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Entrevista com Jaime Crespo
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[Sete perguntas de amigo para amigo com o
cãodidato
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]
5/1/2009
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Joaquim Castanho
E
Jaime Crespo
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1
Entrevista com Jaime Crespo
T. S. Eliot
Jaime Crespo –
(onde o cãodidato se dispõe a jeito e mostra de tudo um pouco: obra
malfeita, obra a fazer, obra por fazer, é só obrar, e até, vejam lá, o seu
saco azul e as suas t-shirts, ou talvez melhor fora dizer suas cãomisolas)
Com certeza que não te estás a referir à "Comunidade" do inesquecível
Luiz Pacheco, nem a nenhuma das suas pachecadas. Bem, confesso que
não compreendo muito bem a 1ª frase desta tua questão. Vou entendê-la
como que estejas a referir-te aos partidos políticos em geral e à geração
que tomou conta da política em Portugal a seguir ao 25 de Abril em
particular.
Sendo assim, dir-te-ei que estas organizações, o POUS e a RUE não são
nem se encaixam nesse modelo de organização política tradicional. São,
digamos, uma equipa de casados (porque separados não fazem duas
equipas) à qual calhou em sorte defrontar as equipas da 1ª divisão. O
treinador é cábula, não tem o curso nem percebe muito de táticas e os
jogadores faltam muito aos treinos, preferindo gastar o seu tempo pelos
centros comerciais e tascas da zona.
Claro que se conhece a filiação trotskista
Do POUS e a sua inscrição na IV Internacional, mas que de dentro do seu
beco procura abrir portas e renovar alguns debates mal concluídos na
política portuguesa e encontrar uma saída para o aparente impasse em
que a classe trabalhadora se encontra. A RUE aparece nessa senda de
alargar o debate a pessoas de outras tendências mas que comungam
algumas opiniões sobre a União Europeia e sobre a situação atual dos
trabalhadores.
Admiro a tua memória vivaz e muito me apraz recordar esses velhos e
saudosos tempos de Portalegre e curiosamente relembras três factos os
quais cada um constituiu um marco importante no meu crescimento e na
aprendizagem da vida. De todas essas memórias a que mais me marcou
como lição de vida foi aquele operário da Fábrica dos Lanifícios a dizer-nos
ao balcão do bar dos trabalhadores que tinham aguentado mais 1 ou 2
dias de greve devido ao comunicado que nós dois escrevemos e
distribuímos à porta da fábrica solidarizando os estudantes com a luta
deles. Compreendi aí que os nossos atos têm consequências e criam
expectativas nas pessoas e depois de tomarmos uma certa posição não
podemos sair dela frustrando essas pessoas. Com a Associação de
Estudantes recordo-te que apenas partilhámos uma lista e tu integraste
uma outra, e essa sim, saiu vencedora. Aí aprendi que em política amigos,
amigos, política à parte, ou seja, que quando se faz política esta não se faz
com amigos mas com aliados estratégicos, e foi porque compreendi isso
que a nossa amizade continuou, de outro modo talvez tivesse ficado por aí
e teria sido pena.
Autorretrato de Frida Kahlo, dedicado a Leon Trotsky
Sporting.
É que estão a colocar as suas vidas e o futuro dos seus filhos, do seu país,
nas mãos de crápulas sem o mínimo de pudor e menos escrúpulos. Olhem
bem e verifiquem quem são aqueles políticos que enriqueceram de um dia
para o outro e retirem as suas ilações.
Deixem por uma vez de votar naqueles que os média lhes apresentam
como especialistas disto e daquilo, pessoas credíveis e arrisquem votar em
forças alternativas, que somos nós POUS/RUE. Ao fim e ao cabo foram os
especialistas e os políticos credíveis que dirigiram o mundo à crise em que
está.
2. Natural de Tolosa,
Uma freguesia do concelho de Nisa e Distrito de Portalegre, podias ter
ficado pelo curso que tiraste no Magistério Primário de Portalegre, feito as
célebres Ações de Formação Complementar da praxe, que te facultariam a
licenciatura, preferiste porém aventurar-te nos orientais confins do
"império da lusofonia" não só para exercer o mister profissional de
professor do 1º Ciclo, como também para complementar a tua formação
na Universidade de Macau,
galardão literário,
3. Enrico Malatesta
Jaime Crespo –
Curioso lembrares-te do Malatesta, ele que foi um dos meus heróis de
juventude. Talvez por encarnar um pouco de Corto Maltese, Sandokan,
Marco Pólo, Simon Bolívar, entre outros. Um misto de filósofo e
aventureiro.
Não consigo aventurar-me a imaginar quais seriam as suas posições caso
vivesse hoje. Como era um homem inteligente com certeza que atualizaria
o seu pensamento doutrinário. No entanto nada encontra no seu ideário
que o levasse a uma união europeia como esta. Relembremos que contra
muitos dos seus companheiros, em nome do seu internacionalismo,
recusou apoiar as forças aliadas durante a 1ª guerra mundial mantendo-se
quase orgulhosamente só nessa posição de princípio. Portanto sem
futurologias é de crer que o seu pensamento conduziria a uma posição
parecida com a da RUE/POUS de rutura com a União Europeia da
competitividade e a favor da solidariedade e cooperação entre os povos.
Acho imensa piada quando me falam de políticas, partidos e políticos
credíveis. Ora quando se fala dessa gente credível, fala-se de Barroso,
Leite, Sócrates, dos Soares e dos Alegres, dos Portas etc. do PS e do PSD e
do CDS, das políticas que nos conduziram ao atual estado de crise. É isto o
ser credível? Vou ali e já venho. No entanto não devemos apontar apenas
o dedo aqueles que no bloco central têm aproveitado para se irem
governando e encaminhando as suas vidas enriquecendo o seu currículo e
sobretudo as suas contas bancárias. Há que chamar a contas todos
aqueles que em nome dos trabalhadores, PCP, Bloco de Esquerda, centrais
sindicais, têm aproveitado os lugares que ocupam no sistema e a eles se
têm adaptado perfeitamente, esquecendo os seus propósitos iniciais. Se
hoje os trabalhadores estão na situação em que estão muito podem
agradecer a estes partidos e sindicatos que permaneceram impávidos e
serenos, sem mexer uma palha em defesa daqueles que lhes concederam
os votos e confiança.
Sustentabilidade,
Jaime Crespo –
Ora todo esse gagaísmo de que falas corresponde a todas as lutas que
embora timidamente travámos na Portalegre da nossa infância. Tal como
nessa altura continuo fiel a essas lutas. Tal como nem tudo o que é velho,
nem todos os clássicos são maus também há por aí muita ideia travestida
de nova e que de novo nada tem e outras que mesmo sendo novas nada
valem. Portando temos que ter os sentidos bem afinados para podermos
aferir a cada momento. Depois também como referes o mundo não é
maniqueísta, ou não deve ser e sobretudo em arte ou nas ciências
humanas em que apesar de tudo só fatores estéticos e subjetivos têm a
sua importância, é mais importante a multiplicidade que a unanimidade.
A RUE está com os professores na defesa da Escola Pública, de qualidade e
para todos, ao contrário deste governo apoiado por comentadores
acoitados nos diversos órgãos de comunicação social que pretendem
destruir essa escola e criar boas escolas privadas para quem tem dinheiro
e deixar aos pobres uma escola pública degradada e sem qualidade.
A Escola Pública de que falo é aquela que tem lugar para todos e onde
todos se possam sentir felizes, uma escola em que a meta da excelência
seja ditada pelas condições individuais de cada jovem ou criança e não
pelas competências uniformizadas do ministério da educação.
Os professores como todos os seres humanos também são pessoas de
hábitos e como é normal tendem a desconfiar e a rejeitar o que lhes muda
as rotinas de forma radical como seja a introdução das novas tecnologias
no ensino.
Mas o mal-estar instalado na educação em Portugal vai muito mais longe
que essa matéria. Esse mal-estar vai contra aqueles que roubam a
dignidade às pessoas e as querem reduzir a meros executantes de políticas
orientadas e determinadas pelos nomeados chefes. Nenhum sistema de
ensino poderá sobreviver com professores acéfalos. Mais que pedagogia
(ainda que a não possa dispensar) um professor tem que ter
conhecimentos e tem que ser uma pessoa criticamente ativa. Esta
conversa levar-nos-ia à formação e seleção de professores mas isso é outra
conversa.
Tal como já falei na resposta que dei sobre o ambiente, também aqui, na
área da educação, há prioridades e etapas a serem cumpridas para não
darmos com os burros na água, aliás coisa que está muito perto de
acontecer.
Os portugueses estão infelizmente muito formatados na sua maneira de
pensar pelo futebol, e se sobre uns gajos a darem uns pontapés na bola é
fácil opinar o problema é que transportam essa facilidade em opinar para
todas as outras áreas e então todos opinam sem procurar antes terem
conhecimento de causa sobre o que opinam.
Ora, num país em que talvez 5% das escolas do 1º ciclo têm acessos para
crianças que se deslocam em cadeiras de rodas, o estarmos a pedir já a
substituição dos velhinhos manuais por "Magalhães" é uma loucura
eleitoralista e que no futuro o país vai pagar caro.
Quero ser claro e dizer eu estou a falar num país em que as maiorias das
escolas não estão preparadas para receber as suas crianças e jovens. Frio
de inverno calor insuportável no verão, quadros em que o giz muito
dificilmente escreve, técnicos de terapias diversas fazem falta mas não
trabalham nas escolas, estão desempregados ou trabalham como caixas
nos supermercados do Eng.ª Belmiro ganhando o ordenado mínimo,
psicólogos, terapeutas da fala, técnicos de motricidade, técnicos de
linguagem gestual e de escrita Braille, técnicos de nutrição, etc. são ainda
um mito na maioria das escolas portuguesas.
Há que dotar as escolas destas condições básicas que apontei (e de outras
que eventualmente me tenham escapado) e depois então sim, vamos
avançar para as novas tecnologias e para os computadores pessoais,
contra os quais nada tenho e a partir de amanhã iniciarei trabalho no
"Magalhães" com os meus alunos. Já que os pais e o país gastou uma
fortuna para ajudar uns amigos do 1º ministro a safarem as suas
empresas, enfim, do mal, o menos, vamos aproveitar aquilo que pudermos
para a aprendizagem e desenvolvimento dos alunos.
Jaime Crespo –
E vai esse observatório observar a violência do colarinho branco? Aquela
que é perpetrada pela famosa elite? a violência da mentira e das falsas
promessas desta nossa política de doutores & engenheiros? Se assim é
vamos nessa! Como já respondi antes vejo o problema num ponto de vista
global e de prioridades. Há um sistema em crise que não dá resposta às
necessidades das pessoas.
Neste contexto não vejo que a criação de observatórios, grupos,
comissões, etc., dentro e nos moldes e gerido pelos atuais políticos e suas
nefastas políticas, traga às populações benefícios de alguma ordem.
Depois o próprio problema em si é demasiado complexo para que eu o
trate aqui de uma maneira simplista.
Tende a haver duas correntes: uma que a violência advém das condições
miseráveis em que uma larga faixa de população vive; outros defendem
que ela advém das comunidades estrangeiras a viver em Portugal, como se
todos os portugueses fossem uma espécie de três pastorinhos. E mesmo
esses mentiram com todos os dentes que tinham na boca.
Ainda temos que contar com outros aspetos como sejam as provocações
organizadas por elementos das forças comandadas pelos governos que
lançam confusões violentas muitas vezes para camuflar protestos sinceros
e justos. Há os grupos de criminosos altamente organizados e sofisticados
que também usam por vezes esses gangs de jovens em ações de violência
para que outros interesses passem sem incómodos.
Enfim, como se trata de um problema demasiado complexo para o grau de
conhecimentos que tenho sobre ele, exigiria um estudo mais aprofundado,
de momento não tenho muito mais para avançar sobre o assunto, agora
aquela escola pública, para todos, adaptando-se às condições de cada
criança ou jovem, aquela escola que constitua um espaço de felicidade e
de conhecimento de que falei atrás terá um importante papel no combate
a todas as formas de violência.
Indivíduos informados são indivíduos menos violentos portanto penso que
o combate à violência também passa por uma informação livre ao dispor
de todos e não aquela informação que temos hoje, uma calda mal
condimentada e passada ao passe-vito, esta informação pela mentira
conduz à violência.
Como também já deixei expresso na resposta anterior, as crianças
nascidas em famílias disfuncionais, seja essa disfunção motivada por
alcoolismo, toxicodependência, miséria extrema, imigração mal integrada,
etc. sou defensor do princípio de que deverão ser as próprias famílias,
sempre, a cuidar das crianças, apenas em casos extremos se deverá
recorrer à institucionalização das crianças.
Sei que estamos a falar de seres humanos e que o ser humano é o animal
com comportamentos mais imprevisíveis no mundo. Há pessoas com um
grau tal de indigência e marginalidade que muito difícil se conseguirá fazer
com elas algo de válido. Mas nunca ninguém deverá ser posto de parte.
Cabe sempre à (s) maioria (s) respeitarem a (s) minoria (s). Cabe-nos a nós
cidadãos comuns e de classe média preparar os rumos para acolher os
desafortunados desta vida e todos aqueles que vindos de outras paragens
escolheram o nosso país para fazer aqui a sua vida.
É uma tarefa bastante difícil e complicada, sei que custa deixar para trás o
preconceitozinho pequeno-burguês e a tacanhice ancestral do medo pela
diferença.
Existe hoje uma nova caça às bruxas, mas um pouco mais civilizada e sem
fogueiras. Transformámos as bruxas em ciganos, pretos e toda e qualquer
espécie que não comungue da nossa falam e tenha costumes diferentes.
E voltamos a apontar o dedo aos estrangeirados.
Triste sorte para os filhos daqueles que um dia ousaram enfrentar o
mostrengo da realidade física mas que continuaram pela calada da noite a
agarrarem-se às fraldas das camisas de dormir e a temer o mostrengo que
há na cabeça de cada um.
Quando conseguirmos ultrapassar o monstro que há em nós então passos
decisivos poderão ser dados na luta contra a verdadeira violência, aquela
que gera milhões, é controlada pelos colarinhos brancos e não vive de
certeza na Zona J nem no Aleixo.
Tal como respondi em relação ao Instituto da Sustentabilidade, respondo-
te quanto à criação de um Observatório da Violência, estou totalmente de
acordo desde que não tema em tornar as medidas necessárias, exija novas
políticas sociais e de integração, não tenha medo de enfrentar nem o
preconceito, nem os lóbis de opinião pré-estabelecidos.
Mais uma vez aviso para o facto de que não sendo o mundo um organismo
maniqueísta, também não é flor que se cheire às boas. Mais que as ideias
aqui expostas o virar desta situação implica muito trabalho, muita força de
vontade e uma indomável certeza de que mudar o estado de coisas é
possível.
Não sou santo e direi mesmo que tenho mais vocação de pecador, mas se
queremos realmente existir de cabeça erguida não podemos acomodar-
nos e deixar andar que os políticos encartados e a polícia resolvam o
assunto. Se não formos nós a tomarmos os nossos destinos em mãos bem
podemos esperar sentados que eles o façam.
Neste caso, a criação do Observatório contra a Violência na minha
modesta opinião só tem sentido se nascer da "chamada sociedade civil".
Pessoas que pela sua postura, saber e conduta sejam capazes de agrupar e
respeitar as diversas comunidades e povos, respeitando a cultura de cada
um, criando um verdadeiro multiculturalismo e não uma
multiculturalidade de decreto mas eficácia nenhuma. Também em todas
as culturas há que ter a coragem de desistir do que incomoda ou insulta o
outro, o passo inicial é compreender o outro, criticá-lo, não o aceitar na
sua totalidade pois isso pode significar o perigoso desistir da sua própria
cultura.
Devemos estar conscientes de que uma ação apenas porque é praticada
desde há muito é boa e deve ser continuada, temos irremediavelmente
que ser capazes de englobar uma perspetiva evolucionista e progressiva.
Sei que estou a falar difícil e pouco claro até, mas o tema é delicado e
complicado. A convivência entre seres humanos não é sempre uma festa
nem tem de o ser. Mas melhorar é possível e julgo que pela arte é o
caminho da multiculturalidade e da compreensão entre os povos.
Numa sociedade competitiva até ao extremo, em que desaparecem os
ancestrais laços de solidariedade e as pessoas estão inseguras quanto ao
seu dia futuro, em que se vive a correr para não perder um qualquer tgv,
não de futuro e progresso, mas de uma cada vez maior alienação. Numa
sociedade assim não há lugar para contemplar e falar das coisas belas e
boas da vida. É uma sociedade feia e que só pode dar nascimento ao
monstruoso e horrível, há violência.
Voltamos à vaca fria, o que temos que começar a fazer é eleger outras
pessoas, com outras políticas e mudar este sistema opressivo de morte
lenta. "Morrer pelas ideias, sim, mas de morte lenta”, Georges Brassens.
Jaime Crespo –
8.
E finalmente o "ancore" da oitava pergunta, que alarga as vistas para o
infinito, e sem qual nenhuma das demais sete teria qualquer sentido:
haveria alguma crise capaz de sobreviver e resistir a estas três estratégias
europeias de consolidação democrática – Instituto da Sustentabilidade,
Observatório da Violência e Observatório da Biodiversidade? Hum?!?...
Jaime Crespo –
As estratégias que apontas são de facto europeias, têm a marca dos seus
grandes pensadores e filósofos, mas não só, felizmente outros povos nos
têm dado lições nestas matérias e muitas vezes povos que o nosso
eurocentrismo leva a menosprezar os seus conhecimentos de experiência
feitos.
Por exemplo conheces maior simplicidade e ao mesmo tempo argúcia na
observação do mundo que a leitura do "papalagui"? Ou do "macunaíma"?
Não reconheço nenhuma destas estratégias na união europeia:
Consolidação democrática, para que a mesma se desenvolvesse seria
necessário fazer uma união a partir da base (dos povos em liberdade) e daí
chegar às inúteis "elites". Ora o que temos é a consolidação da democracia
"burguesa" que ocupa os cargos, faz as leis e manda a bem ou a mal as
forças ditas da ordem cumpri-las. Nas inaugurações de fábricas vês quase
sempre meio ministério a degustar os vivas e abraços populares, mais o
pastelinho de bacalhau e o Porto de honra. Quando passada meia dúzia de
anos a mesma fábrica fecha quem lá aparece? Nem uns simples
funcionários dos centros de emprego a registar as pessoas e poupar-lhes
horas nas filas. Ainda assim o exemplo mais flagrante que contraria a
proclamada democracia é o caso do referendo irlandês. Para o bem ou
para o mal o povo votou, e disse claramente não ao tratado de Lisboa, o
que pelas próprias regras da comissão europeia inviabilizava a sua
execução. Foi isso que aconteceu? Os senhores políticos da comissão
europeia logo trataram de inventar umas desculpas e vai ser sob uma
ignóbil chantagem que o povo irlandês vai voltar a sufragar o Tratado. E
irá a tantos referendos quantos os necessários a que o resultado seja um
magnífico Sim! É isto democracia? E nos outros países pelo sim pelo sim,
não fosse aparecer outro incómodo não, depressa alteraram as
constituições e passaram a ser os parlamentos nacionais a sufragar os
tratados da união. Quando e onde o povo português já se pronunciou
sobre alguma medida vinda da união europeia? Enfim, serve a dita cuja
para alguns cujos abocanharem alguns milhares (ou milhões) de euros,
para a arraia-miúda ficam os cêntimos. Consolidação democrática na
Europa? (nesta união europeia?) puf!
Instituto da Sustentabilidade, Observatório da Violência e Observatório da
Biodiversidade, constituem quanto a mim instrumentos indispensáveis à
consolidação democrática na Europa, mas sempre fora desta União
falsificada e das suas políticas burguesas.
Esta união com a necessidade de ter sempre à mão uma grande massa de
trabalhadores indiscriminados e dispostos a fazerem qualquer trabalho
por qualquer preço, tem permitido uma emigração sem condições e que
vem ocupar os antigos antros de miséria de onde entretanto os nacionais
já se mudaram para outros antros mais modernos, chamados os bairros
sociais. Com esta política os senhores da união aumentaram a violência
adjunta da miséria, aumentaram os sentimentos xenófobos e racistas
numa Europa de tradição cosmopolita e agravaram todo o desfile de
misérias humanas que me coíbo de acrescentar.
Quando eles falam de sustentabilidade é precariedades que estão a dar
aos trabalhadores.
Quando se referem a biodiversidade é quando aumentam mais uns
milhares de hectares de exploração de transgénicos.
A crise é o cenário de fundo que fazia falta a esta representação horrenda
em que os trabalhadores são os figurantes que desconhecem o seu papel e
de camarote temos os especuladores na bolsa, os banqueiros, etc. a
gozarem o espetáculo.
Na verdade estamos nas mãos de mafiosos políticos ao serviço do capital,
a crise não é ultrapassável sem uma nova revolução popular e que aí sim,
consolide os valores de que falas:Consolidação democrática (Instituto da)
Sustentabilidade, (Observatório da Violência) Paz e (Observatório da)
Biodiversidade.
Afinal este Parlamento Europeu serve para quê? Ou de que falamos
quando falamos deste Parlamento Europeu e das suas competências?
Muitos arrivistas do comentário político e que antes apontavam
exatamente ao PE a sua evidente ineficácia, agora que são candidatos ao
mesmo parlamento, quer pelo Bloco de Esquerda ou pela CDU, mas
também por novos partidos, "flocos de aveia" sem passado nem ideologia
e que aparecem a soldo do capital para confundir o mais desatento Zé
Votante, ou ainda os partidos da direita, da mais moderada à mais
reacionária, racista e xenófoba, agora de modo geral todos começaram
milagrosamente a encontrar virtudes no PE, desde que sejam os seus a
ocupar esses lugares.
Por isso somos diferentes e temos a coragem de não esconder do Povo a
inutilidade desse Parlamento.
Concretizemos então o que é a realização concreta dos poderes dos
deputados ao Parlamento Europeu:
1.
O que o PE pode propor são alterações às Diretivas ou propostas da
Comissão Europeia;
2.
Estas propostas de alteração têm que estar contidas no âmbito dos
tratados da União Europeia e ser aprovadas pela maioria dos deputados;
3.
A Comissão Europeia aceita as propostas de alteração aprovadas pela
maioria dos deputados do PE, e, em seguida, elas são de novo aprovadas
no PE;
4.
A Comissão Europeia é ainda livre de as aceitar ou não, evocando o
cumprimento de Diretivas anteriores e dos Tratados Europeus.
Portanto, e terminando que a palheta já vai no Pisão, a conversa em redor
deste sistema de PE e da consequente política que lhe subjaz, recorda-me
o teu conto "o morto a cavalo num burro". Trata-se de conversa fiada
destes malandrecos avençados na política e tidos pelos média da moda e
apresentados ao Povo como gente credível, decente e com ideias políticas
arejadas porque livres de ideologias apenas defendem a que importa: o
capitalismo burguês.
Mas se o povo assim o entender, ou for levado a isso, queira continuar a
votar em partidos modernaços e políticos credíveis, pois que o faça, terá
aquilo que merece: continuar a comer da mesma merda.
Por isso e para terminar, reafirmo aqui os lemas pelos quais me irei bater
até ao próximo dia 7 e muito para lá dele, pois a luta continua: