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Sciences Po 2011
Sciences Po 2010-2011
O Cinema Português
durante regime do
Estado Novo
Maria Roquette
Maria Roquette Sciences Po 2011
INTRODUÇÃO
“De todas as artes, o cinema é para nós a mais importante. Deve ser e será o
principal instrumento cultural do proletariado”. Ao defender esta posição em 1921,
Vladimir Lénine admitia já no inicio do século, o poder da sétima arte na construção e
legitimação de uma cultura política. O cinema, há mais de cem anos, permite ao homem
de produzir uma variedade de imagens numa velocidade e sucessividade tal, que cri
assim a impressão de movimento. O nascimento do cinema português dá-se no Porto
com a exibição da curta metragem “A saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança”,
realizada pelo empresário industrial Aurélio de Paz dos Reis em 1896, sob o reinado de D.
Luis I. No entanto, a ficção cinematográfica portuguesa propriamente dita, nasce nos anos
1910, já depois da Proclamação da República, entre a cidade de Lisboa e do Porto e
distinguem-se as obras de Lino Ferreira, João Tavares e claro, Leitão de Barros.
Profundamente influenciada por realizadores italianos e franceses, a criação da industria
cinematográfica portuguesa terá de esperar até 1918, quando se dá a reestruturação da
Invicta Film Lda sob a gerência de Alfredo Nunes de Matos durante a Primeira República
Portuguesa. Principalmente dedicada à adaptação de clássicos literários portugueses, a
Invicta Film produz até à instauração do regime do Estado Novo, grandes clássicos como
Amor de Perdição (1918 e 1921), inspirado da obra-prima de Camilo Castelo Branco
publicada em 1862, ou ainda O Primo Basilio (1922) inspirado no romance de Eça de
Queirós de 1878. Na primavera de 1926 dá-se o golpe de Estado militar encabeçado por
Manuel de Oliveira Gomes da Costa que leva Carmona à presidência da República e
Antonio de Oliveira Salazar ao ministério das finanças em Abril de 1928. Em 1933 é
instaurado o Estado Novo por Salazar, um regime autoritário e corporativista onde os
ideais fascistas vão irradiar. Neste contexto, as artes e especificamente o cinema vão
tornar-se um instrumento importante de propaganda do regime e de distracção de uma
população que vivia em condições extremamente difíceis. O objectivo deste trabalho é de
compreender em que medida se pode afirmar que a manipulação do cinema contribuiu
para a consolidação do Estado Novo. Para responder a essa problemática veremos numa
primeira parte qual foi o papel do cinema português para legitimar o estabelecimento do
Estado Novo Salazarista, para estudar numa segunda parte de que modo o cinema
constituiu um vector de transmissão ideológica do regime.
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tema de eleição dos seus filmes, o que num contexto de regime autoritário, em que o
lema “Deus, Pátria, Família” guia a sociedade, parece responder na perfeição às
expectativas do governo. Em 1927 e 1930 realiza respectivamente “Festas da Cúria” e
“Maria do Mar”. O segundo filme constitui um sucesso fenomenal já que constitui a
primeira etnoficção do cinema português e a segunda mundial depois de “Moana” do
americano Robert Flaherty. No ano seguinte, Leitão de Barros faz novamente história com
a realização do primeiro filme sonoro português, “A Severa” inspirado na cantora de fado
Maria Severa Onofriana. Num contexto político de exaltação nacional, a exploração do
tema do fado responde aos critérios do governo.
No inicio do programa são sobretudo filmes cómicos a ser exibidos (como o filme
de José Cottinelli Telmo de 1933, “A canção de Lisboa”, mas progressivamente são
introduzidos documentários de propaganda disfarçada. Salazar e a grandeza nacional são
assim exaltadas de forma a se inscreverem na mentalidade nacional. A manipulação do
cinema como meio de transmissão das virtudes do Salazarismo, graças à acção de
Antonio Ferro no seio do SPN revelou-se um sucesso. O caracter conservador da
ideologia salazarista, traduziu-se pela definição de um certo numero de temas em relação
com a ideologia, que foram explorados para a produção cinematográfica durante toda a
ditadura. Distinguiremos em seguida quais são os principais temas evocados nos filmes a
partir dos anos 1940.
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realizações do Estado Novo. Além da historia nacional, veremos que durante o regime
outro dos temas centrais é o da grandeza geográfica e diplomática da pátria.
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ANDERSEN LEITÃO Nicolau, Estado Novo Democracia e Europa 1947-1986, ICS, 2007
TORGAL Luis Reis, Propaganda, ideology and cinema in the Estado Novo “the conversion
of the unbelievers”, UDC, 2008
www.cinemaportugues.info
www.cinema.sapo.pt
www.arqnet.pt/portal/discursos