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Índice

1) Introdução....................................................................................................
2) Estado Novo.................................................................................................
3) Nascimento do Estado Novo........................................................................
4) Caracterização geral e concisa do Estado Novo..........................................
5) Características principais do Estado Novo..................................................
a) Antiparlamentarismo e antipartidário..............................................
6) Outras características do regime..................................................................
7) Presidentes da República durante o Estado Novo.......................................
a) Reorganização geral de Portugal levado a cabo pelo Regime.........
8) Economia e Finanças....................................................................................
9) Ultramarina..................................................................................................
10) Ordem e estabilidade....................................................................................
11) Bibliografia...................................................................................................
1) Introdução
Neste trabalho eu vou falar de uma forma resumida sobre o nascimento do novo
estado, dos instrumentos da politica salazarista, onde o novo estado é um regime
politico autoritário e corporativista de Estado que vigorou em Portugal durante
41 anos sem interrupção, desde 1933, com a aprovação de uma nova
Constituição. onde vou aprofundar os conhecimentos sobre a politica
Salazarista.
2) Estado Novo
é o nome do regime político autoritário e corporativista de Estado que vigorou em
Portugal durante 41 anos sem interrupção, desde 1933, com a aprovação de uma nova
Constituição, até 1974, quando foi derrubado pela Revolução do 25 de Abril. Ao Estado
Novo alguns historiadores também chamam "II República", embora tal designação
jamais tenha sido assumida pelo próprio regime.

A designação oficiosa "Estado Novo", criada sobretudo por razões ideológicas e


propagandísticas, quis assinalar a entrada numa nova era, aberta pela Revolução
Nacional de 28 de Maio de 1926, marcada por uma concepção antiparlamentar e
antiliberal do Estado. Neste sentido, o Estado Novo encerrou o período do liberalismo
em Portugal, abrangendo nele não só a Primeira República, como também o
Constitucionalismo monárquico.

Como regime político, o Estado Novo foi também chamado salazarismo, em referência
a António de Oliveira Salazar, o seu fundador e líder. Salazar assumiu o cargo de
Ministro das Finanças em 1928, tornou-se, nessa pasta, figura preponderante no
governo da Ditadura Militar já em 1930 (o que lhe valeu o epíteto de "Ditador das
Finanças") e ascendeu a Presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro) em
Julho de 1932, posto que manteve até ao seu afastamento por doença em 1968. A
designação salazarismo reflecte a circunstância de o Estado Novo se ter centrado na
figura do "Chefe" Salazar e ter sido muito marcado pelo seu estilo pessoal de
governação. O Estado Novo, todavia, abrange igualmente o período em que o sucessor
de Salazar, Marcello Caetano, chefiou o governo (1968-1974). Caetano assumiu-se
como "continuador" de Salazar, mas vários autores preferem autonomizar este período
do Estado Novo e falar de Marcelismo. Marcello Caetano ainda pretendeu rebaptizar
publicitariamente o regime ao designá-lo por Estado Social, "mobilizando uma retórica
política adequada aos parâmetros desenvolvimentistas e simulando o resultado de um
pacto social que, nos seus termos liberais, nunca existiu", mas a designação não se
enraizou.

Ao Estado Novo têm sido atribuídas as influências do maurrasianismo, do Integralismo


Lusitano, da doutrina social da Igreja, bem como de alguns aspectos da doutrina e
prática do Fascismo italiano, regime do qual adoptou o modelo do Partido Único e, até
certo ponto, do Corporativismo de Estado.

A Ditadura Nacional (1926-1933) e o Estado Novo de Salazar e Marcello Caetano


(1933-1974) foram, conjuntamente, o mais longo regime autoritário na Europa
Ocidental durante o séc. XX, estendendo-se por 48 anos.
3) Nascimento do Estado Novo
A Ditadura Nacional (1926-1933), regime de excepção dirigido por militares, com uma
estrutura constitucional provisória e suspensão das garantias consignadas na
Constituição Portuguesa de 1911, precedeu a instauração formal do Estado Novo
(1933). Após a eleição por sufrágio directo, mas em lista única, do General Óscar
Carmona para Presidente da República em 1928, este, tendo em atenção a incapacidade
dos anteriores governantes, nomeadamente o General Sinel de Cordes, para resolver a
crise financeira, chamou António de Oliveira Salazar, especialista de Finanças públicas
da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, para assumir o cargo de ministro
das Finanças. Salazar aceitou o encargo com a condição, que lhe foi garantida, de poder
supervisionar os orçamentos de todos os ministérios e de ter direito de veto sobre os
respectivos aumentos de despesas. Impôs então uma forte austeridade e um rigoroso
controlo de contas, principalmente aumentando os impostos e reduzindo as despesas
públicas, conseguindo assim um saldo orçamental positivo logo no primeiro ano de
exercício (1928-29).

Aconselhado e apoiado por António Ferro, que viria a chefiar o aparelho de propaganda
do Estado Novo, o SPN, Salazar soube servir-se da imprensa (que lhe era
maioritariamente favorável, mantendo a restante sob apertada censura), assim como das
recém-criadas emissoras de rádiodifusão — o Rádio Clube Português, a católica Rádio
Renascença e a Emissora Nacional estatal, todas suas apoiantes. Soube também
aproveitar as lutas entre as diferentes facções da Ditadura, especialmente entre
Monárquicos e Republicanos, para consolidar o seu poder e ganhar mais prestígio.
Tendo-se tornado indispensável à Ditadura, o Presidente da República consultava-o em
cada remodelação ministerial.

Salazar procurou então, com o apoio do General Carmona, dar um rumo estável à
Revolução Nacional que impedisse um "regresso à normalidade constitucional" da
Primeira República, para que alguns generais da Ditadura se inclinavam. Por isso, em
1930, depois de vencida por Carmona a resistência do General Ivens Ferraz, Salazar
criou, a partir do governo e com fundos provenientes do Orçamento de Estado, a União
Nacional, espécie de "frente nacional", como lhe chamou, a qual devia proporcionar o
apoio necessário à construção de um novo regime, o Estado Novo, concebido e
integralmente desenhado por Salazar.

A União Nacional era uma organização em parte idêntica aos partidos únicos dos
regimes autoritários surgidos na Europa entre as duas guerras mundiais, se bem que, ao
contrário desses, tivesse sido integralmente construída de cima para baixo e não se
apoiasse num pujante movimento de massas pré-existente. A União Nacional, cujo
papel foi sempre muito pouco determinante na prática política do Estado Novo,
simbolizava acima de tudo o carácter nacionalista, antidemocrático e antipluralista do
regime.
Nenhuma lei proibia expressamente os partidos políticos enquanto tais, mas Salazar
considerava que, existindo a União Nacional, os antigos partidos tinham sido colocados
fora da lógica do novo regime, acabando todas as organizações e movimentos políticos
existentes por ser obrigados a coibir-se de qualquer actuação pública. Alguns, como o
Partido Comunista (PCP) ou o movimento Anarcossindicalista da Confederação Geral
do Trabalho passaram a actuar na clandestinidade ou no exílio, outros, como o Partido
Socialista Português e o Integralismo Lusitano, foram levados a extinguir-se em 1932-
1933. O Movimento Nacional-Sindicalista, de Francisco Rolão Preto foi proibido após a
tentativa de revolução levada a cabo por elementos seus a partir do quartel da Penha de
França, acrescentando a nota oficiosa de 29 de Julho de 1934, que decretava a sua
extinção, que se tratava de um movimento inspirado em "certos modelos estrangeiros".

Em 1932 foi publicado o projecto de uma nova Constituição, que seria aprovada por
referendo popular em 1933 (embora o texto da constituição mencionasse plebiscito, na
realidade o que houve foi tecnicamente um referendo). Nesse referendo as abstenções
foram contadas como votos favoráveis, falseando o resultado. Com esta constituição,
Salazar criou finalmente o seu modelo político, o Estado Novo, e tornou-se o "Chefe"
da Nação portuguesa. Não deixa contudo de ser curioso que tenha sido essa a primeira
constituição da História portuguesa a dar o direito de voto às mulheres e a assegurar
determinadas regalias para as chamadas classes operárias.

4) Caracterização geral e concisa do Estado Novo


O Estado Novo (1933-1974) foi um regime autoritário, conservador, nacionalista,
corporativista de Estado de inspiração fascista, parcialmente católica e tradicionalista,
de cariz antiliberal, antiparlamentarista, anticomunista, e colonialista, que vigorou em
Portugal sob a Segunda República. O regime criou a sua própria estrutura de Estado e
um aparelho repressivo (PIDE, colónias penais para presos políticos, etc.) característico
dos chamados Estados policiais, apoiando-se na censura, na propaganda, nas
organizações paramilitares (Legião Portuguesa), nas organizações juvenis (Mocidade
Portuguesa), no culto do líder e na Igreja Católica.

5) Características principais do Estado Novo


a) Antiparlamentarismo e antipartidário
O regime político-constitucional que vigorou durante o Estado Novo é considerado
antiparlamentar e antipartidário, uma vez que o único partido político aceite pela força
política, que na altura era responsável pela apresentação de candidaturas aos órgãos
electivos de poder, foi a União Nacional, sendo que os restantes foram ilegalizados, o
mesmo aconteceu mais tarde com as associações políticas. Eram permitidos em alguns
actos eleitorais a apresentação de listas não afectas à União Nacional, mas a sua
existência era apenas consentida momentaneamente e era impossível a eleição de
qualquer candidato destas listas, pois a fraude eleitoral ou a repressão provocada pela
poderosa polícia política (PIDE) provocava o esvaziamento de candidatos afectos a
estas ou porque se encontravam presos ou porque desistiam por falta de condições

6) Outras características do regime


 Tal como outros regimes autoritários da época, o Estado Novo possuia lemas
para mostrar resumidamente a sua ideologia e doutrina: "Tudo pela Nação, nada
contra a Nação" e "Deus, Pátria, Família" são os mais conhecidos e utilizados;

 O Estado Novo autoritário declarava-se limitado pelo Direito e pela Moral


cristã, considerando, por isso, não ser classificável como um regime totalitário,
considerando-se sempre um Estado de direito;

 O culto do Chefe, Salazar (e depois, sem grande êxito, Marcello Caetano), é


representado como um chefe paternal, mas austero, eremita "casado com a
Nação", sem as poses bombásticas e militaristas dos seus congéneres Francisco
Franco, Mussolini ou Hitler; Salazar era muitas vezes mencionado como um
"ungido de Deus", o "salvador da Pátria", ou o "redentor da Nação";

 Um serviço de censura prévia às publicações periódicas, emissões de rádio e de


televisão, e de fiscalização de publicações não periódicas nacionais e
estrangeiras, protegendo permanentemente a doutrina e ideologia do Estado
Novo e defendendo a moral e os bons costumes;

 O regime apoia-se na propaganda política (fundando o Secretariado de


Propaganda Nacional, a SPN) para difundir os bons costumes, a doutrina e a
ideologia defendida pelo Estado Novo;
 Uma polícia política repressiva (conhecida por PIDE), omnipresente e detentora
de grande poder, que reprime apenas qualquer oposição política expressa ao
regime, de acordo com critérios de selectividade pontual, nunca se
responsabilizando por crimes de massas, ao contrário das suas congéneres
italiana e especialmente alemã, a PIDE semeia o terror, o medo e o silêncio nos
sectores oposicionistas que fossem activos na sociedade portuguesa, protegendo
o regime de qualquer Oposição organizada, e com visibilidade pública; os
opositores políticos mais activistas eram interrogados e, aqueles que apoiavam
ou pertenciam a organizações que defendiam a luta armada contra o Regime ou
que tinham ligações às potências inimigas de Portugal eram por vezes torturados
e detidos em prisões (ex: Prisão de Peniche e Prisão de Caxias) e campos de
concentração (ex: Tarrafal);

 Além da PIDE, o regime apoia-se também nas organizações paramilitares


(Legião Portuguesa) para proteger o regime das ideologias oposicionistas,
principalmente o comunismo.

 O sistema educacional é controlado pelo regime (uma educação nacionalista e


ideológica) e centra-se na exaltação dos valores nacionais (ex: o passado
histórico, o grande Império Colonial Português, a religião, a tradição, os
costumes, o serviço à comunidade e à Pátria, a solidariedade humana numa
perspectiva cristã, o apego à terra...), no ensinamento e difusão da ideologia
estatal aos jovens; teme as pessoas de correntes políticas diferentes que têm um
nível educacional alto e que defendem ou o Capitalismo ou o Comunismo, com
os quais Salazar mantinha uma relação de desconfiança (no primeiro caso) ou
até mesmo de rejeição (no segundo caso), visto que ele se orientava pela
Doutrina Social da Igreja, que defendia uma solução económica de pequena
iniciativa privada (para maior distribuição de riqueza) e de maior protecção dos
assalariados/trabalhadores do que aquela que existia normalmente nos sistemas
capitalistas de então;

 Um projecto nacionalista e colonial que pretende manter à sombra da bandeira


portuguesa vastos territórios dispersos por vários continentes, "do Minho a
Timor", mas rejeitando a ideia da conquista de novos territórios (ao contrário do
expansionismo do Eixo) e que é mesmo vítima da política de conquista alheia
(caso da Índia Portuguesa) e no qual radica a manutenção de uma longa guerra
colonial começada em 1961, uma das causas do desgaste e queda do regime,
para proteger os seus territórios ultramarinos;

 O regime era extremamente cauteloso nas relações diplomáticas, principalmente


durante a década 30 e 40, que leva Salazar, por um lado, a assinar um pacto com
a vizinha Espanha franquista e anticomunista e, por outro, a hesitar longamente
entre o Eixo (compostos por ditaduras) e os Aliados (compostos por
democracias e pela União Soviética, um regime comunista) durante a Segunda
Guerra Mundial;
 A ilegalização da Maçonaria em Portugal, através da Lei n.º 1901, de 21 de
Maio de 1935. Todos os funcionários públicos eram obrigados a assinar uma
declaração rejeitando a Maçonaria e garantindo não serem membros dela, antes
de poderem tomar posse nos seus cargos. A sede do Grande Oriente Lusitano (o
Grémio Lusitano), foi confiscada e encerrada sendo entregue à Legião
Portuguesa que nela instalou a sua sede. Dentro do regime, no entanto, havia
várias personalidades destacadas com um passado de filiação ou afinidades
maçónicas, caso do Presidente da República, Óscar Carmona (sendo esta
informação não confirmada), e do primeiro presidente da Assembleia Nacional,
José Alberto dos Reis, mas que, todavia, não opuseram qualquer resistência à
ilegalização das chamadas «associações secretas»,e que, pelo contrário, a
apoiaram.

7) Presidentes da República durante o Estado Novo


a) Reorganização geral de Portugal levado a cabo pelo Regime

Nos primeiros anos do Estado Novo, Salazar, o seu "Chefe", teve o difícil trabalho de
efectuar uma reorganização geral de Portugal, particularmente nas áreas política,
económico-financeira, social e cultural. O seu principal objectivo era restabelecer a
ordem e a estabilidade nacional. Mas, mesmo que estas já estivessem restauradas em
Portugal, Salazar defendia que ele iria continuar a Revolução Nacional enquanto que no
País ainda continuasse a haver uma única pessoa sem condições de vida aceitáveis. Com
esta afirmação, ele revelou que não iria abandonar o poder.

8) Economia e Finanças
Quando Salazar chegou ao poder, ele efectuou muitas reformas económico-financeiras,
como a diminuição substancial das despesas do País e a instituição de inúmeras taxas,
conseguindo assim equilibrar as Finanças (naquele tempo e mesmo agora, era
considerado um "milagre" para muitos portugueses) e aumentando o valor do escudo.
Tentou combater a inflação, regulando simultaneamente os preços dos produtos e os
salários.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Estado Novo conseguiu manter Portugal neutro
deste conflito militar sangrento. Devido ao desiquilíbrio dos sistemas de produção da
maioria dos países europeus, Portugal ficou privado de importações e isto causou o
aumento da produção nacional, incentivado pelo regime. Durante boa parte do conflito,
a balança comercial portuguesa manteve saldo positivo, com as exportações a
ultrapassarem as importações, facto que não se verificava desde há dezenas de anos, e
que até à actualidade ainda não voltou a verificar-se. Portugal exportava
predominantemente produtos têxteis, metais e volfrâmio para os países europeus em
guerra (fossem eles apoiantes do Eixo ou dos Aliados), acumulando assim muitas
divisas e desenvolvendo de certa forma a economia portuguesa. Esta situação
económica conseguiu também atenuar os problemas provocados pela Guerra Civil
Espanhola (1936-1939) e pela própria Segunda Guerra Mundial, que trouxeram consigo
o racionamento dos alimentos e um disparo temporário da inflação.

Na década de 50, começou a abrir a economia ao estrangeiro e permitiu a entrada


regulada de capitais estrangeiros, desenvolvendo muito a economia (principalmente a
indústria química e metalomêcanica, o turismo, os transportes e o sector energético) e as
infraestruturas, principalmente pontes, estradas e barragens. É também neste período
que o País entrou na Associação Europeia de Livre Comércio (1959). A partir desta
década até à morte de Salazar (1970), o PIB de Portugal teve um crescimento anual de
5.66%.

Mas, mesmo com este grande crescimento económico, a economia portuguesa,


continuando a ser predominantemente rural e a ser altamente supervisionada pelo
regime, continuava a ser atrasada em relação às grandes economias da Europa, embora
menos do que durante a 1ª República. No fim da década de 60, Portugal era um dos
países com um rendimento per capita mais baixo da Europa, significando que possuía
uma mão-de-obra barata e que muita gente vivia da agricultura de subsistência, que não
é geradora de rendimentos, embora tal não signifique que existisse desemprego real, ou
que não houvesse produção abundante de alimentos. Havia contudo fortes
desequilíbrios regionais em Portugal, com as cidades (principalmente as que ficam junto
ao litoral) a expandir-se e a beneficiarem do crescimento económico, e as zonas rurais a
continuarem a não se desenvolver ao mesmo ritmo, apesar do crescente número de vias
de comunicação e outras infra-estruturas (rede eléctrica, etc.) que nelas iam sendo
construídas. O atraso no desenvolvimento das zonas rurais, aliado ao súbito aumento da
população a chegar à idade adulta (provocado pela melhoria das condições de saúde e
pela diminuição da mortalidade infantil), fez com que se verificasse um excesso
populacional e uma certa aversão ao atraso que se vivia nos campos, o que levou quase
2 milhões de pessoas, na grande maioria delas oriundas das zonas rurais, a emigrar ou
para as cidades que então estavam a crescer, ou para o estrangeiro, principalmente
França, Estados Unidos da América, Canadá e Alemanha (entre os que emigraram para
o estrangeiro, contavam-se também muitos jovens que desejavam apenas fugir ao
cumprimento do serviço militar em África).

Com o decorrer da Guerra Colonial Portuguesa, o desenvolvimento de Portugal a nível


económico-financeiro abrandou, devido sobretudo às enormes despesas militares
efectuadas pelo regime.
9) Ultramarina
O Estado Novo mantém a ideologia colonialista da 1ª República pelo que procurou
activamente manter as suas possessões ultramarinas, consideradas pelo regime uma das
fontes do prestígio e orgulho nacional. Por esta razão, Salazar sempre se preocupou com
os problemas do Ultramarina e tentou resolvê-los. Logo em 1930, promulgou-se o Acto
Colonial, mas na década de 50 e 60, apareceram novos problemas e necessidades, por
isso Salazar e os seus Governos começaram a evoluir o Conceito Ultramarino Português
e terminaram por se definirem uma Solução Portuguesa e uma Política Ultramarina
Portuguesa, correctas no acerto, realismo e modernidade, para resolver tais problemas.
Mas, devido aos erros efectuados por Salazar (com uma idade já muito avançada
naquela época) e ao novo panorama internacional (a condenação do colonialismo e a
descolonização em massa de muitas colónias), os povos das províncias ultramarinas
portuguesas começaram também a procurar a sua autodeterminação e isto causou a
Guerra do Ultramarina (1961-1974). Esta longa guerra causou muitas mortes, arruinou
Portugal e o país começou a sentir muitas dificuldades económico-financeiras,
dificuldades estas que a Nação já não sentiu durante muito tempo, e uma forte pressão
internacional (a ONU, principalmente os E.U.A., condenava o colonialismo).

Os problemas do Ultramarina foram mal resolvidos e estes problemas causaram o


alargamento da oposição ao Estado Novo, a Guerra do Ultramarina (1961-1974),
dificuldades económico-financeiras e sociais, e, posteriormente, a queda do regime.

10) Ordem e estabilidade


Salazar, além de reorganizar as finanças e de reanimar a economia, investiu nos sectores
da educação básica (construção de milhares de escolas primárias), da saúde (construção
de um número considerável de hospitais e centros de saúde, então designados por
"Casas do Povo") e das infra-estruturas (barragens, estradas e abastecimento eléctrico a
algumas vilas e aldeias portuguesas), trouxe também estabilidade e ordem ao País,
efectuando a corporativização da Nação. Contudo, esta estabilidade foi conseguida à
custa da proibição de todos os partidos políticos (à excepção da União Nacional), à
repressão e por vezes perseguição dos alegados "destabilizadores" da Nação
(designação que era aplicada tanto àqueles que defendiam uma Oposição organizada
como aos bombistas ou elementos de partidos com ligações a potências inimigas de
Portugal, suspeitos de espionagem a favor das mesmas), aliados ao controlo do ensino, à
formação de organizações juvenis e paramilitares a favor do Estado, à proibição de
greves e à censura de certas publicações. Outro factor que contribuiu para a obtenção da
estabilidade foi a manutenção da neutralidade portuguesa em vários conflitos, como a
Segunda Guerra Mundial, e a reparação das relações entre Portugal e a Igreja Católica
(a maioria dos portugueses são católicos, muitos deles devotos) com uma concordata.
11) Bibliografia

 António Ferro - Salazar, le Portugal et son Chef, Paris, 1934.

 Pedro Teotónio Pereira - A Batalha do Futuro, Lisboa, 1937.

 Marcello Caetano - O Sistema Corporativo, Lisboa, 1938.

 J. Teixeira Ribeiro - Princípio e Fins do Sistema Corporativo Português, Lisboa,


1938.

 A. Castro Fernandes - O Corporativismo Fascista, Lisboa, 1938.

 C. Rudel - Salazar, Paris, 1969.

 Manuel de Lucena - A evolução do sistema corporativo português, 2 volumes,


Lisboa, Perspectivas e Realidades, 1976.

 Manuel de Lucena - “The Evolution of Portuguese Corporatism ” in Lawrence


S. Graham e Harry M. Makler, Contemporary Portugal: The Revolution and Its
Antecedents, Austin, University of Texas, 1979, 48-62.

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