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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Histologia e Embriologia dos Órgãos e Sistemas

Embriologia da Cabeça, do Pescoço


e Aparelho Digestivo
4ª aula desgravada – 11 de Março de 2008

As estruturas ósseas da cabeça e do pescoço podem ser divididas em neurocrânio


e viscerocrânio.
O neurocrânio divide-se em cartilaginoso e membranoso e forma a caixa protectora
do encéfalo. Fazem parte do neurocrânio cartilaginoso os ossos aqui representados (o
esfenoíde, o etmóide e a base do occipital), tem origem cartilagínea, ou seja, ossificam por
ossificação a partir de cartilagem (ossificação endocondral). O frontal, parietal e parte do
occipital ossificam por ossificação intramembranosa, onde a ossificação primária se dá a
partir do mesênquima e não a partir de um molde cartilagíneo e assim, fazem parte do
neurocrânio membranoso.
O viscerocrânio vai formar o esqueleto da face, e mais uma vez divide-se no
cartilaginoso, que deriva das cartilagens dos arcos faríngeos, segundo esta ordem,
portanto, cartilagem de Meckel (do 1º arco faríngeo), de Reichert (do 2º arco faríngeo), etc,
e em parte membranosa. A ossificação intramembranosa dá-se por ossificação do
mesênquima do processo maxilar e mandibular do 1ºarco faríngeo.

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Embriologia da cabeça, do pescoço e do aparelho digestivo

Quanto à origem do mesênquima no


crânio, a maior parte do mesênquima deriva
da crista neural (azul), da mesoderme
lateral (amarelo) e da mesoderme paraxial
(no occipital).
Para explicar a formação da face e
do pescoço é essencial falar dos arcos
faríngeos.
Por uma questão de sistemática,
durante muito tempo, o tubo digestivo foi
dividido em intestino faríngeo e o resto do
intestino.
Actualmente há uma nomenclatura mais usada que é: intestino faríngeo e o resto
do intestino, que se divide em intestino anterior, médio e posterior.

Ora bem, o que são então os arcos faríngeos? São protusões mesodérmicas que
se começam a desenvolver lateralmente na zona da cabeça do embrião, por volta do
1ºmês de vida fetal.
Vocês têm de ter sempre em atenção que nestas fases iniciais de embriologia as
coisas mudam muito depressa, e eu a chamar aqui, por exemplo, 1º bolsa faríngea a esta
estrutura, não quer dizer que mais tarde ela não vai aparecer noutro formato ou num sitio
completamente diferente, por isso é preciso estar atento ao processo que é muito rápido e
muito dinâmico, com muitas alterações.
Temos os arcos faríngeos, as fendas faríngeas e as bolsas faríngeas. Cada arco
faríngeo é coberto por uma cartilagem e um vaso, que é importante para depois as
delimitações das zonas que cada arco faríngeo, e as estruturas derivadas dos arcos
faríngeos, vão inervar, irrigar.

Langman- Arcos faringeos


Os arcos faríngeos ou braquiais aparecem na 4º/5º semana de
desenvolvimento. São inicialmente barras de tecido conjuntivo separadas por fendas
(fendas faríngeas). Com o desenvolvimento destes arcos e fendas faríngeas surgem,
ao longo das paredes laterais do intestino faríngeo, as bolsas faríngeas.
Cada arco faríngeo consiste numa região central de tecido mesenquimal
coberta externamente de ectoderme superficial e internamente por um epitélio de
origem endodérmica. A parte central de cada arco faríngeo recebe ainda células da
crista neural que migram até aos arcos para formar os componentes ósseos da face.
Cada arco faríngeo caracteriza-se por ter os seus próprios componentes
musculares, nervoso e arterial.
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Chamo já aqui a vossa atenção para esta


estrutura, foramen cego, que quer dizer um orifício
fechado. È a partir daqui que se forma a tiróide. Mas
ela vai migrar pelo canal tireoglosso e podem-se dar
muitos acidentes. Aliás, uma das características
desta aula é falar dos acidentes de percurso. Muitas
das anomalias, umas difíceis, umas graves, outras
tão simples como quistos derivam de anomalias no
desenvolvimento embrionário (algumas delas
referidas mais abaixo).

Langman- Formação da tiróide


A tiróide aparece como uma proliferação epitelial no assoalho da faringe, entre o
tubérculo impar e a copula, num ponto denominado de foramen cego.
Vai depois descer em frente ao intestino faríngeo como um divertículo bilobado
permanecendo “ligada” á língua por um canal estreito (canal tireoglosso).

Fig- Formação do seio cervical

Ora bem, agora em corte começamos a ver os arcos faríngeos a delimitarem-se,


formam-se aqui bolsas faríngeas, fendas faríngeas, e aqui, mais caudalmente vai-se
formar um seio, chamado seio cervical, que depois se fecha completamente e que vai
formar uma estrutura fechada (☺). São as fendas faríngeas que ao se fecharem vão
formar este seio cervical, que não é mais que uma cavidade revestida por epitélio
endodérmico, e que acaba por desaparecer com o desenvolvimento.

É a presença de fluido nos seios cervicais que vai dar origem aos quistos cervicais
laterais, que são sempre laterais ao Esternocleudomastoideu. Portanto o quisto cervical
lateral tem origem na acumulação de fluido no seio cervical, derivado das últimas fendas
faríngeas.

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Langman- Quisto cervical lateral


Quando o 2ºarco faríngeo não cresce caudalmente sobre o 3º e 4º arcos,
permanecem “restos” da 2º, 3º, 4º fendas em contacto com a superfície formando uma
fístula braquial. Esta fístula, localizada anteriormente ao ECM vai drenar para o quisto
cervical lateral, que não é mais que um remanescente do seio cervical, e que pode ser
encontrado ao longo do bordo anterior do ECM.

Falei-vos da formação da face, do viscerocrânio e reparem que a mandíbula é


formada por ossificação intramembranosa, mas no entanto a 1º cartilagem, cartilagem de
Meckel, vai dar origem a dois ossículos do ouvido por ossificação endocondral. Isto é um
pormenor a fixar: quais são as estruturas dos primeiros arcos faríngeos que vão dar
origem estruturas do ouvido interno e estruturas da tiróide?

Langman- Derivados dos arcos faringeos


O 1º arco faríngeo tem uma parte mais dorsal (processo maxilar) e uma parte
mais ventral (processo mandibular) que contém a cartilagem de Meckel. Esta cartilagem
do Meckel com o desenvolvimento vai desaparecer excepto em duas pequenas partes
que, por ossificação endocondral formam a bigorna e o martelo.
O 2º arco faríngeo dá origem ao estribo, apófise estiloíde, ligamento estilo-hioide,
corno inferior e parte inferior do corpo do hioide
O 3ºarco faríngeo forma a parte inferior do corpo e o corno maior do hioide
Os 4º, 5º, 6º arcos faríngeos fundem-se para formar as cartilagens tiróide,
aritnoide, corniculada e cuneiforme.

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Aqui as fendas faríngeas já fecharam e assiste-se a uma migração muito caudal


para formar o timo. E cá esta a tiróide, que migrou através do canal tireoglosso.
Lembram-se de eu ter falado do foramen cego visto de cima? Agora estamos a
vê-lo de lado. A massa da tiróide migra através do canal tireoglosso até cá abaixo. No
entanto, mais uma vez, podem ocorrer acidentes de percurso e formarem-se quistos, os
chamados quistos do tireoglosso, muitos fáceis de identificar porque são sempre mediais
(ao contrário dos cervicais laterais, que são sempre laterais).

Langman- Quistos tireoglossos


Podem situar-se em qualquer ponto ao longo do trajecto migratório da tiróide,
mas são encontrados mais frequentemente, próximo da linha média cervical.

A língua tem origem em vários arcos faríngeos, que podem ver consoante a cor,
que são os 1º, 2º, 3º e 4º arcos faríngeos.

Langman- Formação da língua


Deriva dos 4 primeiros arcos faríngeos:
A parte anterior da língua (2/3 anteriores) deriva do 1ºarco, no qual aparecem
duas elevações linguais laterais e uma elevação lingual medial (tubérculo impar).
A parte medial e mais posterior (perto da epiglote) deriva do 2º, 3º e 4º arcos
faríngeos, que formam uma elevação mediana (copula ou eminência hipobranquial)
A epiglote é formada pela parte posterior do 4ºarco faríngeo.

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E agora o desenvolvimento da face e do palato. É importante saber também como


é que se forma o palato primário e o palato secundário porque anomalias no
desenvolvimento do palato dão origem ao que se chama vulgarmente de lábio leporino,
fenda palatina ou fenda labial. Já ouviram com certeza falar de pessoas que não tinham
parte ou a totalidade do céu-da-boca.

Langman- Fenda palatina


A fenda palatina decorre da falta de fusão das prateleiras palatinas. Em
casos graves a fenda estende-se até um nível mais profundo, formando uma fenda
maxilar superior, sendo a maxila dividida entre os dentes incisivo lateral e canino.

Isso é uma anomalia do desenvolvimento, da migração destes primeiros


processos naso-labiais laterais, que vão migrar para se fundirem na linha média formando
o chamado filtro do lábio. Os processos maxilares migram, encostam-se na linha média e
depois temos os processos naso-mediais que se fundem para formar o segmento
intramaxilar e mais tarde formar o filtro do lábio.

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Langman- Formação da face


A face tem origem em varias proeminências: facial, maxilar (lateralmente á boca
primitiva), mandibular (caudalmente á boca primitiva), fronto-nasais (são o bordo
superior da boca primitiva).
De ambos os lados das proeminências fronto-nasais, aparecem espessamentos
da ectoderme superficial, formando os placórdios nasais, que mais tarde invaginam
formando as fossas nasais. Ao invaginarem, os placórdios vão fazer com que se
formem cristas teciduais que vão constituir as proeminências nasais (laterais e
mediais).
Entretanto, as proeminências maxilares vão aumentando de tamanho, e ao
crescerem medialmente, vão comprimir as proeminências nasais medias, que vão
ficando cada vez mais perto da linha média, até que chegam mesmo a fundir-se
formando o lábio superior.
As proeminências mandibulares vão crescendo e fundem-se na linha média,
formando o lábio inferior.
Inicialmente as proeminências maxilares e nasais laterais tão separadas pelo
sulco nasolacrimal, que depois evolui para canal lacrimal, em que a extremidade
superior se alarga, formando o saco lacrimal.
O nariz é formado por cinco proeminências faciais: frontal, nasais mediais e
nasais laterais.

Mas nós até agora temos apenas aqui o palato primário, portanto se tivéssemos só
este palato teríamos só o espaço entre os 4 incisivos superiores. É preciso formar o palato
secundário. Como é que ele se forma? Através dos processos palatinos laterais que vão
descer a partir do processo maxilar.
Vamos ver então como se forma o palato secundário. O que vocês viram ate agora
foi só a região do filtro do lábio. Como é que se forma o palato secundário? Tão a ver ali, o
processo palatino primário, e depois mais lateralmente começam-se a formar aqui,
parecem umas prateleiras, os processos palatinos laterais, que se vão fundir na linha
média para formar o nariz. E temos aqui outros processos palatinos, que se vocês
acompanharem em corte conseguem vê-los dali a descer e a fundirem-se na linha média.
Ficamos então com o palato duro e o palato mole, formados numa configuração
praticamente igual á de um adulto.

Se houver anomalias no desenvolvimento dos tecidos entre o palato primário e o


palato secundário vamos ter aqui uma fenda, fenda essa que vai ficar entre estes 4
incisivos e este 1ºdente, assim vamos ter aqui uma fenda labial que se pode estender mais
para cima, podendo vir ate ao canal naso-lacrimal ou mais para dentro, pois cada caso é

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um caso, mas neste caso temos apenas uma fenda labial. No caso de termos uma fenda
palatina ela pode ser lateral, estando em apenas metade do palato, ou completa, esses
casos são muito mais graves, muitas vezes acompanhadas de causas cromossómicas.

Fig- Formação do palato

Langman- Formação do palato primário


Devido ao crescimento medial das proeminências maxilares, vai ocorrer a fusão
das proeminências nasais mediais, formando a um nível profundo o segmento
intermaxilar, continuo com o septo nasal, e constituído por:
• Componente labial (que vai formar o filtro do lábio superior)
• Componente maxilar superior (que vai formar os 4 dentes incisivos)
• Componente palatino

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Langman- Formação do palato secundário


As proeminências maxilares desenvolvem-se formando como que uma
prateleira (prateleiras palatinas) abaixo da língua. Com o desenvolvimento, as
prateleiras palatinas começam a ascender, adquirindo uma posição horizontal acima da
língua e fundindo-se, dando origem ao palato secundário. Este palato secundário vai-se
unir ao palato primário, sendo o foramem incisivo o marco dessa união.

Passamos então ao tubo digestivo. Tradicionalmente até agora estivemos a falar


do intestino faríngeo. Há uns anos atrás o intestino faríngeo estava incluído no intestino
anterior. No entanto como ele é bastante complexo e contribui muito para a formação de
outras estruturas que não o tubo digestivo, é mais correcto dividirmos o intestino em
intestino faríngeo e depois intestino anterior, médio e posterior.
O intestino anterior vai desde o divertículo traqueobronquico até ao divertículo
hepático. O intestino médio vai desde o divertículo hepático até aos 2/3 direitos do cólon
transverso e o intestino posterior vai depois ate ao canal rectal.
As vísceras são irrigadas pelas artérias que viajam pelos mesentérios e
ligamentos. Estes mesentérios vão formar os omentos, como é o caso do grande omento
que cobre as vísceras abdominais.

Langman
Na região do estômago ele forma o mesogastro dorsal, ou omento maior; na
região do duodeno ele forma o mesoduodeno dorsal; e na região do colo intestinal ele
forma o mesocolo dorsal. O mesentério dorsal e as ansas jejunais e ileais formam o
mesentério propriamente dito.
O mesentério ventral, que existe unicamente na região da parte terminal do
esófago, do estômago e da parte superior do duodeno é derivado do septo transverso.
O crescimento do fígado em direcção ao septo transverso divide o mesentério ventral
em: omento menor e ligamento falciforme.

Intestino Anterior

Esófago

A questão importante, falei-vos do divertículo traqueobrônquico, vocês já viram o


divertículo traqueobrônquico? A partir do intestino anterior, aquando da sua invaginação
ventral, há a formação o divertículo respiratório ou divertículo traqueobrônquico, este
depois separa-se do esófago para formar os primórdios dos pulmões. Deste modo o
intestino anterior divide-se numa parte ventral – o primórdio respiratório, e numa parte
dorsal – o esófago. O esófago é inicialmente curto, mas alonga-se rapidamente com a
descida do coração.

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Consegue-se ver bem o divertículo traqueobrônquico; isto em termos


embriológicos não tem nada de especial mas por vezes podem haver anormalidades.
Podemos ver aqui esófago com o cego, uma fístula traqueo-esofágica (desvio posterior
espontâneo do septo traqueoesofágico, ou de algum factor mecânico empurrando para a
frente a parede dorsal do intestino anterior); uma comunicação do esófago com a traqueia.
Tudo isto são coisas perfeitamente anormais.

Estômago

Há um fenómeno muito engraçado: é que nós somos simétricos, mais coisa menos
coisa, somos simétricos, mas o estômago não, o estômago não é simétrico.
Como é que ele atinge a posição e o formato final?
Ele está disposto longitudinalmente como podem ver em cima, começa por ter uma
curvatura segundo o eixo longitudinal, uma curvatura de 90º. A seguir começa a dar-se um

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crescimento assimétrico de uma parede em relação à outra formando-se uma grande


curvatura e uma pequena curvatura. E a seguir, aplicando um eixo antero-posterior o
estômago gira para atingir a sua posição final.

O mesentério dorsal e ventral vão ter que acompanhar todas estas voltas do
estômago, e vão formar o pequeno e o grande omento. Como o estômago está fixado à
parede dorsal do corpo pelo mesogastro dorsal e à parede ventral do corpo pelo
mesogastro ventral, a sua rotação e crescimento desproporcional alteram a posição dos
mesentérios. A rotação do eixo longitudinal puxa o mesogastro dorsal para a esquerda
(que vai formar o omento menor e ligamento falciforme), e cria-se um espaço atrás do
estômago: o pequeno saco peritoneal, essa rotação também puxa o mesogastro ventral
para a direita.
Quando o estômago chega, a bolsa do omento vai ficar caída sobre os intestinos e
depois vai fundir-se ficando aderente ao cólon transverso.
Com as rotações, vai ficar uma espécie de um avental sobre as vísceras o que dá
grande jeito para os cirurgiões porque o omento apesar de ser muito fino tem quimiotaxia
que serve muitas vezes para circunscrever perfurações intestinais.

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O omento salva a vida porque evita peritonites ou então os cirurgiões conseguem


cortar um bocado deste mesentério para tapar provisoriamente pedaços de vísceras.

Langman – Estômago
O estômago executa um rotação em torno de um eixo longitudinal e de um eixo
antero-posterior. O estômago efectua uma rotação de 90º no sentido dos ponteiros do
relógio em torno do eixo longitudinal, fazendo com que o seu lado esquerdo se volte
anteriormente e o lado direito se volte posteriormente. Durante essa rotação a parede
posterior original do estômago cresce mais rapidamente que a parte anterior, formando
as curvaturas maior e menor.
As extremidades cefálica e caudal do estômago situam-se originalmente na
linha média, mas durante o crescimento subsequente o estômago descreve uma
rotação em torno do seu eixo antero-posterior, de tal modo que a parte pilórica se
move para direita e para cima e a parte cárdia se move para a esquerda e um pouco
para baixo.

Fígado

O fígado e a vesícula biliar brotam a partir do divertículo hepático.


Ora bem, têm ali em cima (em corte) o fígado a brotar, aqui o pâncreas dorsal e o
pâncreas ventral. Se o fígado não tem nada que se lhe diga em relação ao seu
desenvolvimento embrionário, ele cresce lá para cima, diferencia-se forma os canais,
forma a vesícula biliar, já o pâncreas tem alguma coisa sobre que falar.

Langman - Fígado
O divertículo hepático consiste em células de proliferação rápida que penetram no
septo transverso. Enquanto as células hepáticas continuam a penetrar no septo, a ligação
entre o divertículo hepático e o intestino anterior estreita-se, formando o ducto bilifero,
este vai formar uma pequena evaginação ventral que dá origem à vesícula biliar e ducto
cístico.
Depois das células hepáticas invadirem todo o septo transverso – situado entre o
fgado e o intestino anterior e entre o fígado e a parede ventral do abdómen – a
mesoderme do septo transverso torna-se membranosa, formando o omento menor e o
ligamente falciforme, respectivamente.

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Pâncreas

Vocês têm o pâncreas dorsal e o


pâncreas ventral. O que vai acontecer é
que o pâncreas ventral vai migrar para
depois se fundir com o pâncreas dorsal.
Mas se migrar bilateralmente e deixar
bocados de tecido aderentes à volta do
duodeno vai permitir formar aquilo a que se
chama pâncreas anelar que vai, depois com
o desenvolvimento em si, provocar uma
estenose do duodeno. Ele começa por ser
medial mas depois atinge uma posição
retroperitonial.
Cá está, o pâncreas dorsal, o pâncreas ventral. Se migrar ao mesmo tempo,
quando se funde vai formar o pâncreas em anel.
Isto são anomalias do canal cístico e do canal biliar mas isso não se estendam.

Langman - Pâncreas
O pâncreas é formado por dois brotos que se originam no revestimento endodérmico
do duodeno primitivo. Enquanto o broto pancreático dorsal encontra-se no mesentério dorsal,
o broto pancreático está próximo ao ducto bilífero. Quando o duodeno primitivo executa a
rotação para a direita e passa a apresentar a forma de um “C”, o broto pancreático ventral
move-se dorsalmente ao deslocamento da entrada do ducto bilífero. Mais tarde o parênquima
e os sistemas de ductos dos brotos pancreáticos dorsal e ventral fundem-se. O broto ventral
forma a parte inferior da cabeça e apófise unciforme.

Intestino Médio

Hérnia umbilical fisiológica

Há um ligamento curioso que se passa durante o desenvolvimento embrionário: é a


formação da chamada hérnia umbilical fisiológica. Durante o desenvolvimento fetal dá-se a
hérnia umbilical, através do futuro umbigo, mas esta é fisiológica, é normal. Porquê?
Porque o fígado cresce imenso, as paredes do abdómen ainda não cresceram, e as ansas
intestinais cresceram enormemente. Portanto, sempre revestido por amnios forma-se uma
evaginação que é a hérnia umbilical fisiológica. À medida que a capacidade abdominal
aumenta, há o retorno das ansas à cavidade abdominal. Mas este retorno não e feito de
qualquer maneira: dá uma volta de 90º, seguida de uma de 180º, contrári ao sentido dos
ponteiros do relógio.

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Langman – Hérnia Umbilical Fisiológica


Em toda a sua extensão o intestino médio é suprido pela artéria
mesentérica superior.
O desenvolvimento do intestino médio caracteriza-se pelo alongamento
rápido do intestino primitivo e seu mesentério, ocasionando a formação da ansa
intestinal primária. A parte cefálica da ansa origina a parte distal do duodeno,
jejuno e parte do ileo. A parte caudal diferencia-se na porção inferior do ileo, no
cego, no apêndice, no cólon ascendente e nos dois terços proximais do cólon
transverso.
O desenvolvimento da ansa intestinal primária caracteriza-se pelo
alongamento rápido sobretudo da parte cefálica. E consequência do rápido
crescimento e expansão do fígado a cavidade abdominal torna-se temporariamente
pequena demais para conter todas as ansas intestinais e elas passam à cavidade
extra-embrionária no cordão umbilical durante a 6º sexta semana de
desenvolvimento.
Consequentemente com o crescimento em extenção a ansa intestinal
primária roda em torno de um eixo formada pela artéria mesentérica superior. Vista
de frente, esta rotação dá-se no sentido contrário aos ponteiros do relógio e
corresponde a cerca de 270º quando completa.

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Mas as coisas nem sempre correm assim, por exemplo, pode-se dar inicialmente a
rotação de 90º, mas a segunda rotação, os outros 180º, não se dá e então ficamos com o
chamado cólon do lado esquerdo e ainda por cima caído, lembrem-se que no mesentério o
que vai segurar isto são as fusões das ansas intestinais e parte dos omentos, portanto,
estes cólon fica muito mal apoiado;
Uma situação menos grave é quando se dá uma rotação inicial de 90º no sentido
correcto, mas a segunda em vez de ser no sentido contrário aos ponteiros do relógio é no
sentido destes e então as vísceras ficam mais ou menos na posição correcta mas com o
duodeno a passar à frente do cólon transverso.
Também temos uma situação conhecida por onfolocélio que é a retracção
incompleta das ansas intestinais até ao nascimento. À nascença parte dos intestinos estão
fora da cavidade peritonial mas recobertas de âmnio. Mais tarde isto poderá ser corrigido
por cirurgia médica.
Uma situação semelhante, que se chama gastrosquise, não é tanto devido a falta
de retracção das ansas intestinais mas sim a uma extorsão dos intestinos através de uma
malformação qualquer da parede destes; os intestinos saem para fora da cavidade
peritonial, não estão revestidos por amnio e aí sim torna-se mais complicado chama-se
gastrosquise.
Outras anomalias do intestino são a ligação ao cordão umbilical, que pode assumir
várias formas desde uma fístula até um cisto, uma torção do intestino delgado; esta
ligação tem que se quebrar; se se quebrar formando apenas isto não é mau, já que fica
apenas um cordão fibroso mas se houver uma torção, vai torcer o intestino.
No cólon a mesma coisa: astenias, estenoses e vários tipos de necrose poderão
afectar o funcionamento do intestino. Uma situação muito vulgar que é o chamado
megacolon congénito ou doença de Hishprung porque não se forma o plexo mioentérico
do cólon e portanto não há peristaltismo, ocorrendo acumulação de fezes.
Isto é genérico a todo o tubo digestivo mas explica como se formam tantas
anomalias mais ou menos graves: o tubo digestivo começa por ser oco, depois há
proliferação da endoderme, seguida de recanalização até atingir a estrutura final. Durante
estes processos de recanalização é fácil ver se há resquícios de células; pode haver
limitações, estenoses, ou outras anomalias de processos que não ocorrem devidamente.

Intestino Posterior

Portanto e chegamos ao fim, a partir dos dois terços do tubo do cólon transverso
temos o intestino posterior que vai até ao ânus. Embriologicamente a formação do
intestino é simples: ele está separado do seio urogenital pelo septo urorectal que vai
migrar até separar completamente a estrutura bexiga, portanto a parte urinária da parte

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terminal do tubo digestivo mais uma vez isto não se faz sem anormalidades de
desenvolvimento e há vários tipo de anomalias que podem ir até ao ânus, portanto não há
eliminação de fezes. Até vários tipos de fistulas, podem ser o recto e a vagina, o recto e a
uretra todos os tipos de situações, todos os tipos de canais podem implicar anomalias.

Langman – Intestino Posterior


O intestino posterior dá origem ao terço distal do cólon transverso, ao cólon
descendente, ao sigmoide, ao recto e à parte superior do canal anal. A parte terminal do
intestino posterior desenboca na região posterior da cloaca, o canal anorrectal primitivo;
o alantoide desemboca na parte anterior, o seio urogenital primitivo. Uma camada de
mesoderme, o septo urorrectal, separa a região entre o alantoide e o intestino posterior.
Ao final da sétima semana a membrana cloacal rompe-se, criando a abertura do canal
anal para o intestino posterior, e uma abertura ventral para o seio urogenital. Entre as
duas a extremidade do septo urorrectal forma o corpo perineal.

E pronto, aqui está mais um desgravada!


Nós decidimos colocar além do texto integral que o professor falou, uns resumos do
Langman das partes que não estavam tão explicitas (pelo menos do nosso ponto de vista!), e
algumas das imagens dos slides da aula, o que não invalida uma olhadela aos mesmos!
E digamos que nos deu algum trabalho: a desgravar, porque o professor gosta de
deixar frases a meio; e a formatar (parece que a Adriana além de ter o vício de se esquecer de
anexar os arquivos no email, também se esquece de gravar os documentos na pen :P) além de
que também ficamos com a impressão de que o Word não gosta muito de nós (ou se calhar ele
não gosta de histologia)
Qualquer dúvida é melhor irem perguntar ao professor que deu a aula (basta procurar
uma nuvem de fumo lá para os lados do serviço :D ).
Qualquer sugestões, correcção (ou elogio☺) podem enviar para:

nocas_88@hotmail.com ou catarina_alex@hotmail.com

Adriana Meneses, Catarina Alexandra, T10

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