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O QUE É
TRT
A resposta pode ser um tanto longa ! Mas, para haver uma compreensão mais objetiva, nos
permita fazer uma abordagem anterior ao que hoje entendemos sobre Psicologia Transpessoal. É preciso resgatar
um pouco da história da própria humanidade.
É sabido que desde o princípio, o homem foi dotado de muitos atributos que garantiam sua
sobrevivência e multiplicação até os seus dias de hoje. Entre esses atributos, certamente se encontra o da
curiosidade, que o levou a descobertas dos fenômenos da natureza e aos meios de sua subsistência. Se assim não
fosse, talvez hoje a humanidade não existisse.
A curiosidade aguça os sentidos, dirige a atenção e amplia a consciência para as
particularidades do mundo cotidiano, fazendo o homem sentir e pensar. Dos sentimentos se estruturaram as
emoções e dos pensamentos nasceram as hipóteses; dos atos em busca da verdade nasceram as metodologias de
investigação; da união das verdades encontradas nasceram as teorias e do conjunto de todo esse esforço nasceram
as ciências.
E cada ciência passou a ser a vela mestra do conhecimento humano, afirmando verdades
específicas de acordo com sua área de atuação. Os conhecimentos foram extratificados, estruturados em torno de
leis invioláveis e inatacáveis, principalmente depois da sistematização cartesiana, iluminada pelo farol do
materialismo newtoniano-positivista.
Isso foi um erro, pois se esqueceram do alerta de Platão, através do Mito da Caverna, quando
afirmou que a percepção do mundo nada mais era do que a sombra ilusória da realidade; o que se percebe é
somente a sombra distorcida da verdade e não ela própria. O próprio Isaac Newton, considerado o pai do
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Materialismo, sofreu a distorção por parte daqueles que o interpretaram, pois se sabe hoje, pela descoberta de
muitos artigos de sua autoria, que ele siquer era um materialista.
Mas, seguindo o processo da ciência convencional, a evolução da humanidade se acelerou
quanto à explicação dos fenômenos tangíveis, criando uma tecnologia maravilhosa para o bem estar físico do
homem, mas deixando a desejar quanto à contribuição a uma felicidade mais verdadeira para esse homem.
Correndo de forma paralela à tecnologia, mas negligenciada por essa, estavam os fenômenos
metafísicos, místicos e intangíveis. Alguns sábios e santos se preocuparam com eles, mas geralmente dentro de
doutrinas religiosas ou filosóficas. Não eram aceitos como científicos, pois suas verdades não tinham a
sustentação em laboratório, portanto não poderiam ser provadas.
Muitos fenômenos importantes foram rejeitados por essa razão; outros, morreram com os
mortais que tinham vergonha ou medo de expô-los, acreditando que seriam punidos ou taxados de loucos ...
Enquanto isso, alguns pesquisadores perceberam que as “verdades” pesquisadas poderiam lhes
dar poder político, estatus e ganho econômico. As verdades, antes verdadeiras, passaram a ganhar uma roupagem
de falsidade pois, de uma forma ou de outra, tinham que gerar proveito aos seus obreiros ou ao grupo social a que
pertenciam, religioso, político ou cultural. E muitas dessas falsidades não foram pegas pelo crivo cartesiano e
perduraram até nossos dias, passando a pertencer ao mundo real distorcido e falso, como o crâneo de Piltdown,
único fóssil existente do elo perdido, que era uma montagem inteligente, mas não verdadeira.
Por muito tempo, as ciências se mantiveram atreladas ao empirismo, ou ao rigor do critério
cartesiano e pragmático. Essa condição anacrônica, de acreditar somente naquilo que é captado pelos órgãos dos
sentidos ou provado em laboratório, tolheu a humanidade de um crescimento mais rápido e digno aos seus
anseios.
Mas, algumas personalidades estavam mantendo vivo um segmento importante na explicação
da imponderabilidade humana, como Buda, Ezequiel, Ramakrishna, Rama Maharishi, etc. que já falavam em
experiência mística, experiência cósmica, experiência transcendental, Nirvana, etc. Mesmo antes desses, há 5.000
anos no Egito e também nas civilizações pré-colombianas da América, o homem já era entendido como um ser
cósmico e já se utilizava dos Estados Alterados de Consciência em seus ritos.
Essas alterações no funcionamento da consciência, que mais tarde seria o “carro-chefe” da
Psicologia Transpessoal, também era conhecido pelos pajés nos rituais de cura nas tribos de índios das três
Américas.
Nessa época a Psicologia ainda nem havia nascido e, após seu nascimento, permaneceu atrelada
por muitos anos à filosofia, etérea e elucubrativa, e também sob o jugo das religiões. Somente em 1878 / 1879
que ela conseguiu se tornar independente, com a criação do 1º Laboratório de Psicologia Experimental por
Wilhelm Wundt, na cidade de Leipzig.
No seu desenvolvimento passou várias fases, buscando uma maturidade consciente e um lugar
reservado dentro do conhecimento humano. Precisou ficar algum tempo sobre o Behaviorismo, também chamada
Psicologia Comportamentalista, ou Comportamentista, ou de Conduta, criada por John Watson, em 1913, que por
sua vez se baseou na Reflexologia do russo Pavlov. Precisou se tornar mais sutil através da Psicanálise, com o
médico austríaco Sigmund Freud, que nessa época já estava editando sua obra e se notabilizou em aportes
diferenciados, descobrindo e sistematizando o estudo do inconsciente humano. Mais tarde, a Psicologia precisou
resgatar algumas raízes da filosofia, sua mãe primeira, passando pela fase humanística-existencial, com os
filósofos Martin Heiddeger, Gabriel Marcel, Jean Paul Sartre e tantos outros.
Dentro desse processo evolutivo, um pesquisador notável, Karl Gustav Jung, elaborava sua obra
na Suíça e já falava num termo novo, até então nunca usado – “Transpessoal”. Ele explicava sobre alguns estados
de consciência que aparentemente rompiam a fronteira do ego comum e se enveredava para um espaço além dela.
Aliás, a mesma experiência encontrada no Nirvana.
É interessante observar que Freud também teve a oportunidade de ser informado sobre essas
experiências além do ego. Romain Rolland, que morava na India, escreveu para o mestre da Psicanálise,
relatando sobre as alterações de consciência na prática do Yoga. Freud respondeu: “As opiniões expressas por
esse amigo que tanto respeito e que outrora já louvara a magia da ilusão num poema, causaram-me não pequena
dificuldade. Não consigo descobrir em mim esse sentimento “oceânico”. Não é fácil lidar cientificamente com
sentimentos. Pode-se tentar descrever os seus sinais fisiológicos. Onde isso não é possível – e temo que também o
sentimento oceânico desafie esse tipo de caracterização – nada resta senão cair no conteúdo ideacional que, de
forma mais imediata, está associado ao sentimento. Se compreendi corretamente o meu amigo, ele quer significar,
com esse sentimento, a mesma coisa que o consolo oferecido por um dramaturgo original e um tanto excêntrico
ao seu herói que enfrenta uma noite auto-infligida: “Não podemos pular para fora desse mundo”. Isso equivale a
dizer que se trata do sentimento de um vínculo indissolúvel, de ser uno com o mundo externo como um todo.
Posso observar que, para mim, isso parece, antes, algo de natureza de uma percepção intelectual que, na verdade,
pode vir acompanhada de um tom de sentimento, embora apenas de forma como este se acharia presente em
qualquer outro ato de pensamento de igual alcance. Segundo minha própria experiência, não consegui convencer-
me da natureza primária desse sentimento; isso porém, não me dá o direito de negar que ele de fato ocorra em
outras pessoas. A única questão consiste em verificar se está sendo corretamente interpretado e se deve ser
encarado como a “fons et origo” de toda a necessidade de religião”.
Freud escreveu essas palavras numa carta a Romain Rolland em 05 /12/ 1927 e a citou em sua
obra “O Mal Estar da Civilização”.
Romain Rolland havia escrito para Freud que os Yogas atingiam uma sensação de eternidade,
rompendo as fronteiras do ego comum e se unindo ao universo. A esse respeito, Freud conclui: “Posso imaginar
que o sentimento oceânico se tenha vinculado à religião posteriormente. A “unidade com o Universo”, que
constitui esse conteúdo ideacional, soa como a primeira tentativa de consolação religiosa, como se configurasse
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uma outra maneira de rejeitar o perigo que o ego reconhece ameaçá-lo a partir do mundo externo. Permitam-me
admitir mais uma vez que para mim é muito difícil trabalhar com essas quantidades quase inatingíveis. Outro
amigo meu, cuja insaciável vontade de saber o levou a realizar as experiências mais inusitadas, acabando por lhe
dar um conhecimento enciclopédico, assegurou-me que, através das práticas do Yoga, pelo afastamento do
mundo, pela fixação da atenção nas funções corporais e por métodos peculiares de respiração, uma pessoa pode,
de fato, evocar em si mesmo novas sensações e cenestesias, consideradas estas como regressões a estados
primordiais da mente, que há muito tempo foram recobertos. Ele vê nesses estados uma base, por assim dizer
fisiológica, de grande parte da sabedoria do misticismo. Não seria difícil descobrir aqui vinculações com certo
número de obscuras modificações da vida mental, tais como os transes e os êxtases. Contudo, sou levado a
exclamar, como nas palavras do mergulhador de Schiller – “Es freuesich, Wer da atmet im rosigten Licht”
( Regozige-se aquele que aqui em cima respira, na rósea luz )”.
Apesar das críticas, Freud deixou um espaço para uma investigação posterior sobre o
“sentimento oceânico” e, dessa forma, chamou a atenção sobre o fenômeno das alterações da consciência.
Muitos fatos históricos, de características trágicas, acabam trazendo um benefício para a
humanidade. Dentro da história da Psicologia Transpessoal, não pode deixar de ser enfatizado a tomada do poder
político da China, em 1949, pelo comunista Mao Tse-Tung. Logo após assumir o poder, o Tibet foi anexado
como território chinês e esmagado pelo exército. Alguns representantes do pacífico povo tibetano e alguns
monges budistas se refugiaram na Índia, mais tarde se fixaram em Dharamsala, próximo ao Himalaia. Com isso,
os paradigmas budistas se disseminaram mais facilmente, principalmente nos povos ocidentais que se
identificaram com os oprimidos. As fronteiras físicas se tornaram menos rigorosas, possibilitando a ida de muitos
pesquisadores para o oriente e lá, na nova Meca do Budismo Tibetano, passaram a receber os ensinamentos de
outras verdades. No oriente encontraram o berço dos Estados Alterados de Consciência, que explicava toda uma
terminologia e toda uma fenomenologia até então inatingida pelo ocidente.
Coincidentemente, ou não, no ocidente se experimentava o mergulho no núcleo do átomo,
observando-se regras totalmente fora daquelas convencionadas pela física clássica. Era o advento da Mecânica
Quântica Ondulatória, a Física Quântica, que viria revolucionar todos os conceitos conhecidos e dar uma nova
visão da realidade. Essas descobertas atingiram a Química e a Biologia e, de certa forma, arrasaram com os
postulados que há tempo dirigiam seus estudos. E, o mais importante, que esses novos conhecimentos, antes em
rota de colisão entre si, passaram a trabalhar em rota de cooperação, pois a cada nova descoberta, abria um
espaço novo para o homem, que é o centro de todo e qualquer estudo científico.
A Psicologia não poderia ficar de fora.
Os estudos da Física Quântica, da Psicologia Oriental, da Psicologia da Consciência, da
Química e da Biologia, da Psicologia européia Humanística Existencial, dos conhecimentos de Einstein e das
experiências com LSD, encontraram guarida em alguns estudiosos, descontentes com as limitações da Psicologia
convencional e que acreditavam ser a experiência humana além do ego. Abraham Maslow já experimentava
alguns tipos de reações culminantes, chamadas “Peak Experiencce”.
Segundo consta, Roberto Assagioli, criador da Psicossíntese, utilizou pela primeira vez o termo
“Psicologia Transpessoal” para explicar os fenômenos oriundos da alteração de consciência e que se projetavam
além do ego.
A soma de todas as variáveis que povoavam a mente dos pesquisadores, culminou numa
complexidade de aportes teóricos, estruturando uma verdadeira força sistêmica na Psicologia. Como os conteúdos
apresentados estavam além da Psicologia Humanística, foi sugerido o nome de Psicologia Trans-Humanística,
por Julian Huxley, em janeiro de 1967. Em seguida, na data de 17 de setembro desse mesmo ano, Abraham
Maslow lançou oficialmente a Psicologia Trans-Humanística como sendo a 4ª força em Psicologia. De imediato
se estabeleceu o Behaviorismo como sendo a 1ª força, a Psicanálise como sendo a 2ª força e a Psicologia
Humanista-Existencial como sendo a 3ª força.
O termo Trans-Humanística foi aos poucos causando desconforto ao grupo de envolvidos nesse
estudo, pois dava a entender que essa psicologia era “melhor”, ou superior à anterior e essa não era a intenção.
Numa reunião para esse fim, onde participaram Abraham Maslow, Joe K. Adams, James Fadiman, Harriet
Francisco, Sidney Journard, Michael Murphy, Miles Vich e Anthony J. Sutich, formaram uma comissão para
discutir o tema. Em 1968, em outra reunião, Abraham Maslow, Viktor Frankl, Stanislav Grof e James Fadiman,
aboliram o termo Trans-Humanística e adotaram o termo Transpessoal.
Na primavera de 1969 foi publicado o primeiro número da revista científica “Journal of
Transpessoal Psychology” e fundada a Associação para a Psicologia Transpessoal ( Association for
Transpersonal Psychology ).
O desenvolvimento do novo paradigma não se fez esperar. O primeiro Congresso de Psicologia
Transpessoal se realizou na Islândia, em 1972; o segundo, no mesmo país, em 1975; o terceiro, na Finlândia, em
1976; o quarto, no Brasil, em 1978, em Belo Horizonte, ocasião em que foi fundada a Associação Internacional
de Psicologia Transpessoal, com sede na Califórnia ( Esalen Institute ). Em seguida o nome da associação foi
alterado para “International Transpersonal Association” ( ITA ), subtraindo-se a palavra Psicologia , pois o termo
“Transpessoal” é muito mais do que Psicologia; a extensão do termo “Transpessoal” se expande para a vida, além
dos limites da ciência da mente. O ITA organizou ainda outros Congressos: em 1979, nos Estados Unidos; em
1980, na Austrália; em 1982, na Índia; em 1984, na Suíça; em 1986, no Japão. A maioria dos países ocidentais e
alguns orientais, passaram a organizar associações, a partir da última data. Nos Estados Unidos e na Europa,
inúmeras são as teses de Mestrado e Doutorado defendidas em Universidades. No Brasil isso já está acontecendo.
No Brasil foi fundado o GONPO – Instituto Brasileiro de Psicologia Transpessoal, em
dezembro de 1978. Em 1984 foi encerrado para dar lugar, em 1985, a ABPT – Associação Brasileira de
Psicologia Transpessoal.
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No Brasil, o maior expoente da 4ª força da Psicologia Transpessoal é o Dr. Pierre Weil, Reitor
da Universidade Holística de Brasília – a UNIPAZ.
Agora, depois de tão longa explicação histórica, é possível responder sobre o que é e sobre o
que trata a Psicologia Transpessoal.
O Dr. Weil a define como: “Transpessoal é um ramo da Psicologia especializada no estudo dos
estados de consciência; ela lida mais especificamente com a “experiência cósmica”, ou os estados ditos
“superiores”, ou “ampliados” da consciência”. O termo Transpessoal é utilizado quando desaparece o fenômeno
ou a aparência da pessoa; é que fica por detrás das máscaras da pessoa, além do seu ego, além de sua cultura,
emergindo em áreas transcendentes e cósmicas. A estrutura de conhecimento dessa 4ª força recebe influência
direta ou indireta de outros ramos da psicologia, como experimental, fisiológica, patológica, clínica, evolutiva,
behaviorista, psicanalítica e existencial humanística, todas de origem ocidental. Também se associa a outras
ciências, tais como: Física, Biofísica, Genética, Farmacologia, Hipnologia, Psiquiatria, Sociologia, Antropologia,
História, Filosofia, etc. Por outro lado, agora de origem oriental, recebe influência do Yoga, do Zen Budismo, da
Psicologia Tibetana e do Sufismo.
Já para o Dr. Anthony Sutich “a Psicologia Transpessoal é o título dado a uma força emergente
no campo da Psicologia, representada por um grupo de psicólogos e profissionais de outras áreas, de ambos os
sexos, que estão interessados naquelas capacidades e potencialidades “últimas” que não possuem um lugar
sistemático na teoria positivista, ou behaviorista, na teoria psicanalítica clássica ou na Psicologia Humanística”; e
o autor continua: “A Psicologia Transpessoal emergente se ocupa especificamente do estudo científico empírico e
da aplicação das descobertas importantes dos seguintes assuntos: metanecessidade, no âmbito individual e da
espécie; valores últimos; consciência unitiva; experiência de pico; valores B; êxtase; experiência mística;
respeito; ser; auto realização; essência; felicidade; milagres; significado último; transcendência do self; espírito;
singularidade; consciência cósmica; sinergia individual e da espécie; máximo encontro interpessoal; sacralização
da vida cotidiana; fenômenos transcendentais; alegria e diversão cósmica; consciência sensorial máxima;
responsabilidade e expressão; e dos conceitos, experiências e atividades relacionadas”.
Outras definições dizem que a “Psicologia Transpessoal é a Psicologia dos estados alterados de
consciência”, ou “é a Psicologia Além do ego”.
Toda Psicologia Transpessoal conduz o experimentando a uma fusão do eu com o cosmos,
como se tudo fizesse parte da mesma essência. O tempo se transforma em algo inexistente, levando o indivíduo
a viver uma experiência de um minuto como se fosse um ano. Desfaz a percepção da matéria como ela é; a
matéria se transforma em energia; o pensamento se torna concreto. Faz desaparecer o medo da morte, diante da
continuidade de vida. O Universo passa a ser Uno. É possível sentir a pulsação cósmica dentro de si mesmo.
Enfim, possibilita o estado de consciência chamado inefável.
A Psicologia Transpessoal trabalha essencialmente com o lado direito do hemisfério cerebral,
responsável pelas experiências místicas, pelo sentimento, pelo abstrato e o intangível à lógica formal; propicia
viagens além do limite físico, identificando personagens de outras épocas e de toda a humanidade; transpõe os
abismos entre as espécies, desintegra as fronteiras físicas do tempo e do espaço, sonda o âmago da matéria
inanimada e inorgânica, segundo Stanislav Grof.
Essa nova Psicologia, que surge apoiada numa concepção holística e sistêmica, considera o
organismo humano como um todo integrado, que envolve padrões físicos, mentais, sociais e espirituais.
Como não poderia deixar de ser, a Psicologia Transpessoal abre um universo de possibilidades
de aplicação prática dentro da Psicologia Clínica, tornando os tratamentos tão rápidos e exitosos, quanto àqueles
alcançados pelas Psicoterapias Breves. Da mesma forma atinge a Psicologia Organizacional na compreensão da
dinâmica homem-trabalho, e a Psicologia Educacional, onde a integração Professor-Aluno, Professor-Professor e
Professor-Direção, são vistos de modo mais profundo, guiado por forças energéticas recíprocas e voltadas para
um vetor evolutivo cósmico. Especialmente dentro da Psicologia Educacional, o aporte transpessoal tende a
considerar a escola como uma célula, onde as experiências recíprocas servem para a evolução do todo. A aula é
um laboratório evolutivo e o que menos pesa é o conteúdo programático a ser desenvolvido dentro de cada
disciplina. A experiência de cada aluno é a experiência de cada professor e cada um vai ver e sentir o outro de
acordo com suas próprias experiências. Desaparece a figura do bom ou mau aluno e do bom ou mau professor,
dando lugar a um aluno ou professor mais evoluído no seu processo cósmico, ou menos evoluído. Aparece a
necessidade de auxiliar aquele que for menos evoluído, pois a evolução dele é que vai contribuir com a evolução
de todos. Enquanto ele estiver no patamar inferiorizado no seu processo, todos irão estar e a escola não evolui
como um todo. Enfim, a Psicologia Transpessoal aplicada à educação, contribui para resgatar a relação
primordial de amor e de respeito mútuo que precisa haver dentro de uma missão social. Ela não anula os
conceitos da Psicologia convencional que até agora vem conduzindo o trem educacional, mas traz um
combustível diferenciado que, além de proteger o trem, o torna mais rápido e confiável.
Talvez a postura mais importante dentro da Psicologia Transpessoal seja a coragem de resgatar
o sentimento de amor como energia básica da evolução, amor esse que foi esquecido em nome de uma ciência
que julgava substituí-lo. E o amor parece ser a única energia existente para aliviar o sofrimento humano,
explicando a própria razão da existência.
No nosso trabalho clínico, desenvolvemos como instrumento o uso de Revivências, ou de
Regressão de Memória, através das quais, objetivamos resgatar o amor do cliente por si mesmo, o amor pela
natureza e pela humanidade, dentro do aporte Transpessoal.
No nosso trabalho utilizamos o termo “Revivência”, por achá-lo mais adequado e coerente com
aquilo no qual acreditamos. Já o termo “Regressão de Memória” não expressa exatamente toda a dimensão que se
quer entender. Além do mais, o termo se popularizou, se banalizou e se distorceu do seu eixo de sentido
verdadeiro.
A palavra Regressão expressa a idéia de retorno, regresso, retrocesso, dentro do linguajar
comum, como também expressa um mecanismo de defesa do ego, quando um indivíduo retorna a viver
sentimentos de uma época ultrapassada na qual foi mais feliz, por não suportar os conflitos de sua época atual.
Nenhum dos dois sentidos estão consonantes com o juízo de instrumento psicoterapêutico que estamos tratando
aqui.
Temos que admitir que nosso inconsciente é um imenso receptáculo de informações positivas e
negativas, esquecidas ou reprimidas, boas ou más, que ali estão atuantes e dinâmicas, pronto para se aflorarem
naturalmente na vida cotidiana de cada um. As informações que jazem no inconsciente, que foram simplesmente
esquecidas, que não se referem a conteúdos traumáticos vividos pelo indivíduo em tempos de outrora, nenhum
mal faz ao ego, caso sejam emergidas. Mas as informações reprimidas, negativas, que foram depositadas no
inconsciente por serem danosas demais para o ego, caso fossem conscientizadas, e que também são atuantes e
dinâmicas, causam transtornos e dão origem a todo o sofrimento na vida atual.
Dentro do aporte da Psicologia Transpessoal, onde foram rompidos os véus limitadores de
tempo e espaço, a morte não existe. Apenas o corpo físico morre, e mesmo assim, apenas atomicamente se
transforma. Aquilo que consideramos como sendo o inconsciente, ou a energia, ou o espírito ou até a alma, se
quiserem, nunca morre e, por redundância, nunca nasce. Essa energia que caracteriza a essência do ser humano é
imortal e é nessa energia que estão registradas todas as informações que foram se acumulando ao longo do
infinito, transcendendo o entendimento banal. Isso quer dizer que o homem é resultante de sua própria história,
fruto de um somatório incomensurável de fatos percebidos e sentidos, necessidades gratificadas e frustradas, que
originaram lembranças hoje esquecidas ou sentimentos hoje reprimidos, como o ódio contra aqueles que lhe
infligiram a dor, bem como a culpa de ter infligido essa mesma dor aos seus semelhantes. Aqui começa o
entendimento do termo “outras vidas”, tão associado ao termo “Regressão de Memória”.
O pressuposto de “outras vidas” dá, em um primeiro momento, uma impressão reducionista ao
paradigma da Palingenia, ou do fenômeno da reencarnação. Isso é um equívoco de interpretação, principalmente
por aqueles que estão desinformados das variáveis estudadas pela Psicologia Transpessoal. Existem
aproximadamente vinte e quatro teorias catalogadas que estudam e tentam explicar a situação surpreendente de
uma pessoa verbalizar, em estado alterado de consciência, histórias como sendo vividas por ele mesmo em
“outras vidas’. Pode não ser reencarnação ! Pode ser influência do Inconsciente Coletivo, herdado dos
antepassados, segundo Jung ! Pode ser a Memória Genética, que adquirimos pela hereditariedade ! Pode ser que
nosso cérebro capte hologramas antigos, emitidos por povos de outrora ! e assim por diante ! Pode ser também a
Reencarnação, por que não ?
A verdade é que muitos psicólogos que trabalham com a chamada “Regressão de Memória”,
não aceitam a teoria reencarnacionista e os resultados psicoterapêuticos são os mesmos em relação àqueles que a
aceitam. O que não se pode negar que a Teoria Palingênica é admitida por três quartas partes da humanidade,
bem como é aquela que mais oferece literatura específica, bem como também é a mais estudada ao longo da
história da filosofia, das religiões, do ocultismo primitivo, da parapsicologia e de estudos modernos.
Particularmente, tendemos a aceitar a teoria da reencarnação, como poderíamos aceitar qualquer
outra que fosse mais plausível ao nosso universo cognitivo. Nossa crença pessoal, por ser de foro íntimo e um
direito que a cidadania nos dá, está isenta de críticas alheias; se fôssemos católicos, teríamos a crença de ser
católico; se fôssemos espíritas, teríamos a crença de ser espírita; se fôssemos ateus, teríamos a crença de ser
ateu ... Já atendemos religiosos, padres, pastores e também ateus e a eficiência do método não se alterou. Para
muitos, aceitar a teoria reencarnacionista é se atrelar à doutrina espírita, mas esse é outro equívoco. O paradigma
da reencarnação foi adotado pelo espiritismo há pouco mais de 150 anos; a crença na reencarnação existe há
milhares de anos.
A crença em qualquer paradigma por parte do terapeuta, assim como a crença em qualquer
paradigma por parte do paciente, dentro de qualquer teoria psicoterápica, não devem se misturar dentro do
processo clínico, caso contrário seria anti-ético.
Isso posto, falar em “outras vidas” é transpessoalmente incorreto. O que existe é vida, sem
começo e nem fim, sem interrupções pela perda do corpo físico e nem pela aquisição de outro.
Por essa razão, falar de “Regressão de Memória a Outras Vidas” é uma redundância equivocada
que não expressa a realidade.
Eis o motivo pelo qual, preferimos o termo REVIVÊNCIA em substituição ao anterior.
Ninguém regride a “outra vida”, apenas Revive o que está registrado em seu inconsciente aqui e
agora, no presente de sua vida atual. E, evidentemente, Revive os fatos e emoções que envolvem os eventos
traumáticos passados, quando o inconsciente de agora pressupostamente, estavam em outros corpos ou matérias.
Regredir simplesmente para tomar conhecimento dos fatos não é salutar e pode até trazer prejuízos ao equilíbrio
presente; é necessário Reviver intensamente os fatos para esgotar a carga emocional que os envolve, pois os
transtornos sofridos hoje não são resultados desses fatos, mas das emoções subjacentes. E, após Reviver essas
situações, é possível identificar o Mandato, o Script, a Programação, o Decreto, feito no momento traumático, por
exemplo: “Sempre serei um inútil”, ou “Sempre serei infeliz”, ou “Nunca mais irei falar em público”, ou “Não
mereço amar e ser amado”, etc. Somente após drenar as emoções que encobrem os Mandatos será possível
Reprogramar, Remodelar, Reescrever, Reformular tais Mandatos através de um registro mais sadio,
estabelecendo novo roteiro de vida.
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04) SE OUVE FALAR MUITO EM TERAPIA DE VIDA PASSADA ! É A ISSO QUE VOCÊ ESTÁ SE
REFERINDO ?
De certa forma, sim. O método de Regressão de Memória se difundiu como instrumento
psicoterapêutico como sendo Terapia de Vida Passada ( TVP ), nome dado pelo Psicólogo Morris Netherton, nos
EEUU na década de 60. A ele é dada a autoria desse recurso psico-clínico, embora se saiba que o Egito antigo já
se referia a esse fenômeno.
Após sua rápida propagação, muitos psicólogos passaram a utilizar o aporte regressivo, como
Edith Fiore, Gina Cerminara, Bryan Weis e muitos outros nos EEUU, como o psiquiatra norte americano Ian
Stevenson, que leciona o tema Reencarnação no Curso de Psiquiatra na Universidade de Michigan.
Em muitos países esse método é praticado clinicamente, onde seus expoentes são Thorwald
Dethlefsen, na Alemanha, Hans Ten Dan, na Holanda, Patrick Drouot, na França, Roger Woolger na Inglaterra,
bem como estão associados ao mesmo movimento o médico psiquiatra Stanislav Grof e o médico neurofisiólogo
Karl Priban, o físico Fritjof Capra, o bioquímico Ken Wilber, etc.
É importante salientar que todos os profissionais envolvidos estão ligados à Universidades e são
portadores de título de Doutor ou PhD em suas áreas.
No Brasil também existem vários segmentos da chamada TVP, como o grupo do Médico
Psiquiatra Lívio Túlio Pincherle. A médica Maria Júlia Peres deu ao método o nome de TRVP ( Terapia
Regressiva Vivencial Peres ); já a Psicóloga Renate Jost Moraes o chama de TIP ( Terapia de Integração
Pessoal ), como nós o chamamos de TRT ( Terapia de Revivência Transpessoal ).
Existem ainda outras denominações para esse aporte: Terapia de Regressão Hipnótica, Terapia
da Reencarnação, Psicorregressão, Retrocognição, e muitos mais. O método em si, busca os mesmos objetivos,
que é o alívio do sofrimento diante das mais diferentes situações clínicas. No entanto, cada um apresenta aspectos
diferentes na sua técnica, reproduzindo a formação acadêmica de seus autores. Nós, por exemplo, somos
impregnados pelo paradigma psicanalítico ao qual estivemos seguindo por muitos anos. Isso provoca
diferenciações metodológicas na aplicação específica das técnicas dessamelheando-as entre si.
Algumas dessas técnicas focalizam o trauma do passado e tenta drenar as emoções que os
acompanham; outras ignoram os traumas e não fazem a respectiva catarse. Na TRT o trauma se apresenta com
fundamental importância e se não fizer o esgotamento das emoções a sessão tenderá a fracassar quanto aos seus
objetivos terapêuticos.
Trauma é toda a situação externa extremamente dolorosa que provoca uma falha na sustentação
do equilíbrio de uma pessoa e também uma queda no sistema habitual de controle frente aos fatos imprevisíveis.
Ou seja, para um fato da vida cotidiana se transformar em trauma é necessário: ser externo, ser muito forte, indo
além do suporte habitual do ego, ser repentino, abrupto, e chegar a romper com o equilíbrio da personalidade.
Evidentemente, para um indivíduo ficar traumatizado por um fato, este deve ter uma conexão
com o mundo interno e se somar a uma predisposição de fragilidade anterior a ele. Isso quer dizer que um mesmo
fato doloroso pode causar trauma em um indivíduo e não causar em outro, pois as variáveis culturais,
psicológicas, sociais, religiosas, educacionais, etc, se interagem na dinâmica mental para torná-lo predisponente
ou não para aquele fato.
Um fato traumático, e assim é dito quando abalou a estrutura de defesa, sempre está carregado
de forte conteúdo emocional, que se insere no âmago do ser humano, com tendência a acompanhá-lo pela
eternidade. Um trauma gera programações que se transformam em verdadeiros roteiros de vida, passando a
estabelecer padrões de comportamento que sempre irão se repetir. É interessante ressaltar que um trauma, por
mais doloroso que ele tenha sido, não necessariamente provoca comportamentos patológicos no indivíduo que o
sofreu. Alguns traumas podem até conduzir a comportamentos sadios, aceitos pelo meio e ajudando a ajustar a
pessoa; por exemplo: se um comportamento desonesto praticado no passado levou ao indivíduo a um grande
sofrimento, de si e de outros, a culpa resultante provoca hoje comportamentos honestos, impedindo-o a qualquer
ato que se assemelhe àquele que foi traumático. Não é uma defesa do tipo Formação Reativa. O será na condição
de não ajustar o indivíduo a si próprio e ao ambiente. Traumas que ajustam são excessões da regra; na maioria
causam perturbações na vida cotidiana.
Sim, mas não esquecendo que a extensão do termo “passado” se refere não só a “outras vidas”,
ou seja, quando o inconsciente estava em outros corpos físicos, mas também ao dia de ontem. Ontem já é
passado, bem como o começo desta entrevista, igualmente, já é passado. Dessa forma, os traumas trabalhados
pela TRT são sempre do passado, mesmo recentes.
Se partimos do pressuposto que o inconsciente é imortal, que essa energia que nos caracteriza
como indivíduo e que caracteriza todas as coisas, sempre existiu, podemos imaginar quão longa é a vida.
Rompendo as fronteiras do tempo e espaço, cada um de nós já vivenciou um infinito de situações, em muitos
corpos diferentes e até além de humanos, tais como animais, vegetais e minerais. Todas as vivências, boas e más,
traumáticas ou não, trouxeram aprendizagem e contribuíram, de uma forma ou de outra, para fazer o indivíduo
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que somos hoje. O hinduismo traz uma frase a esse respeito, dizendo: “A alma dorme nos minerais, desperta nos
vegetais, se agita nos animais e evolui no homem”.
A TRT apresenta o mesmo êxito psicoterapêutico quando trabalha com os traumas de outras
existências ou com os traumas da existência de agora. E, ainda dentro do apriori de que tempo e espaço são
ilusões, um indivíduo pode estar sofrendo hoje em virtude dos hologramas que ele está fazendo do seu futuro. Ao
fazer um holograma, ele já está vivendo agora as patologias de um futuro que aparentemente ainda não chegou. É
por essa razão que a Psicologia transpessoal vê o ser humano como um ser cósmico, transcendente, sábio, imortal
e além do ego.
Talvez afirmar que todos nós temos traumas não resolvidos é um tanto radical e até dogmático.
Particularmente somos avessos a dogmas, seja de que natureza for. Não somos anti-religiosos, ou anti-psicologia
convencional, somos sim anti-dogmáticos e, como disse Maslow “somos contrário a tudo aquilo que ampute
possibilidades”. Um dogma provoca a ablação da dúvida e se não existir dúvida, não existirá questionamento; não
havendo questionamento, haverá uma estagnação da aprendizagem, do crescimento e da evolução.
Acreditamos que todos os seres humanos não são invulneráveis a traumas e que todos já
passaram por essa experiência no passado. No entanto, se supõe que muitas pessoas já elaboraram esses traumas
ao longo das vidas sucessivas e hoje pouco ou nada resta. Isso é uma hipótese. Uma pergunta que se sobrepõe a
essa talvez seja: Por que todos nós nascemos de novo ? e de novo ? e de novo ? Se nascemos de novo é porque
precisamos ! E por que precisamos ? É porque temos algo a cumprir, algo e resolver, algo a aprender !
Nenhuma vida é sem sentido, mesmo que temporariamente não saibamos qual é esse sentido ! E
toda a vida também envolve sofrimento ! Quem de nós é isento de uma doença, ou angústia, ou frustração, ou até
mesmo de sentimento de raiva e de culpa ? Quem de nós não é curioso para aprender coisas para ser mais feliz,
para ter mais alegrias ou mais poder ? Ora, se toda a vida tem sentido e toda a vida envolve sofrimento é porque o
sofrimento tem sentido, segundo as assertivas de Viktor Frankl.
No caminho da evolução, cada um de nós tem um objetivo, uma meta, uma missão e,
consequentemente, uma finalidade nessa etapa de vida.
rapidez da evolução em direção a esse objetivo vai depender das intenções e daquilo do que estamos fazendo de
nossa vida.
Assim como temos armazenado os fatos experienciados, temos também as emoções decorrentes
e toda a dinâmica descrita. Da mesma forma, temos armazenado toda a dinâmica do universo, toda a dor e todo o
amor, todo o bem e todo o mal. Todos nós somos um só.
Sim. E nesse arquivo estão registradas experiências de todos os tipos. Um termo da filosofia
oriental que se popularizou na ocidental, para explicar esse registro é “Acáchico”. O registro Acáchico contém
todas as informações que cada indivíduo experienciou em suas vidas sucessivas, onde nada escapa. Tudo indica
que, a cada vez que saímos do corpo físico e nos dirigimos para o espaço intermissivo, entre uma vida e outra,
temos a oportunidade de consultar nossos próprios registros de nossas próprias ações e decidir as próximas. Ou
seja, ninguém nos julga, ninguém nos pune, ninguém nos condena, a não ser nós mesmos quando
conscientizamos nossos atos.
Nesse singular arquivo estão mencionadas as situações pelas quais vivenciamos a condição
mineral, vegetal, animal ou hominal. Nas sessões de revivências com o método TRT, não só os pacientes relatam
em estado alterado de consciência essas condições surpreendentes, como revelam experiências insólitas,
possuindo formas que está longe do alcance de nossa compreensão ou de nossa lógica.
A TRT é uma espécie de chave para abrir esse arquivo extraordinário e, diante dessa
possibilidade, se torna possível ler o sentido da vida atual, entender a dinâmica das doenças e aliviar a dor
subjacente.
Essa pergunta abre um leque de possibilidades, de teorias e de pressuposições, muitas delas sem
respostas.
Acreditamos que a nossa memória é muito mais fantástica do que até agora supúnhamos. Ela
guarda com precisão absoluta tudo o que percebemos, mesmo abaixo do limiar dos sentidos. Você, por exemplo,
poderia responder agora sobre os eventos que envolveram o seu primeiro aniversário ? Quantas pessoas
compareceram ? Quais os presentes que lhe trouxeram ? Qual era a cor do papel que servia de invólucro para tais
presentes ? O que disseram, com as palavras exatas ? Tudo isso parece ser impossível de lembrar pelo esforço
consciente, não é mesmo ! No entanto, é perfeitamente possível todas essas lembranças virem à tona, se você for
colocado em estado alterado de consciência ( alfa ou teta ), que seria a hipnose superficial ou profunda ! Iria
relatar com a precisão de uma fita magnética. Ora, na pressuposição de outras vidas, onde a memória estava
atuante, todas as lembranças dos eventos ocorridos podem ser lembrados. Tudo foi armazenado em algum
escaninho de nossa mente, ou do cérebro, ou do espírito.
Diversas hipóteses trabalham esse fenômeno, como Inconsciente Coletivo de Jung, as Bolhas de
Sabão de Jean Charon, a Memória Extra Cerebral de Banerjee, ou a Memória Genética, etc. A teorização sobre o
tema é extensa. O que se pode afirmar é que, de alguma forma, nossas experiências ficam guardadas. E esse
armazenamento é maior do que se pensa. No nosso inconsciente, ou alma, ou espírito, estão depositadas
informações que oriundam do começo do Universo, e mesmo de outros Universos anteriores a este.
Lidar com todo esse cabedal interno de informações é o que faz de nós a grandiosidade de nossa
representação na natureza. Muitos não conseguem conviver com as próprias lembranças inconscientes e passam a
apresentar dificuldades de uma vida sadia, até um quadro patológico seja ele psíquico, somatoforme ou orgânico.
Da mesma forma e pelos mesmos motivos que uma pessoa busca um tratamento de outro aporte
teórico, como a Psicanálise, a Guestalt, o Psicodrama, a Análise Transacional, a Análise Junguiana, a
Logoterapia, ou qualquer outro.
Cada ser humano está vivendo na vida atual um estágio de seu processo evolutivo. Uns estão
mais adiantados, mais evoluídos enquanto outros ainda tem um longo caminho pela frente. Os mais evoluídos
possuem uma consciência mais ampliada para as leis cósmicas da vida e compreendem melhor as razões do seu
estar-aqui-no-mundo-agora; já aprenderam a viver com mais tolerância, com menos exageros; estão mais
voltados ao amor e mais afastados da busca do poder inútil sobre seus semelhantes; já elaboraram seus traumas
em razão suficiente para não mais projetarem a culpa nos outros; já assumiram as responsabilidades pelos seus
atos e trabalham voltados para a paz, para o equilíbrio ecológico, dentro de princípios dignos de interrelações; já
adquiriram a consciência ética de existir.
Já os menos evoluídos se permitem arrastar pelo egoísmo, pela inveja, pela intolerância; estão
sedentos de apego material, e de poder; se consideram importantes por desempenharem cargos ou funções que
aparentemente os coloca em patamar mais soberano, com influência ou prestígio, sobre os demais; se deixam
obnubilar pela onipotência e não conseguem se afastar da sombra que seu próprio narcisismo os colocou. O ódio
e a culpa que jazem em seus inconscientes estão cobrando o preço através de ansiedades, de fracassos amorosos
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12) COMO A TRT FUNCIONA, OU SEJA, COMO O TERAPEUTA DESSA LINHA LIDA COM AS
EXPERIÊNCIAS TRAZIDAS PELO PACIENTE ?
Cada paciente é um universo em si mesmo e deve ser tratado como tal. Cada psicoterapeuta
deve ter sabedoria suficiente para se ajustar ao seu cliente e não contrário, possuindo dedicação, despreendimento
e flexibilidade para tal. A esse propósito, o psicanalista Joseph Michaels, inteligentemente se referiu: “Sempre
que você encontrar dois pacientes que necessitem exatamente o mesmo tratamento, lembre-se que a semelhança
está na sua percepção deles e não dos pacientes. E, se você encontrar dois ou mais pacientes que precisem de
tratamentos idênticos, é bem possível que esteja percebendo o seu próprio problema não o deles, prescrevendo-
lhes o que deveria ser prescrito a você”. Da mesma forma, o renomado psiquiatra austríaco, Viktor Frankl,
criador da Logoterapia, disse: “Se você atender dois pacientes da mesma forma, certamente um dos dois estará
sendo mal atendido”.
Partindo da consciência desses cuidados, a TRT nos conduz a realizar uma exaustiva anamnese
com cada paciente, buscando até a viabilidade ou não da utilização do método de revivência. É um questionário
específico e adaptado às variáveis desse modelo psicoterapêutico. Sendo viável seu uso, é estabelecido um plano
terapêutico para tentar aliviar o sofrimento e ampliar a consciência sobre sua realidade sadia. O paciente recebe
farta orientação de como funciona o método e muitas informações sobre o processo. Nada é no escuro, nada é
segredo, como aliás deveria ser em todas as psicoterapias, independente do modelo teórico, pois isso é ético.
Ambos, paciente e terapeuta, sabem que participarão da mesma aventura, onde o primeiro
permite que o segundo seja o condutor no mergulho do inconsciente, em busca de uma resposta até agora oculta.
Desaparece a dualidade paciente terapeuta. Os dois são um só. O paciente buscando ajuda; o terapeuta
intencionado de oferecer o braço para a caminhada em busca da resposta de ajuda. A aventura é a mesma.
Particularmente, fizemos um juramento numa formatura ocorrida em 1971, quando nos
propusemos a realizar uma missão em direção à saúde alheia, agindo com ética e devotamento. Não sabíamos na
época que a direção não era somente em direção à saúde alheia, mas à nossa própria saúde. Aprendemos ao longo
da vida que, se o paciente for tratado com carinho, com respeito e com amor, ele inevitavelmente receberá ajuda,
podendo até alcançar a saúde que tanto almejava; ele irá embora satisfeito. Nesse momento, o terapeuta também
foi ajudado, pois o paciente entregou em suas mãos a própria vida e, tendo sido ajudado, o terapeuta cumpriu a
sua missão e evoluiu como pessoa. Isso é saúde. Por outro lado, se o terapeuta tratar o cliente com frieza, sem
carinho, sem respeito e com desamor, o paciente buscará outro terapeuta que possa ajudá-lo. Quem sairá
perdendo será o terapeuta, que perdeu a oportunidade de crescer, de evoluir e dignificar sua vida.
Após as sessões de anamnese de TRT, o paciente é submetido a uma técnica de relaxamento
transpessoal, não só para ajudá-lo, mas para identificar possíveis resistências nas sessões posteriores de
revivências. É uma forma de verificar sua sensibilidade para um trabalho além do ego.
Nas sessões de revivência, o que menos importa são as histórias insólitas contadas, desta ou de
outras vidas. O interesse maior é a localização do momento traumático, a catarse das emoções negativas e a
compreensão da leitura de sua situação atual ou de sua doença. O entendimento da dinâmica de cada sofrimento
é a compreensão transpessoal que o cliente faz de si mesmo. Como diz a Psicologia Transpessoal, é fazer
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desaparecer o Homem Velho, fazer nascer o Homem Novo e transformá-lo num Homem Sábio. As histórias
trazidas nas Revivências são aberrantes e inverossímeis, muitas vezes. No entanto, quando interpretadas pelo
próprio paciente, tomam corpo, significado e lógica. Por acaso os sonhos dos pacientes dentro da Psicanálise
também não o são ?
O grande papel da TRT é desconectar o paciente com seus conteúdos inconscientes e que o
estão fazendo sofrer.
14) VOCÊ ACABA DE AFIRMAR QUE TODA A DOENÇA DEVE SER VISTA COMO UM
CAMINHO PARA A APRENDIZAGEM E NÃO COMO UM MAL QUE SE INSTALA !
PODERIA FALAR MAIS A RESPEITO ?
Enquanto houver uma lágrima de dor sendo derramada a humanidade não irá evoluir
como um todo.
16) ME PARECE QUE ESSE MÉTODO, A TRT, TAMBÉM SE TRADUZ NUM CAMINHO PARA
COMPREENDERMOS A GRANDIOSIDADE QUE SOMOS COMO PESSOAS ?
Isso é verdade ! E, talvez pela própria grandiosidade alcançada, nos damos conta da
nossa pequenez !
A TRT envolve um sistema filosófico que transcende os limites perceptuais comuns,
dando ao homem uma dimensão mais coerente com aquilo que realmente ele é. Deixa de ver o ser humano como
um infeliz que vive amargurado por suas angústias, obscurecido por suas fraquezas e enfraquecido por suas
patologias. Vê o ser humano despojado de limites, um ser cósmico e ilimitado.
No entanto, a grandiosidade e a pequenez são duas faces de uma mesma moeda. Se por
um lado encontramos seres humanos cheios de luz, por outro encontramos apedêuticos ainda mergulhados na
sombra. Essa dualidade incongruente, muitas vezes, ocorre simultaneamente no mesmo indivíduo. E isso nos
entristece.
A TRT nos gratifica porque temos a oportunidade de ajudar a mutação de muitos
pacientes a encontrarem a si mesmos e descobrirem suas grandezas. Outros não querem fazer essa viagem insólita
para o seu âmago, pois estão satisfeitos com a hipocrisia de suas vidas. Eles estão seguindo os parâmetros da
inocuidade, e ainda aplaudindo as bombas que matam inocentes, ou exaltando as peripécias sexuais de um
presidente, ou criando maldosamente restrições para o livre exercício profissional daqueles que tem a coragem
de pensar pensamentos até então impensáveis. Embora pesarosos, devemos aceitar o patamar evolutivo em que se
encontram, na esperança de que, mais cedo ou mais tarde, irão também dar os seus saltos quânticos.
O que temos certeza no nosso trabalho é de que o êxito está muito mais lienado ao
apontamento da grandeza nos pacientes que atendemos, do que a elevação de suas patologias e fraquezas.
A cura está na exata proporção do entendimento da grandiosidade que cada ser
humano percebe de si mesmo.
17) PODE-SE DIZER ENTÃO QUE ESSE ESTUDO, ESSE CONHECIMENTO QUE VOCÊ
DISPONIBILIZA, DÁ INSTRUMENTOS PARA UMA PESSOA SE AUTO-CURAR ?
Sempre. Nenhum terapeuta cura. Um profissional na área da saúde que promete curar
seu paciente é, no mínimo, um charlatão. Todo o indivíduo leva, em sua bagagem de sofrimento, os recursos para
se auto-curar. Se o paciente tiver consciência de sua doença, vontade para resolver seu problema, humildade para
pedir ajuda e o mérito para merecê-la, ele próprio vai encontrar o alívio do seu mal. Cabe ao terapeuta o
privilégio de auxiliá-lo na busca das respostas até agora não encontradas.
Um dos grandes objetivos no decurso evolutivo é o de alcançar a consciência plena de
todas as coisas. A vida nada mais é do que uma longa jornada em direção a essa consciência plena, que significa
o entendimento e a introjeção das grandes verdades cósmicas. É um lugar onde o livre arbítrio deixará de existir,
pois não haverá mais necessidade de discernimento entre objetos ou decisões contraditórias. Simplesmente o ser
humano sentirá, pensará e agirá acalentado pela certeza ética de que seu comportamento é o correto... e realmente
o será. Isso é o estado inefável absoluto, onde haverá paz, quietude e tranqüilidade total. Evidentemente, não
haverá doença e nem doente. Mas, é óbvio, a humanidade ainda está longe de atingir tal nirvana, mas não é uma
utopia. Está longe, mas o caminho está traçado para todos. Alguns já estão correndo na direção dos alvos
evolutivos; outros ainda dão passos letárgicos, apesar de seus vetores apontarem o mesmo sentido.
Para atingir a consciência plena se faz necessário unir a consciência alfa (memórias do
começo do universo) com a consciência ômega (memória das últimas vidas e da vida atual, da fecundação, da
vida intra uterina, do nascimento e primeira infância).
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Ao estatuir essa união, a consciência plena será atingida abrindo as portas para a
consciência cósmica, lugar de direito de toda a humanidade. É o lugar do amor incondicional.
Quando pensamos assim, nos parece que essas palavras nos conduzem apenas a um
deleite imaginativo, a uma elucubração filosófica ou, até mesmo, a ilusões místicas da realidade. Parece que
estamos fugindo da ciência e entrando no mundo das idéias. Mas não é assim !
A ciência trouxe grandes benefícios ao ser humano, tornando sua vida mais confortável
fisicamente, cercando-se de uma materialidade significativa, mas não trouxe mais felicidade, paz de espírito e,
principalmente, mais amor recíproco.
A ciência trouxe também sofismas e informou verdades falsas, impingindo grande
sofrimento ao homem. Uma dessas falsidades foi a de ensinar ao ser humano a amar errado. Os lares, as escolas e
as religiões nos ensinaram que devemos “amar ao outro” e isso trouxe grande aflição a todos devido à
impossibilidade desse procedimento. É impossível amar ao outro sem antes cada um amar profundamente a si
mesmo. O correto é de “amar a si mesmo através dos outros”, ou seja, cada ser humano necessita
desesperadamente dos outros para poder se amar. O amor está na troca, na retroalimentação energética que duas
ou mais pessoas exercitam em suas relações breves ou duradouras. E isso não é novidade da Psicologia
Transpessoal. Essa é uma verdade crística e que foi enaltecida pela Antropologia Filosófica, quando disse:
“Quanto mais eu saio de mim em direção aos outros, mais eu retorno a mim, me encontro e me realizo”.
Assim posto, percebemos que a macissa maioria das pessoas que apresentam
desarmonias e até doenças classificadas nas nomenclaturas, na verdade, estão plenas de desamor, ou amando
errado conforme lhes ensinaram.
A TRT está voltada a essas preocupações, conduzindo seus aprioris, nas suas técnicas e
nos seus objetivos, ao encontro da consciência plena, onde qualquer doença será espargida com amor.
Nenhuma doença resiste ao amor. Se um paciente não está se amando, nenhum método
terapêutico terá êxito nos seus planos, por melhor que seja a ideologia teórica aplicada.
Só ele pode se amar... só ele pode se curar.
todos sempre que dormem. Nesse estado não costuma ocorrer sonhos, pois esses são atribuídos aos estágios Alfa
e Teta.
A Hipnose Clássica quanto ao seu emprego, é muito antiga e vem acompanhando a
humanidade há muitos séculos. Ela recebe outros nomes, como Letargia, Sono Induzido, etc. Muitos
investigadores de “vidas passadas” em regressão de memória se utilizam da Hipnose Clássica, outros se utilizam
de níveis mais superficiais, como a chamada Hipnose Ericksoniana.
Na TRT utilizamos o estado de consciência de nível Alfa, que pode ser entendida
como um estado pré-hipnoidal, onde a consciência participa da investigação do passado, sem perder a noção do
todo. A atenção está concentrada, mas o super-ego está parcialmente vigilante. O paciente fica verbalizando
cenas destas ou de outras vidas, mas sabe que está deitado numa poltrona com seu terapeuta ao lado. Nesse
estado, que é induzido por técnica de relaxamento, o paciente enfrenta seus traumas sem lesar o ego, pois esse
está afastado do caminho do turbilhão de emoções que estão se aflorando do inconsciente. Estando o paciente
participando da sessão de forma consciente, ele se compromete com o seu processo terapêutico, pois não há mais
ninguém tão interessado nisso do que ele mesmo. O terapeuta também está tranqüilo, pois se os traumas forem
superiores em sua carga emocional às defesas do paciente, essas não permitirão o afloramento. Sessões
posteriores de fortalecimento do ego irão permitir a revivência de tais traumas.
Então, voltando à pergunta, se nós usamos a hipnose para saber dos traumas que
impedem uma pessoa se amar hoje, nossa resposta é não. Não usamos a Hipnose Clássica, mas um estado pré-
hipnoidal chamado Alfa, embora algumas pessoas mais sensíveis chegam a níveis abaixo dele.
Quando uma pessoa altera a sua consciência para o nível Alfa, se forma o que
poderíamos associar como uma “tela mental”. Nessa tela mental serão focalizados os fatos correspondentes às
cenas que ele está vivenciando. Alguns vêm imagens como se tivessem assistindo uma televisão; outros não
usam esse canal, apenas sentem as emoções que vão se aflorando; outros apenas intuem tais imagens, não às vêm
e nem as sentem. Alguns até, verbalizam cenas como se as tivessem fantasiando, ou contando uma história
inverossímel, absurda e totalmente fora da lógica.
Realmente, as histórias revividas geralmente se apresentam como ilógicas, levando o
próprio paciente a desacreditar na sua veracidade. Após a revivência, quando os conteúdos são cotejados com a
vida atual do paciente, a lógica se estabelece de forma absoluta, para grande surpresa do paciente.
Nas terapias de aporte convencional, normalmente se entra pelo intelecto para chegar
nas emoções. Na TRT se entra pelas emoções para chegar ao intelecto.
Há uma verdade oculta em cada história revivida. Essas histórias, muitas vezes,
contradizem aquilo que aprendemos nos livros escolares sobre os mesmos fatos. Se um paciente diz, por
exemplo, que Napoleão morreu por envenenamento de arsênico, esse paciente inventou, mentiu, fantasiou ou
delirou; quando 30 pacientes dizem a mesma coisa, sem que tenham qualquer relação recíproca, possuem níveis
diferentes de escolaridade, idade, sexo, cultura, religião, etc, o fato toma proporções que exigiriam uma
investigação na história convencional; quando essa história é comprovada por tese de doutorado numa
Universidade francesa, o fato deve ser modificado. As histórias revividas pelos pacientes em TRT trouxeram a
verdade antes das pesquisas comprobatórias..
Então, o mesmo fato histórico pode ter sido revivido através de imagens vistas, ou
sentidas pelas emoções, ou intuídas pela mente, ou qualquer outro canal. Não importa, pois os objetivos das
sessões é a conexão com o trauma, a catarse, o encontro dos mandatos, a reformulação desses mandatos e o
perdão cósmico resultante. As histórias revividas ficam ao sabor do insólito e à mercê das interpretações pueris
dos tolos que acreditam que a TRT se reduz a elas.
clínicos na mesma razão de suas explicações teóricas. Buscamos novos horizontes, rompendo as fronteiras do
sagrado, para enveredar pelos caminhos profanos ( pelo menos foi assim que nos rotularam ). Muitas trilhas
foram seguidas, atrás de pegadas de renovação: Análise Humanística Existencial, Análise Transacional,
Logoterapia, Essências Florais de Bach, etc, a maioria em cursos de pós graduação e finalmente Psicologia
Transpessoal.
Não há crítica desairosa às teorias cursadas. Todas tem algo de significativo e de belo,
mas somente a última respondeu aos nossos anseios proficientes.
A TRT não cura tudo pois, se assim o fosse, teríamos que lidar com uma indesejável
onipotência. Mas a proporção de erradicação total ou parcial de sintomas e de doenças alcançadas com esse
método é significativamente superior àquelas que até então conhecíamos. Pelo menos foi esse modelo que mais
se ajustou às nossas características de personalidade, aos nossos ideais como homem e aos nossos hologramas de
evolução.
Como não poderia deixar de ser, existem também os malogros, os insucessos, como
qualquer outro método psicoterapêutico. Da mesma forma existem as contraindicações para o seu uso, bem como
as restrições e até impedimentos.
20) QUAIS SÃO AS RESTRIÇÕES, CONTRAINDICAÇÕES E IMPEDIMENTOS PARA O USO DA
TRT ?
Nenhum método psicoterapêutico é tão universal que possa servir para atender todas as
pessoas de forma indiscriminada. A própria natureza humana dispõe os indivíduos de tal forma que jamais
encontraremos dois iguais. Por esta razão, nenhuma psicoterapia pode ser igual na sua prática para dois
indivíduos diferentes.
Além disso, mesmo que uma pessoa tenha condições para se submeter a um método
clínico, a princípio, podem haver variáveis que a indisponibilizam naquele momento para àquele método. Se um
paciente, por exemplo, tiver plenas condições para ser operado de uma apendicite, mas apresenta uma
cardiopatia simultânea, o médico irá repensar em operá-lo; irá se munir de recursos paralelos ou até não realizar a
cirurgia.
Na TRT ocorre o mesmo. Existem pessoas que apresentam variáveis restritivas para o
seu uso, bem como contraindicativas e até impeditivas.
Como Restrição para o uso da TRT entendemos que o paciente não possui plenas
condições para se submeter a ela, não sendo, portanto, aconselhada. O melhor seria ele ser encaminhado para
outro aporte psicoterapêutico. Entre essas Restrições, encontramos: falta de um vínculo adequado entre cliente e
terapeuta; falta de capacidade para abstrair e compreender o processo terapêutico; o uso do “jogo do poder”,
quando o paciente quer apenas se exibir e mostrar aos seus congêneres que é corajoso ou moderno, e por isso se
submeteu a tal método; clientes portadores da síndrome histérica, já que a TRT tira muito rapidamente o ganho
secundário que é sua grande bengala de defesa; desejo de fazer essa psicoterapia por curiosidade; clientes
portadores de energias intrusas, de nível espiritual, a tal ponto que impeça o acesso ao seu inconsciente; clientes
que apresentam muito sono ou cansaço, após uma jornada de trabalho; e sessões realizadas por psicoterapeutas
inexperientes, que não conhecem suficientemente o método, etc.
Como Contraindicação, entendemos que a TRT não deve ser aplicada por haver
prováveis riscos, com conseqüências que possam fugir do controle, ou seja: é contraindicada para gestantes, por
não sabermos as influências no feto quanto à carga emocional acessada; para pessoas que apresentam grande
fragilidade de ego diante de um método catártico; para pacientes em plena crise psicótica, que não conseguem
relaxar; para pacientes muito idosos, onde haja predisposição ou debilidades para outros síndromes ( nosso
paciente mais idoso tinha 78 anos, mas era saudável no geral para se beneficiar com o método ); para pacientes
em estado pós prandial; também é contraindicado o uso desse modelo quando o terapeuta está descompensado,
pois médicos e psicólogos não são invulneráveis às desarmonias e às doenças.
Como Impedimento, entendemos que o uso da TRT está radicalmente afastado para
àquele cliente que apresenta: transtornos orgânicos descompensados; deficiência mental; sob o efeito de drogas
na hora de sessão; idade inferior a 12 anos. Também há impedimento em realizar sessões coletivas de
revivências; sessões experimentais dentro de pesquisa de laboratório; sessões de revivências para demonstração
pública durante uma palestra; sessões na presença de familiares do paciente; sessões conduzidas por pessoas
alheias às profissões de médicos e psicólogos; sessões conduzidas por médicos e psicólogos que não tenham
habilitação completa em TRT; Igualmente há impedimento de praticar no consultório atividades como passes
magnéticos, trabalhos de desobsessão, mantras, etc.
Como em outros modelos psicoterapêuticos, o profissional deve sempre se guiar pelo
bom senso, que é o melhor condutor de cada caso.
Viver é um risco. Não existe atividade humana que esteja absolutamente isenta de
riscos. A única preocupação do ser humano é a de desenvolver sua vida de tal forma que os riscos prováveis
possam ser pré-estabelecidos com antecipação, se prevenindo contra as variáveis de insegurança. A
imprevidência aumenta a possibilidade de fatos geradores de riscos e, consequentemente, o contrário é
verdadeiro. Por outro lado, ninguém é invulnerável às situações críticas, inesperadas, que muitas vezes aparecem
de inopino. Um autor já disse: “O dia que você se considerar invulnerável, é o dia que você provará o contrário”.
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25) QUANTAS VIVÊNCIAS UM PACIENTE NECESSITA PARA VER RESOLVIDO O SEU CASO ?
26) É POSSÍVEL UMA PESSOA REGREDIR A UMA VIDA ANTERIOR EM QUE FOI ALGOZ OU
VÍTIMA E, APÓS SEU RETORNO DA SESSÃO, AUMENTAR A CULPA E O ÓDIO PELAS
PESSOAS ENVOLVIDAS E QUE TALVEZ ESTEJAM PRÓXIMAS NA VIDA ATUAL ?
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A pergunta faz uma ilação de que os inimigos de outrora reencarnam próximos na vida
atual e isso é uma profunda verdade.
O sentido da vida é evoluir em direção ao amor incondicional, mas, no desenrolar das
vidas sucessivas, cometemos e sofremos atos cruéis, que são as antíteses do amor. Assim fazendo, recebemos
nova chance, renascendo próximo aos inimigos que fizemos e nos fizeram sofrer. Sempre há ódio e culpa
envolvidos, razão pela qual esses dois sentimentos são os grandes pilares de todas as patologias.
Ao renascerem próximo é oferecido a oportunidade de “repetirem o ano”, em que
foram reprovados no passado. A esperança é que os algozes e vítimas recíprocas tenham aprendido a lição e
agora, nos novos corpos, consigam se amar . Nem sempre isso é possível, pois apesar do véu do esquecimento
que impede a recordação natural de outras existências, é comum haver a renovação da vingança. Serão então
novamente reprovados, precisando voltar mais uma vez juntos, e assim por muitas vezes, até que introjetem a Lei
de Causa e Efeito e cortem os cordões de ódio e de culpa.
A TRT, na sua dinâmica, favorece a antecipação dessa conscientização e acelera o
processo evolutivo, drenando as emoções que envolvem os atos cruéis cometidos, ou sofridos.
Quase cem por cento dos pacientes identificam os algozes ou vítimas que cruzaram
com ele em tempos de outrora, nas figuras de familiares, amigos, colegas e até o próprio terapeuta. Quando isso
acontece, a identificação, geralmente já houve a catarse e conseqüente compreensão. Isso porque o terapeuta fez o
paciente vivenciar os papéis de algoz e de vítima, por exemplo: se um paciente vivencia um papel de vítima, onde
foi torturado por um inimigo, que hoje identifica como sendo seu pai desta vida, ele reage com muito ódio; mas
por que aquele inimigo o torturou ? Provavelmente, ele (vítima) fez o mesmo com o torturador mais no passado...
e aí ele reage com muita culpa. E assim, num revezamento sucessivo, cada vez mais para trás, é possível
ocorrerem vivências de início de universo, onde será esclarecido a origem da escada evolutiva. Ou seja,
praticamente todas as pessoas que hoje nos cercam, nos mais diferentes vínculos, já foram nossos algozes e
nossas vítimas, estão plenos de ódio e de culpa, assim como nós estamos. Essa é a razão das dificuldades de
relacionamento interpessoal que permeia todos os vínculos.
Ora, lembrar das dores sofridas e das dores cometidas e identificar os responsáveis por
isso, é reacender o ódio e a culpa na vida atual. Isso é conectar.
Então, numa sessão de revivências, tudo isso é aflorado para o consciente. Se o
terapeuta não for habilitado para esse trabalho, não estiver cônscio de suas responsabilidades e conhecer
profundamente essa dinâmica, inevitavelmente vai acirrar as relações entre os personagens, com conseqüências
funestas.
Aqui está o motivo de tantas exigências na aplicação da TRT. Todo o paciente revive
seus papéis de algoz e vítima, como também identifica os personagens da história. Na continuidade da sessão, o
paciente é levado a vivenciar os dois papéis, liberando forte emoção em cada um deles; logo em seguida é feito
um “insight” para uma profunda compreensão das razões pelas quais voltaram juntos. Em seguida se estabelece o
perdão, oferecido e pedido, que é o grande resgate desta vida. Caso o paciente não consiga perdoar, volta para às
cenas dramáticas para drenar mais emoção. Todos conseguem.
Agora podemos responder a pergunta. Na TRT, jamais um paciente vê aumentada sua
culpa ou seu ódio com as pessoas envolvidas no passado e que estão agora próximas na vida atual. A simples
razão é pelo fato de não haver mais culpa e nem ódio, após a sessão.
27) É POSSÍVEL UMA PESSOA REGREDIR E NÃO CONSEGUIR MAIS VOLTAR AO PRESENTE ?
Isso é totalmente impossível. Ninguém pode deixar de voltar de um lugar onde nunca
foi !
Como já foi dito, a pessoa não vai ao passado na extensão literal do termo, mas
somente mergulha no seu inconsciente onde está registrado esse passado. O que pode acontecer, em sessões de
regressão mal conduzidas por pessoas inabilitadas, é a ausência ou drenagem insuficiente das emoções
subjacentes aos traumas, deixando o paciente à mercê do vaso comunicante aberto entre o consciente e o
inconsciente. Ele irá ficar conectado com lembranças dolorosas de algoz ou de vítima, com grandes prejuízos a
sua vida presente.
Mas isso não é culpa da regressão como método. É culpa do pseudo-terapeuta, que não
tem consciência do mal que está fazendo. É a mesma coisa culparmos um bisturi pelos seus atos. Esse bisturi, nas
mãos de um cirurgião capacitado, salva vidas; o mesmo bisturi, nas mãos de um charlatão, mata.
Você, como jornalista, está sendo muito ponderada ao usar o termo “viável”. Esse fato,
além de não ser viável, é um ato criminoso, sujeito a penalidades por estar pondo em risco a saúde pública,
utilizando a ingenuidade de muitas pessoas que estão buscando desesperadamente ajuda para seus conflitos, além
de estar em pleno exercício ilegal da profissão, no caso de não ser um Médico ou Psicólogo. Se o for, deve ser
denunciado ao Conselho Federal de Medicina ou ao Conselho Federal de Psicologia, nas suas representações
regionais, esperando-se que essas entidades não ignorem tais denúncias.
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Na idade Média, era costume fazer cirurgias com a assistência de grande público,
mostrando as habilidades mirabolantes dos cirurgiões. Não importava a morte do paciente, mas o operador ficava
famoso. Isso finalmente foi coibido e jamais um médico teria hoje tal procedimento.
Há algumas décadas atrás, a Associação de Hipnologia do RGSUL, proibiu a exibição
pública de sessões hipnóticas, proferidas por mirabolantes hipnólogos.
Agora estamos assistindo impassíveis, mirabolantes palestrantes se exibirem em
público, realizando regressões de memória, às vezes até coletivas. Existe uma certeza nesse mister: o palestrante
que assim procede, está muito mais interessado em demonstrar suas habilidades de artista, ou de mago do
ilusionismo, do que na saúde de seus semelhantes; está muito mais tentando cativar a atenção do público para seu
poder e sabedoria, do que apresentar um método extremamente válido para o alívio da dor. As vítimas desses
palestrantes, geralmente acabam em psiquiatras para tomar medicação ou em psicólogos para desconectá-lo. Isso
é um atentado à saúde que deve ser denunciado, e serve de discriminação para que toda pessoa de bom senso não
assista mais suas palestras. Não criticamos o método, mas a postura. É uma postura anti-ética, no mesmo nível
das experiências com seres humanos, onde os resultados, geralmente espúrios, não beneficiam as vítimas.
Por outro lado, quem assim procede, não se dá conta que o seu conhecimento é uma
dádiva, muito menos alcançada pelo seu esforço pessoal, e mais um presente cósmico para aumentar sua
grandeza. Esse suicídio evolutivo um dia cobrará seu preço.
Da mesma forma que é visto pelo bom senso, como um dos crimes mais hediondos
contra a humanidade. Além de trágico e doloroso para os familiares do suicida, é trágico e doloroso para ele
mesmo.
Para a maioria das pessoas, um suicida é apenas alguém que não suportou mais as
agruras da vida e pôs um fim ao seu sofrimento, morrendo pelas próprias mãos; o ato é visto como sendo de
grande coragem, por alguns; para outros é um ato de covardia.
A história nos relata suicídios famosos, como o de Cleópatra; suicídios coletivos, como
os Kamikases na 2ª Grande Guerra e terroristas de hoje; suicídios induzidos, como aqueles praticado pela seita
Jones, nas Guianas, e até o suicídio assistido como aquele praticado pelo Dr. Morte, nos EEUU.
No entanto, o ato suicida, apresenta conotações mais transcendentes do que se imagina.
Quando um espírito está fora do corpo, no espaço intermissivo, ele tem a consciência
ampliada para conhecer sua própria realidade, em um nível muito superior a nós, no corpo físico. Entretanto, a
evolução se processa através da experiência, no ato de livre arbítrio e no esforço de amar e ser amado, mesmo
que as circunstâncias sejam desfavoráveis. Tudo indica que há uma ânsia na maioria dos espíritos desencarnados,
em receber um novo corpo físico para continuar sua caminhada evolutiva, sua aprendizagem de amor recíproco.
Isso quer dizer que, ao receber a permissão para retornar a um corpo, ele está recebendo uma grandiosa chance de
renovar suas experiências. Ele sabe, antes de voltar, que irá enfrentar grandes dificuldades, e também sabe, no seu
inconsciente, as razões dessas dificuldades, bem como superá-las. Um espírito igualmente sabe que ele não é um
ser isolado; que ele é o todo, energeticamente comprometido com o Universo, e tudo aquilo que for bom para ele
será para todos e tudo aquilo que for mau para ele, será também para o cosmos.
Ao tirar a própria vida, o indivíduo sozinho que ele acha que é, estremece todo o
Universo com seu ato insano. Após sair do corpo físico se dá conta que a morte não existe e o que ele acabou de
matar foi apenas uma versão transitória de sua vida e não a vida em si. Percebe que o sofrimento que o levou a
praticar o ato continua multiplicado após deixar seu último envelope corporal. De nada adiantou fugir para
escapar do sofrimento; a vida continua e o sofrimento também.
Os depoimentos feitos por pessoas que tentaram o suicídio e evidentemente
malograram para poder falar, revelam um profundo arrependimento logo após a tentativa. Pessoas que se jogaram
do alto de um prédio, dizem que antes de baterem no chão, se arrependeram e gostariam de voltar e não se jogar.
A verdade é que todas essas pessoas mudaram suas vidas radicalmente, na mesma proporção daqueles que
viveram a Experiência Quase Morte (EQM) relatadas por Raymond Moody.
Nossa experiência com TRT é vasta no tema, embora raramente atendamos pessoas
que tentaram suicídio nesta vida. Nossa experiência é a respeito dos relatos dos pacientes que se suicidaram em
vidas anteriores, onde expressam toda a dor após o ato contra si mesmo. De certa forma, é bastante comum esses
relatos, havendo incríveis “coincidências” de detalhes entre todos os casos.
Ou seja, o suicídio é um ato ignóbil, pois atinge energéticamente toda a humanidade,
atrasando o processo evolutivo do todo.
Talvez alguém possa questionar: e o homicídio ? não é um mal pior ?
O homicídio também é um ato cruel que afeta o todo cósmico. Entretanto, o crime
contra um semelhante envolve os papéis de vítima e algoz, que apresenta seus motivos dentro da Lei de Causa e
Efeito. O algoz se encherá de culpa e a vítima se encherá de ódio. No suicídio, ele é o algoz e a vítima de si
mesmo. A culpa e o ódio recairão integralmente sobre ele; não tem como resgatar na próxima vida, a não ser que
se conscientize, pedindo perdão e perdoando a si mesmo. É isso que a TRT propicia.
31) CADA VEZ ME SURPREENDO MAIS ! MAS, EXISTE UMA PERGUNTA QUE JÁ OUVI
MUITOS FAZEREM: COMO PODE O NÚMERO DE HABITANTES DA TERRA SE
MULTIPLICAR, JÁ QUE CADA ESPÍRITO DE AGORA É UMA REENCARNAÇÃO DELE
MESMO ? DE ONDE VÊM OS ESPÍRITOS CADA VEZ EM MAIOR NÚMERO ?
O combinado para esta entrevista foi o de falar sobre TRT, e essa pergunta me
transporta para um paradigma complexo, que exigiria um entendimento prévio sobre o começo da criação, do
universo, da vida, da matéria e dos espíritos. Me falta conhecimento mais profundo para explicar o mundo dos
espíritos, como o faria um estudioso da área... e eles são muitos.
Temos um entendimento suficiente para nos conduzirmos com dignidade na nossa
função de psicoterapeutas, mas não temos a pretensão de saber a verdade de todas as coisas. Nosso conhecimento
sobre o fenômeno da palingenia se suporta pelas leituras que fizemos e pela prática em revivências transpessoais.
21
Com toda a certeza. E isso não tem a ver com as religiões. Até pelo contrário. Estamos
assistindo um esvaziamento de adeptos das religiões tradicionais e a busca desenfreada por razões místicas que
sustentam a vida humana. Isso também está acontecendo com as psicoterapias convencionais, principalmente
àquelas que negam, debocham e desacreditam na interação da espiritualidade no fenômeno humano.
Há 150 anos o hinduismo afirma que uma nova ordem de valores universais seria
estabelecido na humanidade a partir da existência de uma massa crítica de pessoas que fizessem preces. Essa
massa crítica parece ter sido alcançada em 1986. Verdade, ou não, sabemos que hoje existe pelo menos um quarto
da humanidade formado por pessoas de valores ajustados, que acreditam ser o caminho do amor o único a ser
seguido. O homem moderno está se voltando mais para a espiritualidade e menos para as religiões, mais pelo que
está dentro de si mesmo do que é pregado pelos códices sagrados.
Ser espiritualizado é compreender que todos nós somos um só, que não estamos
sozinhos no Universo. É aceitar que existem forças que se interagem, energias que se interpõem; é aceitar que o
sentido da vida é evoluir sempre, para transformar e transformar-se.
O amor incondicional por si e pelos seus semelhantes é o veículo pelo qual podemos
ser livres para mudar.
com suas crenças, sendo então mantido uma terapia convencional. Esses casos chegam a 2% do universo de
pacientes.
Às vezes o conhecimento sobre espiritualidade chega a prejudicar, pois os paradigmas
introjetados são muito fortes para uma mudança breve. Algumas vezes, o exercício de uma doutrina de forma
intensa, onde enaltece a espiritualidade, o amor e a caridade exacerbada, esconde uma forte culpa, exteriorizada
nos moldes de uma formação reativa. Mexer com essa culpa com um método cirúrgico, diretivo e incisivo, como
é a TRT, não é de bom alvitre.
dos cientistas individuais, porém, mais propriamente, o resultado social de sua crítica recíproca, da divisão hostil-
amistosa de trabalho entre cientistas ou sua cooperação e também sua competição”.
As teorias que dão respaldo à ciência, fornecem um sistema estruturado de conceitos e
provas lógicas, mas carecem, em sua maioria, de confirmação prática que poderia revolucionar as próprias
afirmações. Até hoje, por exemplo, não se tem a realidade do que seja a molécula de DNA, pois jamais foi vista
no microscópio; ela é apenas conhecida por uma representação artística de um desenho do que se acredita que ela
seja; também não se sabe com exatidão o que é a eletricidade, como ainda não se definiu a luz. O famoso
astrofísico britânico Stephen Hawking descobriu que os ‘buracos negros” não são negros, pois deles emana
energia de calor, que é branca; então deveriam ser “buracos brancos”, entretanto nunca alguém viu um buraco
negro, nem um buraco branco e nem um buraco no espaço. É uma teoria, muito lógica, mas não comprovada. São
hipóteses alicerçadas na lógica, sem a devida prova cartesiana, no entanto, são aceitas como verdades
insofismáveis !
A mesma coisa se poderia dizer da Psicanálise, uma das áreas do conhecimento
humano que mais estrutura lógica apresenta. O Ego, o Super-Ego, o ID, a Catéxis, a Contra Catéxis, etc. são
meramente afirmações teóricas, sem se submeterem às provas experimentais da ciência convencional. O que
dizer então dos sentimentos ? A fé, a esperança, a saudade, o ódio e o amor, por exemplo, são reações inerentes a
todos seres humanos, não havendo como negá-los. No entanto, nenhuma delas passaria pelo crivo cartesiano,
newtoniano, tomista, positivista. Pela ausência de provas laboratoriais, podemos afirmar que tais reações não
existem !
A Física Quântica está abalando os alicerces da Física Clássica, principalmente quando
prova que os fenômenos pesquisados em laboratório sofrem alterações de acordo com o cientista que os
manipula. Se mudar o cientista, os fenômenos também mudam suas reações ! Então as leis formuladas por
experiências de laboratório não são tão fidedignas como se pensava !
O homem moderno ainda não está suficientemente evoluído diante da eternidade, pois
se contarmos sua origem desde o aparecimento do “homem 1470”, há dois milhões e quinhentos mil anos, até
agora, ele está na Terra somente um minuto. Por essa razão é tão imaturo para ainda acreditar que as verdades
encontradas são “as descobertas das verdades finais do Criador”.
A Psicologia sofreu um processo semelhante, com verdades sendo substituídas
progressivamente e sucessivamente, na medida dos séculos. Ela se desenvolveu através da curiosidade e do
esforço daqueles que buscavam ver além das aparências, muitas vezes ofuscados pela intangibilidade do objeto,
do corpo abstrato que compõe o psiquismo humano.
Até meados do século XVIII, a psicologia se apresentava como uma inocência
desorganizada, sujeita ao caos decorrente, carecendo de sistemas ordinários para se impor como ciência. Para
defender essa inocência, que é caracterizada pelo mundo típico, os homens colocaram barreiras para impedir o
avanço ou a quebra do sistema de suas crenças, pois o rompimento e a conseqüente mudança, os faria entrar no
mundo atípico, gerador de ansiedades e de transformações. As barreiras funcionam como proibições contra
qualquer mudança nos paradigmas estabelecidos, mesmo que esses paradigmas se fundamentam na inocência
desorganizada. Mas sempre aparece alguém profano que quebra os paradigmas que a ciência julga proteger,
trazendo novas afirmações e revolucionando o que até então se acreditava. Freud foi um desses. E, segundo suas
próprias palavras ditas em 1915: “Os conceitos mudam conforme as ciências progridem”.
A pergunta se refere a cientificidade da TRT.
A TRT é científica como todos os demais métodos em psicologia, a Psicanálise, a
Gestalt, o Psicodrama, a Logoterapia, o Existencialismo, a Análise Transacional, bem como a metodologia
complementar, como o Reiki, os Florais de Bach, a Kirliangrafia, as Terapias Espirituais, etc.
Por outro lado, a TRT não é científica, como nenhuma outra modalidade psicoterápica
acima o é. Em nenhuma delas pode ser mensurado o objeto específico exigido pela ciência matemática, pois o
fenômeno psíquico é sempre local, sofrendo e exercendo influências do meio em que está inserido. Não sendo
universal, a fenomenologia psíquica foge do postulado científico, pois nenhum suportaria o crivo cartesiano.
Não mais é possível se socorrer no argumento de que só é científico aquilo que
ensinamos nas universidades, até porque as universidades perderam o status de serem detentoras do discurso do
saber. Por outro lado, já é ensinado nas universidades de muitos países o método de Regressão de Memória,
Transpessoal e Espiritualidade. Até no Brasil, um Curso de Psicologia possui essas disciplinas na sua ementa
curricular, numa universidade na qual temos a honra de lecionar. Curso esse aprovado pelo Ministério de
Educação, onde lecionam diversos docentes já com pós-graduação em linhas complementares e emergentes.
A cientificidade de um método psicoterapêutico só pode ser provado pelos resultados
que obtém, na erradicação parcial ou total da sintomatologia tratada e dos síndromes atendidos. E isso a TRT
pode provar.
Por essa razão, chamar as posturas psicoterápicas complementares de “não científica” é
, no mínimo uma desinformação, que fica a cargo da inocência.
do Psicólogo junto a sociedade e, por conseqüência, protege a saúde pública, que ficaria à mercê de variáveis
imprevisíveis, caso não houvesse tal legalidade.
A instituição de classe, evidentemente, só pode funcionar após a ocupação dos seus
cargos, devidamente eleitos por toda a classe, ficando os Psicólogos escolhidos inteiramente responsáveis pelas
diretrizes que irão conduzir sua gestão.
Toda a classe de Psicólogos, como em qualquer outra profissão, espera que seus
dirigentes temporários sejam pessoas maduras, com ampla experiência profissional, identificadas plenamente
com as regras do bom senso, ponderadas nas decisões que obrigatoriamente precisam tomar, isentos de ânimos
pessoais ou de discriminação de qualquer natureza, seja ela de caráter político, religioso, cultural ou filosófico.
Enfim, que sejam pessoas que dignifiquem o valor da profissão que dela fazem parte.
Sendo carentes de tais atributos de personalidade e de conduta, os conselheiros eleitos
podem ficar sujeitos aos impulsos de soberania e onipotência que os cargos ilusoriamente se lhes atribuem. Isso é
um risco para qualquer profissão, como não é raro encontrar nos governos, nas chefias de cargos públicos ou
privados, ou em qualquer outro de idêntica natureza.
No desenvolvimento da história da psicologia brasileira, a partir do momento de
instalação dos Conselhos de Classe, já observamos gestões de grande magnitude, com membros cônscios de suas
responsabilidades, que prestaram significativos serviços à toda classe e à sociedade. Por outro lado, já
vivenciamos gestões trágicas, onde a vaidade e a prepotência permeou os descaminhos, trazendo deletérios a
todos.
A postura frente às chamadas Terapias Complementares já sofreu louvores de algumas
gestões e perseguições e escárnio de outras. Queremos com isso dizer que, os Conselhos de Classe como
instituições, são inoperantes, mas as pessoas que preenchem os seus cargos não o são. Algumas ficam
indiferentes, outras se associam aos movimentos da psicologia emergente e outras mais atacam violentamente os
seguidores dos paradigmas modernos.
Esses últimos, em 1995, emitiram a Resolução 029, quando misturaram no mesmo
“caldeirão das bruxas” a Psicologia Transpessoal e a Regressão de Memória, junto com a Quiromancia,
Tarologia, Astrologia e muitas outras renegadas, por seus princípios pessoais. Algumas das renegadas obtiveram
ganho de causa na justiça, sendo compulsoriamente retirada do “caldeirão”. Nós tivemos o privilégio de
participar do I Micro Congresso Regional de Psicologia, realizado em 1996, em Porto Alegre, onde defendemos
veementemente, de forma verbal e escrita, o direito e a liberdade em nosso trabalho, mostrando a improcedência
e a ilegalidade da Resolução restritiva. Posteriormente, no II Congresso Nacional de Psicologia, realizado em
Belo Horizonte em 28/08/96, nossa tese foi peça fundamental na derrubada daquele documento ignóbil. O
consenso dos congressistas, naquela ocasião foi do esvaziamento do poder totalitário contido na Resolução;
mudança do eixo da discussão das chamadas “práticas alternativas” dentro do contexto sócio-histórico da
psicologia; consenso que nenhum psicólogo seria admoestado por tais práticas, a não ser que ferissem a ética, a
mesma ética que serve de parâmetro e orientação a todos os psicólogos brasileiros, sem discriminação por ser
convencional ou “alternativo”; e, principalmente, os congressistas acordaram que o Conselho de Psicologia, seja
ele Federal ou Regional, não é um órgão de validação e de reconhecimento de técnicas; cabe a ele apenas
normatizar o exercício profissional, isto é, a relação profissional com a comunidade, zelando pelos princípios e
compromissos da profissão. Não cabe, portanto, ao CFP ou CRP julgar, permitir ou coibir paradigmas
psicoterápicos alheios àqueles que professam os eleitos de suas gestões.
Mas os sagrado nunca se entrega sem uma boa luta !
Em substituição à Resolução Nº029/95, o CRP fez publicar as Resoluções 010 e
011/97, mais adstrigentes e danosas do que a anterior, gerando um grande descontentamento numa massa de
psicólogos brasileiros e risos em outros, inclusive em palestrantes internacionais que vem ao nosso país proferir
palestras sobre Regressão de Memória. As novas Resoluções se nivelaram aos melhores atos institucionais do
tempo da ditadura militar no Brasil. As novas Resoluções apresentaram uma verdadeira armadilha aos tolos, pois
se dizia em defesa da saúde pública ao sugerir que as “novas” psicologias eram ilegais; só se tornariam legais se
fossem “científicas” e só seriam “científicas” após pesquisa aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde.
Ora, como já vimos anteriormente, qual a Psicologia é científica ? Já existem diversas
obras publicadas com essa discussão ! Qual a Psicologia aplicada no Brasil já foi aprovada pelo CNS ? A própria
Física Moderna desafia a Física Clássica com seus novos aprioris quânticos ! Muitos fenômenos verdadeiros,
catalogados pela Física Quântica são “científicos”, porque são provados em laboratórios, mas “não são
científicos” porque não há controle de suas variáveis, e nem se sabe suas origens ! Se não se sabe suas origens
não são científicas ! Quem disse que o sagrado, aceito pela maioria, ou o paradigma do grupo dominante, é a
verdade verdadeira ? A Terra foi plana durante quatro séculos e ninguém duvidava disso ! E não era ! A Terra era
imóvel e o centro do Universo durante muitos séculos, e ninguém duvidava disso ! E não era ! Heller foi execrado
em praça pública por incubar os bacilos da varíola em pústulas de bovinos, descobrindo a vacina contra esse
mal ! E estava certo ! E Sócrates, e Galileu, e Pasteur, e Fornanini, e Paracelso, e Freud ? Todos foram
condenados pela comunidade científica, de sua época e depois consagrados. Que contra-senso ! Alguns até foram
imolados, como Cristo e Giordano Bruno, seres avançados em sua época que falavam em amor e espírito ! A
propósito, Giordano Bruno, antes de ser queimado na fogueira do Santo Ofício, disse: “Se eu , ilustríssimo
cavaleiro, manejasse um arado, apascentasse um rebanho, cultivasse uma horta, remendasse uma veste, ninguém
me daria atenção, poucos me observariam, raras pessoas me censurariam e eu poderia facilmente agradar a todos.
Mas, por ser eu delineador do campo da natureza, por estar preocupado com o alimento da alma, interessado pela
cultura do espírito e dedicado à atividade do intelecto, eis que os visados me ameaçam, os observados me
assaltam, os atingidos me mordem, os desmascarados me devoram”.
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Todo paradigma novo, que é visto como ameaçador, passa por quatro fases distintas,
aos olhos do paradigma dominante que não o aceita: 1) Ignorá-lo, como se não existisse; 2) Ridicularizá-lo,
como se só os tolos o admitissem; 3) Atacá-lo, pois se tornou uma ameaça; 4) Aceitá-lo, pela veracidade
incontestável. Estamos, com a TRT, na terceira fase. Isso já aconteceu com a Acupuntura e Homeopatia, na
Medicina, e hoje são ensinadas na Universidade; isso já aconteceu com a Análise Transacional, com a Gestalt,
com o Psicodrama e com a Logoterapia, e hoje são ensinadas nas Universidades.
As Resoluções 010 e 011/97, de 20/10/1997 proíbem o psicólogo proferir palestras, ou
de alguma forma difundir uma atividade complementar ainda considerada “acientífica”. Uma postura restritiva
dessa natureza está frontalmente contra o artº 19 da Declaração Internacional dos Direitos do Homem, adotada
pela ONU, em Paris, no dia 10 de dezembro de 1948, quando diz: “Todo o indivíduo tem o direito à liberdade de
opinião e de expressão, o que implica no direito de não ser molestado por causa de suas opiniões, o que implica
também em procurar, receber e espalhar as informações e as idéias, sem levar em conta as limitações de
fronteiras e seja qual for o meio de expressão e comunicação”.
Por outro lado, as referidas Resoluções do CFP, também se chocam com a
Constituição Brasileira, promulgada em 1988, em seus Capítulos I, Artº 5º Parágrafo IV, VII e IX, quando dizem:
Cap. IV – É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato de quem
manifesta publicamente tal pensamento. ( A Resolução nº 010/97, diz que somente é permitido a divulgação
através dos meios de comunicação das práticas e técnicas já reconhecidas como próprias do profissional
psicólogo. Somente esses podem vincular ou associar o título de psicólogo ) ( Os demais, se fizerem no
anonimato, “estarão livres da quebra de ética ! )
Cap. VIII – Ninguém será privado de direitos por motivos de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-
se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Cap. IX – É livre a expressão de atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;
Temos conhecimento de algumas conseqüências ignomiosas das referidas Resoluções,
como a de alguns psicólogos de outras regiões da Federação, que devolveram seu registro profissional aos CRPs
e passaram a trabalhar com as mesmas técnicas da antes, ou de Regressão de Memória, ou Reiki, ou Florais,
agora não mais sob a égide ou tutela restritiva dos Conselhos. Estão livres para até deixar de pagar as anuidades,
pois não mais pertencem a classe. Da mesma forma, estão livres do Exercício Ilegal de Profissão, pois os
Conselhos não reconhecem como atividade da Psicologia e nada tentam ou querem fazer, para coibi-la. Nós
repudiamos a atitude desses psicólogos, pois devemos lutar sempre pelo que acreditamos.
Recentemente, surgiu mais uma incongruência que se eleva ao nível do paradoxal. O
CFP, no dia 20/12/2000, edita a Resolução Nº 013/00, sobre o uso da hipnose como método terapêutico, dizendo
nos seus considerandos “o valor histórico da hipnose como técnica de recurso auxiliar no trabalho do Psicólogo”;
“as possibilidades técnicas do ponto de vista terapêutico, como recurso coadjuvante”; “ o avanço da hipnose, a
exemplo da hipnose Ericksoniana, no campo psicológico, sua aplicação prática e de valor científico”; “que a
Hipnose é reconhecida na área da saúde como um recurso técnico, podendo contribuir com soluções de
problemas físicos e psicológicos”; “ser a Hipnose reconhecida pela Comunidade Científica Internacional e
Nacional, como campo de formação e prática de Psicólogos”.
A TRT se utiliza do estado alterado de consciência, onde a freqüência cerebral baixa
para 8 a 13 ciclos por segundo. Este é um estado pré-hipnoidal, praticamente o mesmo ( apenas com
nomenclatura diferente ), da hipnose Ericksoniana, citado na Resolução.
Muitos profissionais, no país e fora dele, que se utilizam do método de Regressão de
Memória, adotam a Hipnose, agora reconhecida pelo CFP. Isso quer dizer que o CRPs estão aceitando e
referendando a Regressão de Memória.
Quando alguém está sob o estado Alfa ou Teta ( estado pré-hipnoidal e hipnose
profunda ), o terapeuta não sabe o que ele irá verbalizar. Se ele emitir conteúdos desta vida, o Conselho aceita,
mas se ele emitir cenas de outras vidas é anti-ético !!! Isso é o mesmo que permitir o uso de um bisturi, dizendo
ao cirurgião: se achares um tumor benigno ao operar teu paciente, extirpa-o; se achar um maligno, fecha a
incisão, pois não será ético continuar a cirurgia !
E é isso prezada jornalista Laís Helena ! Tudo indica que esses ventos irão passar !
Tudo indica que novos horizontes estão se abrindo em direção à saúde do ser humano ! A força que nos impele
jamais será esvanecida ! Como disse Victor Hugo : “Existe uma coisa mais poderosa do que todos os exércitos:
uma idéia cujo tempo é chegado”.