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Sociologia é uma das ciências humanas que estuda as unidades que formam a sociedade, ou seja,

estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em


associações, grupos e instituições. ..

Anthony Giddens é um sociólogo britânico, renomado por sua Teoria da estruturação. Considerado por
muitos como o mais importante filósofo social inglês contemporâneo, figura de proa do novo trabalhismo
britânico e teórico pioneiro da Terceira via, tem mais de vinte livros publicados ao longo de duas
décadas.Do ponto de vista acadêmico, o seu interesse centra-se em reformular a teoria social e
reexaminar a compreensão do desenvolvimento e da modernidade.As suas ideias tiveram uma enorme
influência quer na teoria quer no ensino da sociologia e da teoria social em todo o mundo. A sua obra
abarca diversas temáticas, entre as quais a história do pensamento social, a estrutura de classes, elites
e poder, nações e nacionalismos, identidade pessoal e social, a família, relações e sexualidade.

Seguindo a tendência da sociologia contemporânea, Giddens procura, com sua teoria da estruturação,
resolver o problema da dicotomia indivíduo e sociedade e, por conseguinte, do antagonismo teórico-
metodológico derivado de tal dicotomia. De um lado, temos o objetivismo, postulado pelo funcionalismo e
pelo estruturalismo, propondo, à semelhança das ciências naturais, leis que regem os fenômenos
sociais, determinando a ação dos indivíduos. Por outro lado, temos as teorias interpretativistas, para as
quais, são os indivíduos e o sentido que estes atribuem às suas ações que interessam. Para superar tal
antagonismo, Giddens propõe uma síntese teórica que conjuga estrutura e ação.

Na teoria da estruturação, as ações dos indivíduos são dotadas de consciência e


intencionalidade, embora estes não tenham domínio total das condições e das conseqüências dos seus
atos, já que alguns resultados não são previstos. Nesse sentido, a história, construída pelas atividades
intencionais dos indivíduos, não acontece de forma premeditada, mas resulta do desejo de buscar uma
direção consciente para as ações, ainda que as conseqüências de uma determinada ação possam não
ser àquilo que se intencionou originalmente. Dessa forma, vê-se em Giddens uma percepção episódica
da história, rejeitando, assim, a noção de leis que governam o processo histórico. A vida social possui
regularidades, mas não são naturais, são regularidades reflexivas.
Para sistematizar sua teoria, Giddens define o conceito de estrutura como um conjunto de regras que,
segundo o autor, são inerentemente transformacionais, e de recursos utilizados na reprodução social.
Tais regras são de dois tipos: elementos normativos e códigos de significação. Os recursos também são
classificados em duas espécies: recursos impositivos, resultantes da coordenação da atividade dos
agentes, e recursos alocativos, provenientes do controle de produtos materiais ou de aspectos do mundo
material. A noção de estrutura é primordialmente processual. Diz respeito, em análise social, às
propriedades de estruturação que permitem práticas sociais semelhantes e, por conseguinte,
recorrentes, por dimensões variáveis no tempo e no espaço.
Para Giddens, a estrutura é apenas uma “ordem virtual” Assim, os sistemas sociais, que compreendem
as a atividades dos agentes humanos, não possuem estruturas, mas propriedades estruturais que, por
seu turno, são o que há de mais estável e permanente nas sociedades.

Para conseguir explicar a visão de Giddens sobre a globalização será necessário examinar suas idéias
sobre o processo de modernização. Isto acontece por culpa da sua crença de que as sementes da
globalização são plantadas pelos processos de modernização. Giddens não concebe a modernização
como representante do começo de uma nova era ou sequer época da humanidade. Para Giddens a
globalização é uma continuação de tendências postas em movimento pelo processo de modernização
que teve início na Europa do século XVIII. A modernização substituiu as formas de sociedades
tradicionais que eram baseadas na agricultura.
Giddens sugere que o processo de modernização influiu em quatro grandes grupos de “complexos
institucionais da modernidade”. Estes quatro que formam a base do processo de modernização. Eles
são: Poder administrativo, poder militar, capitalismo e industrialização.
O poder administrativo se refere ao crescimento e ao desenvolvimento da nação-estado secular, esta
nova forma de estado é baseado em formas burocráticas e racionais de administração de sua população,
lei e ordem. Tal “Racionalização administrativa” permite, como diria Giddens, o desenvolvimento de um
estado envolvido na sua sobrevivência e na de outros, populações até então desconhecidas.
O capitalismo e a industrialização então representam as novas formas de produção baseadas e
centradas na produção fabrico-industrial. Igualmente às novas formas de cálculo econômico como o
lucro, ela se tornou dominante na economia moderna, substituindo as formas tradicionais de produção
baseadas primariamente na agricultura.
Finalmente, o militarismo baseado na tecnologia e exércitos profissionais das sociedades modernas.
Esta industrialização bélica permitiu aos estados modernos a satisfatoriamente encontrar e conquistar as
sociedades tribais e impérios absolutistas.
A teoria de Giddens é tanto dinâmica quanto é histórica. Giddens usa a idéia de uma dialética com a qual
expressa esse dinamismo. Para a maior parte da sua aproximação dialética está centrada sobre o seu
conceito de “Desencaixe do espaço-tempo”. Esse é o conceito central o qual Giddens usa para explicar
tanto o movimento histórico de sociedades tradicionais a modernas e o papel desempenhado pela
globalização na aceleração do movimento começado com o processo de modernização.
Modernidade, tempo e espaço.
As sociedades tradicionais ou pré-modernas são tidas como baseadas sobre relações sociais as quais
são encaixadas no tempo e espaço. Isto acontece pela proximidade que o trabalhador tem da natureza,
por causa da sua confiança na agricultura como meio de subsistência, então por isso o senso temporal
do trabalhador geralmente é baseado em estações. O tempo para este trabalhador é cíclico (baseado em
estações) e local.
Igualmente, o status de tal trabalhador é inerte: isto é, dado ao nascimento com poucas noções do que
nós modernos chamamos de “carreira” e “ascensão social”.
Os tempos pré modernos são marcados pela maioridade da população vivendo em pequenas vilas. Para
a maioria da população, o senso de espaço seja geográfico ou mais importante, social, era estreito.
Muitos vilões eram banidos, pelos senhores feudais, de andarem através das redondezas de suas
comunidades particulares. Neste sentido nós devemos sugerir que, para tais populações, as idéias de
espaço eram fixas. Giddens sugere que nós deveríamos descrever tais trabalhadores como encaixados
em suas comunidades locais.
Giddens aponta para a invenção do relógio como um marco importante para a transição das sociedades
tradicionais para as modernas. O relógio não é baseado no tempo sazonal, mas num tempo social e
artificial. Esta noção de tempo é linear e não cíclica e portanto pode ser usada para previsões.
Igualmente, o relógio permite uma medida de tempo universal e não, como era o caso, de noções
tradicionais de tempo, para uma definição um tanto rústica. Tal noção moderna de tempo ajuda a
produzir um sentimento entre os indivíduos de que o mundo está encolhendo. As distâncias passaram a
diminuir a partir do momento que as comunidades começaram a calibrar seu senso de tempo com o de
outra comunidade do outro lado do globo.
O processo de modernização “distanciou” os indivíduos e as comunidades das sociedades tradicionais
destas noções estreitas de tempo, espaço e status. A modernização “desencaixou” o indivíduo feudal de
sua identidade fixa no tempo e no espaço.
Resumindo, Giddens diz que a modernização e a modernidade são baseadas em um processo, segundo
o qual uma idéia fixa e estreita de “lugar” e “espaço” (que prevalece nos tempos modernos) são
gradualmente destruídas por um cada vez maior conceito de “tempo universal”. Giddens descreve isso
como uma chave para o processo de desencaixe.
Giddens sugere que existem dois tipos de mecanismos de desencaixe: Fichas simbólicas e Sistemas
Peritos. O dinheiro é o seu exemplo favorito do primeiro caso. As comunidades feudais e tradicionais
foram marcadas pelos mercados e feiras locais. Entretanto, em muitos casos esses mercados eram um
suplemento para a atividade essencial e básica de auto-suficiência do trabalhador caseiro, o qual
produzia seus próprios meios de subsistência da agricultura depois de terem pago o aluguel ao senhor
feudal. O dinheiro tinha um valor limitado para tais artesões por que suas trocas econômicas eram
baseadas em impressões de valores locais e particulares. A modernização destruiu tais formas e as
substituiu com uma forma de trocas “universal”: o dinheiro. O dinheiro passou a agir como meio de troca
geral e universal, ao contrário das trocas particulares e locais entre os indivíduos. O Dinheiro foi então
capaz de mover os indivíduos de contexto local a global e pode então estabelecer relações sociais
através do tempo e do espaço. O dinheiro fez o mundo parecer diminuir. A globalização acelerou o
processo que começou com a modernização. Se considerarmos que a modernização criou a noção de
uma moeda nacional que varreu todas as diferenças locais dentro de uma fronteira nacional, podemos
afirmar que a globalização varreu todas as diferenças entre moedas nacionais. Testemunhe o
nascimento do “Cartão de Crédito” e presencie a satisfação da Europa em gerar uma moeda local para
todas as comunidades da Europa, o Euro.
Os Sistemas peritos surgem como resultado das revoluções científicas e o aumento em conhecimento
técnico e o conseqüente aumento na especialização. Por causa da sua afirmação de suas formas de
conhecimento “científica” e “universal” estes sistemas especialistas não são dependentes de um contexto
e podem, a partir disso, estabelecerem relações sociais através de grandes períodos de tempo e espaço.
Igualmente, enquanto esses sistemas especialistas criam seus grupos de experts e conhecimento um
abismo social é criada assim como um aumento entre o profissionalismo dos praticantes e dos seus
grupos de clientes. Um bom exemplo de tais sistemas especialistas é o “Sistema médico moderno” de
cuidado à saúde. Um modelo baseado nas reivindicações universais da ciência. Um modelo que se
estende através do globo, com outras perspectivas de cuidados à saúde pode ser ou ridicularizado ou
rotulado “alternativo”.

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