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A História do Ouro Nazista

A História do Ouro Nazista

Parte 1: O Tesouro Merkers

do website

O ouro nazista – as palavras crepitam com um terror eletrizante como o raio de um


relâmpago fatiando pelo céu. Não existem outras duas palavras que ligadas desencadeiem
mais imagens da intriga e da brutalidade nazista. Infelizmente, há muitas lendas sobre o
saque nazista, bem com existem muitas histórias verdadeiras. Nenhum outro aspecto da
Segunda Guerra Mundial tem causado mais controvérsia, mais mitos e mais atordoamento.
Até mesmo depois de mais de cinquenta anos, desde o fim da guerra, um mar de
controvérsia ainda permanece. Igualmente importante, mas raramente mencionado, é o
tesouro do saque coletado pelo Imperador do Japão. Ambos tesouros contêm enormes
quantidades de ouro, prata, platina, jóias, arte e outros valores saqueados de um terço do
mundo.

A outra razão que se acrescenta à controvérsia é a extrema complexidade do assunto. Uma


visão toda abrangente do ouro nazista é quase impossível, na medida em que isto envolve o
Vaticano, bancos suíços, bancos sul americanos, o Banco da Inglaterra, o Federal Reserve e
os planos nazista para um renascimento. Adicionalmente, alguns principais oficiais nazistas
se apoderaram de algum ouro e valores em tesouros pessoais. Sobretudo, os Aliados nunca
relataram todo o ouro que eles recuperaram e o que a União Soviética recuperou
permaneceu oculto por trás da Cortina de Ferro e só agora está se tornando conhecido.
Quanto do tesouro tem sido recuperado é grandemente um jogo de suposições, na medida
em que as estimativas disputadas variam selvagemente. A única certeza que cerca o tesouro
é que grande parte dele permanece não contabilizado. Sobretudo, grande parte da riqueza
foi muito provavelmente gasta reconstruindo a Alemanha depois da guerra. A riqueza
tomada das vítimas dos nazistas custearam ao menos em parte o chamado milagre europeu
na reconstrução da Europa depois da guerra.

Os nazistas tinham planos precisos para uma volta, como já detalhado em revisões
históricas anteriores. Estes planos repousavam em sua habilidade de esconder seu saque
fatídico dos Aliados. Parte do tesouro tem sido recolhido seguramente em secretas contas
bancárias suíças. Outras porções foram embarcadas para a América do Sul [primariamente
para a Argentina] para salvaguarda. Um dos condutos para a Argentina estava sob o
controle e direção de Martin Bormann.

Provavelmente nenhum outro nazista tinha mais palavras escritas do que Martin Bormann.
Seu destino apenas recentemente tem sido determinado. Contudo, os valores que ele
embarcou para a Argentina em seu projeto Ação Terra do Fogo [Action Feuerland] ainda
estão nublados por um fog de mistério e intriga.
Há várias narrativas sobre o destino de Bormann; algumas plausíveis e outras absurdas. A
narrativa mais comum e crível é a de que Bormann alcançou a América do Sul e viveu sua
vida lá. Uma narrativa igualmente provável é a de que Bormann morreu durante os últimos
dias do Terceiro Reich enquanto tentava escapar de Berlim. Em uma terceira narrativa,
Bormann escapou para a União Soviética e viveu sua vida lá. O General Gehlen começou
esta narrativa. Ele afirmou ter reconhecido Bormann entre a multidão de um jogo de futebol
quando a câmera da televisão passava pelos espectadores. Por último, duas narrativas
ridículas tem emergido. Uma indica que Bormann era uma mancha soviética dentro do
círculo interno de Hitler. A outra afirmou que uma unidade de comando britânica resgatou
Bormann de Berlim para recuperar o tesouro nazista. Ele então viveu sua vida no interior da
Inglaterra.

Obviamente, teria sido vantajoso para Bormann ser declarado morto em Berlim se ele
tivesse sobrevivido. Não obstante, recente DNA retirado de um dos crânios encontrados em
Berlim combinou estreitamente com o de um tio de Bormann. O crânio ainda tinha
estilhaços de vidro entre os dentes. Se esta evidência for de fato correta, sugeriria que
Bormann, sendo incapaz de escapar de Berlim, cometeu suicídio.

Antes que os testes de DNA estivessem disponíveis, existia uma controvérsia considerável
sobre a identidade do crânio. De fato, o crânio estava encrostado de argila vulcânica
vermelha não encontrada no solo ao redor de Berlim, mas que combina estreitamente com o
solo do Paraguai. Não obstante, o governo entregou os restos à família que os cremaram e
espalharam as cinzas no mar, na esperança de manter a controvérsia por todo o tempo.

Sobretudo, houve idôneos avistamentos de Bormann na América do Sul até a década de


1960. Considerando que o crânio estava encrostado de argila vermelha, parece que
Bormann morreu na América do Sul e mais tarde seu corpo foi movido para Berlim. Esta
opinião seria muito mais provável do que acreditar que ele morreu em Berlim. Há centenas
de relatos críveis desde o fim da guerra até a decada de 1960 de avistamentos de Bormann
em vários locais da Europa e mais tarde na América do Sul. Acreditar que Bormann morreu
em Berlim exige desacreditar em todos estes relatos. Então, seu último destino é ainda
desconhecido e nebuloso em um mar de controvérsia.

Contudo, o destino final de Bormann é somente de importância secundária neste capítulo.


O que é de maior preocupação é o destino dos bens que ele enviou da Alemanha para a
Argentina. Dois dos melhores livros cobrindo Bormann e a América do Sul são
“Aftermath” de Ladislas Farago e “Martin Bormann: Nazi In Exile” de Paul Manning.
Ambos tem sido desacreditados em algum grau. Manning foi um repórter durante a
Segunda Guerra Mundial e escreveu os dois livros sobre a Segunda Guerra Mundial que
são vistos como clássicos. Manning admite que Allen Dulles o enganou a respeito da
América do Sul. A questão então permanece porque Dulles deliberadamente enganaria o
autor. Como devemos ver mais tarde nos seguintes capítulos, Allen Dulles tinha muito que
esconder.

Conquanto os nazistas tivessem planos concretos para embarcar o máximo de seu ouro e
valores para outros países, os EUA tinham planos de recuperar estes valores. Uma boa
quantidade do esforço americano em recuperar o ouro nazista caiu sob a Operação
Safehaven. Contudo, ninguém entendeu o tamanho enorme e a complexidade da tarefa até o
início de abril de 1945. Tarde no anoitecer de 22 de março de 1945, elementos do Terceiro
Exército do General George Patton atravesaram o Reno. O que primeiro foi uma corrente se
soldados atravessando o Reno, logo se tornou em uma furiosa inundação de tropas.

Pelo meio dia de 4 de abril, o Terceiro Exército tinha capturado a vila de Merkers. Durante
os dias 4 e 5 de abril um destacamento de CIC (unidade de countra-inteligência) questionou
pessoas deslocadas na vizinhança. Muitas destas pessoas deslocadas disseram ao CIC que
uma atividade não usual havia sido observada ao redor da mina de potássio de Wintershal
AG em Merkers. Posteriormente, estes rumores sugeriram que o Reichsbank tinha
escondido suas reservas de ouro lá. A informação foi passada aos G2 e eles imediatamente
emitiram uma ordem para excluir os civis da área.

Em uma barreira de estrada na manhã seguinte, duas mulheres das pessoas deslocadas se
aproximaram da barreira e foram questionadas pelos guardas. Uma estava grávida e a
caminho de Keiselbach para ver uma parteira. Os guardas no bloqueio então levaram as
mulheres de volta para Merkers. Ao entrarem em Merkers, o motorista do jipe perguntou às
mulheres que tipo de mina era Kaiseroda. Elas disseram a ele que era onde os nazistas
tinham ocultado seu ouro e outros valores.

Pelo meio dia de 6 de abril, esta informação tinha alcançado o Ten. Cel. William A.
Russell. Ele se dirigiu a Merkers e questionou vários civis deslocados que confirmaram a
história. Adicionalmente, Russell aprendeu que o Dr. Paul Ortwin Rave, curador do Museu
do Estado Alemão em Berlim bem como diretor assistente das National Galleries em
Berlim, estava presente para cuidar das pinturas. Russell então confrontou os oficiais da
mina com a informação. Ele também questionou Werner Veick, o tesoureiro chefe do
Departamento de Notas Estrangeiras do Reichsbank que também estava na mina. Rave
admitiu seu papel em cuidar das pinturas. Veick disse a Russell que a inteira reserva de
ouro do Reichsbank estava oculta na mina.

Os telégrafos militares estavam agora explodindo com solicitações de reforços para guardar
a mina. De início, Russell requisitou que o 712o. Batalhão de Tanques recebesse ordens
para se dirigir a Merkers para guardar as entradas da mina. A 19a. Divisão da Polícia
Militar forneceu forças adicionais para guardar as entradas da mina. Pelo anoitecer, cinco
mais possíveis entradas foram descobertas e um batalhão de tanques não era suficiente para
guardar todas as entradas. O Maj. Gen. Herbert L. Earnest então ordenou que o Primeiro
Batalhão do 357o. Regimento de Infantaria continuasse para Merkers e reforçasse o 712o.
Russell também informou a um oficial GR do XII corps o que estava acontecendo na mina.

Na manhã de 7 de abril entradas adicionais da mina foram localizadas. Os guardas foram


colocados em cada uma das entradas adicionais. As 10 AM, Russell e dois outros oficiais
juntamente com Rave e oficiais da mina entraram pela entrada principal. O principal veio
os levou a 2.200 metros abaixo da superfície. No túnel principal eles encontraram 550 sacos
de Reichsmarks. Descendo mais o túnel, eles encontraram a caverna principal. A caverna
estava por trás de uma parede de tijolos de três pés de espessura e abarcava uma área de ao
menos 100 pés de largura. No centro estava uma pesada porta de banco.
Patton foi informado que tinham entrado na mina e uma grande quantidade de Reichsmarks
fora encontrada, mas nenhum ouro. Na medida em que as forças de Patton continuavam seu
avanço relâmpago dentro da Alemanha, Patton ordenou que o 357o. Regimento de
Infantaria exceto o Primeiro Batalhão, se movesse e unisse a 19a. Divisão de Infantaria.
Patton também ordenou que a porta da caverna fosse aberta por explosivo.

Cedo em 8 de abril, Russell, acompanhado de um oficial de assuntos públicos, fotógrafos,


repórteres e elementos do 282o. Batalhão de Engenharia de Combate reeentraram na mina.
A porta foi facilmente explodida. Eles entraram no que foi chamado de SALA 8. O
tamanho do tesouro era simplesmente surpreendente. Espalhado diante deles estava uma
sala de aproximadamente 75 pés de largura por 150 pés de comprimento. A sala estava
iluminada mas não ventilada.

Jazendo diantes deles estavam mais de 7.000 sacos, se esticando todo o caminho para o
fundo da sala. Os sacos eram colocados em 20 filas limpas ao redor da altura dos joelhos e
separadas por aproximadamente 2.5 pés. Todos os sacos estavam marcados. Ao longo de
um lado da sala eles encontraram moeda afiançada empilhada. No fundo da sala estavam 18
sacos e 189 maletas, baús e caixas; cada um cuidadosamente marcado. Cada rótulo foi
marcado com o nome Melmer. Era óbvio que estes containers pertenciam a SS. Também
foi a primeira pista da complexidade e escopo do saque nazista da Europa.

Alguns dos selos nos sacos foram quebrados e assim o estoque pode ser inventariado. O
inventário revelou que havia 8.198 barras de lingotes de ouro; 55 caixas de lingotes de ouro
encrustados; centenas de sacos com itens de ouro; mais de 1.300 sacos de Reichsmarks de
ouro, libras esterlinas britânicas, e francos franceses de ouro; 711 sacos de peças de ouro de
20 dólares americanos; centenas de sacos de moedas de ouro e de prata; centenas de sacos
de moeda estrangeira; 9 sacos de moedas valiosas; 2.380 sacos e 1.300 caixas de
Reichsmarks (2.76 bilhões de Reichsmarks); 20 barras de prata; 40 sacos contendo barras
de prata; 63 caixas e 55 sacos de placas de prata; 1 saco contendo seis barras de platina; e
110 sacos de moedas de vários países. Em um outro túnel uma grande quantidade de
trabalhos de arte foi encontrado. O tesouro também revelou a brutalidade do regime nazista.
Incluido no inventário estavam sacos de preenchimentos de ouro de dentes extraidos das
vítimas dos campos de concentração.

Uma vez ciente do enorme tamanho do tesouro, Patton considerou que o assunto era
político e imediatamente solicitou que fosse entregue ao SHAEF. Eisenhower indicou o
Coronel Bernard D. Bernstein, vice chefe, ramo financeiro, G-5 Divisão do SHAEF. Em 15
de abril, um comboio com constante proteção de caças acima moveram o tesouro para o
Reichsbank em Frankfurt.

Por meados de agosto, o ouro tinha sido pesado e avaliado. O ouro foi avaliado em
262.213.000 dólares. A prata foi avaliada em 270.469 dólares. Adicionalente, uma tonelada
da platina e oito sacos de raras moedas não tinham sido avaliados. No início de 1946, o
ouro foi entregue a Agência de Reparação Inter-Aliada e entualmente foi entregue a
Comissão Tripartite para a Restituição do Ouro Monetário. A Comissão Tripartite devolveu
o ouro aos bancos centrais dos países de onde ele foi saqueado tão logo possível. Contudo,
devido a Guerra Fria, algum ouro não foi distribuído até 1996.
A distribuição do ouro de Merkers, contudo, não é sem controvérsia.

Nenhuma contabilade foi realizada de quanto do ouro recuperado foi oriundo de


derretimento do ouro dentário. Muito interessantemente, o exército microfilmou os
registros do Departamento de Metais Preciosos do Reichsbank em 1948. Estes registros
foram entregues a Albert Thoms, que estava trabalhando para o banco sucessor do
Reichsbank. Estes registros desde então desapareceram na Alemanha e não foram
relocalizados até a década de 1990.

Nenhum outro grupo de ouro e valores foi encontrado na Europa que se rivalize ao tamanho
do achado em Merkers. Embora um dos grupos do Golden Lily, o tesouro saqueado do
imperador japonês, relatadamente desenterrado por Marcos nas Filipinas fosse maior. O
único grupo possível da Europa que pode rivalizar com o achado de Mercers seria o de
Ustashis. Contudo, o ouro e valores saqueados pelos Ustashis nunca tem sido localizado e a
melhor evidência sugere que foi contrabandeando para fora da Europa pelo caminho do
Vaticano-CIA. Quanto do grupo Ustashi foi para dentro das cavernas do Vaticano ainda é
envolto em segredo e mistério. Vários outros grupos menores foram localizados, a maioria
na região alpína da Áustria, onde os nazistas tentaram estagiar um final resistência.

Não há controvérsia sobre o que consistia o tesouro de Merkers. Isto é sabido com certeza.
A controvérsia está de onde veio o ouro e como ele foi distribuído. Sobretudo, uma outra
controvérsia abunda sobre em que extensão o tesouro de Merkers era o total do tesouro
nazista.

Para alcançar uma estimativa sobre a extensão do saque nazista, as reservas de ouro dos
parceiros comerciais dos nazistas podem ser usadas para criar uma estimativa superior.
Somente um punhado da Alemanha nazista. As estatísticas abaixo estão em milhões de
dólares.

País 1939 reservas 1943 Reservas Aumento


Espanha 42 104 62
Suecia 160 456 294
Turquia 88 221 234
Portugal 79.5 447.1 (1945) 367.6
Suíça 503 1.040 537

Obviamente, nem todo aumento pode ser atribuído aos nazistas. Contudo, as estatísticas
foram colocadas no limite superior. Posteriormente, desde que as únicas moedas não
aceitas mundialmente eram o marco alemão, a lira italiana e o yen japonês, os países
neutros continuaram a aceitar o dólar americano e a libra britânica. Adicional evidência
veio dos declarados depósitos nos bancos suíços que tinham ascendido de 332 milhões de
francos suíços em 1941 para 846 milhões em 1945. Novamente, nem todo o aumento nos
depósitos pode ser atribuído aos nazistas, mas isto estabelece um limite superior de meio
bilhão de dólares.

As estatísticas acima comparam favoravelmente com as mais recentes estimativas


disponíveis. A mais recente evidência resultante dos relatos da iniciativa do Presidente
Clinton, a Suiça recebeu 440 milhões de dólares dos nazistas, dos quais 316 milhões de
dólares foram saqueados. Adicionalmente o relatório da inciativa de Clinton mostra que um
milhão de dólares do ouro foi transferida para o Dresdner Bank e o Deutsch Bank; ambos
os bancos eram bancos comerciais particulares. Estes bancos então venderam o ouro na
Turquia por moeda estrangeira. O relatório continua que mais de 300 milhões de dólares do
ouro nazista alcançaram Portugal, Suécia, Espanha e Turquia.

O Escritório do Exterior realizou uma vigorosa campanha avisando os países neutros sobre
aceitar ouro dos nazistas. O Departamento de Estado dos Estados Unidos se recusou a
apoiar a medida até julho de 1943, quando o aumento alarmante de reservas de ouro dos
países neutros se tornou aparente. Até mesmo então, o apoio do Departamento de Estado
foi no melhor caso, frio.

Os países listados acima não eram meros acidentes. Sem as matérias primas fornecidas pela
Suécia, Espanha, Portugal e Turquia os nazistas não teriam sido capazes de realizarem a
guerra. A Suécia forneceu o vitalmente necessário ferro de alto grau. A Turquia forneceu a
Hitler o cromato. Portugal e Espanha forneceram tungstênio. Todos os três metais eram
necessários para produção das munições de guerra e blindagem pesada. Os cromatos eram
usados para endurecer o aço para a blindagem enquanto o tungstênio era de uso primário
em ferramentas de máquina. As fontes nazistas para ambos os metais eram extremamente
limitadas e eles eram forçados a confiar quase que 100% nestes países.

Considerando que a América do Sul foi o primeiro refúgio para os nazistas depois da
guerra, é instrutivo olhar as mudanças das reservas de ouro dos países da América do Sul,
particularmente a Argentina. As reservas de ouro da Argentina cresceram de 313.83
toneladas métricas em 1940 para 1.064 tonelas métricas em 1945. O aumento nas reservas
de ouro da Argentina, em termos de dólares, foi um salto de 635 milhões de dólares. Para
colocar a estatística em perspectiva, o orçamento dos EUA para 1940 foi de
aproximadamente 9.4 bilhões de dólares. O Brasil também viu um aumento nas reservas de
ouro de 45 toneladas métricas em 1940 para 314 toneladas métricas em 1945, ou um
aumento de aproximadamente 228 milhões de dólares.

As estatísticas acima das reservas lançam alguma luz sobre o destino de algum saque
nazista. Quanto dos aumentos nas reservas de ouro da América do Sul veio da Alemanha
pelo fim da guerra para financiar a planejada volta nazista ainda é desconhecido. Contudo,
o ouro é apenas uma pequena parte do plano e volta dos nazistas. Até mesmo mais valiosos
para os planos nazistas eram as quantidades de ações ao portador, obrigações e um número
de corporações nazistas de fachada estabelecidas mundialmente por Bormann. Estas
corporações mantinham valiosas patentes e produziriam uma corrente incansável de
rendimento para financiar o subterrâneo nazista.

Parte 2: Operações Safehaven

Antes de olhar a recuperação de outros tesouros e os nazistas que o fizeram para a América
do Sul, devemos olhar os vários métodos e programas que os Aliados tomaram para
recuperar o ouro nazista. A Polônia tomou a primeira ação para evitar que os nazistas
saqueassem. As autoridades polonesas tinham movido suas reservas de ouro para a
Romania antes da invasão nazista da Polônia. Infelizmente para o governo polonês, os
nazistas logo dominaram a Romania e se apoderaram das reservas polonesas de ouro.

Vários outros países europeus seguiram um caminho similar. Oficiais franceses do Banco
Nacional embarcaram seu tesouro para os EUA. No fim de 1939, as autoridades belgas
confiaram aos franceses 223 milhões para salvaguarda. Logo depois da invasão alemã dos
Países Baixos, a Bélgica suplicou à França que embarcasse o ouro dela para Londres a
bordo de cruisers militares. Contudo, os franceses transferiram o ouro para Dakar, sua
colonia do Oeste da África do Senegal. Depois da queda da França e das negociações com a
França de Vicky, os nazistas receberam o ouro belga.

Dentro da primeira hora da invasão nazista da Holanda, as autoridades holandesas tinham


embarcados suas reservas de ouro de Amsterdam para a Inglaterra. O segundo barco
contendo as reservas holandesas de ouro estocadas em Rotterdam, carregando 11.012
quilogramas de ouro, bateu em uma mina perto do litoral e foi abandonado. Por 1942, os
nazistas haviam recuperado a maior parte do ouro a bordo. Outros países europeus falharam
em tomar qualquer precaução e os nazistas se apoderaram da reserva de ouro deles tão logo
dominaram o país. Então a maioria das reservas de ouro nos bancos centrais da Europa
caíram nas mãos dos nazistas, exceto as da França e um parte das da Holanda.

A pimeira ação tomada pelos EUA foi a Ordem Executiva 8389 assinada por Roosevelt em
10 de abril de 1940, congelando os bens noruegueses e dinamarqueses nos EUA.
Eventualmente, cada país europeu foi incluido, exceto a Inglaterra. Também incluídos no
congelamento de bens foram o Japão e a China. Ao congelar os bens de um país uma vez os
nazistas o dominassem, evitava-se que os nazistas usassem os bens dentro dos EUA para
ganho posterior.

Em julho de 1942, os EUA publicaram uma lista negra de indivíduos e companhias. Esta
Lista Proclamada de Nacionais Bloqueados proibia o comércio nas Américas com qualquer
nome que aparecesse na lista. Os nomes que apareciam na lista eram considerados hostis
para a defesa das Américas. Por toda a guerra, nomes eram continuamente acrescentados à
lista, que alcançou vários milhares de nomes pelo fim da guerra.

Em 5 de janeiro de 1943, a Declaração Inter-aliada Contra Atos de Despossessão


Cometidos em Territórios sob Ocupação Inimiga ou Controle, melhor conhecido como a
Declaração de Londres, foi anunciado. A medida declarou que os Aliados não mais
reconheceriam a transferência de propriedade nos países ocupados até mesmo se isso
parecesse legal. Os Aliados estavam cientes que os nazistas nos países ocupados estavam
forçando as pessoas a venderem ou transferirem propriedade para eles. Até esta data, os
nazistas tinham dolorosamente criado a ilusão que tais transferências eram legais.

Em 22 de fevereiro de 1944, os EUA anunciaram a Declaração de Compra de Ouro. Os


EUA declararam que não mais reconheceriam a transferência do ouro saqueado do Eixo. Os
EUA posteriormente declararam que não compariam ouro de qualquer nação que não
tivesse cortado relações com o Eixo. A Inglaterra e a União Soviética fizeram declarações
similares.
Em julho e agosto de 1944, o Acordo de Bretton Woods foi alcançado. O Acordo pediu que
os países neutros evitassem a disposição ou transferência de bens nos países ocupados. Em
14 de agosto de 1944, os EUA, Reino Unido, Suíça, o Acordo de Comércio de Guerra
exigiu que a Suiça reduzisse o comércio com os nazistas.

Em 6 de dezembro de 1944, a Operação Safehaven foi organizada.

Em 10 de dezembro de 1944, o Departamento de Estado divulgou o papel exigindo uma


linha suave em relação a Suíça. Esta data marca o primeiro passo na sabotagem do esforço
de devolver os bens às vítimas do Holocausto. Em essência, é a continuidade da rixa entre o
Departamento do Tesouro e o Departamento do Estado em termos de paz e os programas
4Ds de artigos anteriores.

Em fevereiro de 1945, a Conferência de Yalta concordou que as reparações seriam exigidas


da Alemanha. A Conferência também estabeleceu o trabalho de base para a Comissão
Aliada de Reparações.

A Operação Safehaven é de longe a maior e mais conhecida operação que os Aliados


lançaram para recuperar os bens saqueados pelos nazistas. Leo T. Crowley, Diretor de
Administração Econômica Estrangeira (FEA) primeiro propôs a necessidade de uma
organização para a Safehaven em uma carta, ao Secretário do Tesouro em 5 de maio de
1944. Sobretudo, William T. Stone, Diretor do Ramo de Áreas Especiais do FEA, pediu
para incluir os britânicos bem como as várias outras agências dos EUA em uma carta para
Livingston T. Merchant no Departamento de Estado, em 15 de maio de 1944. Desde então,
Safehaven envolveu elementos dos Departamentos de Estado e do Tesouro; isto foi
pragueado desde o início por uma intensa rivalidade entre os dois departamentos.
Safehaven sofreria o mesmo destino do programa 4D que levou ao atraso no indiciamento
de criminosos de guerra e na desnazificação da Alemanha.

Em maio de 1944, Samuel Klaus, Assistente Especial do Conselho Geral do Departamento


do Tesouro, propôs um plano para uma missão de achado de fatos para os países neutros
lidando com o problema dos bens nazistas ocultos. O planejamento inicial para a viagem
incluia apenas Klaus e Herbert J. Cummings, um funcionário do Departamento de Estado.
Quando o Departamento do Tesouro soube da viagem, o Departamento do Tesouro enviou
vários funcionários para compor uma delegação com Klaus. De agosto a outubro, Klaus
visitou Londres, Estocolmo, Lisboa, Madri, Barcelona e Bilbao para encorajar a
implementação do programa Safehaven. A missão cancelou os planos de visitar a Suiça e
Portugal. A missão foi apenas marginalmente bem sucedida. Em seu relatório final, Klaus
ressaltou seu corrente pensamento em amplas áreas de preocupação, como o trecho abaixo
mostra:

“Ela [Safehaven] é apenas em seus aspectos mais estreitos e relativamente menos


importantes de combater o capital inimigo. Em seus aspectos mais importantes está o uso
dos países neutros como bases para manutenção de bens, talentos e pesquisa necessários
para a conversão da Alemanha para uma base de guerra em uma data futura. A ocultação de
jóias roubadas ou imagens, até mesmo se isto existe, é verdadeiramente importante do
ponto de vista da retribuição dos crimes de guerra. Mas a presença de pessoal da I.G.
Farben na Espanha, a expansão da produção da Siemens na Suécia, ou a presença de
técnicos militares alemães na Argentina são de importância de muito mais longo alcance e
constituem as mais difíceis atividades de Safehaven.”

Klaus tinha encontrado ser a situação na Espanha a mais problemática. Lá, o embaixador
americano, Carlton Hayes, era completamente antipático às investigações da Operação
Safehaven, embora a Espanha fosse o país mais prejudicial aos objetivos de Safehaven. De
fato, o OSS tinha que operar na Espanha por Portugal devido ao embaixador, que
identificaria para a polícia espanhola os agentes encobertos como agentes da inteligência.
Hayes insistiu em censurar todas as mensagens que chegavam e saiam do OSS. Hayes até
mesmo impediu que a Operação Safehaven transmitisse material durante um tempo. Hayes
era definitivamente amigável para uma falha com o regime de Franco; contudo, é creditado
a ele impedir que a Espanha se unisse ao Eixo. Uma tal aliança provavelmente nunca fez
parte dos planos nazistas. Exatamente como Hitler reconheceu a necessidade de uma Suíça
neutra para obter moeda estrangeira e lavar o ouro, os nazistas mais provavelmente
reconheceram a necessidade de um porto neutro no Atlântico para receber os suprimentos.
Um bom exemplo da dependência dos nazistas de um porto Atlântico neutro foi a
importação de gasolina pela Espanha depois que Hitler invadiu a União Soviética.

Hayes estava ciente da importação de petróleo pela Espanha. Em 26 de fevereiro de 1943,


ele comentou que os produtos de petróleo disponíveis na Espanha eram consideravelmente
mais fáceis de se obter do que da Costa Leste dos EUA. Hayes revelou que a gasolina e
produtos do petróleo disponíveis se igualavam a plena capacidade da frota de petroleiros da
Espanha. Esta gasolina era fornecida por ninguém mais que a Standard Oil, de seus campos
de petróleo na América do Sul. Isto também apresentou à administração Roosevelt uma
caixa de Pandora de dilemas. Forçar a Standard a parar os embarques mais provavelmente
teria resultado em que a Standard interrompesse o fornecimento de petróleo para os EUA.
A um ponto da guerra, a Standard tinha ameaçado interromper o suprimento.
Secundariamente, a resposta mais provável dos cidadãos americanos sofrendo pelo
suprimento limitado da gasoina disponível por cartões de racionamento teria sido a rebelião
contra o sistema de racionamento, ao saber que uma companhia americana estava suprindo
os nazistas com o petróleo. Uma comoção similar seria esperada das tropas, muitas das
quais eram convocadas para o serviço. Com as mãos do presidente eficazmente atadas, os
embarques de petróleo para a Espanha continuaram. Se você é rico o suficiente, até mesmo
a traição não é considerada um crime.

Como originalmente proposto, Safehaven era para ser inteiramente operada pela FEA, com
a orientação do Departamento do Tesouro do lado financeiro e informativo e orientação do
Departamento de Estado sobre o estbelecimento da política por outro lado. Contudo, a
intensa rivalidade ente os Departamentos de Estado e do Tesouro e as diferenças com os
britânicos enfraqueceram o papel da FEA. A Resolução VI da Conferência de Breton
Woods deu a Safehaven a firme base lagal. A resolução se baseava nas propostas francesas
e polonesas sobre bloquear os fundos nos países neutros para evitar que os nazistas usassem
os bens saqueados. Em 2 de dezembro, os Deparatemento do Tesouro e do Estado com a
FEA concordaram com os papéis das agências participantes. Cada agência recebeu alguma
medida de liberdade operacional individual. Todos os dados e inteligência eram para serem
centralizados em Londres.
No outono de 1944, o debate de longa duração sobre o tratamento dos neutros se elevou
entre a FEA e o Departamento de Estado. A FEA queria manter os controles no lugar
enquanto o Departamento de Estado queria levantar o bloqueio econômico depois do fim
das hostilidades. Por esta vez, o Departamento de Estado tinha a voz mais forte na operação
de Safehaven. Em outubro de 1944, Morgenthau, o Secretário do Tesouro, Joseph
O’Connell, o Conselheiro Geral para o Tesouro e Harry Dexter White, Diretor de Pesquisa
Montária para o Departamento do Tesouro, concordaram que agentes treinados do Tesouro
deviam ser despachados para suplementar a equipe das embaixadas nos países neutros.

Em 6 de dezembro de 1944, o Departamento de Estado divulgou sua há muito esperada


Instrução Circular para as Missões dos EUA sobre assuntos da Safehaven. A divulgação da
Circular marcou o início das fases politica e diplomática da Operação Safehaven sob o
Departamento de Estado.

Coletar dados e avaliar os dados estavam grandemente confinados ao OSS. Dentro do OSS,
Safehaven foi confinada às divisões SI (Inteligência Secreta) e X2 (contra-inteligência). X2
frequentemente desempenhou um papel dominante dentro do OSS, especialmente com os
mais importantes neutros da Suíça, Portugal e Espanha. X2 estava particularmente
envolvida no esforço de transferir os bens saqueados para países estrangeiros. Para o OSS,
isto significava pouco mais que um redirecionamento de suas operações de inteligência
para obter dados econômicos. A cooperação entre o OSS e Safehaven foi uma de base
informal até 30 de novembro de 1944. No fim de novembro, instruções enviadas a todas as
estações do OSS detalhavam a exigência de inteligência a ser gerada para o programa
Safehaven. Em substância, Safehaven estava indo nas costas das já ativas operações do
OSS.

Sob certas condições, é dificilmente surpreendente que Safehaven fosse dependente das
personalidades dos vários chefes das estações do OSS. Como já foi mencionado, a operação
do OSS na Espanha estava comprometida por causa do embaixador. Na Suíça, Allen Dulles
era o chefe da estação. Dulles já tinha sido esposto por um operação anterior em um
programa conjunto com os britânicos de espionar americanos e era suspeito de sersimpático
à causa nazista. Dulles tinha sido enviado deliberadamente à Suíça onde ele teria a maior
tentação de ajudar seus clientes. Pelo tempo em que Dulles tinha alcançado Berna, ele
estava ciente que estava sendo observado. Dulles sabia que estava incapaz de usar os canais
oficiais para ajudar seus clientes nos EUA. Assim,Dulles usou suas ligações com o
Vaticano para ajudar os nazistas e os correios do Vaticano a ajudarem seus cientes na
América, já que os correios do Vaticano tinham imunidade diplomática. O Vaticano
prontamente concordou em ajudar Dulles no zelo deles de reconquistar seus próprios bens
na Alemanha e adiantar sua fanática filosofia anti-comunista.

Arquivos desclassificados mostram que o bispo esloveno, Gregory Rozman, estava


tentando arranjar a transferência de enormes quantidades de ouro controlado pelos nazistas
e moeda ocidental que tinha sido discretamente colocada nos bancos suíços durante a
guerra. O bispo tinha sido enviado a Berna com a ajuda de amigos de Dulles dentro do
serviço de inteligência. Por uns poucos meses, os Aliados tiveram sucesso em evitar que
Rozman recebesse os fundos. Então repentinamente, Rozman tinha os fundos de seus
amigos nazistas residindo na Argentina. Dulles tinha reparado isto. Esta ação pode ser
apenas a ponta do iceberg. Em 1945, o Departamento do Tesouro dos EUA acusou Dulles
de lavagem de fundos para o Banco Nazista da Hungria para a Suíça. Acusações similares
foram feitas contra o agente de Dulles, Hans Bernd Gisevius, que tinha trabalhado como
um agente do OSS enquanto servia ao Reichsbank. O Departamento de Estado rapidamente
tomou o caso do Tesouro, depois do que a investigação foi silenciada e caiu rapidamente.
Gisevius pode também ter estado envolvido nas rotas de escape para os criminosos nazistas
de guerra.

De fato, a carreira de Dulles em Berna durante a Segunda Guerra Mundial é marcada por
vários casos de lavagem de dinheiro. Depois que os nazistas avisaram Dulles que os
códigos suíços haviam sido quebrados, Dulles mudou sua operação para Bancos da Bélgica,
Luxemburgo e Liechtenstein, usando uma rota indireta pelo Japão auxiliado pelos correios
do Vaticano. Depois do fim da guerra todos os bancos nestes países se recusaram a permitir
que investigadores aliados olhassem os livros deles. Um dos truques mais sujos de Dulles
pode ter sido um esforço para ganhar mais tempo para mover o ouro nazista pela Suíça. Um
ex oficial de inteligência do Bloco Oriental tem confirmado que Dulles avisou os nazistas
que o código japonês havia sido quebrado em um tempo crucial. Logo depois do aviso aos
nazistas, as SS subitamente disseram ao Alto Comando para usar um código de segurança
mais apertado e parar de usar o rádio. Eles subitamente pararam de usar o Ultra e mudaram
para os correios. Por uma vez, os Aliados não tinham informação do plano alemão de
batalha. Isto mais provavelmente explica como os alemães foram capazes de lançar a
Batalha do Bulge como uma completa surpresa.

Dulles e seus camaradas certamente exerciam uma grande quantidade de influência para
assegurar que investimentos americanos na Alemanha nazista não fossem tomados pelas
repartições. Na Suíça, as SS tinham comprado uma grande quantidade de ações em
corporações americanas e lavado o dinheiro delas pelos bancos Chase e Corn Exchange.
Até mesmo mais abrasado foi o caso dos clippers da Pan Am contratados pela W.R. Grace
Corporation para transportar pedras preciosas nazistas, moeda, ações e garantias para a
América do Sul. As operações eram produtos da lavagem de dinheiro de Dulles. Vários
oficiais americanos prontamente admitem que grande parte do ouro nazista nunca foi
entregue a eles. Um oficial admite ter estado em uma enorme caverna cheia de ouro, pedras
preciosas e moeda que nunca apareceram nos arquivos americanos.

Dulles tinha sido um apoiador da Alemanha por um longo tempo e ele via a Alemanha
como uma antepara contra os Soviéticos. O jovem Ten. William Casey foi um outro agente
do OSS que partilhava da opinião de Dulles de uma antepara alemã. Casey serviu na
divisão SI na França e Países Baixos depois que eles foram recapturados. Em um relatório
de Paris, Casey escreveu que Safehaven era um campo valioso de disciplina, especialmente
por causa da potencial alavancagem com os círculos financeiros alemães etc, no futuro.
Depois da guerra, Casey entrou em uma carreira em Wall Street antes de se tornar diretor
da CIA sob Reagan.

Em 1946, os homens de Dulles simplesmente trocaram seus uniformes do OSS e se


tornaram a Unidade de Serviços Estratégicos do Departamento de Guerra dos EUA.
Algumas vezes eles eram o Destacamento do Departamento da Guerra e outras a Unidade
de Disposição de Documentos. De fato, havia duas facções deixadas pelo OSS. Uma, a
facção liberal recebia ordens do Presidente e a outra estava sob o controle de Dulles. Esta
última facção estava esperando uma vitória conservadora por Dewey para que eles
pudessem desencadear seu exército emigrado contra os soviéticos. Dulles tinham um aliado
secreto na IV Região ao redor de Munique, onde o Corpo de Contra-Inteligência (CIC)
estava ajudando a recrutar ex nazistas.

Dado a estreita associação de Dulles com os industrialistas alemães, ele não estava disposto
a dar atenção a Safehaven como Washington esperava. Em novembro de 1944, com os
Aliados agora no controle da França, uma rota por terra para a Suiça tinha sido
restabelecida, o que tornou possível enviar um agente X2 para ajudar a dirigir o programa
Safehaven lá. Por abril de 1945, X2 em Berna tinha desenterrado uma grande quantidade de
informação sobre os negócios nazistas. Incluídos nestes negócios:

Ouro e garantias saqueados da Europa e recebidos por certos bancos suíços.

Fundos adicionais do Deutsche Verkehrs-Kreditbank de Karlsruhe para Basel.

Ações e garantias mantidas em Zurique por firmas particulares pelo partido nazista.

Tesouros de francos suíços creditados a contas particulares em vários bancos suíços.

Dinheiro e propriedade mantida em Liechtenstein.

Mais de dois milhões de francos mantidos pelo Reichsbank na Suíça.

45 milhões de Reichsmarks mantidos em contas encobertas em banco suíço.

Uma tal informação reunida em menos de quatro meses pelo agente do X2 somente
confirma a informação que ter submergido sobre os anos que Dulles estava trabalhando
bastante para os nazistas esconderem seu saque, especialmente considerando que Dulles era
amigo do Diretor Americano do Banco para Assentamentos Internacionacionais e
principais oficiais de bancos nazistas.

Depois da investigação sobre sua lavagem de dinheiro, Dulles pediu demissão do OSS e
voltou a New York. Ele então procurou Thomas McKittrick, o ex chefe do Banco
Internacional de Assentamentos. Os nazistas tinham movido uma grande quantidade de
seus bens da Suíça para a Argentina. Dulles logo foi trabalhar para um surpreendente
número de clientes argentinos. Dulles e Donovan concordaram que cada esforço deveria ser
feito para sabotar Truman e os liberais. Para este fim, Dulles enganou Donovan para servir
na diretoria da Corporação de Comércio Mundial da qual Dulles era o advogado. O
dinheiro nazista fluiu em um círculo da Alemanha para o Vaticano e então para a Argentina
e de volta para a Alemanha. A economia da Argentina floresceu pelo influxo do dinheiro
nazista. O chamado milagre econômico da década de 1950 veio do mesmo dinheiro que os
nazistas saquearam da Europa na década de 1940.
Desde o início, Safehaven era um projeto ambicioso com várias metas além de seu objetivo
imediato de forçar os países neutros a pararem de comerciar com os nazistas. As metas
secundárias de Safehaven estão listadas abaixo: .

Restrigir a penetração econômica alemã fora das fronteiras do Reich.

Evitar que a Alemanha sequestrasse bens em países neutros.

Assegurar que os bens alemães estariam disponíveis para reparações pós-guerra e para
reconstruir a Europa.

Evitar a escapada daqueles membros da elite regente nazista que já tinha sido marcada para
os julgamentos dos crimes de guerra.

Embora Safehaven fosse um programa grande e ambicioso, ele foi terrivelmente falho pela
falta de pessoal. Até a rendição dos nazistas em maio de 1944, os agentes do SI designados
para Safehaven tinham que se concentrar em informação estratégica antes de devotarem
qualquer tempo a Safehaven. Agentes bem treinados adicionais simplesmente não estavam
disponíveis. Secundariamente, Safehaven foi pragueada desde o início com a longa
rivalidade entre os Departamentos do Tesouro e do Estado e em menor extensão pela
hesitação britânica em empregar medidas rígidas. Finalmente, o sucesso da Operação
Safehaven foi proporcional à voluntariedade dos países neutros em cumprirem as demandas
dos aliados de pararem de comerciar com os nazistas. Finalmente,as operações de
Safehaven foram frequentemente [durante a guerra e especialmente pelo fim do guerra]
deixadas nas mãos do CIC, o Corpo de Contra-Inteligência, ou do CID, a Divisão de
Investigação Criminal dos militares. Quando as tropas de Patton se levantaram em Dachua,
não havia oficiais disponíveis para prenderem os remanescentes guardas SS e eles
simplesmente foram embora sem serem molestados.

Parte 3: A Ação TERRA DO FOGO [Aktion Feuerland] de Bormann

O Ministério de Guerra Econômica (MEW) britânico estimou que o tesouro de Merkers era
apenas 20% de todo o ouro mantido pela Alemanha. Em agosto de 1945, o Banco da
Inglaterra estimou que lá haveria somente o suficiente em ouro disponível para 50% das
queixas de restituição. Isto somente concluiu as queixas dos bancos centrais e não as
queixas particulares. Para onde foi o resto de ouro? Até este dia, a CIA nega que os nazistas
tivessem um plano de retorno a despeito dos capturados documentos nazistas mostrarem o
contrário. Até mesmo membros do Congresso e em particular membros do Comitê Kilgore
estavam cientes dos planos nazistas para uma volta. Eles vieram de documentos capturados
perto do fim da guerra. Para entender para onde foi o ouro desaparecido, precisamos olhar
os planos de retorno dos nazistas.

Definitivamente os nazistas tinham planos organizados para um retorno. No centro do


plano estava Martin Bormann, o Reichsleiter. Bormann tinha subido nos escalões para
Secretário do Partido, o posto número dois na hierarquia nazista. Hitler tinha confiado a
Bormann assegurar que o Reich seria capaz de programar um retorno, uma vez as
hostilidades cessassem. O encontro na Casa Vermelha foi o início do esforço de Bormann
de expandir seu plano para incluir industriais e oficiais de alto escalão. O encontro tinha
sido resultado de uma ordem de Bormann. Contudo, Bormann não compareceu ao
encontro. O Departamento do Tesuro tinha uma transcrição do encontro de um documento
capturado. O agente SS que conduziu o encontro disse ao grupo que todo material industrial
era para ser imediatamente evacuado para Alemanha imediatamente; admitindo que a
batalha pela França estava perdida. Ele também assegurou que a ‘Lei da Traição Contra a
Nação’ sobre troca estrangeira foi repelida. Em uma conferência menor naquele anoitecer,
o Dr. Bosse do Ministerio Alemão de Armamentos indicou que o governo nazista tornaria
enormes somas disponíveis para os industriais para ajudar a assegurar bases em países
estrangeiros. O Dr. Bosse aconselhou os industriais que dois bancos principais podia ser
usados para a exportação do capital: Schweizerische Kreditanstalt de Zurique e o Basler
Handelsbank. Ele também aconselhou os industriais de ocultações suíças que comprariam
propriedade suíça por uma comissão de 5%. Um mês mais tarde, Bormann supendeu a
politica da terra queimada de Hitler para preservar a base industrial da Alemanha.

Bormann sabia que os nazistas haviam perdido a guerra desde que os Aliados
desembarcaram na Normandia no Dia D. Ele se concedeu nove meses para colocar em
operação seu programa de fuga de capitais e encontrar um paraíso seguro para os bens
líquidos dos nazistas. Essencialmente, a área da Alsácia e Lorena serviria como um
microcosmos para seus planos. Os alemães possuiam o interesse controlador em muitos
bancos franceses na área. Uma propriedde majoritária alemã também controlava muitas das
fábricas. Em essência, Bormann confiaria na camuflagem para ocultar as corporações
alemãs. Bormann era amigo íntimo de Schmitz, um diretor da I.G Farben e estudou o
método da I.G.de camuflagem extensamente. Bormann classificou seus registros e então os
embarcou para a Argentina via Espanha. Bormann começou sua fuga de capital, já tendo
controle da Auslands-Organisation e da I.G. Verbindungsmanner. Ambas as organizações
colocaram espiões em países estrangeiros disfarçados como técnicos e diretores de
corporações alemãs.

Por este tempo, estava acontecendo a Batalha do Bulge; Bormann já tinha sido muito bem
sucedido em mover bens para fora da Alemanha. Em 1938, o número de registro de
patentes para companhias alemãs era 1.618, mas depois do encontro da Casa Vermelha ele
subiu para 3.377. Bormann tinha também criado um sistema de dois preços com os
parceiros de comércio da Alemanha. Nele, o preço era clareado ou estabelecido no fim do
dia bancário, o preço superior era retido nos livros do importador neutro. A diferença era
acumulada em uma conta alemã, e se tornava a fuga do capital no depósito. Sob este
sistema, Bomann reuniu por volta de 18 milhões de coroas e 12 milhões de liras turcas. As
folhas de balanço na Suécia mostravam que Bormann adquiriu sete minas na Suécia central.
Bormann criou 750 novas corporações. As corporações eram espalhadas através do globo e
representavam uma ampla distribuição de atividade econômica de companhias de aço,
químicos e elétricas. As firmas foram localizadas como se segue: 58 em Portugal, 112 na
Espanha, 233 na Suécia, 234 na Suiça, 35 na Turquia e 98 na Argentina. Todas as
companhias criadas por Bormann publicaram garantias ao portador, assim a propriedade
real era impossível de ser estabelecida.

Bormann tinha vários meios de dispersar os bens nazistas. Ele usou as malas diplomáticas
do ministro do exterior alemão, von Ribbentrop, para enviar ouro, diamantes, ações e
garantias para a Suécia duas vezes por mês. Um padrão similar foi utilizado para embarcar
mais valores para a América do Sul. Além do projeto “Aktion Feuerland” de Bormann,
Bormann permitiu que outros nazistas transferissem seus próprios valores pelos mesmos
canais.

Na Turquia, os bancos Deutsche Istanbul e Deusche Orient tiveram permissão para reterem
todos os seus ganhos ao invés de envia-los de volta para Berlim. Os ganhos eram meros
itens de escrita que estavam prontos para serem transferidos para qualquer lugar no mundo.

Em 1941, os investimentos alemães nas corporações dos EUA mantinham uma maioria de
votos em 170 corporações e uma propriedade minoritária em outras 108 corporações
americanas. Muitas destas corporações eram parte do cartel da I.G. Farben.
Adicionalmente, as corporações americanas tinham investimentos na Alemanha totalizando
420 milhões de dólares. Com seu programa para a fuga de capital bem em seu caminho,
Bormann deu permissão aos nazistas para mais uma vez comprarem ações americanas.

A compra das ações americanas era geralmente feita por meio de um país neutro,
tipicamente a Suíça ou a Argentina. Dos fundos de troca estrangeira dos depósitos na Suíça
e na Argentina, grandes depósitos de demanda foram colocados em bancos tais de New
York National City, Chase, Manufacturers Hanover, Morgan Guaranty e Irving Trust. Os
relatórios de Manning dizem que mais de 5 bilhões de dólares de ações americanas foram
compradas de tal maneira. Estes mesmos bancos (que pertencem a judeus) eram ativos em
apoiar a Alemanha. Além disso, cada maior corporação nazista transferiu bens e pessoal
para as subsidiárias estrangeiras.

Os EUA e a Bretanha nunca puderam completamente captar a extensão da fuga de capital


nazista. John Pehle fornece um interessante insight do porque os EUA foram incapazes de
parar Bormann e seu movimento dos bens nazistas para os países neutros. Pehle foi o
diretor original do Controle de Fundos Estrangeiros. O raciocínio de Pehle é dado abaixo:

“Em 1944, a ênfase em Washington mudou dos controles fiscais no exterior para a
assistência aos judeus refugiados de guerra. Sob ordem presidencial, tornei-me o diretor
executivo da Diretoria de Refugiados de Guerra em janeiro de 1944. Orvis Schmidt tornou-
se o diretor do Controle de Fundos Estrangeiros. Algum poder pessoal que ele tinha foi
transferido, e enquanto os alemães evidentemente estavam fazendo o melhor possível para
evitar a tomada Aliada dos bens, nós estávamos fazendo o melhor possível para retirar o
máximo de judeus da Europa”.

A explicação de Pehle parece abertamente simples. Pessoal adicional teria sido útil e mais
poderia ter sido realizado. Contudo, o problema real era o apodrecimento e a corrupção
dentro dos EUA. Os líderes das maiores corporações da América eram todos simpáticos aos
nazistas e quase todos eles tinham investido pesadamente na Alemanha nazista. Além disso,
havia muitos no Congresso que simpatizavam com a causa nazista. O humor no Congresso
era um de ‘traga os garotos para casa e vamos aos negócios”. Quando Orvis Schmidt
testemunhou diante do congresso a extensão da infiltração nazista nos países neutros antes
do fim do guerra, isto caiu em ouvidos surdos. Um trecho de seu testemunho é dado abaixo:
“O perigo não reside tanto no fato de que os gigantes industriais alemães tenham perfurado
como uma colméia os neutros, Turquia e Argentina, com ramos e afiliados que sabem como
subverter seu interesse comercial em espionagem e demandas de sabotagem do governo
deles. Contudo é importante e perigoso que muitos destes ramos, subsidiárias e afiliados
nos neutros e grande parte do dinheiro, seguridades, patentes, contratos, trusts,
empréstimos, companhias holding, ações ao portador e similares por pessoas e companhias
de fachada declarando nacionalidade neutra e toda a alegada proteção e privilégios que se
elevam de tais identidades. O problema real é quebrar o véu de segredo e alcançar e
eliminar a habilidade alemã de financiar uma outra guerra mundial. Devemos tornar inútil
os aparelhos e ocultações que tem sido empregados para ocultar os bens alemães.”

Obs: vale lembra que o atual Papa Bento XVI foi um membro da juventude SS de Hitler.

Temos descoberto uma lista da I.G. Farben de suas próprias companhias domésticas e no
exterior – uma lista secreta e de fato desconhecida – que nomeia mais de 700 companhias
nas quais a I.G. Farben tem um interesse.”

A lista referida na citação não inclui as 750 companhias que Bormann criou. Depois da
guerra Schmidt testemunhou novamente para o congresso:

“Eles estavam inclinados a estarem muito indignados. Sua atitude geral e expectativas eram
a de que a guerra havia acabado e nós novamente deviamos auxilia-los para recuperar a I.G.
Farben e a indústria alemã. Alguns deles tem abertamente disseram que este
questionamento e investigação era, na avaliação deles, um fenômeno de curta duração,
porque tão logo as coisas ficassem um pouco assentadas, eles esperavam que os amigos
deles nos EUA e na Inglaterra viessem. Os amigos deles, assim eles disseram, poriam uma
parada em atividades tais como estas investigações e providenciariam que eles recebessem
o tratamento que eles viam como apropriado e a ajuda seria dada a eles para ajudar a
restabelecer a indústria deles.”

Obs: Quem financiou Hitler e seu partido? De onde veio o dinheiro? Resposta dos bancos
de propriedade de judeus americanos e ingleses como os Warbug, Rockfellers e Rothschild.
Quem é que deu apoio ideológico ao partido nazista e a Hitler desde o início? O Vaticano e
foram os funcionários da Igreja que deram guarita para os nazistas fugirem com passaportes
falsos para outros países. Guerras geram muito dinheiro tanto na venda de armas e do
endividamento dos países envolvidos com empréstimos e os bancos é quem lucram com
isso fora o roubo descarado dos bens das pessoas que foram assassinadas.

Aqui novamente vemos como o programa 4D foi sabotado. De fato, em cada país liberado
houve uma grande relutância em perturbar a máquina do dinheiro e a indústria ligada a
Alemanha por acordos de cartel. A presença alemã foi reduzida mas não eliminada. A
propriedade oculta assegurou a continuidade para os nazistas. Até mesmo a Grande
Duquesa, Charlotte de Luxemburgo, tinha suas próprias idéias. Ao voltar para casa do
exílio, a Duquesa dispensou a equipe investigativa americana e ordenou que eles saissem
do país. Em 26 de julho de 1945, o presidente do sub-comitê para assuntos militares do
Senado dos EUA, Elbert D. Thomas, comentou sobre Luxemburgo. Um trecho dos
comentários dele:
” Tínhamos uma missão em Luxemburgo que estava obtendo um pouco de informação
sobre o cartel do aço até que a Grande Duquesa voltou. A informação foi então bloqueada
de nós e a missão teve que se retirar com a informação que já tinha coletada. Havia muito
que aprender sobre o modo pelo qual os pequenos Estados como Luxemburgo tinham sido
usados pelos cartéis. O episódio sugere que alguns governantes, de quem temos sido
amigos, podem ser esperados auxiliarem os cartelistas em seus esforços pós-guerra para
recuperar a dominância.”

O que a Grande Duquesa tinha aprendido de seu ministro das finanças era simples. Não
mexa com o cartel. Luxemburgo havia feito uma vasta soma de dinheiro e havia cada
indicação que eles podiam fazer muito mais. Tudo que Luxemburgo precisava fazer era
reajustar a propriedade das ações para agradar os Aliados. Amigos poderosos da
organização Bormann tinham entendido o que estava em jogo e planejaram de acordo.
Espalhado pelo globo em vários pontos de controle tais como Wall Street,
Washington, Londres e Paris estava um grupo de banqueiros que estavam bem cientes
dos benefícios financeiros de cooperarem com o subterrâneo nazista.

Os planos nazistas repousavam no medo americano do comunismo (que como o nazismo


foi financiado pelos banqueiros judeus Rockfellers e Rothschild). O livre empreendimento
e os direitos de propriedade estavam para tomar o centro enquanto que a moralidade era
convenientemente descartada como supérflua. Tal foi o caso nos votos de quatro para um
da mesa de apelos para libertar Richard Freudenberg, o maior fabricante de sapatos da
Alemanha. Freudenberg era um conselheiro econômico regional de Bormann e um
fervoroso nazista. Ele estava na categoria de prisão automática. O embaixador Murphy
expressou o argumento do livre empreendimento em seus comentários da defesa de
Freudenberg. Este é o mesmo Murphy que fez parte do conselho de controle. Seus
comentários:

“O que estamos fazendo aqui pela desnazificação não é uma simples revolução social. Se
os russos querem bolchevizar seu lado do Elba, este é o negócio deles, mas não está em
conformidade com os padrões americanos estar contra as bases da propriedade privada.
Este homem é um industrial extremamente capaz, um tipo de Henry Ford.”(que
descaramento)

Em testemunho dado em Nuremberg, Herman Schmitz elogiou Bormann pela maneira pela
qual ele espalhou os bens alemães ao redor do globo. De particular interese foi a opinião de
Schmitz de que estava no estoque para os diretores da I.G Farben já que a guerra tinha
acabado. A passagem segue abaixo.

“Podemos continuar. Temos um plano operacional. Contudo, não acredito que nossos
membros na mesa serão detidos por muito tempo. Nem eu. Mas devemos ir por um
procedimento de investigação antes de libertar e assim tenho sido dito por nosso pessoal
N.W. que tem excelentes contatos em Washington.”

Esta última frase na citação acima, “que tem excelentes contatos em Washington,” deve ter
estabelecido os sinos de alarme da equipe de acusação em Nuremberg. Aqui está a prova
direta das pessoas no poder em Washington colaborando com uma parte integral da
máquina de guerra nazista. Onde houve uma investigação de acompanhamento
determinando quem eram estes contatos? Há razões pelas quais muitos arquivos da
Segunda Guerra Mundial não tenham sido liberados. Além de revelar que os industriais e
membros do Congresso mencionados nos artigos anteriores como traidores, tais arquivos
revelariam muitos empregados de carreira do Departamento de Estado e da comunidade
militar-inteligência como traidores.

Obs: o tribunal de Nuremberg foi um mega espetáculo que foi um meio de finger para o
mundo que os aliados estavam punindo os “nazistas maus” pura farsa os EUA importaram
ilegalmente atravéz do projeto Paperclip mais de 2000 cientístas e engenheiros nazistas
para integrar mais tarde a NASA e a CIA

Ao invés de ser investigado, como tanto outros líderes produtivos, isto foi derrubado. Esta
atitude dos principais diretores da I.G. Farben foi típica. Eles sabiam antecipadamente que
eles sofreriam apenas menores penalidades. Como nos lembrou George Seldes, há pessoas
poderosas demais ou ricas demais para serem submetidas as nossas leis, até mesmo quando
isto envolve traição. A informação de Schmitz estava ligeiramente errada no que 12
executivos da I.G. Farben foram julgados em Nuremberg. Schmitz recebeu uma sentença
de quatro anos. Contudo, todas as sentenças foram mais tarde reduzidas para o tempo já
cumprido e todos retornaram as suas posições anteriores.

A este ponto, precisamos voltar ao tesouro de Merkers. Relatórios da inteligência desde


1940 indicam que os nazistas estavam acumulando uma fortuna de aproximadamente um
bilhão de dólares em 1940 ou 10 bilhões de dólares nos dias de hoje. A descoberta do
tesouro de Merkers criou um conjunto complexo de problemas. Primeiro, o achado era
somente a metade do estimado tesouro nazista. Conquanto o tesouro de Merker fose o
monte das propriedades do Reichsbank, havia adicional ouro e moeda deixada em Berlim.
Segundo, dividir o tesouro apresentava uma miríade de problemas, que ainda permanece
uma controvérsia hoje.

Toda a problemática estava nas contas de Melmer e Max Heiliger. O interrogatório dos
oficiais nazistas de banco logo revelou a natureza destas contas. Albert Thoms explicou que
o botim tomado pela Wehrmacht foi diretamente para o Reichshauptkasse, ou Tesouro.
Contudo, o Reichsbank manuseava exclusivamente o saque tomado pela Schutzstaffeln
(SS). O banco primeiro creditava o saque a conta de Melmer. Depois que o banco tinha
avaliado o valor, o Reichsbank creditava a quantia a conta de Heiliger. Somente cinco
pessoas tinham acesso a conta de Heiliger: o presidente do Reichsbank Walter Funk, o
vice-presidente do Reichsbank Emil Puhl, o tesoureiro chefe Kropf, o diretor Fronknecht, e
Albert Thoms, Chefe do Departamento de Metais Preciosos. A conta das SS mantinha os
ganhos advindos da operação Action Reinhardt que começou em 1943 para despir os
prisioneiros dos campos de concentração sistematicamente de todas as moedas de ouro,
jóias e roupas. Puhl ajudava nesta operação porque além de sua posição no Reichsbank ele
também era o diretor do Banco Internacional de Assentamentos. Então ele estava em
perfeita posição de agir como uma proteção internacional depois que a concentração do
ouro era derretida em barras de ouro.
A conta de Melmer era indicativa que outras contas particulares podem existir. De fato
muitos nazistas de alto escalão, de coronel para cima, tinham reunido seus próprios
tesouros. Alguns destes tesouros particulares tais como aquele de Goering, eram tesouros
substanciais por seu próprio direito, enquanto outros eram modestos. O valor total destes
tesouros particulares é desconhecido, como o destino de muitos deles.

Houve achados adicionais na área de Merkers. Em uma outra mina, os aliados encontraram
400 toneladas de registros do Escritório Alemão de Patentes, registros suficientes para
encherem 30 vagões ferroviários. Outros achados incluiram mais de dois milhões de livros,
os registros do Alto Comando Alemão, e muito mais material.

Parta 4: A Corrupção se Apodera de Safehaven

Com a captura de Merkers, os Aliados estavam se aproximando rapidamente de Berlim. Na


medida em que os aliados continuavam a avançar, os nazistas fizeram uma tentativa
desesperada para salvar os remanecentes bens do Reichsbank ao move-los para o sul da
Alemanha na área alpina. Muitos principais oficiais nazistas que estavam desesperados para
se salvarem e também fugiram para esta região com suas próprias fortunas saqueadas.

Ernst Kaltenbrunner, Chefe do Escritorio Principal de Segurança do Reich, reuniu uma tal
fortuna particular e a transportou para os Alpes Bavaros para se salvar e a sua fatídica
fortuna. Somente um documento sobrevive sobre o conteúdo dos bens que Kaltenbrunner
moveu para o sul. O conteúdo deste pequeno tesouro é listado abaixo:

50 caixotes de moedas de ouro e artigos de ouro [cada um pesando 100 libras]


2 milhões de dólares americanos
2 milhões de francos suiços
5 caixotes de diamantes e pedras preciosas
uma coleção de selos cujo valor era de 5 milhões de marcos de ouro
110 libras de barras de ouro

Goering também transportou seu tesouro particular para a região, incluindo uma grande
coleção de vinhos vintage.

Os nazistas não embarcaram todo ouro e moeda de Berlim para Merkers; eles retiveram
alguns fundos em Berlim para pagar as tropas e outras despesas. O embarque dos bens
remanecentes do Reichsbank incluiu 730 barras de ouro e milhões em moedas de ouro. O
valor do ouro era aproximadamente de 10 milhões. Adicionalmente, o embarque incluiu
uma prodigiosa quantidade de papel moeda. Isto deixou remanenescentes 3.434.625 dólares
em ouro em Berlim.

O tesouro era para ser embarcado para o sul em dois trens especiais, apelido Adler (que
significa Águia) e Dohle (que significa Gralha). Devido ao rápido avanço aliado e cobertura
aérea, os dois trens foram incapazes de irem diretamente para Munique. Em 16 de abril,
depois de três dias, os trens estavam encalhados a aproximadamente dez milhas de Pilsen,
Checoslováquia. Lá, alguns tesouros foram carregados em caminhões para a jornada
restante a Munique. Em 19 de abril, os trens estavam exatamente dentro da fronteira bavara
e uma outra porção do tesouro foi novamente carregada em caminhões.

Em 19 de abril, o trem alcançou Peissenberg, aproximadamente a 50 milhas ao sul de


Munique. Os planos eram esconder o ouro em uma mina de chumbo. Contudo a energia
elétrica faltou e a mina estava se enchendo de água. A este ponto, é acreditado que a
fortuna consistia no seguinte:

365 sacos contendo duas barras de ouro cada um


9 envelopes de registros
4 caixas de barras de ouro
2 sacos de moedas de ouro
6 caixotes de moedas dinamarquesas
94 sacos de dinheiro estrangeiro
34 placas de impressão e u suprimento de papel moeda

Funk foi chamado e ele decidiu que o tesouro devia se mover por caminhão para uma
pequena cidade chamada Mittenwald.

Até mesmo depois que o embarque deixou Berlim, uma pequena quantidade do tesouro
permaneceu no banco de Berlim. Ernst Kaltenbrunner tomou pela força das armas os bens
renacescentes do Reichsbank em Berlim e transportou para o sul. O SS General Josef
Spacil, chefe do Office II realizou o roubo. As melhores estimativas de ouro e pedras
preciosas são de um pouco mais de 9 milhões. Mais uma vez, o saque foi levado para o sul
na mesma região geral do embarque prévio.

Spacil tinha reunido um enorme tesouro particular para ele mesmo. Nos dias finais, Spacil
parcialmente o dividiu entre oficiais da Gestapo. Spacil deu a Otto Skorzeny: 50.000
francos de ouro, 10.000 coroas espanholas, 5.000 dólares, 5.000 francos suiços e 5 milhões
de marcos do Reich. Skorzeny estava se escondendo no Tirol austríaco. Vale a pena dizer
que o dinheiro dado a Skorzeny nunca foi recuperado. Depois que Skorzeny apareceu na
Espanha, ele viveu magnificentemente e correu parte de sua rota de fuga de lá.
Adicionalmente, ele se tornou um comerciante de armas. Durante a década de 1950, estava
claro para a inteligência americana que Skorzeny tinha amplos fundos a sua disposição.

As autoridades americanas mais tarde fraudaram Spacil a entregar a elas um pequeno


conteúdo de 19 sacos de moedas de ouro e barras de ouro de valor de 11.722 dolares e
dinheiro moeda no valor de 160.179 dólares e 96.614 libras inglesas. Houve muitos outros
tesouros particulares que terminaram na mesma área geral do sul da Alemanha.

Começando em 19 de abril de 1945, as equipes de Gold Rush estavam em plena operação.


Coronel Berstein, Comandante Joel Fisher e o Ten. Herbert DuBois chefiavam as equipes.
Albert Thoms, o chefe do Departamento de Metais Preciosos do Reichsbank e Emil Puhl, o
vice presidente do Reichsbank, os auxiliaram. As equipes do Gold Rush encontraram vários
tesouros. Em 26 de abril, o ramo do Reichsbank em Halle, eles encontraram 65 sacos de
dinheiro estrangeiro, que incluia um milhão de dólares. Em Plauen eles encontraram 35
sacos de moedas de ouro, incluindo um milhão de francos suíços e um quarto de milhão de
dólares de ouro. Em 27 de abril, eles descobriram a localização de 82 barras de ouro em
Aue, que ainda estava pesadamente defendida. Em 28 de abril, eles localizaram mais 600
barras de prata e 500 caixotes de barras de prata. Esta prata era a inteira reserva de prata da
Hungria. Em 29 de abril eles encontraram 82 barras de ouro em Eschwege. No dia seguinte
eles encontraram 82 barras de ouro escondidas sob uma pilha de estrume em Coburg. Em
1o. de maio, eles encontraram 34 caixotes e dois sacos de ouro que não era do Reich em
Nuremberg. Todos estes tesouros foram embarcados de volta para Frankfurt.

As tropas de combate e as equipes de ouro encontram esconderijos do tesouro saqueado,


incluindo o famoso trem de ouro contendo os tesouros saqueados da Hungria. O valor total
de todos os tesouros recuperados foi estimado em 500 milhões e incluia 350 milhões em
ouro.

O ouro recuperado dos vários ramos do Reichsbank totalizou três milhões. Contudo, de
interrogatórios e documentos capturados, as equipes do Gold Rush sabiam que os ramos do
Reichsbank tinham contido mais de 17 milhões de dólares de ouro. Aproximadamente três
milhões tinham sido capturados pelos russos em Berlim. O remanescente tinha sido
embarcado para o sul da Alemanha. No início de maio, Bernstein tinha que voltar para
Washington para discussões com o Presidente Truman sobre o programa de
descartelização, pelo qual ele também era responsável. O Ten. DuBois então ficou a cargo
dos esforços de recuperação no sul da Alemanha.

Os Aliados não recuperariam qualquer ouro no sul da Alemanha até 7 de junho. Um


destacamento chefiado pelo Major William Geiler (mais tarde na justica da Suprema Corte
de New York) recuperou 728 barras de ouro. Diferente do mito que rodeia esta descoberta,
estas barras foram embarcadas para Frankfurt e apropriadamente inventariadas. É
geralmente confundido com a recuperação do ouro pelo Sargento Singleton. Singleton tinha
recuperado um acúmulo de ouro descrito como sendo de três pés de altura e
aproximadamente três pés de largura. Este ouro foi apropriadamente enviado para Munique
mas nunca alcançou Frankfurt.

Robert Kempner, o promotor chefe para o julgamento dos diplomatas nazistas expressou
em uma carta a Perry Lankhuff da divisão política do governo militar muitos dos problemas
que praguearam a completa recuperação do ouro nazista. A carta aparece abaixo:

“No curso de nosso julgamento contra os diplomatas nazistas que apenas tinha acabado de
ser concluido, foi trazido a luz que o Escritório do Exterior Alemão tinha – além de outros
fundos em ouro – um especial fundo de ouro Ribbentrop, em barras de ouro, pesando
aproximadamente 15 toneladas. Narrativas de líderes e de jornais de vários países no
Hemisfério Ocidental indicam que o ouro não recuperado do Escritório do Exterior, ainda
está a trabalho para propósitos anti-americanos. Grandes números de antigos diplomatas
alemães que estavam relacionados ao Escritório do Exterior ainda estão em países
estrangeiros, isto é, Espanha, Itália, Irlanda, Argentina, Suécia e Suíça, vivendo de recursos
desconhecidos.
Deve ser notado que além de outros antigos diplomatas alemães, um cunhado de
Ribbentrop está vivendo na Suíça e ao menos outros dois funcionários de Escritório do
Exterior Alemão que lidavam com os assuntos do ouro alemão.

Além das 15 toneladas, aproximadamente 11 toneladas do ouro do Escritório do Exterior


de Ribbentrop foi apressadamente removido de Berlim em 1945:

1. 6.5 toneladas do Casde Fuschl de Ribbentrop na Áustria (agora zona americana da


Áustria). A maior parte desta consignação alegadamente foi entregue a tropas americanas
nas vizinhanças de Fuschl. Contudo funcionários do Escritório do Exterior Alemão
afirmaram aqui em Nurenberg que a quantidade alegadamente devolvida era menor que a
quantidade que foi embarcada para Fuschl.

2. 2 toneladas para Schleswig-Holstein na zona britânica alegadamente foram entregues aos


britânicos.

3. 3 toneladas para o sul da Alemanha nas costas do Lago Konstanze, uma área que naquele
tempo estava em mãos americanas. Fora da última quantidade, 2/3 de uma tonelada foram
trazidos para Berna, Suíça, nos dias finais da guerra. Isto foi feito na presença do filho do
antigo Ministro de Assuntos Exteriores da Alemanha, von Neurath, que segundo notícias de
jornais, chegou um pouco tempo depois na Argentina.

Aproximadamente quatro toneladas foram enviadas entre 1943 e 1945 para embaixadas
alemãs, notavelmente para Madri, Espanha (uma tonelada), para Estocolmo, Suécia (meia
tonelada), para Berna, Suíça (3/4 de tonelada), para Ancara, Turquia (aproximadamente
uma tonelada), para Lisboa, Portugal (uma quantidade desconhecida).

Já que entrevistei várias centenas de diplomatas alemães, incluindo embaixadores,


ministros, e pessoal fiscal e administrador, sei que a soma que fiz acima é altamente
confiável.

Mas até onde sei, nunca qualquer exame foi feito se o ouro desta quantidade foi recuperado
ou se a quantidade de ouro do Escritório do Exterior foi devolvida pelo pessoal alemão do
serviço no exterior para as autoridades Aliadas no fim da guerra, com as somas indicadas
pela minha investigação.

Durante o julgamento, tenho de tempos em tempos ressaltado o perigo e o problema deste


ouro desaparecido, mas ninguém ainda abordou o problema, e com minha pesada carga de
trabalho nos julgamentos em Nuremberg, não pude devotar muito tempo a isto, já que não
há crime de guerra envolvido. Sinto muito fortemente que este projeto do ouro não deve ser
negligenciado para depois nestes tempos críticos, no qual uma grande quantidade de ouro
não controlado constitui uma força para o mal e má conduta nas mãos de oportunistas
inescrupulosos trabalhando estreitamente juntos e localizados em muitos países pelo
mundo.
A única certeza sobre o ouro de Ribbentrop é que um pouco mais de quatro toneladas foram
recuperados. As 6.5 toneladas alegadamente recuperadas do castelo de Ribbentrop parecem
ter desaparecido, já que não há registros no Depositório das Trocas Federais. Segundo os
registros de julgamento de Wilhelmstrasse, uma grande parte deste ouro foi entregue ao
Terceiro ou Sétimo Exército em 15 de junho de 1945. Contudo, os livros da ocupação
aliada não mostram traços deste ouro, que valeria 108 milhões hoje. Kempner continuou a
procurar o ouro desaparecido. Em 1950 ele fez lobby no Congresso para olhar a matéria. O
Congresso foi incapaz de encontrar nova informação.

O desaparecimento de vários tesouros recuperados no Sul da Alemanha foram todos


consequências comuns demais. Uma pilha de papel moeda foi recupreada dos jardins de
von Bluechers. O único documento desta recuperação é um recibo mau datilografado que
Luder e Hubert von Bluecher exigiram antes de entregar o dinheiro ao Capitão Fred
Neumann. O recibo reconhece que os von Bluechers entregaram ao exército americano
$404.840 dólares e 405 libras inglesas. O Capitão Neumann e os von Bluechers foram
suspeitos de envolvimento no dinheiro desaparecido. Contudo, com documentos
recentemente liberados dos arquivos do governo, agora é óbvio que este desaparecimento
do dinheiro recuperado foi parte de um problema muito maior e limpou Neumann e os von
Bluechers.

Parte do problema residiu na rivalidade entre o Exército e as agência militares do governo e


a falta de coordenação entre elas. A CID [Divisão de Investigação Criminal] era
principalmente responsável pelo Exército. Contudo, o CIC (Corpo de Contra Inteligência)
era principalmente responsável pelo governo militar. A recuperação do ouro nazista
envolveu ambos os grupos. Sobretudo, a estrututura de ambos, do governo militar e do
Exército, era vertical e a comunicação do alto para os níveis inferiores era na melhor das
hipóteses vacilante. Muitos comandantes do governo militar se consideravam serem
agentes livres e ignoravam as diretivas de cima. Complicando o problema estava a alta
rotação do pessoal e os contratos limitados que o governo militar podia oferecer. O governo
militar estava limitado a publicar contratos somente por um ano e restrito ao pagamento
máximo de 10 mil dólares por ano.

Inicialmente, o CID teve a responsabilidade de investigar o tesouro do Reichsbank. No fim


da guerra o CID estava cheio de homens contando os dias antes de voltarem para casa. A
maioria tinha sido recrutado de unidades policiais militares. Os exames do background dos
novos recrutas frequentemente faltavam. Vários foram encontrados terem registros
criminais enquanto outros foram descobertos serem desacreditados oficiais de polícia. O
CID dispensava estes recrutas logo que eles eram descobertos.

Ultimamente, todas as unidades do CID estiveram sob o Command Provost Marshal,


Brigadeiro General George H. (pappy) Weems. Weems era um oficial de West Point e seu
ramo básico de serviço era a cavalaria. Aparentemente, Weems não era capaz de manter e
fazer uma mudança da cavalaria para as divisões blindadas. Antes de sua transferência para
a Alemanha, Weems tinha sido o chefe da missão militar na Hungria. Completamente
ausente em seu background estava qualquer passado em trabalho policial ou investigativo.
Também aparente foi que Weems parecia ter sofrido de algum derrame médio. Ele andava
com uma bengala e tinha falhas de memória, perdia a capacidade de entender qualquer
coisa de natureza complexa. O general também sofria de um déficit na audição e era
conhecido por publicar ordens ultrajantes e ter ataques de choro. Weems tinha uma estranha
obsessão por máquinas de escrever. Qualquer caso envolvendo uma máquina de escrever
relatada roubada ou perdida tinha que ser levado a sua atenção pessoal. Em resumo, Weems
estava senil, mais provavelmente como resultado de um derrame médio.

Não foi senão em setembro de 1947 que o Tenente Coronel William Karp substituiu
Weems. Obviamente a CID estava deficiente do topo para baixo devido a designação
inapropriada de Weems. Exatamente como no programa 4Ds estava tamponado por uma
falta de poder humano e treinamento, o CID estava tamponado com os mesmos problemas.
Isto não se aplica as equipes iniciais de busca do ouro de Bernstein que fizeram um trabalho
admirável. Contudo, estas equipes foram desmanteladas logo depois que a guerra terminou
[a maioria das equipes iniciais foi desmantelada em junho]. Como Weems veio a ser
designado para este posto e aqueles responsáveis, deve fazer uma interessante leitura e é
deixado para futuros pesquisadores.

Os problemas também praguearam o CIC. O CIC foi enredado em uma luta interna entre
agentes. Muitos dos agentes eram judeus nascidos na Alemanha. Estes agentes se dividiram
em dois grupos. Um grupo considerava a Alemanha como sua casa e trabalhava duro para
desenraizar o nazismo e voltar a Alemanha para um Estado democrático. O outro grupo,
principalmente da Europa Oriental, somente considerava a Alemanha como um passo em
seu caminho para o Estado de Israel. Outros agentes do CIC eram a primeira geração de
poloneses, checos e outros de origem no leste europeu. Tais agentes levavam a lealdades
divididas, stress internos e até mesmo alianças ilegais alcançando fora do CIC. Até longe, a
unidade CID era muito mais profissional com o CIC frequentemente descrito pelos agentes
do CIC como um grupo de brutamontes.

Começando em junho de 1945, e até 1947, isto foi um triste estado de coisas atrasando o
caso Garmisch , no qual o ouro foi recuperado e então perdido. O CID era abertamente
compartimentalizado sem objetivos claros, sem direção, sem coordenação e mais
importantemente, sem base de dados centralizada. Em resumo, o CID permitiu que várias
unidades errassem gravemente no escuro para seguir suas próprias metas individuais. O
caso foi complicado pelo fato que ninguém sabia exatamente quanto ouro e moeda tinha
desaparecido. Levaria um outro ano antes que o Depositório de Troca Federal descobrisse
que sua conta no Reichsbank estava menor em dois milhões de dólares. Somente
recentemente, com a divulgação de documentos anteriormente classificados, alguém pode
começar a entender o desaparecimento do ouro e moeda recuperados. Os registros mostram
que os fundos recuperados foram depositados no Banco Central da Terra em Munique. Lá o
ouro e o dinheiro parecem ter desaparecido.

O que os registros agora mostram é que nenhuma das recuperações na área ao redor de
Garmisch até mesmo alcançou o Depositório de Troca Federal. As várias autoridades
americanas na cadeia de Garmisch a Frankfurt estavam todas familiarizadas com os
procedimentos de transferência de fundos. Os fundos alcançariam Munique e de lá
desapareceram. Depois de uma busca exaustiva, os autores Ian Sayer e Douglas Botting
concluiram que 432.985.013 dólares do Reichsbank nunca foram contabilizados.
Notavelmente, incluídos estavam diamantes, seguridades e moedas dadas a Otto Skorzeny
pelo SS General Spacil totalizando $9.131.000 dólares dos quais apenas 492.401 dólares
foram recuperados. Em um caso, o Major Roger Rawley recuperou oito milhões de dólares
em papel moeda e o entregou ao Major Kenneth McIntyre. De lá, os fundos desapareceram

A seguir o colapso da Alemanha para os Aliados, a economia caiu no mercado negro com
cigarros como o meio preferido de troca. Um cigarro Camel valia mais que o dobro de um
dia de pagamento para um alemão contratado para limpar destroços. De início, o General
Clay, parecia inconsciente do mercado negro, mas quando o CID relatou a ele que o
mercado negro era uma ameaça à segurança, Clay tomou todas as medidas para encobrir
isto. Os americanos voluntariamente se engajaram no mercado negro todo o caminho até o
topo e incluiu a esposa de Clay, que relatadamente era muito ativa no mercado negro. A
Aduana dos EUA, o Distrito da Flórida tornou mais difícil para o General Clay encobrir o
mercado negro depois que eles enviaram uma queixa, listando os pousos do avião pessoal
de Clay na área de Miami. Em cada caso, o piloto relatou o pouso como uma missão
classificada, assim contornando a Aduana. Contudo, estava claro que ele estava apenas
tomando a queda para alguém mais.

Muitos americanos tentaram atingir a rica economia do mercado negro, mas falharam.
Contudo, o número daqueles que tiveram sucesso vieram predominantemente do Escritório
do Governo Militar na Bavaria. O chefe da Divisão Financeira em Munique era o Coronel
Lord e seu ajudante o Major McCarthy para controle da proriedade. Ambos indivíduos
figuram proeminentemente no desaparecimento do ouro e da moeda uma vez que eles
chegavam a Munique. Uma vez o ouro de Garmisch foi entregue as autoridades apropriadas
em Munique, somente McCarthy e Lord teriam acesso a isto. Um investigador americano
tabém acusou McCarthy de ter uma mão no comércio de drogas em e ao redor de Garmisch
e Munique.

A extensão da corrupção do governo militar é melhor revelada na seuinte passagem do Ten.


Kulka. Kulka era um ajudante do Coronel Smith e eles foram designados para investigar a
corrupção na área de Garmisch e Munique. Kulka tinha sido enviado a uma casa civil
convertida em Escritórios dos Solteiros Americanos em um relato de que um jovem oficial
estava partilhando seu quarto com sua namorada, uma baronesa, o que era extritamente
proibido. A governanta confundiu Kulka como um mensageiro e deu a ele uma maleta.

” Ela me olhou e disse, “Oh, você deve ser o jovem que veio buscar a maleta com os papéis
para a Suíça”. Eu disse, “suponho que sim”. Ela disse, “oh, sim, o tenente me disse que
você estava vindo para pegar isto e que você é um jovem piloto” Então eu disse, “sim.” A
dama voltou e me entregou a maleta e uma grande caixa anexada, que tinha sido lacrada
com o selo diplomático. Então, eu os peguei e sai apressadamente. Levei-os para meu
quarto e para minha surpresa encontrei a caixa cheia de libras britânicas e também jóias.
Descobri que a maleta estava cheia com aproximadamente dez pastas que continham
colunas muito bem escritas de nomes de pessoas com data e seu escalão, a localização delas
e as somas de dinheiro – todas as instruções e registros de como o dinheiro tinha sido
transportado através da fronteira. Imediatamente fui ao Coronel Smith e ele ficou
extremamente interessado. Fomos pela papelada e descobrimos um número de nomes
importantes, inclusive um número de coronéis dos quartéis generais. A única coisa que eles
tinham em comum é que todos eles pertenciam a unidades que tinham por uma vez ou outra
controlado a travessia da fronteira para a Suíça – polícia militar, agências militares do
governo e o CIC.”

Em meados de julho de 1947, Coronel Smith tinha completado sua investigação preliminar
e prencheu seu relato para o General Clay. O relatório ressaltou que havia evidência
suficiente para garantir uma investigação em escala completa. O General Clay divulgou
uma ordem para aquele efeito. Smith, temendo por sua vida, imediatamente pediu
transferência. Imediatamente depois, o governador militar e o comandante do posto de
Garmisch foram reembarcados para os EUA e vários outros oficiais transferidos para fora
da área. O Escritório do Inspetor Geral repentinamente encerrou a investigação. Kulka
alega que a ordem para parar a investigação veio do escritório de Clay. Adicionalmente, ele
afirma que metade do comando dos EUA estaria em problemas se a investigação
continuasse.Os arquivos reunidos por Smith e Kulka foram destruidos. Kulka recebeu
ordens de ficar calado e então foi acusado de contrabando de armas e de esconder um
estrangeiro em sua dependência, que acontecia de ser sua avó de 87 anos. Adicionalmente,
sua noiva que estava prestes a ser sua esposa, foi listada como um alemã do Sudeto e
expulsa para a Checoslováquia e não como uma DP judia. Quando Kulka contou ao seu
senador o problema, foi feita tanta pressão sobre sua avó e sua noiva que ele teve que
manter a boca fechada. Somente por um acidente foi que sua futura esposa conseguiu sua
permissão de saída. O Coronel Smite foi transferido de Berlim para o Equador. Em 1978,
Kulka relatou que seus amigos ainda sofrem de mortes e suicídios misteriosos que ele
acredita serem avisos do caso de Garmisch para que ele mantenha a boca calada.

O caso de Garmisch não terminou com a investigação de Smith e Kulka. Em setembro em


Bad Tohr, Frank Gammache foi acusado de apropriação indébita de propriedade militar e
condura de desordem e inidoneidade. As acusações eram tão triviais comparadas à
atividade criminosa na área que eram ridículas. Gammache iria ser um pequeno camarada
em queda, A Operação Garpeck abriu uma investtigação posterior. Chefiando a operação
estavam Victor Peccarelli e Philip von Pfluge Benzell. O caso logo alcançou lugar tão
longe quanto San Francisco, onde agora vivia civilmente o Capitão Neumann. O caso
também reabriu a investigação sobre o Major McCarthy. A influência de McCarthy ainda
se prolongava em Munique e assim os arquivos sobre ele desapareceram antes que os
investigadores chegassem até eles. Logo depois, os investigadores começaram a grampear o
telefone dele, mas McCarthy soube do grampo e se mudou.

A investigação logo atravessou o caminho do jornalista Guenter Reinhardt. Reinhardt era


oriundo de uma família judia alemã. Com 21 anos ele tinha emigrado para os EUA. Seu
primero emprego em New York tinha sido em um banco, mas por 1933 ele tinha se tornado
um jornalista freelance. Ele escrevia uma coluna sindicada sobre assuntos externos para os
jornais McClure. Suas ligações com vários grupos bancários e cívicos o comissionaram a
realizar uma investigação sobre as prováveis futuras relações internacionais da Alemanha.
Reinhardt entregou ao Comitê da Câmara sobre Imigração e Naturalização a informação
que ele descobriu sobre as atividades nazistas nos EUA. Isto levou Reinhardt ao seu
envolvimento com a inteligência americana. Em 1934, ele agiu como uma ligação entre o
Comitê McCormick e o FBI. Durante 1942 e 1943, Reinhardt infiltrou organizações
comunistas para o FBI. Em 1946, ele se uniu ao CIC na Alemanha.
Por todos os relatos, Reinhardt era um agente entusiasmado e dedicado na Europa.
Contudo, ele logo começou a mostrar sinais de fadiga na medida em que ele entendia que o
sistema inteiro estava corrupto. Pelo verão de 1947, ele entendeu que sua carreira com o
CIC estava em perigo. Seus superiores tinham arranjado secretamente enviar Reinhardt
para casa. Ele se queixou sobre a transferência. Não houve apelo para ele e ele foi proibido
de ir ao Inspetor Geral sob a ameaça de prisão imediata. Ele posteriormente foi advertido
que se falasse à imprensa ou tentasse obter um outro emprego na Alemanha ele seria preso
por violações dos regulamentos de segurança. Adicionalmente, eles ameaçaram de arrastar
sua namorada na lama.

Ultrajado pelas ações e ameaças, Reinhardt divulgou o primeiro de dois memorandos,


conhecidos como os Memorandos Reinhardt. O primeiro era um relatório formal de 48
páginas revelando as irregularidades e falsos relatos de inteligência na região de Munique.
O relatório acusava o CIC de corrupção e incompetência disseminadas. O relatório escrito
em novembro causou um abalo imediato. O chefe de operações para a Bavaria foi
dispensado imediatamente e o oficial executivo foi transferido. Contudo, houve também o
acobertamento de duas cadeias, uma de Garmisch para Augsburg, e a outra de Munique a
Nuremberg. Depois que ele cheou a New York em dezembro, Reinhardt escreveu seu
segundo memorando, um documento de 55 páginas. Este documento estava dividido em
nove seções. A seção de abertura tinha o título de “Situações de Saque e Contrabando”
descrevendo como o pessoal americano estava continuando a contrabandear valores para os
Estados Unidos. Quanto maior o escalão, maior o problema. No caso de um general, e
outros valores saqueados de castelos ao redor de Hesse. Reinhardt ditou seu memorando ao
Secretário Assistente do Exército, Gordon Gray, depois da indicação de Reinhardt como
consultor especial. Gray mais tarde se elevaria para se tornar o Diretor da CIA.

O coração do memorando residia na acusação que um gupo de alemães e americanos


envolvidos na corrupção disseminada na área de Garmisch detinha poder suciente para
sabotar qualquer investigação. O chefe do grupo era John McCarthy. O memorando foi
enviado ao General Clay na Alemanha e causou uma imediata revolução. Clay odiava
qualquer escândalo dentro de seu comando, e muito mais que limpar a confusão, ele lançou
um vasto acobertamento. O General Weems cancelou a Operação Garpeck em andamento
logo depois que o memorando de Reinhardt chegou na Alemanha. O exército decidiu que
as acusações eram exageradas.

McCarthy e seu superior, Coronel Lord não escaparam ilesos. Conquanto eles
sobrevivessem às acusações do memorando de Reinhardt, sua cobiça irrefreável
eventualmente os pegou. A dupla concebeu um esquema para comprar as várias fábricas
I.G. Farben por meio de uma fachada que eles criaram em Liechtenstein. Uma investigação
ordenou que o General Clay desmascarasse o esquema deles e o exército dispensou ambos
idivíduos. Contudo, o General Clay não fez o anúncio público da ilegalidade do esquema
ou sua consequência.

Parte 5: Operação Andrew & e a Neutralidade da Suécia

Conquanto o governo militar na área de Munique estivesse cercado pela corrupção, o saque
do tesouro nazista empalidece em comparação com a lavagem de dinheiro pelos países
neutros para os nazistas. Contudo, antes de olhar os países neutros, um outro aspecto dos
nazistas deve ser examinado. Embora isto não consista em fundos saqueados, isto figura
proeminentemente nos planos financeiros nazistas. Este talvez seja um dos aspectos mais
compreendidos da guerra que frequentemente é chamado erroneaneamente de Operação
Bernhard. O nome verdadeiro para este complô nazista para falsificar libras britânicas era
Operação Andrew ou Andreas. Como um coringa em um baralho de cartas, ninguém sabe
com certeza a extensão da operação ou até mesmo quantas notas falsificadas os nazistas
colocaram em circulação.

O Banco de Londres tem suas próprias razões para se manter mudo sobre as notas
falsificadas encontradas em circulação, já que a operação era destinada a causar a queda da
libra britânica. A Operação Andrew era o produto intelectual de Alfred Nanjocks, um
nazista fanático. Nanjocks era o oficial que simulou o ataque polonês em uma estação de
rádio alemã, o que iniciou a guerra. Depois de ocupar os Países Baixos, Heydrich transferiu
Nanjocks para a divisão de documentos do SD porque Nanjocks tinha adquirido uma
reputação de ser impulsivo e violento demais para seu próprio bem. Falsificar passaportes
não era o gosto do fanático. Contudo, inundar o mundo com moeda falsificada [libras
britânicas] o agradou. Nanjocks estava divisando exatamente isto, inundar o mundo com
moeda falsificada [libras britânicas], para desestabilizar a economia da Inglaterra.

Imediatamente depois que os britânicos tinham deixado cair certificados auxiliares de


pagamento alemão falsificado para 50 Reichsfenning, Nanjocks, levou a idéia a Heydrich.
O intento britânico em cair certificados forjados era o mesmo de Nanjock, apenas que eles
se destinavam a enfraquecer a Alemanha. Heydrich gostou da idéia e acrescentou a ela a
falsificação de dólares americanos e conseguiu a aprovação de Hitler. Hitler se recusou a
aprovar a idéia de falsificar dólares, porque naquele tempo a Alemanha não estava em
Guerra com os EUA. Funk e outros burocratas não gostaram muito da idéia. Funk se
preocupava que ao desestabilizar a libra isto podia criar um retrocesso de crédito de
desestabilizar o Reichsmark. As preocupações de Funk eram surpreendentes. Uma tal
preocupação apenas pode testemunhar um grande grau de colaboração entre o Banco da
Inglaterra e os nazistas, e o mesmo se aplica aos amigos nazistas de Wall Street e dos
bancos centralizados em New York do grande dinheiro. Antes da guerra, o Banco da
Inglaterra investiu e emprestou somas substanciais à Alemanha nazista.

Heydrich entegou o assunto ao RSHA Bureau IV, que criou uma nova divisão chamada
SHARP 4 para supervisionar isto. No verão de 1942, o anel de falsificação estava criado
dentro do campo de concentração Sachsenhausen. O SS major Fredrich Kruger foi
selecionado para chefiar a operação. Em Berlim a operação era conhecida formalmente
como Aktion 1. Usando trabalho prisioneiro, a falsificação não apresentava problema.
Contudo, o grupo tinha muita dificuldade em desenvolver o papel apropriado. O trabalho
em Sachenhausen era isolado do resto do campo. Max Bober, um impressor por profissão,
chefiava a equipe de sessenta prisioneiros. Os nazistas forneciam aos presos tudo o que eles
precisavam. A sabotagem teria resultado em morte imediata. Não foi senão em 1943 que o
papel apropriado foi produzido pela fábrica de papel Hahnemuhl. A fábrica enviava 120
folhas por mês para o operação. Cada folha produzia oito notas. Até mesmo então as notas
falsificadas era na melhor das hipóteses, medíocres. Não foi senão quando os nazistas
localizaram Salomon Smolianoff, um excelente falsificador, que notas apropriadas puderam
ser produzidas.

Uma vez Smolianoff tinha corrigido os enganos anteriores, a imprenssão trabalhava de 15 a


20 horas. Os prisioneiros examinavam cada nota individualmente e selecionavam apenas as
melhores. Estas notas então passavam por um procedimento de envelhecimento para fazer
com que parecessem usadas. A operação produziu todas as denominações, inclusive a nota
de cem libras. Contudo, a nota de cinco libras fazia 40% das impressoras correrem. A
equipe de Kruger, em meados de 1943, tinha crescido para 140 prisioneiros e estava
fazendo por volta de 40.000 notas por mês. Diferente do resto do campo, os prisioneiros de
Kruger recebiam alimentação adequada e ração de cigarros.

As notas produzidas eram divididas em quatro categorias: perfeitas, quase perfeitas,


defeituosas e rejeitadas. As rejeitadas eram distruídas embora inicialmente tenha sido
planejado lança-las por via aérea sobre a Inglaterra. As notas perfeitas eram reservadas para
os espiões alemães usarem nos países neutros. As notas quase perfeitas eram arrumadas em
maços e eram para serem usadas pela SS nos países ocupados. As notas defeituosas
também eram usadas desta maneira. Na medida em que a operação continuava, a qualidade
das notas melhorava a um tal estado que os bancos pelo mundo as aceitavam. O Banco da
Inglaterra somente tropeçava nas notas fasificadas. Uma tesoureira de um banco notou que
duas notas que ela tinha em suas mãos tinham o mesmo número de série. As notas eram tão
boas que o único meio de detecção era ao compara-la com uma nota genuina de mesmo
número serial da nota falsificada. .

O equivalente a 4.5 bilhões de libras britânicas foi eventualmente embarcado para Berlim e
então para o mundo todo. Os agentes operacionais usavam as notas falsificadas para
comprarem objetos legítimos, que então eram revendidos por estáveis moedas mundiais.
Algumas notas eram distribuidas para as embaixadas alemãs nos países neutros e trocadas
pela moeda local. As tentativas iniciais de distribuir as notas de modo maciço foram
desastrosas. Os militares alemães prenderam seus próprios agentes quando eles tentavam
passar as notas falsificadas, já que Action 1 era super secreta.

Em algum ponto, a missão subjacente de Action 1 mudou. Himmler e o Ten. Grobel, chefe
do Bureau VI, se tornaram cheios de cobiça. Eles divisaram lavar as notas em uma grande
distribuição e se apoderar os lucros em seu benefício pessoal. Para realizar a distribuição
disseminada, Friedrich Schwend foi trazido para a operação. Na década de 1920, Schwend
era um comerciante de armas. Ele se casou com a sobrinha do Ministro do Exterior, Barão
von Neurath. Por meio das ligações da família da esposa, ele conseguiu ser indicado como
administrador pessoal da família Bunge, extremamente rica. Esta é a mesma família Bunge
ligada ao assassinato de John F Kennedy que fez uma pequena fortuna ao causar um curto-
circuito no mercado no dia em que Kennedy foi assassinado. Na década de 1930, Schwend
estava trabalhando em New York gerenciando os investimentos de Bunge & Born.

Schwend foi trazido ao Bureau IV como tesoureiro mestre do fim do esquema de lavagem
de dinheiro. A este ponto ele recebeu uma falsa identificação como Major Wendig, um
oficial legal da Gestapo e um membro do corpo de tanques. Em setembro de 1943,
Schwend começou a estabelecer sua rede e solicitou o Coronel Josef Spacil para manter os
aspectos da contabilidade da operação. O mesmo Coronel Spacil que esteve envolvido em
custear Skorzeny como relatado anteriormente neste capítulo. Operação Bernhard é
limitada a este esquema de enriquecimento particular. Schwend estava desviando um terço
das notas falsificadas para este grupo.

Esta operação continuou até o fim da guerra com muito sucesso. O Banco da Inglaterra
sofreu perdas enormes. Até mesmo com os russos se aproximando de Sachenhausen, a
operação não encerrou. Ela apenas se mudou para o sul da Alemanha, perto da fronteira
austríaca. Lá ela continuou até aproximadamente 3 de maio. Algumas das últimas cargas de
notas falsificadas terminaram no fundo do Lago Topltz. As caixas eram escondidas lá em
uma operação de bote a remo a meia noite. As caixas foram localizadas em 2000. O destino
do inventário das notas é desconhecido.

Tanto quanto metade do ouro do Reichsbank permanece não contabilizado. Bormann


indubitavelmente transferiu parte disso para fora da Alemanha. Outras partes foram
saqueadas por principais oficiais nazistas e pessoal americano. Os nazistas usaram grande
parte do ouro saqueado para comprar munições e matérias primas dos países neutros.
Então, uma breve revisão dos problemas que os Aliados enfrentaram em tentar interceder
entre a Alemanha nazista e os países neutros é necesária.

Ciente que a Alemanha nazista estava dispondo da propriedade saqueada em países neutros,
os britânicos instigaram as conversas com os outros Aliados. Em 5 de janeiro de 1945 a
Declaração Inter-aliada Contra Atos de Despossessão Cometidos em Territórios sob
Ocupação ou Controle do Inimigo foi publicada. A declaração era o resultado das conversas
e assinada por 16 nações e a Inglaterra. A declaração simplesmente afirmava que as nações
que assinavam se reservavam o direito de declarar inválida qualquer transação concernente
a propriedade de qualquer dos territórios ocupados. A Declaração era grandemente uma
declaração política. Tanto o Banco da Inglaterra quanto o Departamento do Tesouro tinham
dúvidas que a declaração pudesse alcançar os resultados desejados. Havia pouco que os
Aliados pudessem fazer para fazer cumprir a declaração sem danificar sua própria situação
econômica ou prejudicar futuras relações com os neutros. Tecnicamente, o ato estava
restrito apenas aos negócios com ouro. Outros queriam ampliar o escopo do ato para incluir
outros valores. Não foi senão até a Declaração do Ouro de 5 de janeiro de 1943 que os
EUA começaram uma campanha agressiva em relação aos neutros e seus acordos de ouro.

De preocupação particular para os EUA era a Suíça. Contudo, a Suíça era vagarosa em
responder. Não foi senão quando a maré da guerra estava claramente a favor dos Aliados
que a Suíça respondeu. Em 28 de dezembro de 1944, a Suíça anunciou que tinha bloqueado
todas as contas da Hungria, Eslováquia e Croácia. Em 7 de fevereiro de 1945 os delegados
britânicos e americanos se encontraram com representantes suíços em Berna para
negociarem um acordo sobre os objetivos imediatos da guerra econômica e as exportações
suíças para a a Alemanha. Por sua vez os suíços queriam ajudar em obter matérias primas e
comida, na forma de cotas importantes dos Aliados e assistência com as facilidades de
trânsito através da França. Em 16 de fevereiro, a Suiça anunciou um bloqueio de todos os
bens alemães. Em 8 de março, a Suíça assinou um acordo sob o qual o governo suíço
tomou três medidas: assegurar que o território da Confederação Suíça não devia ser usado
como um agrupamento de bens saqueados, realizar um censo de bens alemães na Suíça e
não mais comprar ouro da Alemanha, exceto na quantidade necessária às despesas
diplomáticas. Não foi senão três meses antes da derrota da Alemanha nazista que a Suíça
tomou qualquer ação contra os nazistas e foi somente um mês antes da derrota dos nazistas
que a Suiça baniu o comércio de ouro com os nazistas. A voluntariedade de outros países
neutros seguiu um cronologia similar; não foi senão quando estava claro que os nazistas
foram derrotados que eles tomariam qualquer ação.

As bases para a recuperaçãode ouro e bens nazistas fora da Alemanha foi governada por
declarações publicadas em 5 de junho de 1945 pelos Quatro Poderes e o Relatório da
Conferência de Potsdam de 2 de agosto de 1945, a qual afirmou que o Conselho de
Controle Aliado tomaria as medidas que fossem apropriadas para exercer o controle sobre
os bens alemãos no exterior, e exercer o direito de dispor destes bens. Ambos os atos
conferiam poderes aos Aliados que não eram fáceis de serem exercidos e não eram bem
recebidos por muitos dos países neutros. Legalmente, a posição aliada era fraca. Tanto a
Suécia quanto a Suíça foram rápidas em responderem que uma tal exigência conflitava com
suas próprias legislações e e com seus status como neutros. Nenhum acordo sobre como
lidar com os neutros foi alcançado até dezembro de 1945. Até mesmo então o acordo era
visto fracamente prevalecer nos países neutros para a devolução dos bens nazistas.
Contudo, o acordo não oferecia orientação de como prevalecer sobre os neutros. Os EUA
queriam empregar sanções enquanto os britânicos rejeitaram as sanções como não
cumpríveis durante o tempo de paz. Eventualmente, foi concordado que os EUA deveriam
abrir negociações com a Suíça em Washington. Como uma alavancagem contra a Suíça, os
EUA não desbloqueariam as contas suíças nos EUA e nem removeriam as companhias
suíças da lista negra aliada a menos que um acordo pudese ser alcançado. Uma breve
pesquisa das nações neutras e os problemas encontrados e cada uma delas segue-se:

Durante a guerra, a Suécia era abertamente pró fascista. Contudo, a Suécia era um dos
países mais cooperativos dos neutros. O ferro de alto grau sueco formava a base de uma
forte conexão lucrativa entre a Suécia e os nazistas. Os nazistas viam este suprimento de
ferro como vital. Tão vital de fato que os nazistas atrasaram a invasão dos Países Baixos
para invadir primeiro a Dinamarca e a Noruega para proteger a rota de embarque do ferro
sueco.

A produção S & K era uma outra companhia sueca que desfrutava de um relacionamento
lucrativo com os nazistas. S & K também apresentava um problema especial para os EUA,
já que os EUA eram igualmente dependentes da S & K para produção. S & K fez o melhor
possível para retardar a produção de munição de guerra em suas fábricas americanas. Uma
tal situação apresentou um dilema para Roosevelt. Os EUA podiam impor sanções sobre a
S & K, a Suécia, ou ambas. As sanções provavelmente resultariam em uma represália da S
& K e posteriormente limitariam a produção de mancais e interromperiam a produção de
munições de guerra. A segunda opção para a administração seria se apoderar das fábricas
durante a duração da gerra. Um tal movimento somente desencadearia acusações de
rampante comunismo e socialismo presentes na administração pelos críticos de Roosevelt.
A única outra opção era permitir que a S & K continuasse com o negócio como o usual, que
foi como o curso seguiu. A despeito de quem vencesse a guerra, a S & K estava certa de
ganhar muito ao suprir ambos os lados.
Havia muitas outras corporações suecas que desfrutavam de um relacionamento lucrativo
com os nazistas. Contudo, uma das mais queridas dos nazistas era o Banco Enskilda, de
propriedade dos Wallenbergs. Com um bom relacionamento com um banco, os nazistas
podiam tomar emprestados fundos e lavar seu ouro roubado. Os documentos de Safehaven
revelaram que os EUA tinham estado rastreando as atividades pró nazistas dos Wallenbergs
por vários anos. Em fevereiro de 1945, Morgenthau, em uma carta ao Secretário de Estado,
Edward Stettinius, acusou que o Enskilda estava fazendo empréstimos substanciais aos
nazistas sem colateral e fazendo investimentos encobertos para capitalistas alemães nas
indústrias americanas. Note que a carta de Morgenthau confirma o plano de Bormann de
permitir que os nazistas investissem nos EUA como meio de preservarem seus bens. Ele
posteriormente acusou que o banco estava repetidamente ligado a grandes operações do
mercado negro. Na carta, Morgenthau identificou Jacob Wallenberg como fortemente pró-
nazista e refuta a afimação que Marcus era pró-aliado. Os Wallenbergs estavam jogando de
ambos os lados, exatamente como o estava fazendo a S & K. Raul Wallenberg, um primo,
ajudou a salvar 20 mil judeus em Budapest. Quando o exército soviético recapturou
Budapest, eles prenderam Raul como um espião americano. Em junho de 1996, o ‘US
News and Reports’ relatou em uma revisão de documentos desclassificados que Raul
Wallenberg era um espião para o OSS.

Em um memorando do tesouro datado de 7 de fevereiro de 1945 Morgenthau detalha sua


preocupação sobre os irmãos Wallenberg. Eis o texto do memorando:

“Jacob Wallenberg(judeu) recentemente indicou que ele estava voluntário em vender aos
alemães uma fábrica sueca em Hamburg e o preço fornecido em ouro era alto o suficiente
para evitar possíveis complicações.

Os fatos seguintes devem ser considerados para que se avalie a impressão mantida em
alguns círculos que Marcus Wallenberg é fortemente pró-aliado.

A. Conquanto Marcus Wallenberg fosse aparentemente simpático à causa aliada, Jacob


Wallenberg, seu irmão e sócio no Banco Enskilda é sabidamente simpático e trabalha para
os alemães .

B. Jacob Wallenberg foi o autor do acordo alemão-sueco.

C. Jacob Wallenberg é um membro da Comissão Permanente Conjunta de Comércio sueca-


alemã e Marcus Wallenberg é um membro do Comitê Permanente Conjunto criado pelo
Acordo de Comércio Anglo-sueco.

D. Marcus Wallenberg veio para os EUA em 1940 e tentou comprar em benefício dos
interesses alemães um bloco de securidades alemães mantidas por americanos.

E. O Banco Enskilda tem estado repetidamente ligado com grandes blocos de operações de
mercado de moedas estrangeiras, incluindo dólares relatados terem sido esvaziados pelos
alemães.
A Bretanha e os EUA inicialmente começaram a lista da Suécia no programa Safehaven em
1944. A Bretanha era a favor de restringir o programa na Suécia apenas ao ouro, enquanto
os EUA queriam incluir outros bens também. Os EUA usaram acordos de comércio como
um incentivo para a cooperação. O Riksdag, o Parlamento Sueco, externou sua aprovação
de Safehaven e em fevereiro de 1945, a Suécia começou um inventário de seu ouro e
moeda estrangeira para ver quanto estava ligado aos nazistas. Pela primavera, os britânicos
concorreram com os americanos e uma proposta foi rascunhada para a Suécia. A proposta
foi então usada como base para conversas em Lisboa e Madri. Pelo verão de 1945, a Suécia
tinha aprovado várias medidas para controlar a propriedade alemã or restringir sua venda
ou dispersão, e expandiu o alcance e seu censo para incluir todos os tipos de propriedade
alemã. Em janeiro de 1946, pela demanda dos Aliados, a Suécia expandiu as leis para
incluir as subsidiárias alemãs. Em novembro de 1945, a Suécia deu ao Departamento do
Tesouro um relatório das transações de ouro suecas. Do relatório,o Tesouro concluiu que a
Suécia tinha recebido 22.7 milhões em ouro saqueado de origem belga. A quantidade foi
reduzida para 17 milhões.

Em 11 de fevereiro de 1946, a embaixada dos EUA informou a Suécia os detalhes da Lei


ACC 5 referente aos titulos dos bens alemães em outros países com as autoridade de
ocupação e convidou uma delegação sueca a Washington. A Suécia expressou graves
preocupações, mas concordou com a conversa. Em 5 de abril, a Suécia informou à
embaixada americana que o assunto teria que ser submetido ao Riksdag, onde
provavelmente ele enfrentaria a derrota baseado na crença que a queixa Aliada não era
válida na lei internacional e portanto uma violação aos direitos da propriedade privada.
Além disso, a Suécia requisitou que seus bens nos EUA, congelados depois da guerra,
fossem liberados antes da negociação e que eles obtivessem permissão para inspecionar as
propriedades suecas na Alemanha. A solicitação foi negada.

Pelo fim de março, depois de discussões com a Bretanha e a França sobre os bens alemães
dentro da Suécia, os EUA acreditaram que eles tivessem a imagem quase completa dos
bens alemães dentro da Suécia e começaram a empurrar as negociações. As negociações
formais começaram em 29 de maio em Washington. A delegação americana era chefiada
por Seymour Rubin, vice-diretor do Escritório de Política de Segurança Econômica do
Departamento de Estado. A delegação britânica foi liderada por Francis W. McCombe do
Escritório do Exterior. Quem chefiou a delegação francesa foi Christian Valensi,
Conselheiro Financeiro da Embaixada francesa em Washington. O Juiz Emil Sandstrom
chefiou a delegação da Suécia. De início, a Suécia concordou com o perigo dos bens
nazistas serem utilizados para fornecer um rival do nazismo, mas contestou a validade das
queixas dos aliados sobre os bens.

As negociações continuaram de modo amigável e em 18 de julho ambos os lados chegaram


a um acordo. Dos estimados 378 milhões de coroas (aproximadamente 90.7 milhões de
dólares) em bens alemães na Suécia, a Suécia concordou em dividir os bens como se segue:
50 milhões de coroas [12.5 milhões e dólares] iriam para a Comitê Intergovernamental de
Refugiados [mais tarde a Organização Internacional de Refugiados]; 75 milhões do coroas
[aproximadamente 18 milhões de dólares] iriam para a Agência Inter-aliada de Reparações
(IARA), excluindo as quantidades que receberiam os EUA, Bretanha e França; 150 milhões
de coroas [aproximadamente 36 milhões de dólares] iria para a assistência para evitar a
doença e a revolta na Alemanha. A última soma seria usada para comprar na Suécia ou
outros paises, comodidades esenciais para a economia alemã. Sobretudo, o acordo permitiu
que os proprietários suecos e alemães da propriedade liquidada fossem compensados em
moeda alemã; permitiu que um missão sueca viajasse para as zonas americanas, britânicas e
francesas da Alemanha ocupada para inspecionar as propriedades suecas; pedia a liberação
dos bens suecos congelados nos EUA [estimados naquele tempo em 200 milhões de
dólares]; a remoção de qualquer lista negra e permitiu que os aliados mantivessem na
reserva suas queixas para propriedades alemãs na Suécia.

No acordo, a Suécia restituiria a quantidade de 7.555.326,64 quilogramas de fino ouro


[aproximdamente 8.1 milhões de dólares] correspondentes a quantidade de ouro derivado
do Banco da Bélgica. A Suécia seria mantida sem prejuízo de qualquer queixa derivada de
transferências do Riksbank sueco a terceiros países de ouro a ser restituído. Finalmente, o
acordo proibia que os Aliados fizessem queixas a respeito de qualquer ouro adquirido pela
Suécia da Alemanha e transferido a terceiros países antes de 1o. de junho de 1945 ou
qualquer queixa adicional depois de 1o. de julho de 1945. Neste relatório, Rubin notou que
as conversas procederam suavemente e na ausência de amargura.

A Suécia formalmente ratificou o acordo em novembro de 1946. Logo antes da expiração


de 1o. de julho de 1947, o ponto final para as queixas de ouro, os Aliados preecheram uma
requisição para a restituição de 638 barras de ouro saqueadas da Holanda [10 milhões de
dolares]. O desafio sueco repousou na queixa que parte deste ouro foi adquirido antes da
Declaração de Londres. Os aliados se queixaram que o acordo incluia todo o ouro
adquirido. O debate sobre o ouro holandês continuou pela década de 1950. Negociações
posteriores do ouro holandês foram infrutíferas. Finalmente, a Suécia restituiu 6 toneladas
de ouro [aproximadamente 6.8 milhões] para a Holanda em 1955.

Outros problemas também se levantaram para a implementação do acordo. A Suécia não


devolveu o ouro especificado no acordo de julho de 1946 por março e no tempo final de
1948. Adicionalmente, a Suécia agilmente cumpriu sua obrigação com o IRO em julho de
1947. Contudo, não foi assim com os fundo do IARA. Por todo o período a Suécia manteve
que a lei 5 era inválida.

A mais recente investigação realizada por uma comissão indicada por um banco revelou
que a Suécia aceitou 59.7 toneladas métricas de ouro dos nazistas. O ouro recentemente
descoberto tem a mesma marca do ouro roubado da Holanda. A investigação também
encontrou 6 toneladas de ouro de origem não determinada que possivelmente veio das
vítimas dos campos de concentração. Este achado adicional do ouro foi perdido
inteiramente pela operação Safehaven. Até então, a Súecia tem apenas devolvido um total
de 13.2 tonelas a Bélgica e a Holanda. A comissão devolveu seus achados ao governo
sueco. Não está claro se esta comissão teria o poder de recomendar a restitução do ouro.
Um dos investigadores diz que a Suécia tem a obrigação moral de devolver o ouro, mas não
tem uma obrigação legal. O relatório foi divulgado em 1997.
Parte 6: Portugal, Espanha e Ouro Nazista

Antes de entrar na questão do ouro com Portugal, um pouco de background histórico é


necessário para entender completamente o problema. Antes do início da segunda guerra
mundial, Portugal tinha mantido fortes laços emocionais e políticos de longo prazo com a
Bretanha remontando a Aliança anglo-portuguesa do século XIV. A Inglaterra era o maior
parceiro comercial de Portugal em 1938. Portugal tinha se unido aos britânicos na primeira
guerra mundial e enviado 50.000 tropas para a linha de frente.

A associação de Portugal com a Alemanha nazista emergiu durante a Guerra Civil


Espanhola. Durante o conflito, o ditador e homem forte Dr. Antonio de Oliveira Salazar
ficou do lado de Franco e Hitler. Salazar ajudou a Alemanha a contrabandear armas para as
forças de Franco e despachou voluntários portugueses para lutar com Franco. Ao fazer isso,
Salazar esperava alcançar seu objetivo de longo prazo de estabilização e desenvovimento
da economia do país. Pelo fim de 1938, a Alemanha era o segundo maior parceiro
comercial de Portugal. Salazar contudo, protestou contra a invasão da Polônia católica por
Hitler.

A escolha de Salazar de permanecer neutro durante a segunda guerra mundial tinha muita
base na geografia bem como na ideologia. Portugal ocupava uma posição estratégica no
mapa da Europa no qual ela tinha muitos portos ao longo de sua costa atlântica que seria
dificil para a Inglaterra bloquear. Contudo, o maior medo de Salazar era uma invasão de
Portugal pela máquina de guerra nazista. Depois da ocupação da França, a Wehrmacht
estava a menos de 260 milhas da fronteira de Portugal. Seu outro medo era que se Hitler e
Franco formasem uma aliança, eles colocassem as tropas nazistas na fronteira de Portugal.
Dean Acheson, então Secretário Assistente de Estado, expressou a opinião que Salazar
garantiu favores a Alemanha no comércio de guerra após avaliar “o relativo perigo da
pressão alemã e aliada sobre ele.”

Salazar prometeu a Alemanha e a Betranha comércio aberto aos valiosos recursos


domésticos e coloniais de Portugal. Ao permanecer neutro, a economia de Portugal se
beneficou tremendamente. O equilíbrio de comércio de Portugal subiu de um déficit de 90
milhões em 1939 para um superávit de 68 milhões em 1942. Os bens em bancos
particulares praticamente dobraram durante os primeiros quatro anos da guerra, enquanto os
bens do Banco de Portugal quase que triplicaram. Tanto os nazistas quanto os aliados
moviam uma guerra econômica por meio de ameaças e lucrativos acordos de comércio.
Contudo, Portugal não podia cortar seus laços com os Aliados, já que era dependente dos
EUA para as importações de petróleo, carvão, sulfato de amônia e trigo. Em outubro, a
Bretanha capitalizou seu relacionamento de longa data com Portugal ao induzir Portugal a
aceitar a libra esterlina em pagamento por mercadorias. Naquele tempo, as reservas de ouro
da Bretanha eram baixas, e a Suécia e a Suíça estavam exigindo ouro como pagamento.

O sucesso econômico de Portugal residia em seus ricos depósitos de tungstênio. Os nazistas


eram totalmente dependentes de Portugal e da Espanha para seu fornecimento de
tungstênio. O tungstênio tinha uma variedade de usos, incluindo os filamentos das
lâmpadas elétricas. Contudo, seu valor particular estava na produção de munições de
guerra. A indústria mecanizada alemã usava carbureto de tungstênio quase que
exclusivamente, enquanto os EUA ainda estavam usando grandemente as inferiores
ferramentas de molibdênio, primariamente por causa do acordo do cartel GE mantido com
Krupp a respeito do carboloi ou carbureto de tungstênio cimentado. Adicionalmente, o
tungstênio era útil em munições perfurantes de blindados. A Bretanha e os EUA
concordaram que as exigências mínimas da Alemanha pelo tungstênio eram de 3.500
tonelas por ano.

Considerando a quantidade que os nazistas necessitavam e os meios extraordinários a que


eles foram para assegurar os suprimentos das minas de tungstênio, os Aliados corretamente
avaliaram que para os nazistas o tugstênio era um recurso vital. Era igualmente importante
para os aliados, mas os aliados não eram unicamente dependentes de Portugal e Espanha e
podiam obter tungstênio de outras fontes. Assim, uma das metas dos Aliados era privar a
Alemanha nazista de tanto tugstênio quanto possível. A competição pelo tungstênio era
grande em 1943, em benefício de Portugal, e o preço aumentou 775% acima das taxas
anteriores a guerra. A produção também disparou de 2.419 toneladas métricas em 1938
para 6.500 tonelaas métricas em 1942.

Para manter sua neutralidade, Portugal criou um sistema estrito de cotas em 1942. O
sistema permitia que cada lado recebesse a exportação de suas minas e uma percentagem
fixa da produção das minas independentes. A Inglaterra possuia a mina maior, enquanto
que a Alemanha possuia duas minas de tamanho médio e várias minas menores. A
produção da segunda maior mina de Portugal era de propriedade da França e a produção
estava ligada em legação por 1941. Em janeiro de 1942, Portugal concluiu um pacto secreto
comercial com a Alemanha. O pacto permitia que os nazistas exportassem mais de 2.800
toneladas de tungstênio. Em troca, a Alemanha forneceria a Portugal carvão, aço e
fertilizantes, que Portugal necessitava e que os aliados não podiam fornecer. Em 1943 os
Aliados tentaram negociar um novo acordo de tungstênio. Portugal pediu reduções nos
preços no sulfato de amônio, produtos do petróleo e outros materiais dos Aliados. Os
Aliados recusaram qualquer redução no preço e Portugal se recusou a aumentar as licenças
de exportação dos Aliados. Ao mesmo tempo, Portugal completou um novo acordo com a
Alemanha nazista.

Paralelas às negociações do tungstênio estavam as negociações para adquirir bases aereas


nas ilhas dos Açores. As ilhas seriam capazes de fornecer uma base crítica para a guerra
anti-submarino, na medida em que a batalha no Atlântico atingia o auge. Os aliados tinham
falhado em tomar os Açores pela força, temendo que a a Alemanha invadisse Portugal em
represália. Em 17 de agosto de 1943, a Bretanha concluiu um acordo com Portugal para o
uso das ilhas começando em outubro depois de evocar a Aliança Anglo-Portuguesa. No
final de 1943, Portugal interrompeu o acordo para incluir a força aérea dos EUA também.

Em abril de 1944, os EUA decidiram usar sanções econômicas para induzirem Portugal a
cortar o fornecimento de tungstênio aos nazistas. Portugal era dependente dos EUA pelo
petróleo e outros produtos. Em 05 de junho de 944, os Aliados pressionaram Portugal para
cessar os embarques de tungstênio para a Alemanha. Os alemães imediatamente
começaram a ocultar seus interesses de mineração em Portugal ao vende-los e comprar
outros negócios. Por junho de 1946, os Aliados estimaram que os nazistas tinham ocultado
aproximadamente 2 milhões de dólares em hotéis, cinemas etc. Ao mesmo tempo um U-
boat alemão afundou um navio português, aumentando o sentimento anti-alemanha dentro
de Portugal. Os EUA começaram negociações para construir uma base aérea nos Açores. A
construção foi retardada até que um acordo fosse alcançado sobre uma ampla variedade de
suprimentos e serviços. Em 28 de novembro de 1944 o acordo foi assinado.
Adicionalmente, os EUA concordaram com a participação portuguesa na campanha para
liberar Timor dos japoneses.

Em 14 maio de 1945, Portugal aprovou a lei 34.600, congelando todos os bens alemães em
Portugal, criando um sistema de licenciamento para desbloqueio dos bens, providenciando
um censo para estes bens, proibindo o comércio de moeda estrangeira e estabelecendo um
regime de penalidade para fazer cumprir estas determinações. Em 23 de maio, Portugal
estendeu a lei para incluir todas as colônias portuguesas. Incluidos nestes bens estavam as
construões do governo alemão. Em 6 de maio, a pedido dos Aliados, Portugal tomou todos
as construções do governo alemão. Isto incluiu a tomada de 5.000 soberanos de ouro, o
fundo da Legação Alemã em Lisboa.

Conquanto a lei portuguesa desse a aparência de cooperação, o Departamento de Estado


temia que ela contivesse muitas escapatórias. O censo excluiu os Aliados da participação. A
lei também permitia a transferência dos bens bloqueados para indivíduos para sua
subsistência e o exercício normal de atividade comercial ou industrial. Em uma relatório
publicado em 19 de junho de 1946, a Divisão de Controles de Securidade Econômica
concluiu que as firmas alemãs continuavam a operar sem qualquer deficiência séria e
muitos dos bens da Alemanha já tinham sido dissipados. Adicionalmente, o censo
português tinha falhado em recuperar qualquer propriedade que os Aliados ainda não
tivessem identificado.

Em 3 de setembro de 1946, negociações entre Portugal e os Aliados começaram sobre


como avaliar, liquidar e distribuir os bens alemães. Seymour Rubin relatou ao embaixador
americano para Portugal, John C. Wiley. Conquanto as conversas fossem cordiais, sérios
desacordos separavam os lados. As negociações estavam paradas em quatro pontos:

1. Definir que bens alemães se qualificariam para liquidação

2. Determinar quanto os portugueses podiam declarar pelas perdas de tempo de guerra


contra a Alemanha.

3. Decidir o papel que cada lado teria na supervisão da liquidação.

4. Decidir quanto ouro, se algum, Portugal teria a entregar aos Aliados.

Nenhum destes assuntos foi resolvido nas conversas de Lisboa de 1946-1947. Portugal
tomou uma posição firme em 1945 que não era responsabilidade deles devolver o ouro que
eles tinham trocado com a Alemanha por bens tangíveis. Portugal manteve esta posição
indo tão longe até declarar que nenhum ouro foi embarcado da Alemanha para Portugal
entre os anos de 1938 e 1945.
A inteligência aliada concluiu que Portugal tinha recebido 143.8 milhões do ouro do Banco
Nacional Suíço, aproximadamene metade do aumento das reservas de ouro de Portugal
relatadas anteriormente neste capítulo. Desta quantidade, os Aliados estavam certos que
22.6 milhões era ouro saqueado da Bélgica e da porção remanescente 72% foi saqueada
pelos nazistas. Durante as negociações, os Aliados propuseram que Portugal devolvesse
50.5 milhões. Os Aliados contestavam que esta quantidade de ouro foi obtida depois de
1942, quando estava claro para todo mundo que as reservas alemãs de ouro foram
expandidas pelo saque da Europa. Portugal declarou não estar ciente de tal saque. Mais
tarde nas negociações, Portugal declarou que todo ouro que eles obtiveram foi de boa fé e
não saqueado. Pelo longo período das negociações com Portugal se arrastando para os anos
de 1950, Portugal só concordaria em devolver 4.4 milhões.

Recentemente tem aparecido evidência que mostra que as afirmações de Portugal eram na
melhor das hipóteses insinceras. Em um relatório confidencial descoberto recentemente,
Victor Gautier, um oficial de alto escalão do Banco Nacional Suíço relata seu encontro com
Albino Garble Peso, secretário-geral do Banco de Portugal, que Portugal não aceitaria ouro
dos nazistas. Ele notou que a razão provavelmente se estende de motivações políticas à
necessidade de cautela legal. Ele posteriormente notou que as objeções dos portugueses se
evaporariam se o dinheiro fosse para passar por nossas mãos e a necessidade de explorar
aquela opção. Estas declarações e outras dentro do relatório de Gautier deixam claro que os
portugueses queriam o ouro nazista e um passado limpo dos lavadores de dinheiro suíços.
Inicialmente, Portugal usou o Banco Internacional de Assentamentos e o Banco Nacional
Iugoslavo em Basel para lavar o ouro nazista.

Contudo, começando em 1941 com a invasão nazista da Iugoslávia, Portugal foi forçada a
procurar por outros meios para lavar o ouro. Também em 8 de janeiro de 1942, Montagu C.
Norman, diretor do Banco da Inglaterra, notificou Thomas McKittrick, o diretor americano
do Banco de Assentamentos Internacionais que ele não mais reorganizaria embarques de
ouro do Banco Internacional para Portugal como válidos. Portugal então insistiu que o
Reichsbank vendesse seu ouro em uma taxa diária ao Banco Nacional Suíço por francos.
Os francos então seriam depositados pelo Reichsbank na conta do Banco de Portugal com o
banco suiço. O Banco de Portugal então usaria estes francos para comprar ouro do Banco
Nacional Suíço. Uma conta foi usada para depósito de ouro transferido no pagamento para
a compra de escudos pelo SNB do Banco de Portugal. A segunda conta foi usada para o
ouro que o Banco de Portugal financiou com francos suiços. Esta última conta fechava o
círculo para a transferência do ouro das ordens de Berlim para a conta do Banco de
Portugal em Zurique.

O Banco Espirito Santo também desempenhou um papel importante na obtenção do


tungstênio pelos nazistas. Um relatório da FEA datado de outubro de 1945 acusou o banco
de ser o principal agente financeiro para as operações nazistas de tungstênio. Depois que os
Aliados tinham compelido o banco a esquecer seus laços nazistas, os nazistas transferiram
suas contas para o Banco Lisboa e Acores.

Adicionalmente, houve uma quantidade significativa de ouro contrabandeado para dentro


de Portugal. O adido comercial alemão em Madri admitiu ter contrabandeado quase que 1
milhão de soberanos ingleses de ouro de Berlim para a embaixada alemã em Lisboa. As
moedas tinham sido enviadas em malas diplomáticas durante 1943 e 1944. Um outro
relatório indicou que 360.000 dólares em ouro tinham voado para Portugal em junho e
julho de 1944 e depositado no Banco de Portugal sob o nome do embaixador. O diretor do
banco admitiu que vários outros dignatários tinham contas especiais, inclusive o irmão de
Franco.

Conquanto os portugueses alcançassem um acordo anterior com os aliados sobre a


propriedade alemã, a questão do ouro parou nas conversações. Sobretudo, Portugal ligou o
acordo da propriedade à questão do ouro e se recusou a liquidar a propriedade até que a
questão do ouro fosse resolvida. Esta ação retardada somente serviu para erodir o valor da
propriedade nazista tomada. As conversas continuavam em bases formais ou não.
Documentos recentemente desclassificados mostram que os negociadores americanos
estavam cientes de um memorando do OSS datado de 7 de fevereiro de 1946 declarando
que Portugal tinha recebido 124 toneladas de ouro nazista. Não obstante, os negociadores
americanos estavam apenas buscando o retorno de 44 toneladas de ouro. Os Açores
complicaram a inteira negociação do fim da guerra até 1953. Durante a guerra, Portugal
tinha garantido a permissão aos EUA para construir uma base aérea nos Açores para uso
durante a guerra e por cinco anos depois da guerra. Por julho de 1947, o Departamento de
Estado estava urgindo que os negociadores facilitassem a linha dura de abordagem e
buscassem um compromisso com Portugal sobre a questão do ouro. O mais importante para
o Departamento de Estado era a negociação da base aérea nos Açores. Em 1945, a Junta de
Chefes tinha considerado a base dos açores uma das nove bases estratégicas essenciais
necessárias para manter a segurança dos EUA. As negociações sobre o ouro foram
suspensas em 1947 até que as negociações sobre os Açores estivessem completas.

Em 1948, Robert Lovett escreveu ao Secretário do Tesouro que ” superando as


considerações políticas e estratégicas de nossa política externa, torna essencial que os bens
de Portugal nos EUA sejam desbloqueados”. Uma semana depois o Departamento do
Tesouro enfraqueceu os procedimentos de licenciamento, efetivamente desbloqueando os
bens. Com esta ação, os EUA perderam toda a alavancagem sobre Portugal. Em 17 de julho
de 1951, o Departamento de Estado se comunicou com Lisboa para assentar nos termos
portugueses. A decisão era baseada em superar a importância dos objetivos políticos e
militares. Portugal tinha se tornado um membro pleno da OTAN. Também em jogo estava
o arrendamento a longo prazo de uma base aérea nos Açores, o último acordo tinham
somente estendido o arrendamento para cinco anos. Baseado nas prioridades dos objetivos
da Guerra Fria e consultando as autoridades britânicas, o Departamento de Estado
recomendou estabelecer a questão do ouro com Portugal em meros 4.4 milhões de dólares.

O Departamento do Tesouro concordaria com os termos se o Tesouro recebesse uma carta


assinada a nível de secretário assistente, indicando que houve considerações políticas que
garantiram um asentamento e que qualquer acordo não resultaria em queixas contra os
EUA. Agindo como Secretário Assistente para os Assuntos Europeus James Bonbright
assinou a carta para o Tesouro. O acordo com Portugal foi finalmente alcançado em 24 de
junho de 1953. Contudo, Portugal condicionou o acordo à condição que isto alcançasse a
concordância da Alemanha Ocidental. Demoraria até junho de 1958 antes que Portugal
alcançasse o acordo com a Alemanha. Não foi senão em 1959 que Portugal restituiu os $4.4
milhões em ouro.
Conquanto muitos dos neutros se inclinassem na direção do fascismo, ninguém era tão
completamente fascista quanto a Espanha de Franco. Tanto a Alemanha quanto a Itália
haviam fornecido apoio a Franco durante a Guerra Civil Espanhola. De fato, Franco
despachou 40.000 voluntários para a Alemanha em 1941. Eles serviram no front russo
conhecido como Divisão Azul até 1943. Embora Franco declarasse neutralidade tão logo a
guerra irrompeu na Europa, a Espanha balançava na inclinação de se unir aos poderes do
Eixo por 1940 e 1941. A beligerância espanhola era baseada em uma prematura vitória
alemã sobre a Bretanha e o acordo alemão que permitiria a Franco se expandir
territorialmente no Marrocos francês, África e talvez até mesmo Europa.

Os nazistas já reconheciam a localização estratégica da Espanha. Tão cedo quanto em


meados de 1940, os nazistas tinham planos compreensivos de invadirem Gibraltar. O nome
código do plano, Operação Felix, originalmente pedia por uma operação em meados de
1941. O plano pedia que dois corpos se movessem através da Espanha, com a permissão de
Franco, pelas estradas. O sistema feroviário espanhol era de um calibre diferente do resto
da Europa, forçando os nazistas a confiarem no sistema rodoviário. Uma vez em posição,
Gibraltar seria atacada por terra e por ar com a mortal eficiência nazista. Os planos também
incluiam que duas divisões adicionais atacassem o Marrocos uma vez a Operação Felix
fosse bem sucedida.

Certamente, o General Franco, como os nazistas, reconhecia a importância estratégica de


Gibraltar. Com os Pilares de Hercules guardando a entrada do Mar Mediterrâneo, uma
tomada nazista de Gibraltar acrescentaria semanas para que os petroleiros alcançassem a
Bretanha vindos do Oriente Médio e daria aos nazistas o controle estratégico do
Mediterrâneo. Igualmente, Franco certamente deve ter estado ciente da situação precária da
Bretanha em 1940. A Inglaterra mal era capaz de se defender. Na medida em que o império
estivesse mundialmente sob ataque, estaria dificilmente em posição de defender uma outra
parte do império. O ataque até mesmo incluia uma ataque de acompanhamento a Marrocos,
o país que Franco ambicionava. Não obstante, os nazistas falharam em obter a aprovação de
Franco. Se a falha foi devida a interferência do embaixador americano ou a pobre
diplomacia da parte dos nazistas, isto tem sido um dos maiores erros crassos diplomáticos e
estratégicos que os nazistas cometeram.

Depois que passou 1941 houve planos similares de atacar Gibraltar. Contudo, depois que os
alemães invadiram a Rússia, tais planos eram impraticáveis porque os nazistas não tinham
equipamento ou poder humano para gastar abrindo uma nova frente de batalha.

Um dos maiores laços entre a Espanha e a Alemanha nazista era o débito incorrido pela
Espanha durante a Guerra Civil. A Espanha devia a Alemanha mais de 212 milhões em
suprimentos de material de guerra e outros itens para as forças do General Franco.

A Bretanha e os EUA se engajaram em um esforo em manter a Espanha neutra durante o


início dos anos de 1940. A Espanha era fornecida com grãos e gasolina. Grande parte, se
não a maioria dos produtos de petróleo que os EUA forneciam a Espanha, eram enviados
aos nazistas. Franco fazia os EUA de tolos. Ele alegremente aceitava a gasolina, separava
uma pequena parte para suas necessidades e despachava o resto para os nazistas. A
neutralidade da Espanha dependia de uma ameaça de invasão. Depois de 1941, a Espanha
foi levada pela corrente para mais perto dos Aliados. Franco forneceu um abrigo para os
judeus que puderam escapar pelos Pirineus. Por 1943, a precupação americana e espanhola
com uma invasão desapareceram. Acompanhado da reduzida ameaça dos nazistas em 1943,
a Espanha mudou para uma neutralidade mais clara.

Em julho de 1943, o embaixador americano se encontrou com Franco e explicou que havia
três maiores aspectos da política espanhola que precisavam ser revisados se a Espanha
fosse demonstrar real neutralidade. Um, a Espanha teria que anunciar inequivocamente sua
neutralidade. Dois, os órgãos do governo controlados pela Falange teriam que adotar a
politica da imparcialidade já seguida pelo Ministério do Exterior. Finalmente, a Divisão
Azul teria que ser chamada para casa. Franco respondeu que ele ainda não podia renunciar
completamente da não beligerância mas podia começar a mudar na direção da neutralidade.
Em 1947, um memorando do Departamento de Estado concluiu que Franco tinha agido de
um modo mais que de neutralidade para os primeiros quatro anos de guerra fornecendo aos
nazistas significativas quantidades de bens estratégicos, bem como apoio militar e de
inteligência. Segundo mensagens interceptadas, um aspecto chave deste apoio de
inteligência era as redes de espionagem criadas nos EUA e na Bretanha e operadas pelas
embaixadas espanholas em Washington e Londres. A operação destas redes de espionagem
parece ter começado em 1942; as mensagens desencriptadas estavam disponíveis para os
líderes americanos.

Além do débito que os ligava aos nazistas, a Espanha como Portugal, tinha consideráveis
minerais vitais necessários aos nazistas. A Sociedade Financiera Industrial (SOFINDUS)
foi formada em 1936 sob o nome de Rowak. Era um grande conglomerado comercial que
agiria como peça central no comércio espanhol-alemão. Por especiais acordos bilaterais em
1937 e 1939 garantindo tratamento econômico favorecido a empreendimentos alemães, o
SOFINDUS adquiriu um império comercial ao tempo em que a guerra irrompeu. Em um
protocolo secreto para um acordo espanhol-alemão em 1939, a Espanha prometeu servir
como conduto de suprimentos da América do Sul. Em maio de 1940, a Espanha assinou um
acordo de três anos com a Itália prometendo suprimentos vitais. Por 1942, o comércio entre
a Espanha e a Alemanha tinha mudado para a maioria dos alimentos e minerais essenciais à
guerra. A Espanha tinha ricos depósitos de pirita, um ferro de alto grau. 70% do comércio
mineral ente os dois países era devido a pirita. Os nazistas também compravam zinco,
chumbo, mercúrio, fluorita, celestita, mica e amligonita da Espanha. Contudo, o tungstênio
era o mais vital, já que a Espanha era um dos dois fornecedores deste mineral para a
Alemanha. Navios de bandeira espanhola eram usados para contrabandear bens da América
do Sul para os nazistas. O bloqueio dos aliados era eficaz em eliminar grandes itens mas os
itens pequenos, como os diamantes industriais ou platina, que serve com o catalizador na
produção e nitratos e ácido sufúrico, compunham o grosso do comércio de contrabando.

O comércio aliado com a Espanha tinha três objetivos. O primeiro objetivo era obter os
bens necessários que não estavam disponíveis em outros lugares. Secundariamente, ao
comprarem materiais vitais da Espanha os Aliados podiam negar aos nazistas uma fonte
para estes materiais. Finalmente, ao realizarem o comércio dos materiais necessários à
economia da Espanha, os Aliados podiam diminuir a influência da Alemanha sobre a
Espanha. Os esforços para alcançar esta política começaram em março de 1940, pela
Bretanha, quando ela assinou um acordo de seis meses de fornecer a Espanha certos
materiais que esta necessitava, tais como produtos de petróleo e fertilizantes, em troca de
minério de ferro, outros minerais e frutas cítricas. O acordo foi renovado a cada seis meses
durante a guerra. Em maio de 1943, devido ao contrabando de materiais dentro da Espanha
para os nazistas, os EUA iniciaram um programa para comprar as fontes destes materiais na
América do Sul.

Contudo, a real competição no comércio com a Espanha era pelo minério do tungstênio.
Diferentemente de Portugal, que tinha um sistema de cota, a Espanha confiava no mercado
aberto para o tungstênio. O mercado aberto fornecia uma margem aos Aliados com seu
melhor acesso a boa moeda. Por 1941, a Alemanha tinha desenvolvido a maioria das minas
de tungstênio da Espanha e controlado os maiores produtores através do SOFINDUS. Em
1941, os nazistas adquiriram quase todo minério de tungstênio produzido. A Inglaterra só
havia conseguido comprar 32 tonelas. Começando em 1942. a Inglaterra e os EUA
começaram um programa unificado para comprar o máximo possível do minério. O
programa causou o output das minas a quase dobrar a produção do ano anterior. A
produção havia aumentado para aproximadamente 2.000 toneladas e o preço havia subido
de $75 uma tonelada para $16.800. Em junho, a Espanha estabeleceu um preço mínimo de
$16.380 por tonelada, o que incluia uma taxa de importação de $4.546. Em um esforço para
melhor competir com os nazistas, os Aliados criaram sua própria frente de fachada
corporativa para comprar o minério e em 1942 compraram aproximadamente metade do
minério.

Em dezembro de 1942, sob pressão dos nazistas, A Espanha assinou um novo acordo de
comércio com a Alemanha com cotas mais explícitas. O acordo logo caiu com ambos os
lados culpando o outro pela falha. Em fevereiro de 1943, a Espanha assinou um acordo
secreto com a Alemanha para substituir o acordo fracassado. A Alemanha concordou de
fornecer a Espanha armamentos ao custo. Contudo, durante as negociações os nazistas
tiveram uma primeira demanda de 400% no encarecimento das armas. Os nazistas,
desesperados pelo tungstênio e pesetas espanholas, tinham que ceder a demanda de armas
pelo custo da Espanha. Depois da guerra, o negociador nazista notou que as conversas
foram tensas e difíceis. Em agosto de 1942, a Espanha tinha alcançado o acordo com os
nazista para repagar seu débito da Guerra Civil em quatro prestações, nas quais os nazistas
usariam o dinheiro para comprar tungstênio. Durante 1943, a Alemanha comprou a grosso
modo 35% da produção total de tungstênio. A produção total das minas na Espanha era a
grosso modo 4 a 5 vezes a produção de 1940.

Em janeiro de 1944, depois que o embaixador britânico, Sir Samuel Hoare, se encontrou
com Franco em uma tentativa infrutífera de persudir a Espanha a suspender a venda de
tungstênio aos nazistas, os Aliados impuseram um embargo de petróleo à Espanha. Em 2 de
maio a Espanha concordou a limitar a exportação de tungstênio para a Alemanha a 580
toneladas e 300 toneladas já haviam sido enviadas. O acordo cortou pela metade as
exportações alemãs. Contudo, devido ao contrabando, documentos capturados mostram que
a Alemanha conseguiu comprar um total de 865.5 toneladas. As exportações de tungstênio
da Espanha para a Alemanha terminaram em agosto de 1944, quando a fronteira foi
fechada.
A Operação Safehaven na Espanha começou na primavera de 1944. Samuel Klaus do FEA
liderou a equipe. Klaus relatou que a Espanha era o mais desencorajador bem como o mais
difícil de todos os neutros. Ele indicou que o embaixador americano, Carlton Hayes, não
era voluntário para cooperar. Klaus notou que os nazistas podiam facilmente ocultar seus
negócios na Espanha devido a corrupção dos oficiais. Ele também indicou que Tangiers
estava sendo usada como um conduto para mover os bens deles da Espanha e Portugal para
a Argentina. Este conduto confirma o programa de Bormann da fuga de capital.

No outono de 1944, os Aliados fizeram sua primeira solicitação para que a Espanha
cessasse todas as transações de ouro envolvendo interesses inimigos. A Espanha deixou de
responder. Em janeiro de 1945, o Tesouro e o FEA queriam ligar Safehaven com as futuras
conversas com a Espanha sobre o expirado acordo de comércio, notando que os Aliados
tinam cortado todas as rotas por terra ente a Espanha e a Alemanha. A Bretanha se opôs
obstinadamente a uma tal ligação, sendo mais dependente do comércio espanhol. Não foi
senão em 5 de maio de 1945 que a Espanha divulgou um decreto para congelar e imobilizar
todos os bens com uma Curadoria anglo-americana para tomar controle do Estado alemão e
das propriedades quase oficiais. Os problemas com o acordo da curatela se levantaram
imediatamente. Por julho de 1947, a curadoria tinha tomado o controle de apenas 25.3
milhões dos estimados 95 milhões de bens alemães na Espanha.

A informação sobre as transações de ouro da Espanha vieram da inteligência Aliada,


registros capturados do Reichsbank alemão, declarações de funcionários de bancos suíços,
e registros tomados de escritórios das corporações quse oficiais SOFINDUS e Transportes
Marion. A melhor estimativa foi que a Espanha tinha recebido 138.2 milhões de ouro
diretamente da Alemanha ou indiretamente via Suíça. Adicionalmente, estatísticas
publicadas mostravam que as holdings de ouro da Espanha aumentaram de 42 milhões em
1941 para 110 milhões em 1945.

As negociações começaram com a Espanha em novembro de 1946 em Madri. Mais uma


vez Seymour Rubin liderava os negociadores. As negociações se arrastaram através de
1947 para dentro de 1948. O acordo final foi alcançado para os bens nazistas e a questão do
ouro em 3 de maio de 1948. A Espanha concordou em expatriar 114.329 dólares em ouro
que se acreditava ter vindo da Holanda. Contudo, os Aliados tinham que publicar uma
declaração que a Espanha não estava ciente que o ouro tinha sido saqueado pelos nazistas,
como especificado no acordo.

Aqui existiam dois fatores adicionais que aceleraram as negociações para um acordo mais
cedo do que aquele com Portugal. O Departamento de Estado tinha sua usual solicitação
para um fácil assentamento para facilitar o caminho para adquirir bases militares dentro da
Espanha. Contudo, o fator mais crítico era a Espanha ser vista como um pária depois da
guerra. Os aliados tinham concordado em Potsdam de excluir a Espanha da afiliação a
ONU devido ao seu background fascista. Em dezembro de 1945, o embaixador americano,
Norman Armour, deixou Madri. Nenhum embaixador foi indicado até 1951 para ocupar a
posição vazia. Outras nações também retiraram seus embaixadores. Em um relatório
durante maio de 1946, um sub-comitê da ONU apresentou evidência da natureza fascista da
Espanha, suas atividades pró-nazistas e o apoio pós guerra e santuário a criminosos de
guerra nazista e repressão política dos oponentes. De fato, a Espanha foi isolada como uma
nação não amigável. Apenas em 1955 a Espanha foi admitida na ONU.

Parte 7:Turquia, Argentina e o Ouro Nazista

Como outros países neutros, a Turquia estava ligada aos nazistas pelo comércio, mas aqui
era onde as similaridades paravam. A Turquia descendia do Império Otomano e era
primariamente uma nação muçulmana. Durante a primeira guerra mundial, a Turquia tinha
se alinhado com a Alemanha. Imediatamente depois da primeira guerra mundial, a Turquia
ralizou um programa para extermínio dos Armenios, uma acusação que a Turquia ainda
nega vigorosamente. Sobretudo, a Turquia começou a Segunda Guerra Mundial ligada a
Bretanha e a França pela aliança militar de outubro de 1939; ela declarou neutralidade em
junho de 1940, depois da queda da França e terminou como aliada de guerra dos Aliados.
Grande parte da razão da Turquia declarar neutralidade foi resultado do medo turco de uma
invasão nazista. Depois da Queda dos Balcãs pelos nazistas, a Turquia assinou um Tratado
de Amizade com a Alemanha em junho de 1941.

Por toda a guerra, a Turquia andou em uma corda estreita, equilibrando as necessidades e
expectativas dos nazistas contra aquelas dos Aliados. No entanto Istambul era um centro de
espionagem e de intriga durante a guerra. A Turquia não tomou ação aberta contra os
nazistas e por sua vez os nazistas nunca violaram as fronteiras da Turquia. Em outubro de
1941, a Turquia asinou um importante acordo de comércio com a Alemanha. Em troca de
matéria prima, especialmente o minério cromita, a Alemanha supriria a Turquia com
materiais de guerra e outros bens acabados. Ao mesmo tempo, a Turquia mantinha relações
amigáveis com os EUA e a Bretanha, que forneciam a Turquia moderno equipamento de
guerra em troca do minério cromita. O minério cromita da Turquia era crítico para os
nazistas. A Turquia era a única fonte de cromo, um elemento vital na indústria do aço.
Albert Speer afirmou que o minério cromita da Turquia era tão vital para os nazistas que a
produção de guerra chegaria a uma parada completa dez meses depois que o suprimento foi
cortado. O minério era embarcado da Turquia por trem através da parte mais escarpada de
um país no mundo. Para o fim da guerra, os aliados alvejaram pontes ao longo das
principais linhas ferroviárias para parar os embarques de cromita.

Em 1941, a Turquia foi acrescentada as nações de transferência de bens e serviços


disponíveis para receberem equipamento. Em janeiro de 1943, durante a Conferência de
Casablanca, Roosevelt considerou pedir a Turquia para entrar na guerra. Em novembro de
1943, todos os três grandes líderes Churchill, Roosevelt e Stalin, pediram para a Turquia
entrar na guerra. Em fevereiro de 1944, depois que a Turquia fez sua entrada na guerra
contingente a maciça assistência militar e uma significativa presença militar aliada, a
Bretanha e os EUA pararam o programa de ajuda. Por 1943, os Aliados previram que não
existia ameaça de uma invasão nazista. Não foi senão em abril de 1944 que a Turquia parou
as exportações de cromita para a Alemanha e então apenas depois de ser ameaçada com as
mesmas sanções econômicas que estavam colocadas sobre outros países neutros. Mais tarde
em agosto, a Turquia suspendeu todas as relações diplomáticas com a Alemanha. Mais
tarde em fevereiro de 1945, na véspera das criação da ONU, a Turqia declarou guerra a
Alemanha.
A Turquia não foi um grande recebedor do ouro dos nazistas. De fato, as melhores
estimativas dos especialistas americanos estavam na faixa de 15 milhões de dólares. A
maioria do ouro era acreditada ter sido saqueada da Bélgica. Além disso, dois bancos
particulares alemãos, o Deutsche Bank e o Dresdner Bank, venderam ouro da conta de
Melmer em troca de moeda estrangeira.

Os esforços aliados de recuperar ouro da Turquia nunca foram perseguidos com qualquer
vigor. A localização geográfica da Turquia, controlando o acesso ao Mar Negro, e sua
fronteira com a União Soviética a tornou a pedra fundamental para os interesses
estratégicos dos EUA na Guerra Fria vindoura. Em 1946, conversas formais foram
realizadas considerando o ouro recebido dos nazistas bem como os bens alemães na
Turquia. Os Aliados estimaram que os bens alemães na Turquia totalizavam 51 milhões.
Em março de 1947, a Doutrina Truman incluiu a Turquia junto com a Grécia. Em julho, os
EUA assinaram um acordo de comércio de 150 milhões com a Turquia. O acordo lidava
com um choque fatal para qualquer negociação posterior sobre restituição. A Turquia nunca
devolveu qualquer ouro.

Pela década de 1930, a Argentina era governada por uma sucessão de ditadores militares e
presidentes fraudulentamente eleitos. Estes regimes eram enfraquecidos pela corrupção
interna e deviam se legitimar ao reviver uma antiga aliança hispânica de Cruz e Espada. Os
laços com Franco de raça, religião e linguagem eram enfatizados. Alguns até mesmo
pediam para desfazer a guerra de independência da Argentina da Espanha e pediam um
governo por um Vice-Rei. Os líderes militares e a Igreja Católica, como solicitado pelo
Vaticano, sonhavam em criar uma nação católica hispânica que equilibraria os EUA no
Hemisfério Ocidental. Ao tempo em que a guerra irrompeu, a politica externa da Argentina
estava dividida em dois campos, um pró-nazista e outro pró-aliados. Contudo, a politica
externa da Argentina era controlada por agentes operacionais ligados ao Vaticano que
pediam um triângulo de paz entre a Argentina, a Espanha e o Vaticano.

No início da guerra na Europa, o fraco presidente da Argentina Ramon Castillo anunciou


uma política de prudente neutralidade. A despeito de ter concordado com a Conferência de
Havana de 1940, na qual o ataque a qualquer país do Hemisfério Ocidental seria
considerado um ato de agressão a todos os Estados americanos, a Argentina aderiu a esta
política de neutralidade. A Argentina fracamente defendeu sua neutralidade política ao
afirmar que qualquer ação tomada em resposta a um ataque era uma questão da
interpretação individual de cada Estado. A Argentina tinha permanecido neutra durante a
primeira guerra mundial e sua economia se beneficou muito bem como uma consequência.
Novamente havia a esperança que uma política de neutralidade reviveria a economia da
devastadora depressão da década de 1930.

Em janeiro de 1942, a Argentina concordou com os termos da Conferência do Rio para


cortar todas as relações comerciais e financeiras com os poderes do Eixo. Em junho de
1942, a Argentina concordou com o Ato Final da Conferência Inter-americana sobre
Controles Econômicos e Financeiros, obrigando todos os Estados a finalizar todo intercurso
comercial, direto ou indireto, com o Eixo. A Argentina ignorou os termos e continuou com
os negócios como usual com os nazistas. Sobretudo, durante 1942 Juan Goyeneche, um
agente confidencial de Peron e Adrian Escobar, o embaixador argentino para a Espanha,
viajaram pela Europa devastada pela guerra, encontrando-se com oficiais nazistas e do
Vaticano. Goyeeneche colaborou extensamente com o Rao de Inteligência Estrangeira das
SS. Escobar e seu consul Aquilino Lopez estavam colaborando com o serviço secreto de
Himmler ao atravessar a França de Vichy e relatar detalhes dos diplomatas espanhóis e
aliados.

Depois de extensos encontros com o secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Luigi


Magione, um acordo foi alcançado no qual uma vez a paz fosse estabelecida, a Argentina
aplicaria generosamente suas leis de imigração. Estes encontros aparentemente inocentes
tomam uma importância crítica no fim da guerra. Isto prova que o Vaticano estava
planejando ajudar os nazistas criminosos de guerra a escaparem da Europa já em 1942. Este
encontro estabeleceu as linhas de fuga do Vaticano.

Em 10 de outubro, o Papa recebeu Escobar e recebeu bem a opinião da Argentina que era
apropriado para o Vaticano participar nas conversas de paz. Depois deste encontro com o
Vaticano em outubro, Goyeneche viajou para a Alemanha e se encontrou com Ribbentrop,
buscando o apoio nazista para o candidato nacionalista nas eleições de 1943. Esta fachada
de neutralidade seria mantida até 1943 a a revolução dos coronéis que eventualmente
trouxe Peron ao poder.

Uma vez os coronéis estavam no poder, eles primeiro buscaram armas da Alemanha para o
caso de irromper uma guerra entre a Argentina e o Brasil. Por setembro de 1943, os
coronéis desistiram da idéia de contrabandear armas para a Argentina vindas da Alemanha
e ao invés buscaram uma aliança com os nazistas. O grupo de coronéis despachou Osmar
Hellmuth e Carlos Velez para a Espanha para negociar com os nazistas. Infelizmente para
os coronéis, o interceptador US Magic tinha detectado a missão em andamento de
transmissões entre o agente das SS na Argentina, um Capitão Backer e Schellenberg na
Alemanha e os britânicos prenderam Hellmuth quando o navio aportou em Trinidad.

A prisão de Hellmuth falhou em deter complôs posteriores. Peron e Becker continuaram a


tramar derrubar os governos vizinhos para criar um bloco pró-nazista na América do Sul.
Peron escreveu em um secreto manifesto dos coronéis como se segue.

“Formar alianças será o primeiro passo. Temos o Paraguai, a Bolívia e o Chile. Com a
Argentina, Paraguai, Bolivia e Chile, será fácil pressionar o Uruguai. Então as cinco nações
unidas será fácil envolver o Brasil por causa de seu tipo de governo e seu grande núcleo de
alemães. Com a queda do Brasil, o continente americano será nosso.”

Em 20 de dezembro de 1943, um golpe militar no Uruguai instalou o General Gualberto


Villarrod como presidente. Peron e Becker tinham planejado o golpe. A contra-inteligência
americana estava ciente do golpe pelas desencriptações do Magic das transmissões de
Becker da Argentina. O golpe todavia, foi um fracasso para os nazistas. Usando o material
das decriptações Magic, os EUA torceram o braço da Argentina. Enfrentando a ameaça dos
EUA de divulgarem as decriptações das admissões de Hellmuth e de interrogatórios
implicando o papel da Argentina no golpe, a Argentina foi forçada a romper
diplomaticamente comos nazistas em janeiro de 1944. Contudo, a Argentina manteve a sua
neutralidade e não declarou guerra contra a Alemanha até um mês antes do suicídio de
Hitler.

Durante o ano final da guerra, a Argentina era a primeira destinação de muitos bens que
Bormann estava retirando da Alemanha para o renascimento do Terceiro Reich. Depois da
guerra, a Argentina também foi o principal destino dos criminosos nazistas de guerra. Até
mesmo os criminosos nazistas de guerra que escaparam para outros países sul-americanos
geralmente primeiro entraram no continente pela Argentina. Enquanto outros países sul-
americanos geralmente apoiaram as políticas americanas durante a guerra, não houve
cooperação da Argentina. Outras países aderiram a Lista Proclamada e tomaram medidas
para eliminarem qualquer esforço de contrabando. O Departamento do Tesouro urgiu ações
mais rígidas em relação a Argentina do que aquelas que o Departamento do Estado era
voluntário em implementar. O Departamento de Estado estava tomado pelo medo que uma
política mais rígida alienasse outros países sul-americanos e por uma diferença de opinião
com os britânicos. Durante ambas as guerras mundiais a Inglaterra dependeu da Argentina
por carne. Contudo, já em 1942, a neutralidade política da Argentina tornou isto o foco
principal do Departamento do Tesouro e da Diretoria de Guerra Econômica.

O grande número de companhias alemãs na Argentina permitia que os lucros voltassem


para as organizações nazistas de espionagem em troca de créditos em Reichsmark na
Alemanha. O Departamento do Tesouro também suspeitava que a Argentina fez
quantidades substanciais de moeda estrangeira disponível aos países do Eixo, aceitou a
entrada de grandes quantidades de moeda saqueada e securidades em seus mercados, e
permitiu que firmas alemãs escondessem seus bens. Um relatório do FBI divulgado em
junho de 1943 descreveu como Buenos Aires serviu como uma fachada do Hemisfério
Ocidental para as notas bancárias dos EUA que tinham sido saqueadas na Europa ocupada e
entraram no tráfico comercial na Suíça.

Por toda a guerra a Argentina serviu como um centro de atividade para as operações
nazistas de contrabando. Grandes itens de comércio eram facilmente parados pelo bloqueio.
Contudo, itens críticos de pequeno tamanho, tais como diamantes industriais e platina eram
especialmente necessários na Alemanha e podiam ser contrabandeados pelo bloqueio em
bases regulares. Imediatamente depois de Pearl Harbor, Morgenthau queria congelar os
bens da Argentina. Em maio de 1942, Morgenthau apresentou evidência ao Presidente
Roosevelt que numerosas companhias argentinas estavam ocultando fundos alemães nos
EUA e que a Argentina tinha recentemente enviado mais de um milhão de dólares para os
EUA em moeda saqueada. Contudo, Roosevelt continuou com a politica estabelecida pelo
Departamento de Estado. Depois de repetidas solicitações do Departamento do Tesouro, o
Departamento de Estado concordou com o bloqueio ad hoc de contas argentinas
selecionadas em outubro. Mais de 150 indivíduos e firmas na Argentina foram
acrescentados a Lista Negra.

As negociações de Safehaven com a Argentina começaram em 1944 e foram restringidas


por relações ansiosas. Em fevereiro de 1944, o presidente argentino Ramirez delegou seus
poderes ao General Edelmiro Farrell. Os EUA falharam em reconhecer o governo de Farrell
e retiraram seu embaixador. Em agosto e setembro o Departamento de Estado anunciou
sanções adicionais contra a Argentina devido a sua falha em cumprir com a desnazificação
da Argentina. Em resposta, a Argentina se retirou do Comitê de Montividéu para defesa
política do continente. O Banco Central da Argentina no entanto forneceu uma pequena
ajuda aos investigadores americanos na localização de bens alemães. Depois que Cordell
Hull pediu exoneração como Secretário de Estado em novembro de 1944, o secretário
seguinte, Edward Stettinius, formulou uma política mais fácil em relação a Argentina.
Nelson Rockefeller, o indicado chefe da inteligência sul-americana em tempos de guerra,
também favorecia termos mais fáceis para a Argentina. Rockefeller controlava bancos que
haviam ilegamente transferido fundos entre os EUA e a Argentina de contas congeladas.

Em 7 e fevereiro de 1945, o Secretário do Tesouro Morgenthau sugeriu ao atuante


Secretário de Estado Joseph C. Grew que um especial representante do Tesouro fosse
enviado a Argentina para descobrir e controlar os bens externos nazistas na Argentina.
Grew rejeitou a solicitação, citando considerações políticas. Em 1945, quando foi aprovada
uma resolução em apoio da Resolução VI Bretton Woods pela Conferência Inter-
Americana sobre Guerra e Paz realizada na cidade do México. A resolução, conhecida
como o Ato de Chapultepec, contudo, não garantiu o controle dos bens nazistas nos países
da América Latina para corpos multinacionais de governo, mas reconheceu o direito de
cada uma das repúblicas americanas, incluindo os EUA, para a propriedade alemã dentro de
sua própria jurisdição. Devido a sua continua política pró-nazista, a Argentina foi excluida
do encontro. Reconhecendo seu crescente isolamento das outras nações do Hemisfério
Ocidental, a Argentina foi forçada a declarar guerra contra a Alemanha no último mês das
hostilidades.

Em 11 de fevereiro de 1946, o Departamento de Estado pubicou o famoso Livro Azul sobre


a Argentina. O livro confirmou que o governo argentino não exerceu nenhum controle
sobre as firmas alemãs e os esforços para tomar os bens delas foram retardados até que
estes bens pudessem ser dispostos em outros lugares. O livro também confirmou que a
Alemanha nazista transferiu grandes somas de dinheiro a sua embaixada na Argentina sem
qualquer obstáculo sério. Alguns historiadores creditam a divulgação do Livro Azul para a
eleição de Peron devido ao seu retrocesso anti-americano. Em 22 de maio de 1946, a equipe
de Safehaven relatou que o valor total dos bens alemães era aproximadamente de 200
milhões. Os bens incluiam balanços de banco, propriedades imobiliárias, mercadorias e
similares. Nenhum grupo de pedras preciosas ou tesouros de arte foi encontrado e a equipe
concluiu que a Argentina não era a maior destinação do tesouro saqueado. Sobretudo, a
equipe relatou que nenhum registro revelava que a Argentina tenha sido receptora do ouro
nazista.

Já em 1942, os EUA tinham conhecimento dos acordos ilegais de moeda da Argentina. Em


abril de 1942, o consulado dos EUA na Suiça relatou que um diplomata argentino estava
contrabandeando dólares roubados pelos nazistas para venda em sua terra natal; os
procedimentos eram então transferidos para a Suiça. Cabogramas britânicos de 1944
mostram que a Argentina realizou um vigoroso comércio com a Suiça e que
frequentemente o pagamento era em ouro. Por 1945, os Departamentos de Estado e do
Tesouro tinham encontrado evidência conclusiva de extensas transações envolvendo a
transferência de pesos argentinos, Reichsmarks, e francos suiços da Argentina para a
Suiça. Em maio de 1947, a Argentina propôs uma transferência de 170 milhões de sua
conta no Federal Reserve. A preocupação sobre a fonte do ouro retardou apenas
temporariamente a transferência. Guyatt, relata que em 1973, quando Peron voltou ao
poder, 400 toneladas de ouro pertencentes a Peron foram colocadas a venda no mercado
negro. Peron apelidou a venda de Bormann 1345. Conquanto o governo espanhol tenha
tutoriado a venda, o agente da transferência rotulou a venda como de natureza política. A
despeito do maciço aumento das reservas de ouro da Argentina e o número de criminosos
nazistas que encontraram um santuário na Argentina, até mesmo cinquenta anos depois, há
pouca prova da Argentina ter aceitado ouro dos nazistas.

A Guerra Fria comprometeu muitissimo a operação Safehaven na Argentina. Em 3 de junho


de 1947, o Presidente Truman e o embaixador argentino Ivanissevich divulgaram um
anúncio conjunto que os dois países renovariam consultas com outros países latino
americanos sobre a criação de um tratado de assistência mútua. Em setembro, a Argentina
se uniu aos EUA e outras Repúblicas americanas na concordância do Tratado Inter-
americano de Assistência Recíproca, o Pacto do Rio, para defesa mútua contra agressão. As
companhias escondidas por Bormann na Argentina, bem como qualquer tesouro estava
garantido e seguro. O hemisfério tinha que se proteger do comunismo.

Em 10 de abril de 1941, depois da invasão nazista da Iugoslávia o chamado Estado


independente da Croácia foi criado; chefiado por Ante Pavelic, um membro do movimento
político fascista croata Ustasha. A Croacia foi declarada um protetorado da Itália e era
apoiado pelos nazistas e a Itália. Os Usrashi eram também intimamente alinhados com o
Vaticano. Em 18 de maio de 1941, O Secretário atuante de Estado Sumner Welles
reafirmou que o governo no exílio da Iugoslávia não reconhecia o Estado independente da
Croácia. Logo depois, a Croácia fechou a embaixada americana em Zagreb. Já que a
Croácia apenas existia como um Estado durante a guerra, e os EUA nunca reconheceram o
Estado, as estatísticas apresentadas nesta seção são muito mais prováveis de serem
submetidas a revisão no futuro.

Relatos pós guerra indicam que o tesouro Ustasha tinha a sua disposição mais de 80
milhões [principalmente em moedas de ouro], algumas das quais os Ustashi roubaram das
vítimas. Em 31 de maio de 1944, a Croacia depositou $403.000 no Banco Nacional Suíço.
Em 4 de agosto de 1944, a Croácia depositou outros 1.1 milhão em ouro. Um relatório do
OSS de julho de 1945 concluiu que as contas comerciais de propriedade da Croácia em
Berna totalizavam mais de 93 mil dólares. A Seção Histórica da Força Tarefa do
Departamento Federal Suíço de Assuntos Externos indica que o Banco Nacional Suíço
devolveu todos os 1.338 quilogramas de ouro em 121 lingotes na conta de tempo de guerra
do regime croata ao Banco Nacional da Iugoslávia em 24 de julho de 1945.

Conquanto os registros bancários de depósitos não sejam muito prováveis de serem


alterados, a quantidade de ouro dos Ustashi que eles levaram com eles quando fugiram para
a Áustria quando a guerra estava terminando, ainda está muito na dúvida. As estimativas
colocaram o valor do ouro que Ante Pavelic tinha quando entrou na Áustria como 5 a 6
milhões. Seja qual for o valor do saque com o qual os Ustashi escaparam, é certamente que
grande parte dele tenha sido usado para criar e manter as rotas de fuga conjuntamente com
o Vaticano. Em outubro de 1946 a inteligência dos EUA (SSU) relatou para o
Departamento do Tesouro que eles acreditavam que os Ustashi tinham 47 milhões
depositados no Vaticano antes que os Ustashi os tranferissem para a Espanha e então para a
Argentina. Devido a Guerra Fria, os Aliados despenderam pouco esforço em devolver
milhares de criminosos de guerra da Itália para a Iugoslávia. A questão do ouro dos Ustashi
recebeu até menos atenção com o fim da guerra.

Parte 8: A Suíça e o Ouro Nazista

De todos os países neutros nenhum estava mais no centro de fazer negócios com os nazistas
que a Suíça. Geograficamente, a Suíça estava cercada pelo Terceiro Reich depois da queda
da França. Posteriormente, uma olhada precendente dos outros países já tinham implicado a
Suiça em um papel central no comércio com os nazistas por meio dos bancos suiços.
Quando se referem a Suíça, a maioria dos americanos pensa em exóticos chocolates,
excelentes relógios e visões de Heidi caçado cabras nos campos alpinos. Não obstante, a
Suiça é uma nação muito diferente durante a década de 1940, a despeito desta visão idílica.

A constituição de 1848 estabeleceu a forma atual do governo suíço ao aprovar três cantões,
liberdades civis e a forma parlamentar da democracia. A cidadania não se estendia as
mulheres até 1971. A Suíça tinha sido governada por décadas por uma coalisão de partidos
de centro direita. Durante a Segunda Guerra Mundial estes partidos eram conservadores
cristãos, sociais democratas, liberais e o partido dos fazendeiros e artesãos. A mesma
colisão governa hoje, embora alguns nomes de partidos tenham mudado. Um Conselho
Federal de sete membros, os membros dos quais o parlamento seleciona por termos de um
ano, governa a Suíça.

A maioria da cumplicidade da Suiça com os nazistas tem apenas recentemente vindo a


vanguarda dos esforços de ação do presidente Clinton em indicar Eizenstat para liderar uma
comissão na busca de um assentamento justo para as vítimas do Holocausto. Conquanto
viva a lenda da feroz neutralidade suíça, isto é mais um mito, considerando a política suíça
durante a segunda guerra mundial que era pesadamente equilibrada a favor dos nazistas.
Similarmente, a ameaça de uma invasão nazista da Suiça não tem base em fatos. Já na
década de 1930, os nazistas estavam ocupados em esconder suas corporações e acordos de
cartéis com frentes suíças. Uma invasão teria comprometido todo o trabalho difícil que eles
tinham dispendido para ocultarem as corporações deles. Como temos visto no caso de
outros países neutros, quando os nazistas invadiram a Rússia, eles simplesmente perderam
poder humano e equipamento para abrirem um outro front. Finalmente, a Suíça não tinha
uma localização estratégica, diferentemente da Espanha e da Turquia. Seu único valor
estratégico para os nazistas eram seus bancos internacionais. Os nazistas podiam usar os
bancos internacionais para obterem moeda difícil e lavar o ouro saqueado deles.

Contudo, a Suíça era única em comparação a outros países neutros, já que a Suíça era
igualmente dependente da Alemanha para carvão. Depois que a França caiu, a única fonte
para a Suíça de carvão para o aquecimento no inverno era a Alemanha. Contudo, os
nazistas usavam as compras suíças de carvão para outro propósito. As mercadorias que
eram embarcadas para a Suíça da Alemanha seriam sub-faturadas. Isto deixava uma
quantidade de francos suíços em depósito nos bancos suíços que os nazistas usavam para
comprar moeda estrangeira. Nao obstante, o comércio suíço com os nazistas se estendia
além de banco e carvão. Fabricantes suíços forneciam aos nazistas produções, cronômetros
e outros bens manufaturados usados na produção de equipamento de guerra.
O Conselho Federal governante com poderes ditatoriais devido aos tempos de guerra era
responsável por criar a colaboração econômica com os nazistas. A despeitos das sempre
presentes negativas suíças, o Conselho Federal era responsável pelo ato mais vergonhoso
da neutralidade suíça. Em agosto de 1938, depois do Anschluss, o Conselho Federal
declarou as fronteiras fechadas. Temendo uma mistura de refugiados, inclusive judeus, o
Conselho Federal peticionou ao governos nazista em Berlim para afixar um selo “J” em
todos os passaportes de judeus. Os nazistas inicialmente não estavam entusiasmados com a
idéia, já que eles pensavam em usar a imigração como meio de livrar a Alemanha dos
judeus. As negociações continuaram pelo verão e outono. Eventualmente a Suíça ameaçou
exigir vistos para todos os alemães que entrassem na Suíça. Os nazistas então propuseram a
stampa “J” nos passaportes como uma solução. Agora esta foi uma ideia nazista aos olhos
do Conselho Federal.

A única razão para que os suíços quisessem tanto estas marcas nos pasaportes era para que
os guardas de fronteira pudessem devolver os judeus. A despeito do mito de que a Suíça foi
um refúgio para os judeus durante a guerra, os guardas da fronteira devolveram 30.000
refugiados judeus. Em agosto de 1942, o Conselho Federal aprovou uma outra lei para
fechar a fronteira para os refugiados judeus, a despeito das vigorosas súplicas de alguns
membros da igreja e da imprensa. A despeito da posição anti-semita do governo suíço
adotada durante a guerra, o povo suíço não era anti-semita e geralmente se opôs a política
do governo. Além de fechar a fronteira para os refugiados judeus, nenhuma outra lei anti-
semita foi aprovada. A comunidade judaica dentro da Suiça estava dividida em dois campos
e uma minoria era favorável a demonstrações que permitissem mais imigração de judeus.
Contudo, a maioria favorecia a política de não criar problemas.

Até mesmo se os refugiados judeus eram capazes de passar pelos guardas da fronteira, os
oficiais suíços exigiam ver os passaportes deles. Se o passaporte tivesse o selo “J” os
oficiais forçavam os indefesos judeus de volta pela fronteira para as mãos dos nazistas. O
guarda de fronteira, Grueninger tinha recebido sua ordem em 1938 de não permitir que os
judeus entrassem. Contudo, Grueninger permitiu a entrada de 3.600 judeus e os ajudou a
alterar os passaportes deles para que pudesem permanecer na Suiça. Alertados pelos
nazistas dos atos de humanidade de Grueninger, os suíços suspenderam Grueninger em
dezembro de 1938. Em novembro de 1939, o governo entrou com acusações contra ele por
falsificar documentos. Em 1941, uma côrte o julgou culpado da acusação de insubordinação
e o condenou a perder seu emprego, seu afastamento e sem pagamento e ainda aplicou uma
multa. Ele nunca foi capaz de encontrar um emprego apropriado depois e saltava de um
emprego para outro. Sobretudo, ele foi acusado por rumores de ter exigido dinheiro e
favores sexuais daqueles que ele ajudou. Estes rumores eram infundados e foram
vigorosamente negados pelo antigo guarda de fronteira.

Grande parte da parcialidade pró-nazista da Suíça pode ser atribuida a Pilet Golaz, que
depis da invasão da França urgiu que a nação se adaptasse as novas realidades políticas da
Europa. Em outras palavras, havia muito dinheiro a ser ganho no negócio com os nazistas.
A política Suíça como aquela de todo os outros neutros, dependia das fortunas de guerra e
na medida em que os Aliados começaram a marcha deles através da Europa das praias da
Normandia, a política suíça mudou a favor dos aliados. Até mesmo as fortunas políticas de
Golaz sofreram o mesmo destino, já que ele foi expulso do ofício em 1944, quando a maré
claramente tinha virado a favor dos Aliados.

Os oficiais do governo suíço sabiam dos efeitos e metodologia inicial do genocídio nazista
desde o início. Os nazistas haviam convidado médicos do exército suíço para servirem no
front oriental para tratarem de soldados nazistas feridos na Operação Barbarossa. Ao
mesmo tempo, bandos excursionistas de Einsatzgruppen realizavam as matanças a tiros em
massa de judeus que eles tinham cercado. Conquanto os médicos suíços não pudesem ver
os esquadrões da morte diretamente, eles certamente viram os efeitos e os relataram para a
Cruz Vermelha e oficiais do governo. Um relatório legal do Banco Nacional de 1943
menciona as deportações e perseguições dos judeus.

A única área na qual a Suiça apresentou algo próximo a uma verdadeira neutralidade foi na
área da espionagem. A polícia suíça deixou os agentes nazistas e aliados sem molesta-los e
livres para irem e virem da Suíça. Contudo, depois que a França caiu não havia uma rota
por terra para os aliados viajarem para e de a Suiça.

As primeiras notícias sobre o Holocausto alcançaram o ocidente em um telegrama de 8 de


agosto de 1942 de Gerhart Riegner. O informante havia fornecido a informação a um
homem de negócios de Leipzig, Eduard Scholte. Eis o texto do telegrama:

“Recebi relato alarmante que nos quartéis generais do Furhrer está um plano sendo
discutido e sob consideração segundo o qual todos os judeus nos países ocupados ou
controlados pela Alemanha, somando 3.5 milhões ou 4 milhões devem depois da
deportação e concentração no leste serem exterminados de uma vez para resolver de uma
vez por todas a questão judaica na Europa. A ação relatada foi planejada para o outono; os
métodos sob discussão incluem o ácido prússico. Transmitimos a informação com toda a
reserva necessária já que a exatidão não pode ser confirmada. O informante declarou ter
ligações íntimas com as mais altas autoridades alemãs e seus relatos são geralmente
confiáveis.”

Infelizmente, este relato foi altamente desacreditado no ocidente, até mesmo pelos judeus.
Allen Dulles o rotulou como histérica propaganda judia. O Rabino Stephen Wise, um dos
receptores do telegrama o divulgou para a imprensa em 24 de novembro de 1942. Depois
disso, todo mundo estava ciente da selvageria e horror que ocorriam dentro do Terceiro
Reich.

Similarmente, um artigo de junho de 1943 do Financial Times, escrito por Paul Einzig
relativo a declaração dos Aliados de janeiro de 1943, enviou tremores entre a comunidade
banqueira suíça. O artigo detalhou como todas as transferências de propriedade compradas
por um neutro dos nazistas seria declarada inválida e a restauração seria devida. A
preocupação dos banqueiros era sobre as transferências de ouro. Em julho de 1943, o
Comitê do Banco Nacional Suíço se reuniu para decidir se eles deviam continuar a aceitar o
ouro nazista. O comitê adotou a opinião que a Suiça, tendo um padrão ouro, era compelida
a aceitar todo o ouro. O comitê concordou em pedir ao Conselho Federal um regulamento.
O comitê foi instruído em outubro sobre o assunto, incluindo o fato de que os Aliados
tinham aconselhado o Banco Nacional que algum do ouro podia ter sido saqueado. Em
novembro, o Conselho determinou que isto estava de acordo com os oficiais do banco,
portanto dando luz verde aos bancos suiços para aceitação posterior do ouro nazista.

O relatório no. 26904, escrito em 30 de janeiro de 1945 pela Adminitração Econômica


Externa, implicou o Credit Suisse e o Union Bank em fornecer aos nazistas moeda
estrangeira. Anexo ao memorando estavam 28 interceptações de comunicações do Credit
Suisse e do Union Bank. Nove das interceptações diziam respeito ao triângulo financeiro da
Alemanha, Suíça e Pirtugal sobre transferência de ouro como detalhado anteriormente neste
capítulo. Os memorandos anexados mostravam que o Credit Suisse sozinho tinha tornado
disponível aos nazistas 500.000 escudos e 200.000 coroas.

Um relatório do grupo de inteligência econômica dos Aliados intitulado Queixas Aliadas


Contra a Suíça para o Retorno do Ouro Saqueado, datado de 5 de fevereiro de 1946,
fornece a melhor estimativa do ouro saqueado dos bancos centrais da Europa. O relatório
mostra um total de 648 milhões em ouro nazista. No irromper da guerra, a melhor
estimativa das reservas de ouro nazistas era de 100 milhões. A diferença de 548 milhões foi
saqueada dos países da Europa. O relatório estima dos registros de bancos que entre 275
milhões e 282 milhões foram vendidos ao Banco Nacional Suiço. Além disso, outros 20
milhões foram vendidos a bancos comerciais suiços. O relatório conclui que grande parte
do ouro, depois de ser lavado pelos suiços, terminou em Portugal e Espanha.

Em um outro relatório, Safehaven No. 2969, enviado pelos americanos em Berna ao


Secretário de Estado, o documento de seis páginas detalha a extensão dos bens nazistas na
Suiça. O relatório afirma que os nazistas possuiam ou controlavam um total de 358
empreeendimentos econômicos suiços. Em 263 deles, o capital nazista investido totalizava
aproximadamente 114 milhões. Os empreendimentos se espalhavam por todas as áreas de
atividade econômica. O relatório listou 6 em manufatura textil, 6 em manufatura de
transporte, 15 em empreendimentos de seguros, 67 em varejo e atacado, 9 bancos, 15
atividades químicas e 330 holdings e companhias financeiras, 11 em outras manufaturas de
maquinário e 7 outros tipos com menos de três de cada. No relatório, um banqueiro suíço
estima que os bancos mantinham 100 milhões de dólares em bens nazistas. A quantidade
dos bens alemães na Suíça variaram amplamente, como o demonstra a tabela abaixo.

fonte da estimativa quantidade


Departamento do Tesouro $500 milhões
Departamento de Estado $250-$500 milhões
Delegação Suiça $250 milhões
Relatos de Imprensa $750 milhões

Além disso, os nazistas tinham grandes quantidades de ouro, moeda, pedras preciosas e arte
armazenadas em caixas de segurança de depósitos. Os britânicos estimaram o valor total de
todas as pinturas saqueadas de 390 a 545 milhões.

A cooperação da Suiça com os esforços aliados na recuperação do ouro e término do


comércio com os nazistas era aproximadamente não existente. Em resposta ao pedido dos
EUA para congelar os bens suiços visando evitar o uso deles pelos alemães, a Suiça cortou
o fornecimento de carvão para a embaixada dos EUA no inverno de 1941. A embaixada da
Alemanha ainda recebia sua cota de carvão. As negociações com os suiços sempre foram
difíceis. Na medida em que a guerra progredia, tornou-se claro para todos que os nazistas
foram derrotados. Conquanto a Suiça suprisse os nazistas com muitos bens manufaturados
que exigiam muito talento para serem fabricados, tais como ferramentas de máquinas, ela
fornecia outros itens incluindo locomotivas e até mesmo armas e munição. Duas
exportações chave suiças eram energia elétrica e alumínio.

Análises pós guerra do bloqueio pelos britânicos mostram que nos anos iniciais da guerra o
bloqueio foi ineficaz. E em nenhum tempo durante este período os nazistas vivenciaram a
falta de matérias primas. Foi somente a maciça campanha de bombardeio e as grandes
perdas de batalha em 1944 que finalmente enfraqueceram o Terceiro Reich. Em 22 de
junho de 1944, o Secretário de Guerra Stimson notou que o período de calma gentil dos
neutros tinha acabado. Depois da invasão da Normandia no Dia D, as baixas aliadas
cresceram dramaticamente. Acompanhando o aumento das baixas estava o aumento da
pressão exercida pelos Aliados sobre todos os países neutros.

Em 10 de julho de 1944, Bill Donovan, chefe do OSS, informou Roosevelt que a Suíça
tinha concordado em comprar mensalmente 7 a 10 milhões em ouro dos nazistas. Roosevelt
disse a Donovan que levasse adiante o assunto com o Secretário de Estado Cordell Hull, e a
pressão fosse colocada sobre os suíços. No dia 14, Hull chamou o Ministro Suiço Charles
Bruggmann e revisou as baixas crescentes e o custo e deu uma pista gentil do que os EUA
veriam do comércio continuado com os nazistas duramente. Com o sucesso da invasão da
Normandia em agosto de 1944, o Departamento de Estado comandou sua legação em Berna
para começar as conversas informais para limitar o comércio suiço-nazista. A resposta da
Suiça veio no final de agosto e revela a duplicidade dos suiços. Eis a resposta:

“Isto vai sem dizer que a guerra já está perto dos Alpes e muda os aspectos do problema do
trânsito e tem uma influência em sua solução. Por esta razão as autoridades Federais
mantém este problema sob constante e cuidadosa observação. Elas tem então sido capazes
de observar que o tráfego em ambas as direções tem em geral diminuido e não aumentado
desde a primavera. No espírito da verdadeira neutralidade que as guia verão como isto
segue a tendência que as circunstâncias demandam.”

Por causa da pressão vinda dos EUA e da Inglaterra, a Suiça reduziu suas exportações de
materiais estratégicos tais como munição, locomotivas, ferramentas de máquina etc. A
Administração Econômica Federal apoiou as rígidas medidas contra os suiços, inclusive
retirando alimentos e alimentos para animais domésticos previamente prometidos a Suiça
pelos aliados. A Junta de Chefes de Estado também favoreceu retirar suprimentos para a
Suiça. Contudo, a Bretanha se opôs a tais medidas rígidas. Em outubro de 1944, o Sub
Secretário de Guerra Patterson notou em um memorando que os comboios suiços
carregando embarques eda Espanha através da França para a Suiça tinha recomeçado no
final de setembro de 1944. Paterson argumentou que tais embarques deveriam ser parados
até que a Suiça concordasse em terminar todo comércio com os nazistas.

Em 8 de dezembro de 1944, o comitê executivo de Política Econômica Externa aprovou


uma política econômica dos Aliados em relação aos países neutros. A política aprovada
refletiu o pensamento da FEA, que exigia a continuidade dos controles de comércio,
controles de câmbio e regulamentos de congelamento no período pós guerra, como
alavancagem para ganhar o apoio dos neutros para alcançar os objetivos da Operação
Safehaven. A despeito da aprovação do Presidente Roosevelt, várias agências do governo e
departamentos contunaram a discutir a política.

Em fevereiro de 1945, depois de muita discordância sobre impor políticas mais rígidas
contra a Suíça, Lauchlin Currie, Assistente do Presidente Roosevelt, chefiou a delegação
americana para a Suiça para conversas sobre parar o comércio dos tempos de guerra e
começar negociações sobre as questões do ouro. O Dr. William Rappard chefiou a
delegação suiça, embora o homem que puxasse as cordas fosse Walter Stucki. Em março,
Currie relatou algum sucesso. A Suíça tinha concordado em congelar todos os bens alemães
na Suiça, proibir a importação, exportação e negócios com toda a moeda estrangeira e
restringir as compras suíças de ouro da Alemanha. Enquanto a missão de Currie era
saudada pelo sucesso, contudo, a controvérsia logo se seguiria. Em maio de 1945, a legação
americana em Berna relatou que os suíços compraram 3.000 quilos de ouro da Alemanha.
O acordo Currie claramente excluia a compra. Contudo, a Suíça argumentou que o ouro não
era saqueado.

Em junho de 1945, Harley Kilgore presidiu o Sub-comitê de Mobilização de Guerra do


Senado. Nas audiências, ele apresentou documentos descobertos por investigadores aliados
de correspondência entre o Vice-Presidente do Reichsbank, Emil Puhl e o Ministro alemão
de Assuntos Econômicos Walter Funk, sobre discussões comerciais alemães-suiças
realizadas durante a missão Currie. A traição dos suiços recebeu ampla publicidade. Orvis
A. Schmidt, Diretor do Controle de Fundos Estrangeiros para o Departamento do Tesouro e
um membro da missão Currie em Berna, testemunhou diante do sub-comitê:

“Até mesmo a esta data, o Governo Suíço é adverso a dar os passos necessários para forçar
os bancos e outras instituições escondidas a revelar os proprietários de bens mantidos em
ou pela Suiça. Isto significa que os bens alemães mantidos em ou pela Suiça não serão
identificados. Assim, a verdadeira imagem da penetração financeira e industrial alemã pelo
mundo será mantida secreta. Pelo mesmo sinal, os bancos suíços continuarão a lucrar ao
proteger, por suas leis de sigilo, o potencial alemão de guerra e os bens ocultos de seus
financiadores e industriais”.

Em setembro, Leland Harrison, ministro dos EUA na Suíça, expressou a Max Petitpierre, o
Ministro Suíço para Asuntos Externos, a insatisfação americana com os esforços da Suíça
de completar um censo dos bens alemães e a geral não cooperação da Suíça. As revelações
do comitê Kilgore levantaram alarmes na Suíça. Alguns papéis de ala direita na Suíça
foram tão longe para afirmar que a Suíça não podia suportar uma outra crise como a do
comitê Kilgore.

Em março de 1946, conversas formais com a Suíça, EUA, Bretanha e França começaram
em Washington. Quando as conversas formais com a Suíça começaram, os negociadores
americanos mantinham uma visão otimista que a Suíça estivesse comprometida com o
Acordo da Missão Currie e que a Suíça não se tornaria um paraíso para os bens nazistas.
Por ouro lado, a Suíça via suas ações durante a guerra como consistentes com suas
obrigações internacionalmente reconhecidas e direitos como um poder neutro. Os suíços
avaliaram a lei internacional de acordo com a tomada nazista do ouro monetário dos países
ocupados [o direito dos poderes de ocupação ao botim de guerra]. E dai, a recepção do ouro
pela Suíça era legal. A Suíça argumentou que as queixas aliados pelos bens alemães além
da fronteira da Alemanha era ilegal e uma violação da soberania suíça. Adicionalmente, a
Suíça queria a remoção de todas as companhias suíças e indivíduos da lista negra aliada.

Com tais pontos de ista diametralmente opostos, as conversas foram estabelecidas em


negociações longas e acaloradamente contestadas. A disputa entre os EUA e os britânicos
como o uso de sanções para induzir o cumprimento posteriormente complicaram o lado
aliado das conversas. O material de instrução do Tesouro para os negociadores americanos
urgia uma abordagem global da questão do ouro, muito mais que a quantidade de ouro
saqueado em cada transação. Adicionalmente, o Tesouro queria um cláusula aberta em
qualquer acordo onde a Suíça seria obrigada a devolver qualquer ouro saqueado posterior
que pudesse ser encontrado uma vez o acordo fosse alcançado. O Secretário Assistente do
Tesouro Harry Dexter White insistiu que os fundos suíços permanecesem bloqueados nos
EUA até que os suíços fornecessem garantias férreas que eles identificariam e tomariam
todas as contas sob controle alemão. White estimou que o total de bens alemães na Suíça,
excluindo as contas numeradas e os bens ocultados somassem 500 milhões.

Os negociadores americanos tinham o benefício de duas compreensivas avaliações dos


movimentos alemães de ouro durante a Segunda Guerra Mundial. Ambos relatórios foram
preparados dos registros do Reichsbank. Otto Fletcher, Assistente Especial para a Divisão
de Controles de Segurança Econômica do Departamento de Estado, estimou que no início
da guerra, as reservas nazistas de ouro totalizavam 120 milhões e que os nazistas
adquiriram outros 661 milhões em ouro monetário durante a guerra, a maioria do qual foi
saqueado. Fletcher também relatou que todo ouro vendido pelos nazistas depois do início
de 1943 era saqueado. Seu relatório mostrou que os nazistas venderam ou transferiram 414
milhões do ouro saqueado para o Banco Nacional Suíço. O segundo relatório, preparado
por James Mann do Departamento do Tesouro, estimou o total do ouro monetário saqueado
pela Alemanha em um total de 579 milhões, fora os 785 milhões disponíveis para a
Alemanha depois de 30 de junho de 1940. O relatório de Mann concluiu que os suíços
receberm um total de 289 milhões.

A estratégia do Tesouro para as negociações giravam ao redor de que os países neutros


reconhecessem a autoridade do direito legal do Conselho de Controle Aliado (ACC) a todos
os bens externos alemães sob o Decreto Vesting. Até mesmo antes que as conversas
começassem, o Tesouro insistiu que a Suíça reconhecesse o Decreto Vesting do ACC e
concordasse em restituir aos Aliados para as reparações 378 milhões de ouro monetário
saqueado estimados.

Randolph Paul foi designado Assistente Especial do Presidente Truman a cargo do


contingente americano para as negociações entre os aliados e os suiços. Paul teve um
importante papel em urgir o resgate dos judeus na Europa na extensão em que o
Holocausto se tornou conhecido. Seymour Rubin e Walter Surrey, e oficiais seniores do
Departamento de Estado responsáveis pelos programas de segurança econômica auxiliaram
Paul. Walter Stucki chefiou a delegação suiça.
As declarações de abertura de todos os países revelaram um cisma separando os dois lados.
Em um esforço para remover o entrave, os aliados abriram mão de sua queixa por todos os
bens alemães e ofereceram aos suíços uma parte de 20%. Depois de voltar para Berna,
Stucki escreveu para Paul, reservando a posição legal suiça mas incluindo um rascunho de
um acordo que aceitava o papel dos aliados na liquidação dos bens alemães na Suiça pelo
estabelecimento de uma comissão conjunta e um plano para partilhar os rendimentos em
alguma proporção não revelada. Dois dias mais tarde, os suiços divulgaram um relatório
intitulado “Observações Suíças a Respeito do Problema do Ouro” que diferia
marcantemente dos cálculos aliados a respeito dos holdings alemães de ouro no início da
guerra, e questionava a credibilidade da informação fornecida pelo antigo vice presidente
do Reichsbank Emil Puhl. Puhl tinha informado as investigadores aliados que o Banco
Nacional Suíço sabia que eles estavam obtendo ouro saqueado porque ele tinha dito isso a
eles.

A reação aliada a resposta suíça foi extremamente negativa. Por então as conversas nada
mais eram que uma troca de notas e memorandos. Esforços posteriores continuaram e
outras propostas se elevaram, mas nenhuma foi satisfatória para os dois lados. Finalmente,
em 24 de abril, Seymour Rubin informou ao Sub Secretário Acheson e ao Secretário
Assistente Clayton que os suíços haviam suspenso as negociações. Os Aliados tinham
tentado o retorno de 130 milhões em ouro saqueado da Bélgica e rastreado até a Suiça,

Em dois de maio, os suiços retomaram as negociações em um encontro arranjado pelo


embaixador suiço em Washington, Ministro Bruggmann. Stucki deu sua ordem final sobre
sua palavra de honra. O acordo propsto forneceu uma divisão de 50% nos procedimentos
dos bens alemães na Suíça e um pagamento de 58.1 milhões no assentamento da questão do
ouro. Paul sentiu que os suiços ofereciam o lance final. Paul tinha o benefício dos relatórios
da inteligência dos EUA sobre a flexibilidade, que o governo suiço tinha dado a Stucki para
basear a opinião dele. Em resumo, Paul já sabia quanta latitude o governo suiço tinha dado
a Stucki para alcançar um acordo. Paul lembrou aos britânicos e franceses que a proposta
original deles de 88 milhões em ouro tinha sido um bom caso, mas eles tinham que
concordar com um assentamento de 75 milhões. Paul sentia que um melhor acordo podia
ser alcançado apenas se os controles econômicos contra os suiços permanecessem no lugar.
Paul se encontrou com Stucki antes que ele voltasse a Berna e concordou com a oferta se o
pagamento fosse elevado para 70 milhões. Stucki não apenas recusou, mas também sugeriu
que a Suíça poderia subtrair 2% de comissão como uma taxa de coleta dos bens alemães.
Paul conduziu seus pensamentos em uma carta ao Secretário Assistente de Estado Clayton
e Secretário do Tesouro Vinson que a oferta final suiça tinha sido feita. Ele observou que
havia um sentimento significativo na França, Bretanha e nos EUA para a eliminação dos
controles sobre as atividades comerciais e financeiras.

Depois de três semanas de encontros entre os Aliados, o acordo suiço foi finalmente aceito.

O acordo final com os suiços foi asinado em 26 de maio. Ele consistia em um Acordo, um
Anexo , um acordo de cavalheiros e uma troca de cartas entre as delegações suiça e aliada.
Em 3 de junho, Paul submeteu um resumo ao Presidente Truman. São pontos maiores do
acordo:.
1. O Escritório de Compensação Suiça liquidaria as propriedades alemãs na Suiça

2. Os alemães cuja propriedade fosse liquidada teriam direito a compensação em dinheiro


alemão.

3. O Escritório de Compensação Suiça liquidaria os bens alemães em cooperação com uma


Comissão conjunta composta de representantes aliados.

4. Os bens liquidados seriam divididos em uma base de 50% entre a Suiça e os Aliados.

5. O governo suiço tornaria disponível aos Aliados a quantidade em ouro equivalente a 250
milhões de francos suiços [58.1 milhões] sobre a demanda do ouro em New York.

6. Os EUA desbloqueariam os bens suiços e os Aliados descontinuariam as listas negras de


comércio como elas eram aplicadas à Suiça.

7. A interpretação do acordo podia ser estabelecida por arbitragem

8. A data efetiva do acordo seria a data de ratificação pelo parlamento suiço.

Em 24 de maio de 1946, o Senador Harley Kilgore escreveu uma carta ao Presidente


Truman, urgindo a rejeição do acordo e revertendo ao seu acordo anterior. O representante
Joseph Clark Baldwin também urgiu que Truman rejeitasse o acordo. Truman aceitou o
acordo. Em outubro de 1946, os EUA desbloquearam os bens privados suiços nos EUA.
Pelo fim de 1948, os EUA tinham desbloqueado aproximadamente 1.1 bilhão em bens
suiços nos EUA. Contudo, a Suiça cotinuava a arrastar os pés em realizar o acordo. No
período de julho a setembro de 1946, os suiços argumentaram que eles não podiam
começar a liquidar os bens alemães até que os Aliados fixassem uma taxa justa de câmbio
ente os Reichsmark e os francos suiços. Em 22 de julho de 1947, os aliados enviaram sua
proposta de taxa de câmbio para os suiços. A Suiça rapidamente rejeitou a proposta,
argumentando que a taxa não podia ser fixada unilateralmente pela França, EUA e Reino
Unido.

Este não foi o único caso da duplicidade suiça. Durante o verão de 1946, os suiços
questionaram a quantidade de ouro a ser devolvida. Em 2 de agosto de 1946, em uma nota
ao Departamento de Estado da legação suiça, os suiços declararam que estavam preparados
para devolver aos Aliados 50.807 quilogramas de ouro em pagamento por sua obrigação de
250 milhões de francos suiços. Esta quantidade equivalia a 800 quilogramas e perto de um
milhão a menos dos 58 milhões antecipados pelos Aliados. Os suiços tinham chegado a
uma nova estatística ao desvalorizar o franco. Os suiços insistiram na arbitragem em 1947,
somente para finalmente recuarem em maio de 1947.

As negociações com a Suíça continuaram até 1952 antes que um acordo final fosse
alcançado. Por todos estes anos, a Suiça exibiu um desrespeito e desprezo da autoridade dos
Aliados. Todas as negociações foram marcadas pela duplicidade da Suiça, especialmente
quanto aos bens sem herdeiros. No caso dos bens sem herdeiros, os bancos suiços não
tinham problemas em liquidar estas contas em benefício do banco mas para os judeus que
buscavam as contas de seus seres amados perdidos no Holocausto, os bancos se recusaram
a ajudar. Frequentes vezes os bancos exigiriam um certificado de óbito, sabendo que
certificados de óbito não eram divulgados para as vítimas dos campos de concentração.
Esta questão final não foi assentada até a iniciativa da década de 1990 do presidente
Clinton e chefiada por Eizenstat.

Contudo houveram conversas renovadas na década de 1990 , onde abunda a duplicidade


suiça. Um novo escândalo emergiu em 1997 quando o antigo guarda de banco Christoph
Meili se apresentou com a evidência que o Union Bank da Suiça estava destruindo
documentos a respeito das atividades do banco com os nazistas. Meili, um guarda noturno
do Union Bank descobriu uma grande quantidade de documentos esperando serem
destruídos. Entre os documentos estavam registros dos tempos de guerra. O jovem guarda
pegou dois livros e páginas rasgadas de um outro para seu armário naquela noite, e então os
levou para casa. Meili então entregou os livros para uma organização judaica na Suiça. As
leis suiças proibem a destruição de documentos que podem se relacionar às investigações
da segunda guerra mundial. Por uma recompensa em seus esforços para descobrir a
verdade, o Union Bank despediu Mr. Meili. O governo também está investigando se Meili
violou alguma lei suiça de sigilo. O jovem homem foi submetido a ameaças de sequestro de
suas filhas e então se mudou para os EUA. Meili ainda recebe ameças de morte. O
Presidente Clinton assinou uma lei que garantiu a família de Meili statutus de residente
permanente. Christoph Meili tem a distinção de ser o único cidadão suiço que teve
garantido ailo político nos EUA.

O ouro recuperado na Alemanha, e o que foi devolvido pelos países neutros, foi usado para
estabelecer um fundo de ouro sob o controle da Comissão Tripartite de Ouro (TGC), que
foi criada em 27 de setembro de 1946. O Acodo de Paris especificou a restituição do ouro
onetário a cada país participante na proporção das perdas sofridas em ouro. Os problemas
resultantes da recuperação econômica pós guerra de várias nações fizeram com que o TGC
fizesse uma disstribuição inicial do ouro monetário até mesmo antes de reunir o fundo de
ouro completamente. Dez nações preencheram queixas coma TGC: (Albania, Áustria,
Bélgica, Chechoslovaquia, Grécia, Itália, Luxemburgo e Holanda, Polônia e Iugoslávia. Em
17 de outubro de 1947 o TGC anunciou em Bruxelas a distribuição preliminar para a
Bélgica, Luxemburgo e Holanda. Em
novembro e dezembro foram feitas distribuições para a Itália, Áustria. A Checoslováquia e
a Iugoslávia receberam alcações parciais em 1948. A distribuição da Albania foi retardada
até outubro de 1996. Sobretudo, um total de $379.161.426 foi distribuida para as nações
queixosas. Já que as queixas excederam muito a quantidade do ouro recuperado e os
reclamante receberam apenas 65% de suas queixas reconhecidas. O TGC presentemenet
retém controle de aproximadamente to milhões em ouro. Deste 70
milhões,aproximadamente 47 milhões estão armaenados no Banco da Inglaterra e o
remanscente no Banco Federal Reserve de New York. A tabela abaixo lista a fonte do ouro
no fundo do ouro.
fonte quantidade ano de contribuição
Depositório de Câmbio Externo $263.680,452.* 1947
Suiça $58 milhões 1947
Banco para Assentamentos Internacionais $4.2 milhões 1948
Espanha $114.329 1948
Suécia $8 milhões 1949
Suécia $7 milhões 1955
Portugal $4 milhões 1959
Portugal $360.000 1959

* ouro recuperado na Alemanha

Conquanto os países neutros devam para sempre carregar a vergonha de ajudar a


Alemanha nazista ao aceitar o ouro saqueado, os Aliados, e em particular os EUA, tamém
devem carregar alguma vergonha na recuperação dos bens roubados. Com a exceção da
Argentina, todos os neutros afirmaram a ameaça de uma possível invasão nazista. Em
muitos casos, a ameaça foi real até 1941, antes que os nazistas invadissem a Rússia.
Contudo, a ameaça não existiu depois disso. De fato, pode ser argumentado
inequivocamente que os nazistas eram incapazes de abrir um outro front depois da invasão
russa pelo fato que eles tiveram que retardar a Operação Barbarossa até depois que a
campanha dos Balcãs estivesse completa para liberar as tropas necessárias para a campanha
russa. Adicionalmente, a quantidade do comércio e o grau de neutralidade exibida por cada
uma das nações neutras era dependente das fortunas da guerra. Isto foi particularmente
verdadeiro para a Suiça, que continuou comerciando com os nazistas até que os Aliados
estivessem em sua fronteira ocidental. O resultado final foi que os países neutros eram
voluntários em aceitar o dinheiro sangrento por vantagens econômicas.

Contudo, nas negociações sobre a questão do ouro, os Aliados e os EUA em particular


foram igualmente voluntários em sacrificar sua moralidade por ganhos estratégicos na
Guerra Fria. Adicionalmente, é prontamente aparente a falta de consideração dos Aliados e
que os EUA exibiram no manuseio do ouro não monetário e das vítimas do Holocausto. As
autoridades americanas estavam cientes do problema desde o início com a descoberta da
conta de Melmer em Merkers consistindo em ouro dentário, relógios de ouro, alianças de
casamento etc. Albert Thoms, chefe do Departamento de Metais Preciosos do Reichsbank
identificou 207 sacos em Merkers como pertencentes a conta Melmer. O General Frank
McSherry reconheceu a importância da conta Melmer quase que imediatamente. McSherry
sugeriu que “esta propriedade das SS contém evidência que pode ser útil na acusação dos
criminosos de guerra das SS”.

Os detalhes da conta de Melmer foram reunidos pelos exames dos registros do Reichsbank
e pelos interrogatórios de Thoms, do vice-presidente do Reichsbank, Emil Puhl, e do SS-
Hauptsturmführer (Capitão) Bruno Melmer. Como chefe do departamento de metais
preciosos do Reichsbank, Thoms foi capaz de fornecer aos aliados muitos detalhes
concernentes a conta das SS. Thoms disse aos seus interrogadores que Frommknecht o
enviou a Puhl no verão de 1942. Puhl o informou que as SS estavam para começar os
embarques para o Reichsbank, e que os embarques conteriam jóias e outros itens de ouro e
prata não monetário. Contudo, por causa do sigilo necessário, o Reichsbank seria
responsável pela sua disposição. Logo depois deste encontro, o SS-Brigadeführer
(brigadeiro general) informou a Thoms que um oficial das SS de nome Melmer enviaria o
primeiro embarque em um caminhão. O embarque chegou em 26 de agosto de 1942, e foi o
primeiro a incluir ouro dentário.

Os materiais eram primeiro depositados na conta Melmer. Os itens eram então separados.
Barras de ouro e de prata, bem como moeda, eram comprados pelo banco pelo valor real.
Os itens menores como as alianças eram enviados para a Prussian Mint para serem
derretidos. Os itens maiores de jóias eram enviados ao Municipal Pawnshop, que vendia os
itens mais valiosos. O resto do material era enviado ao (Deutsche Gold-und Silber-
Scheideanstalt) Degussa para derretimento. Degussa era permitido manter uma pequena
parte para propósitos industriais. Mas qualquer ouro em excesso era vendido ao Reichsbank
e a quantidade creditada a conta Melmer.

Degussa era uma grande firma alemã engajada no refino de metais e na produção de
químicos, incluindo os tabletes de cianeto Zyklon-B. Os tabletes de Zyklon-B eram
produzidos por Degesch, que era de propriedade da Degussa e da IG Farben, um composto
químico que foi dissolvido depois da guerra. Degussa também era a firma que fornecia
urânio para o projeto da bomba atômica dos nazistas. Recentemente, Degussa falou que as
pessoas tinham laços reconhecidos entre a Degussa e a I.G. Farben durante a guerra.
Grande parte da informação que tem surgido recentemente sobre a Degussa vem de um
processo legal em andamento em New Jersey. Degussa mantinha um contrato exclusivo
com os nazistas para derreter itens retirados dos judeus nos campos de concentração,
inclusive o ouro dentário. Havia ouro demais sendo retirado das vítimas de Auschwitz que
a Degussa construiu um derretimento lá. Segundo o Oberstrumbannfuhrer Rudoff Hoss, o
comandante de Auschwitz, a quantidade diária de ouro no campo era de 24 libras.

Mais recentemente, o papel da Degussa na proliferação nuclear tem sido trazido a luz no
filme documentário “Stealing the Fire’. Os cineastas documentam o julgamento de Karl-
Heinz Schaab, que foi julgado por traição em Munique. Schaab é a primeira pessoa no
mundo condenada de espionagem atômica em um julgamento aberto nos últimos cinquenta
anos. Ele vendeu documentos top secretos roubados da Alemanha para Saddam Hussein, e
viajou para Bagdá inúmeras vezes para ajudar o Iraque a construir a bomba atômica.
Schaab estava ligado a Degussa e a Leybold, uma subsidiária da Degussa. Ele recebeu uma
sentença extremamente leve depois da condenação. Ele foi multado em apenas 100.000
marcos alemães e condenado a cinco anos de prisão.

Contudo, há mais do que o olho vê na sentena de Schaab. Depois da guerra, Gernot Zippe,
conhecido como o “pai da centrífuga” e um empregado da Degussa foi de grande interesse
para os militares de várias nações industrializadas. Zippe foi capturado pelos russos e os
ajudou a construir a bomba atômica deles. Ele foi devolvido ao Ocidente em 1956. Em seu
retorno, a CIA imediatamente o agarrou para trabalhar na tecnologia da centrífuga
americana, que é crítica na separação dos isótopos de urânio. Por um caminho tortuoso,
uma variante da tecnologia da centrífuga de Zippe foi descoberrta no Iraque em 1996.
Devido ao lamacento sub-mundo do comércio de armas, a Degussa foi poupada de
acusações de traição, grandemente devido a suas ligações com os contratados americanos
de defesa, tais como a Du Pont. Shaab foi um conveniente camarada em queda. A
tecnologia do Míssel Sucud-b iraquiana pode ser descrita como 90% alemã e sua tecnologia
atômica como 60% alemã.

Adicionalmente, em 1990 a Degussa foi multada em 800.000 por ilegalmente reexportar


armas nucleares e material relacionado para a Coréia do Norte. A firma também foi
implicada em exportar gás veenoso para a Líbia. A Degussa também foi um grande
contribuinte para a campanha de eleição de George W. Bush. Já em junho de 1999, a
Degussa havia contribuido com 1.950,67 dólares. Deve ser notado que a Degussa é uma
companhia alemã contribuindo para uma campanha eleitoral americana. Hoje a Degussa é
um conglomerado mundial que relata vendas de 11.8 trilhões de euros. Mais uma vez, uma
corporação associada aos nazistas tem avançado sem impedimentos, desde o fim da guerra.
A Degussa também representa uma corporação que tem sido tão completamente
corrompida com seus negócios passados com os nazistas que está além de uma reforma. Ela
deve ser quebrada antes que seus negócios possam provocar uma outra guerra. Com a
elevação do fascismo globalmente, a melhor chance do fascista, de recuperar o controle
ainda reside em provocar uma outra guerra.

O Depositório de Câmbio Estrangeiro concluiu que houve 78 envios para a conta Melmer,
dos quais aproximadamente 43 foram completamente inventariados pelo Reichsbank.
Bernstein estimou o valor total de todas as entregas Melmer por volta de 36.17 milhões de
Reichsmarks, como moedas de ouro e prata e lingotes respondendo por 10.67 milhões. A
controvérsia da distribuição do ouro monetário repousa na inclusão do ouro tomado das
vítimas dos campos de concentração. Todas as moedas de ouro e barras foram consideradas
serem ouro monetário. As quantidades adicionais do ouro das vítimas clasificadas como
ouro monetário vieram do derretimento de itens de ouro pela Degussa e do Reichsbank
depois que os judeus receberam ordens de entregar todo ouro e prata em 1939. Este ouro
das vítimas se tornou misturado com o ouro monetário e parte dele foi vendido aos países
neutros. A controversia se renovou na decáda de 1990 e tem mostrado além de qualquer
dúvida que a inclusão do ouro das vítimas no ouro monetário foi feita sob o conhecimento
dos Aliados, inclusive os EUA. Conquanto os Aliados tenham estimado que a quantidade
de ouro retirada das vítimas dos nazistas tenha sido de 14.5 milhões, apenas
aproximadamente 3 milhões foi usado para auxiliar as vítimas.

Parte 9: Histórias do Ouro Nazista da Argentina

Antes de continuar com os problemas dos bens sem herdeiros, uma breve olhada no que
pode ser chamado de histórias do ouro, lendas, ou mitos, para trazer uma luz adicional aos
tesouros nazistas desaparecidos. O maior tesouro ainda é aquele do projeto Aktion
Feuerland [ação terra do fogo] de Bormann. Indubitavelmente, há muitos mitos bem com o
fatos que cercam o tesouro de Bormann. Alguns tem tomado o aspecto de lendas. Portanto
o leitor é de antemão avisado que o que se segue referente a este tesouro pode ser
parcialmente falso. O que é sabido com certeza é que até junho de 1944, Bormann
transferiu seu saque através da França em caminhões para a Espanha. Na Espanha, o
tesouro foi transferido para U-boats,que então viajaram para a Argentina. Depois do Dia D,
a rota por terra fechou para a Espanha. Bormann continuou sua transferência por ar. O
autor, Ladislas Farago afirma que virtualmente o registro completo desta operação está
preservado nos arquivos da Coordenação Federal em Buenos Aires, nos arquivos do FBI e
nos arquivos do Almirantado britânico. O último assumiu que os U-boats estavam em
patrulha regular. Farago afirma que os embarques começaram em 1943 e chegaram em
bases regulares com espaço de seis a oito semanas. Ele afirma que o dinheiro e o ouro
foram depositados no nome de Eva Peron.

Segundo Farago, os Perons conseguiram ganhar o controle de grande parte do tesouro de


Bormann e no Tour de Arco Iris da Europa de Eva ela depositou mais de 800 milhões em
contas numeradas em vários bancos suiços. Farago lista o tesouro como:

187.692.400 marcos de ouro


17.576.386 dólares americanos
4.632.500 libras esterlinas
24.976.442 francos suiços
8.370.000 florins holandeses
17.280.009 francos belgas
54.968.000 francos franceses
87 quilogramas de platina
2.511 quilogramas de ouro
4.638 quilates de diamantes e outras pedras preciosas.

A lista de Farago do tesouro de Bormann tem sido parcialmente verificada por Adam
Lebor, na medida em que ele especificamente lista as mesmas quantidades de ouro e
diamantes. Embora Farago inicie os envios de ouro antes do encontro da Casa Vermelha, os
Aliados primeiro se tornaram alarmados com as transferências de ouro nazista em 1943. A
inteligência aliada acreditava que grande parte do primeiro ouro a chegar na Argentina foi
usada para financiar a rede de espionagem nazista na América do Sul.

Uma história relativa a Argentina e as queixas do ouro nazista conta que nos dias próximos
do fim da guerra uma frota de U-boats nazistas contendo o tesouro nazista e os principais
oficiais nazistas, inclusive Hitler, deixou a Alemanha para a Argentina. Na rota para a
Argentina eles encontraram uma força tarefa naval aliada e uma batalha resultou na perda
de vários navios aliados, o que os EUA continuam a negar. Recentemente, evidência
adicional aparareceu no Pravda lançando uma nova luz na história. É sabido que 10 U-boats
foram despachados para a Argentina nos últimos dias da guerra. O Pravda afirma que ao
menos cinco deles alcançaram a Argentina com não menos que 50 principais oficiais
nazistas. Durante a viagem os U-boats afundaram um navio americano de batalha e o
cruzador brasileiro Bahia com uma taxa de 400 mortes, inclusive cidadãos americanos.

O Pravda afirma que o navio americano era o USS Eagle 56. Contudo, o US Eagle 56 foi
afundado em 23 de abril de 1945, fora da costa do Maine rebocando alvos para prática de
mergulho de bombardeio. Somente 13 dos 67 membros da tripulação sobreviveram. A
marinha manteve que o navio foi afundado por uma explosão na sala de caldeiras até
recentemente, finalmente reconhecendo que o USS Eagle 56 tinha sido de fato afundado
por um U-boat U-853. O U-853 foi afundado em 6 de maio de 1945, no Mar do Norte a
sudeste de New London.
O Bahia foi afundado pelo U977, que circundava no Mar del Plata, Argentina em 17 de
agosto de 1945, e foi entregue para os EUA para testes. Quatro homens de radio
americanos: William Joseph Eustace, Andrew Jackson Pendleton, Emmet Peper Salles e
Frank Benjamin Sparksere estavam a bordo do Bahia e foram mortos.A marinha americana
ainda lista os homens como perdidos em ação. O Brasil atribui o afundamento do Bahia a
uma explosão a bordo

O artigo no Pravda foi baseado na informação dos pesquisadores da Argentina Carlos De


Napoli e Juan Salinas. Eles afirmam que uma frota de quase 20 U-boats navegou do porto
norueguês de Bergen, entre 1o. de maio e 6 de maio. Eles se juntaram a um outro grupo de
U-boats vindo das costas dos EUA ao redor de Cape Verde. Lá eles souberam da
rendição. Alguns afundaram seus botes, outros se renderam e ainda outros estabeleceram o
curso para a Alemanha. Contudo, ao menos seis dos U-boats continuaram para a Argentina.
A seguir, o artigo afirmou que a Marinha Argentina recebeu ordens de parar de atacar os U-
boats alemães operando perto das praias da argentina, por ordens de Churchill. Farago para
alguém disse que as ordens para a Marinha da Argentina vieram de Peron. Ele contudo não
menciona que a ordem veio da Bretanha.

O artigo do Pravda contém um sério erro no nome do navio americano afundado. Devido a
controvérsia do afundado ser listado como uma explosão de caldeira quando os
sobreviventes relataram ver um cavalo trotando em um escudo vermeho na torre de
comando de submarino, o afundamento do USS Eagle 56 tem sido cuidadosamente
investigado. Contudo, o artigo contém muita informação sabida ser verdadeira, incluindo a
listagem de dois dos U-boats: U-530 e U-977. U-530 se rendeu no Mar del Plata, Argentina
em 10 de julho de 1945. Isto foi entregue aos EUA para testes. Outra informação que tem
sido parcialmente confirmada por outros investigadores. é também sabido inicialmente que
os EUA não acreditaram no relato do suicídio de Hitler e lançaram uma busca na América
do Sul por ele e outros principais nazistas desaparecidos. Depois da rendição, o comandante
do U-977 Heinz Schaeffer foi preso e acusado de contrabandear criminosos de guerra para
a América do Sul.

Interesssantemente, o U-530 pareceu ter estado estacionado ao redor de Cabo Verde em


1944. Em 23 de junho de 1944, U530 se encontrou com o submarino japonês I-52 para
transferir um detector de radar a aproximadamente 850 milhas a oeste das ilhas. Os Aliados
estavam cientes da transferência e os aviões aliados pretenderam afundar o submarino
japonês. O I-52 foi localizado em 1955 e ainda continha 2 toneladas de ouro.

Informação adicional apareceu em 1997 na Argentina. O jornal nacional, Ambito


Financiero, foi contactado por um homem dando seu nome completo alemão e sua
identidade de comandante número 75. Ele afirmou ter chegado a Argentina depois de
afundar seu U-boat. Na década de 1970, uma pessoa diferente fazendo a mesma declaração
contactou o mesmo jornal. Este comandante de U-boat escreveu que, sob ordens específicas
de Hitler, dez submarinos, cada um com 50 oficiais e tripulação, viajaram para a Argentina
para ajudarem a fundar o Quarto Reich. Recentemente, mais informação sobre esta frota de
U-boats veio da Noruega. Lá, uma pessoa afirmando ter alegadamente trabalhado em um
departamento de arquivo da Marinha nazista, uma grande parte do qual estava estacionada
no sul da Noruega durante a guerra, descobriu documentos adicionais que corroboram a
informação Argentina. Outros pesquisadores a muito tem afirmado que dois U-boats foram
afundados depois de descarregarem sua carga de documentos e ouro em águas rasas, o que
confirmaria os dois contactos com o jornal.

Informação posterior dos planos nazistas vem da rendição do U-234 em Portsmouth, New
Hampshire em 16 de maio de 1945. U-234 partiu da Noruega em 16 de abril de 1945.
Enquanto no mar no Atlântico Norte, o U-234 soube da rendição e a ordem de Doenitz de
abandonar as operações e se render. A lista da carga do U234 segue:

Uma toneada de correio pessoal e diplomático


desenhos técnicos e plantas de armamento avançado de combate
armas anti-tanques
miras avançadas e sistemas de controle de incêndio
radar aéreo
um caça a jato Me 262
adicionais motores a jato
560 quilogramas de óxido de urânio

Adicionalmente o U-234 carregava os seguintes principais especialistas nazistas:


O General DA Luftwaffe Ulrich Kessler, em seu caminho para se tornar adido aéreo
alemão em Tóquio
O Ten. Cel. da Luftwaffe Fritz von Sandrart e o Ten. Erich Menzel, especialistas em
comunicações aéreas, radadr aéreo e defesas AA
quatro oficiais Kriegsmarine, incluindo um especialista em aviação naval, um especialista
AA, um engenheiro costrutor naval, e um juiz naval [cujo trabalho seria finalmente eiminar
os últimos vestígios do anel de espionagem Sorge]
August Brinewald e Franz Ruf, especialistas em tecnologia e construção de aeronave a jato
cuja missão era começar a produção sos caças a jato Me 262 no Japão
Dr. Heinz Schlike, um especialista em tecnologias de radar e de infra-vermelho

O U-234 contudo, se destinava ao Japão. A carga de óxido de urânio era destinada ao


projeto japonês de enriquecimento de urânio em Hungnam no norte da Coréia sob o direção
do Dr. Nishina. Os documentos técnicos ajudaram imensamente no entendimento das
defesas japonesas. As plantas também apressavam o desenvolvimento do armamento
avançado dos EUA. Conquanto o U-234 não fosse parte da fuga para a Argentina, ele
confere confiança a habilidade dos nazistas em transferirem a tecnologia deles para o
exterior e dá a idéia do escopo dessa transferência. De fato, houve uma grande quantidade
de cooperação entre o Japão e a Alemanha perto do fim da guerra; muito mais do que
anteriormente acreditado.

Em ‘Gold Warriors’ os Seagraves confirmam este comércio de urânio entre a Alemanha


Nazista e o Japão. Eles relatam que os submarinos de carga japoneses eram usados para
transportar o ouro para a base subterrânea nazista em Lorient, França para pagar as compras
de urânio. Os U-boats alemães e rápidos raiders de superfície transportavam o urânio para
pontos de encontro na Indonésia e nas Filipinas. Destes pontos de encontro, os submarinos
japoneses transportavam o urânio para seus destinos finais no Japão e na Coréia.
Adicionalmente a Argentina estava ligada aos nazistas pela companhia austríaca de
munições Hirtenburg. Hirtenburg estava ligada estreitamente com o Banco J. Henry
Schroeder de New York por meio de uma companhia holding suiça, a Herbertus AG e a
argentina SA de Finanzas. O Banco J. Henry Schroeder de New York era um ramo da
Schroeder Rockerfeller Co Investment Bankers cujos três proprietários durante a guerra
eram Avery Rockefeller, Bruno von Schroeder em Londres e Kurt von Schroeder de
Colonia na Alemanha Nazista. Nelson Rockefeller estava a cargo da segurança da América
do Sul durante a Segunda Guerra Mundial; contudo, Tesden ligada a Goering servia como
uma ligação financeira entre as Bahamas e Cuba com a Alemanha nazista. O Banco das
Bahamas estava ligado ao Banco mexicano Continenta e o Banco Stein de Colonia e era
usado para criar contas no exterior para os agentes da Gestapo nos EUA.

Esta breve olhada no tesouro de Bormann transferido para a Argentina prontamente ilustra
a dificuldade de separar os fatos de ficção sobre o saque nazista. O autor, Uki Goni tem
também apresentado prova das dificuldades encontradas em confiar nos registros
argentinos. Ele descobriu que estes registros tem sido expurgados dos arquivos
incriminadores em ao menos duas ocasiões diferentes. A verdade completa sobre o tesouro
de Bormann pode nunca vir a ser revelada a menos que os EUA e a Inglaterra
desclassifiquem todos os documentos da Segunda Guerra Mundial. O artigo do Pravda
obviamente foi grandemente inflado ao longo das linhas das suspeitas soviéticas do tempo.
Contudo, colocando à parte estas faltas, ele lança luz adicional sobre as operações de
Bormann que os EUA e a Inglaterra gostariam de ver enterradas. Buscas adicionais pelos
U-boats alemães ao longo da costa argentina já estão sendo planejadas. Qualquer
descoberta somente serviria para confirmar mais do artigo do Pravda bem como dos
contactos do jornal argentino

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