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De Sherazade (uma voz de mulher que conta mil e um contos nas Mil e uma
noites, fazendo, dessa forma, a compilação dos contos mais conhecidos no
final da Idade Média) aos contistas contemporâneos, a narrativa curta tem sido
observada com especial interesse.
[1] REIS, Luzia de Maria R. O que é o conto. São Paulo: Brasiliense, 1987, p.
10.
[2] PIGLIA, Ricardo. Teses sobre o conto. Caderno MAIS, Folha de São Paulo,
domingo, 30 de dezembro de 2001, p. 24.
Literatura Contemporânea
A) CONTO
Editora: Scipione
144 pp
ISBN 978852627669-7
Lançamento: 1/4/2010
Autores: Fernando Bonassi; Bruno Zeni; Veronica Stigger, João Anzanello Carrascoza,
Ivana Arruda Leite, Simone Paulino, Marcelino Freire, Miguel Sanches Neto, Ferréz,
Rodrigo Lacerda.
Infelizmente, o mundo moderno não tem tempo para floreios e longos rodeios de
literatura. Precisamos de textos interessantes que prendam o leitor sem muito
tempo para leitura, como antigamente. Jornalistas sempre se preocuparam com isto.
Eis um conto, que ganhou o prêmio norte americano Conto de 55 Palavras, que traduzi
com 550 toques.
“Não seja tão machista. Sua esposa, por exemplo”, disparando um tiro certeiro no
amante infiel.
Caminho pela Niemayer, à noite. O tempo está nublado, e não há ninguém. Do mirante
do Leblon vejo o mar invadindo o bairro, avançando pelos prédios, todos transformados
em cortiços! De repente estou dentro de um carro, num dos túneis da cidade. O trânsito
está parado. Ligo o rádio e ouço que não posso continuar, houve uma fuga em massa de
presidiários. Um incêndio de grandes proporções escurece a cidade. Cobriram o Cristo
Redentor com um cinturão de balas! Da aliança entre as facções criminosas ergue–se
um déspota, um Pai para a bandidagem, um bárbaro, prestes a se converter ao islã.
Subitamente estou na fila das barcas. A Praça XV foi tomada pela multidão, a última
viatura da polícia vai ser incendiada. Não estão vendendo mais passagens, a ponte foi
bombardeada, um monstro está nadando na baía de Guanabara! Roubo um carro e pego
a estrada. Passo pelo Trevo das Margaridas devastado, antiga rodovia Presidente Dutra.
Abro o porta luvas e acho uma fita de rock’n’roll. É o Black Sabath. Olho pelo
retrovisor, a bandidagem está no vácuo. É uma fuga do Rio, e eu acelero, deixando na
estrada uma muralha de fogo.
A velha e o monstro
LUIZ VILELA(1942
Carmo Bernardes,
Domingos Pellegrini Jr