratórios, havendo outras
como a GLDH (glutamato desidrogenase), que está presente no tecido hepático de todos os
animais, mas tem localização centrolobular e mitocondrial, aumentando em lesões extensas
e agudas. É mais utilizada para avaliar grau de necrose hepatocelular em cabras, ovelhas e
bovinos. Por possuir eliminação plasmática rápida é pouco utilizada. A OCT (ornitina carbamil
transferase) é também enzima hepatoespecífica, tem localização uniforme, tanto
citoplasmática, como mitocondrial. Não é utilizada rotineiramente pelo alto custo de exame e
por haver enzimas mais fáceis de dosar. O aumento dos valores das enzimas em geral está
relacionado com a gravidade da lesão, isto é, com o número de hepatócitos envolvidos;
lesões difusas tem a tendência de apresentar valores elevados. Na doenças terminais,
quando se diminui a massa total de hepatócitos, os valores enzimáticos podem se apresentar
menos elevados.
São enzimas que apresentam alteração quando ocorre colestase, isto é, pela estagnação da
bile intra ou extra celular.
FA (fosfatase alcalina)
A FA possui várias isoenzimas que estão presentes fígado, ossos, intestinos, rins, placenta e
leucócitos. A diferenciação não pode ser feita por métodos convencionais. Em cães e gatos a
elevação detectável tem sempre origem hepática, óssea ou induzida por corticosteróides e
anticonvulsivantes, apresentando meia vida de cerca de 3 dias. As outras izoenzimas tem
meia vida curta, cerca de seis minutos. Está presente na membrana epitelial hepatocelular
ou membrana epitelial dos canalículos biliares, apresentando elevação rápida em caso de
colestase. É bastante sensível no cão, porém pouco específica, principalmente em cães
jovens, pois apresentam alta atividade osteoblástica, possuindo meia vida curta em torno de
6 horas. Nos gatos é pouco sensível, mas bastante específica, tendo meia vida de cerca de
três dias e apresentando pouca atividade osteoblástica, possuem menor quantidade de FA na
membrana do hepatócito, além de ser rapidamente excretada pelos rins. Geralmente está
elevadas na lipidose hepática, colangiohepatite, hipertiroidismo e Diabetes. Nestes animais
não apresenta alteração por indução por corticosteróides como nos cães. A FA nos grandes
animais não tem significado clínico pois está presente em quantidades diminutas.
Bilirrubinas
Formação
Sob condições normais, a bilirrubina não tem função fisiológica, sendo apenas um produto de
excreção do metabolismo do heme. É uma substância tóxica para o organismo, prejudica
ações enzimáticas, membranas celulares, mitocondrias, fosforilação oxidativa, células do
SNC, hepatócitos e células renais.
Circulação
Metabolismo
Eliminação
Icterícia
Tipos de icterícia
Hepática
Obstrutiva
Também denominada pós hepática, ou colestática extra hepática. A bilirrubina conjugada
reflui para o plasma, sofrendo nesses casos filtração glomerular. Não ocorrerá produção de
urobilinogênio e estercobilinogênio.
Ácidos biliares
Patologia
Ácidos biliares
Amônia
Proteínas
Glicose
Uréia
Fatores de coagulação
O fígado sintetiza todos os fatores de coagulação com exceção do fator VIII e o cálcio,
sintetiza ainda proteínas inibitórias da coagulação como plasminogênio, o fibrinogênio, a
antitrombina III, antiplasminas. Remove fatores de coagulação ativados, enzimas
fibrinolíticas e fatores de degradação da fibrina.
As provas de coagulação não são testes diagnósticos para a doença hepática, mas os testes
de tempo de tromboplastina parcial ativada , de protrombina, e de fibrina são muitas vezes
usados para prognóstico ou avaliação da progressão da doença hepática, devido a síntese
rápida destes componentes (48 horas) evidenciar regeneração hepática. Assim, o fígado
representa um papel central na hemostasia e a doença hepática é associada com aumento
nas tendências hemorrágicas. Em hepatopatias graves e crônicas a massa de hepatócitos
pode estar reduzida o suficiente para resultar em aumento do tempo de coagulação, devido
a menor síntese dos fatores de coagulação e, pacientes com estas enfermidades podem
apresentar hemorragias.
Exame de fezes
Índice
Introdução
Colheita
Conservação
Exame físico
Elementos anormais
Exame químico
Exame microscópico
Tabelas
Introdução
O exame de fezes nos fornece dados importantes, tanto pela observação macroscópica como
microscópica. As informações sobre trato gastrointestinal em relação a parasitas, corpos
estranhos, dieta, hemorragias ocultas ou não e bacteriologia são importantes na obtenção do
diagnóstico. Na observação das fezes deve-se ter em mente todo o processo de formação, o
percurso do bolo fecal, avaliar os resíduos alimentares adicionados a material glandular,
descamação e ainda presença de bactérias. Devemos lembrar também que todo animal,
mesmo em inanição forma fezes, pois além de resíduos alimentares, elas possuem outros
constituintes como material glandular, material secretado pelas paredes intestinais e
descamação.
Colheita
Conservação
O ideal é que todos os exames fossem feitos logo após a colheita, mas como nem sempre
isso será possível, são utilizados conservadores e preservativos. Estes métodos visam
prevenir alterações morfológicas, destruição e eclosão dos ovos do parasita em incubação,
dificultando a identificação pelo técnico menos experiente.
Frio
Formol 10%
Pode ocasionar distorção de alguns trofozoítos e cistos de protozoários e ainda matar larvas
móveis de parasitas.
M.I.F. (Mertiolate-iodo-formol)
Exame físico
A visualização das fezes é muito importante para o clínico, devendo também ser conferido
pelo técnico antes da realização do exame. Em casos dos cães, não é comum a visualização
dos ovos de D. caninum no exame microscópico das fezes, mas os proglotes podem ser
visualizados na amostra enviada.
Consistência e forma
É importante conhecer a forma e consistência das fezes de todos os animais. Nos equídeos,
as fezes apresentam forma arredondada e consistência firme; nos bovinos, tem forma
cilíndrica ao sair do reto, mas formam massa pastosa amorfa ao cair; nos ovinos e caprinos,
tem a forma ovóide semelhante ao caroço de azeitona, com consistência endurecida. Nos
carnívoros e onívoros, a forma é cilíndrica e de consistência firme e/ou semipastosa. A
mudança nessa consistência estará relacionada com maior ou menor presença de água e/ou
tempo de permanência no intestino.
Volume
Está relacionado com a quantidade de alimento ingerido. Fezes em menor quantidade pode
sugerir inanição, sendo que em bovinos, a ausência de fezes durante a exploração retal é
sugestiva de obstrução intestinal. Defecação muito constante sugere patologia de intestino
grosso ou reto.
Cor
Relaciona-se com o alimento ingerido; em geral as fezes dos herbívoros tem coloração
esverdeada devido à presença de clorofila e nos carnívoros e onívoros a coloração é
amarronzada devido à presença de estercobilina. Em bezerros lactentes as fezes
normalmente variam de castanho-amareladas a acinzentadas. Fezes de coloração
avermelhada sugerem a presença de sangue (hematoquezia) originado de camadas mais
caudais do sistema digestivo como o reto e intestino grosso; fezes negras, escuras (melena),
sugerem sangramento mais cranial, em bovinos muitas vezes originados no abomaso; em
cães pode indicar ancilostomíase. Fezes claras, acólicas, sugerem obstrução do ducto biliar
ou insuficiência pancreática.
Odor
Nos herbívoros o cheiro fecal não é repugnante, sendo que a presença de odores fétidos
pode significar putrefação ou fermentação anormal. Diarréias de bezerros com colibacilose
geralmente tem cheiro pútrido. Em carnívoros e onívoros dependerá muito da dieta; aqueles
animais que ingerem ração comercial não apresentam odor ruim, mas os animais que
ingerem proteína crua e restos de comida caseira, a putrefação gerada causa odor ruim.Odor
pútrido e repugnante é também observado em cães com gastro-enterite-hemorrágica.
Elementos anormais
Muco
Muco nunca é normal, significa sempre algum processo mórbido, seja inflamatório ou
irritativo. Em geral representa patologias do intestino grosso, aparecendo como substância
clara, pegajosa cobrindo as fezes. Nas patologias do intestino delgado aparece intimamente
ligado às fezes, formando pequenos filamentos.
Sangue
Corpos estranhos
São materiais não fecais encontrados nas fezes, podendo indicar perversões alimentares,
que por sua vez, sugerem verminoses e ou distúrbios nutricionais. Presença de bolhas de
gás, principalmente em bezerros, podem indicar doenças específicas como acidose láctica e
paratuberculose.
Exame químico
pH
Sangue oculto
O teste de sangue oculto é sujeito a erros, sua praticidade em carnívoros é discutida pela
ingestão de elementos das rações comerciais que contém sangue na alimentação. Para o
exame nesses animais recomenda-se três dias de dieta livre de carne. A ingestão de
beterraba e tomates pode ocasionar reações falso positivo. Nos grandes animais são
necessários um a dois litros de perda de sangue no trato gastro-intestinal para se encontrar
sangue oculto positivo. Os laboratórios contam com Kits próprios para os exames, como o
Hematest e Hematix.
Pigmentos biliares
Não é muito usado na rotina, pois existem exames sangüíneos que oferecem resultados mais
precisos.
Pesquisa de gorduras
Exame microscópico
Método direto
Concentração
São métodos de enriquecimento, nos quais se concentra grande quantidade de material a ser
examinado.
O fundamento do teste baseia-se no fato de que larvas, ovos, oocistos geralmente são
menos densos que as soluções supersaturadas usadas no método (cloreto de sódio, açúcar,
sulfato de magnésio e sulfato de zinco), por isso flutuam e são recolhidos pela lâmina ou
lamínula. Os detritos por serem mais densos e mais pesados se sedimentam. É um bom
método para protozoários e ovos de helmintos, mas deve-se lembrar que grande número de
parasitas é destruído ou lesado pela hipertonicidade das soluções. É um bom método para
carnívoros e herbívoros.
Método da sedimentação
É usado em menor escala por ser menos eficiente e mais demorado que o anterior. O
resultado será mais confiável quanto mais demorar a sedimentação. É melhor método para
pesquisa de ovos de helmintos. Tem a vantagem de exigir o mínimo de equipamento e
recuperar ovos e larvas das fezes, sobretudo ovos de trematódeos que tem opérculo, e de
alguns citódios que se sedimentam mesmo quando utilizada a técnica de flutuação.
Método de Faust
Método de Baermann
São exames quantitativos para se verificar a infestação dos rebanhos. Usa-se o método da
câmara de Macmaster na qual são contados os ovos de uma amostra de fezes de um certo
rebanho. Relacionar o significado do OPG e a contagem de nematódeos é tarefa que deve ser
feita com cuidado. A correlação entre patogenicidade e OPG ou o número de helmintos nas
tabelas apresentadas servem apenas para orientação, pois:
Alguns parasitas possuem ovos que são de difícil identificação, por isso lança-se mão do
cultivo de larvas, baseando a identificação nas características das larvas infectantes, que são
típicas para cada um dos gêneros componentes do grupo.
Tabelas
Nas tabelas seguintes estão dados para interpretação do grau de infecção, levando em
consideração o numero de ovos encontrados na contagem de OPG.
Avaliação laboratorial das efusões corporais
Índice
Introdução
Introdução
Colheita de material
Em qualquer dos casos a colheita cerca de 10 ml de material por centese é indicada para a
realização de exames laboratoriais, que difere muito da indicação terapêutica onde grandes
quantidades podem ser retiradas visando alívio e conforto para o animal. O equipamento
necessário para este procedimento é simples e de fácil obtenção, o que facilita sua
realização. Uma quantidade suficiente de fluido para fins diagnósticos pode ser obtida na
maioria dos animais com agulhas de 21 ou 22 gauges acoplada a uma seringa de 10 ml. O
material obtido deve ser recolhido em dois frascos; um com EDTA para evitar a coagulação
se o fluido for um exudato e um outro estéril, para que seja possível a realização de cultura
de microrganismos, por exemplo, Micobacterium tuberculosis. Anestesia local pode ser feita,
mas o animal deve estar muito bem contido, pois sua movimentação pode causar laceração
e/ou ruptura de órgãos. A preparação do local a ser puncionado deve ser cirúrgica. A escolha
do local para abdominocentese varia com o tamanho do animal. Após a contenção por
métodos químicos ou físicos, os cães e gatos devem ser colocados em decúbito lateral, com
o abdome voltado para a pessoa que fará a colheita. Depilar uma ampla área em torno da
cicatriz umbilical, fazer a preparação cirúrgica do campo e escolher o local para punção dois
cm acima ou abaixo da cicatriz umbilical, evitando assim danos ao fígado ou baço ou a
bexiga. Penetrar com trocáter ou agulha e recolher o material. Caso não venha qualquer
material, ou seja, obtido sangue deve-se repetir o procedimento. Se ainda nada for obtido
repetir novamente dois cm acima ou abaixo do local anterior. Se ainda houver presença de
sangue é bastante provável que seja esta a efusão. Os eqüídeos apresentam uma
característica que os diferem das outras espécies domésticas; somente neles pode-se obter
fluído abdominal nos animais sadios. O local de escolha é sobre a linha alba, no ponto mais
baixo do assoalho abdominal. Nestes animais, se for utilizado agulha acoplada a seringa
aplicar pressão assim que penetrar a pele; este procedimento evita a perfuração dos
intestinos. Em bovinos é comum o uso de cânula de teta para abdominocentese, após incisão
da pele com uma lâmina de bisturi. Localizar o local em que a veia mamária ascende para
dentro do abdome; o local de punção fica a quatro cm cranial e 4 cm medialmente.
Macroscopia
Algumas doenças podem causar efusões corporais com grandes concentrações de proteínas
totais, enquanto em outras esta concentração pode ser pequena.
A CTP pode ser estimada através do uso do refratômetro ou pelo uso de métodos
bioquímicos. Como rotina, o uso do refratômetro é indicado. Deve-se usar um líquido
transparente, pois as partículas causam difração da luz, levando a obtenção de uma CTP
falsamente aumentada. Fluidos turvos devem ser centrifugados e o sobrenadante
transparente é então utilizado. Fluidos que se mostram turvos mesmo após a centrifugação
devem ter sua concentração de proteínas determinada por métodos bioquímicos.
Uso do refratômetro: uma pequena gota é colocada na parte anterior do aparelho, que é
então observado contra a luz e a leitura feita na escala própria.
A CTNC, em associação com a CTP é utilizada para classificar as efusões corporais. As células
nucleadas que a serem observadas são leucócitos, principalmente neutrófilos e linfócitos,
células mesoteliais, macrófagos e células neoplásicas. O sistema utilizado para a CTNC deve
ser o mesmo para a contagem de células no sangue. Como rotina, o método do
hemocitômetro é recomendado.
Os fluídos devem ser examinados o mais rápido possível, senão deve ser mantido sob
refrigeração até o momento do exame, mas este tempo não deve ser superior a 24-36
horas. Manipular com muito cuidado, pois em algumas ocasiões os fluidos podem conter
material infeccioso.
Como já dito a avaliação laboratorial das efusões corporais compreende o exame físico, no
qual são avaliadas a aparência e quantidade de proteínas e no exame citológico que por sua
vez envolve citometria nucleada e de eritrócitos e exame do esfregaço corado.
Classificação
As hemorragias podem ser causadas por trauma ou torção de um órgão ou víscera; por
alterações de coagulação ou erosão de vasos por neoplasias. Dependendo da duração da
hemorragia as contagens de células nucleadas e dosagem de proteínas podem ser as
mesmas que do sangue, podendo ser diferenciada deste apenas pela relativa ausência de
plaquetas.
As efusões neoplásicas ocorrem tanto porque os tumores podem esfoliar células quanto
causar hemorragias podendo, portanto, aparecer como transudatos modificados ou
exudatos, com inúmeras células neoplásicas ao esfregaço corado. Existem tumores que além
de esfoliar células causam irritação na camada serosa. Assim sendo, muitas efusões
neoplásicas contêm elevados valores de proteínas totais e células nucleadas. Deve-se ter o
cuidado de não fornecer resultado falso positivo de malignidade por confundir células
mesoteliais transformadas com células neoplásicas.