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FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET

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Escrevinhação n. 879
SEMANA SANTA, ALMAS ÍMPIAS

Redigido em 17 de março de 2011, dia de São Patrício e de


Santa Gertrudes de Nivelles.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Vivemos hoje uma época em que plúmbeos ares

pairam sobre as questões de ordem superior, de ordem

espiritual, tolhendo o discernimento das mesmas. Tamanha

tornou-se a falta de discernimento, que as realidades mais

auto-evidentes não mais são compreendidas, mesmo que

estas sejam exaustiva e devidamente explicadas. Entretanto,

no que tange as miudezas da vida, todos esforçam-se em

conhecê-las bem, versando-se nestes domínios nos mais

mínimos e pífios detalhes como se o conhecimento das toscas

futilidades da sociedade moderna tivessem uma importância

capital para nos tornar pessoas plenamente realizadas dentro

do projeto Divino.

Partindo da constatação dessa obviedade que, não

mais se apresenta de uma forma tão obvia, é que devemos

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refletir e participar da semana Santa, fazendo um profundo

exame de consciência, uma piedosa análise do estado em que

se encontra a nossa alma, vendida e maculada pelo pecado,

para assim, e somente assim, nos apresentarmos diante

Daquele que é para termos nossos átrios lavados pelo sangue

do Cordeiro de Deus e podermos, minimamente, merecer a

Sua misericórdia.

Aliás, um exame de consciência apenas tem razão

de ser quando é feito tendo clara a imagem onisciente de

Deus diante de nós. Sem maquinações psicológicas que

recorrem aos mais variados subterfúgios para nos esquivar

de toda a nossa culpa, empreitada que deve ser orientada por

uma contrita e contínua oração nutrida por um franco e

humilde desejo de conhecer-se para sabermos claramente

quem e o que apresentaremos, um dia, diante do tribunal

Celeste.

Todavia, como nos admoesta Santa Catarina de

Sena, nos esquecemos de realizar tal empreitada com o

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necessário zelo. Aliás, se formos realmente francos,

confessaremos que não fazemos isso por acreditar que já

compreendemos claramente quem somos, apesar de estarmos

obscuramente perdidos em nosso pântano de pecados e

máculas que infecta nosso ser. Cegamo-nos sobre nossa

realidade na mesma proporção que ignoramos as realidades

celestes e sua presença em nossa vida eviterna.

E justamente neste sentido que Santo Afonso de

Ligório nos repreende para o fato mais gritante da história da

salvação de nossas almas que é o desprezo, o menosprezo,

que nutrimos em relação à grandiosidade do gesto divino que

se apresenta a nós por intermédio do sacrifício de Nosso

Senhor no alto do Calvário. Sim! Deus nos amou tanto que se

fez carne, sofreu e entregou a sua vida as mais atrozes dores

para que possamos realmente Viver e nós, de nossa ignóbil

parte, não meditamos e muito menos procuramos

compreender e viver o salvífico significado do sacrifício de

Nosso Senhor.

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Seguindo por essa trilha, julgamos ser de basilar

importância a cena da sarça ardente retratada na Sagrada

Escritura (Êxodo III; 1-12). Nesta, no versículo cinco, vemos

Aquele que é mandar Moises retirar as suas sandálias porque

o local que ele pisava era sagrado. E Moisés tirou, mas o que

significa este gesto? O que significa retirar as sandálias

diante de Deus? Nada mais, nada menos, do que fazer

simplesmente isso que apresentamos nas linhas acima

dessas indignas linhas. Significa nos despirmos de nossas

inúmeras camadas de mentiras e auto-enganos, de ilusões e

paixões, de nossos disfarces e fantasias para apresentarmo-

nos tal qual somos diante da Chama que tudo vivifica. Fazer

um franco exame de consciência em obediência ao olhar

onisciente de Deus. É isso que significa essa luminosa

passagem. É essa que deve ser a nossa experiência da

semana Santa. Experiência que vivifica nosso propósito

batismal nesta caminhada por esse vale de lágrimas.

Doravante, os criminosos que foram crucificados

junto com o Verbo divino encarnado representam a urgência

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desta prática em nossa vida. Os ladrões, a destra e a sinistra

do Cristo, são as possibilidades latentes em nós. Podemos ser

o bom ladrão que se apresenta de maneira humilde e

verdadeira diante do Senhor, ou o mau ladrão que

soberbamente se condena.

Por fim, esse é o divisor de águas que se apresenta

na semana Santa para todos, cônscios ou não da gravidade

da escolha que é confiada em nossas mãos pelo

Sapientíssimo e, assim sendo, tudo depende de nossa

disposição e da coragem de olharmos no espelho e ver quem

realmente somos e aceitarmos quem devemos

necessariamente ser.

Pax et bonum
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