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Trotskismo X Leninismo
Lições da História
Harpal Brar
Tradução – Pedro Castro
Parte III
Os Julgamentos de Moscou
Capítulo 7
Introdução.....................................................................................................................................................................3
Capítulo 8
Terrorismo..................................................................................................................................................................35
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Parte III
Os Julgamentos de Moscou
Lênin
"O trotskismo cessou de ser uma tendência na classe operária ... mudou da
tendência política que era há sete ou oito anos para uma quadrilha frenética
e sem princípios de vândalos, diversionistas, espiões e assassinos, agindo sob
a instrução da inteligência de Estados estrangeiros"
Stalin (1937)
Capítulo 7
Introdução
Para começar, a oposição não era mais do que uma oposição. Era uma
oposição porque se encontrou em oposição à política do Partido, porque não
concordava com a política do Partido, política que defendia a construção do
socialismo. A oposição, com sua política incorreta, era nesta época apenas uma
tendência dentro do movimento da classe operária - uma tendência antileninista,
porém uma tendência todavia. Deixando de corrigir sua própria política errônea, a
oposição procurou mudar a política correta do Partido. Incapaz de ganhar o apoio
da classe operária para sua política que, não obstante os desejos subjetivos e as
vontades de seus aderentes, significava a restauração do capitalismo, à oposição
restaram apenas dois cursos de ação. Um, poderia descartar sua teoria errônea,
admitir sua derrota e, sinceramente, como o resto dos membros do Partido,
devotar-se à construção do socialismo. Dois, poderia voltar a ajudar a todos que
desejavam a restauração do capitalismo na União Soviética, isto é, os
mencheviques, os revolucionários socialistas, os kulaks, os nacionalistas
ucranianos e outros e, acima de tudo, à burguesia dos diversos países imperialistas.
A oposição escolheu a última alternativa.
"As políticas aventureiristas de Stalin", disse ele, estão levando o país à sua
ruína."
Esta ruína, que Trotsky profetizou com tanto gosto, não se materializou. O
povo soviético, a despeito das imensas dificuldades, sob a bandeira gloriosa do
marxismo-leninismo e direção do Partido Bolchevique, chefiado por Stalin,
continua a grande marcha vitoriosa rumo à construção do socialismo e a
conquistar vitória após vitória. As vitórias do povo soviético levaram Trotsky a
lançar as mais severas denúncias contra o Partido Bolchevique e a profetizar o
caos econômico. Ele culpava o Partido Bolchevique por perseguir uma política que
deveria levar inevitavelmente a União Soviética ao caos econômico e que
conduziria à guerra civil. Ele acusava o governo Soviético de sua própria doença - o
bonapartismo - e propugnava por uma reversão da 'política perigosa' do governo
soviético. Para efetivar a reversão desta 'política perigosa', Trotsky primeiro
propugnava por uma reforma do governo soviético e depois passou a advogar a
derrubada armada deste governo. Isto pareceria, camaradas, resolver o mistério de
por que Trotsky acabou se juntando àqueles que queriam restaurar o capitalismo
na URSS. Toda a evolução teórica do trotskismo não constituiu mais que uma
escola preparatória para sua degeneração posterior e transferência para o campo
da restauração capitalista e aquele do fascismo.
"Em lugar de falar-lhes [aos trabalhadores russos] lorotas sobre terem sido
realizados 90% de socialismo, devemos dizer-lhes que nosso nível econômico, nossas
condições sociais e culturais se aproximam hoje muito mais do capitalismo, e aliás
um capitalismo atrasado e inculto, do que do socialismo. Devemos dizer-lhes que
entraremos no caminho da real construção socialista somente quando o proletariado
dos países mais avançados tiverem capturado o poder..." (Trotsky, On the Draft
Programme of the Comintern).
Em 1930 tinha ficado claro até para os reacionários mais raivosos que suas
esperanças de restauração pacífica do capitalismo, que eles vinham esperando e
acreditavam ser o resultado da Nova Política Econômica (NEP), murcharam. Ao
contrário, a NEP não apenas não estava conduzindo à restauração do capitalismo
como estava conduzindo ao êxito na construção do socialismo. Frente a esta
realidade, os reacionários dentro e fora da União Soviética lançaram uma grande
campanha contra a construção do socialismo na União Soviética. A burguesia
imperialista lançou esta campanha de mentiras e calúnias a fim de preparar a
opinião pública a favor de uma intervenção armada contra a União Soviética.
Trotsky e seus seguidores uniram-se de bom grado à burguesia imperialista, em
sua campanha contra a construção do socialismo na União Soviética. Que os
trotskistas gritassem mais alto do que nunca as suas frases 'esquerdistas', porém a
verdade é que eles estavam do lado das forças imperialistas, da contra-revolução e
da intervenção contra a União Soviética. Esta verdade nunca deve ser obscurecida.
"Estas linhas são ditadas por um sentimento da maior ansiedade pela União
Soviética e o destino da ditadura do proletariado. A política da direção atual, o grupo
minúsculo de Stalin, está levando o país em plena velocidade a crises e colapsos
perigosos" (Trotsky, Open Letter to the Members of the CPSU, March, 1930).
Por mais fantástico e inacreditável que possa parecer, camaradas, é isto que
Trotsky dizia: quanto mais avançada a construção do socialismo em um único país,
mais primitivas se tornam as forças produtivas. Em outras palavras, em um único
país socialista, qualquer avanço na construção do socialismo é sempre em
proporção inversa das forças produtivas - quanto menos avançada a construção
socialista, mais avançados os meios de produção e vice-versa. A conclusão a sacar
disto é clara, ou seja, se a União Soviética queria melhorar sua técnica, suas forças
produtivas, então, na visão de Trotsky, isto só poderia ser feito sobre a base do
capitalismo, retardando e suspendendo o avanço da construção socialista. Mesmo
os economistas burgueses, não falemos dos socialistas, não aceitariam esta
proposição absurda de Trotsky. Em qualquer caso, a prática provou o absurdo
desta proposição, mais do que centenas de livros poderiam ter feito. A prática
mostrou que poderoso avanço na técnica e nas forças produtivas soviéticas
tiveram lugar precisamente sobre a base da política de construção do socialismo.
Tal, então, era a essência das diatribes de Trotsky contra o "grupo minúsculo
de Stalin"; Trotsky estava ressentido porque o "grupo minúsculo de Stalin" se
O socialismo, repete Trotsky pela milésima vez, não pode ser construído:
Não é apenas uma teoria podre porém perigosa, pois embala nosso povo, leva-
o a uma armadilha e torna possível à classe inimiga recompor-se para a luta contra o
governo soviético.
e assim tornei-me um porta-voz das forças hostis ao proletariado" (Trial of the Anti-
Soviet Trotskyite Centre, Moscou, 1937, pp. 83-84).
O programa de Ryutin não era o resultado dos esforços de Ryutin, sozinho. Foi
produzido coletivamente por todos os direitistas e eles o tinham discutido à
exaustão. Na época de sua circulação, os dirigentes dos direitistas - Bukharin,
Rykov, e Tomsky - conseguiram manter-se na clandestinidade. Kamenev e
Zinoviev, entretanto, foram encontrados de posse deste programa e foram
expulsos do Partido.
(1) ZINOVIEV e
(2) KAMENEV.
(4) 1.1. REINGOLD, que era o membro mais ativo da organização contra-
revolucionária zinovievista clandestina e que estava o tempo todo em contato direto
com Zinoviev e Kamenev e tomou parte em todas as conferências secretas dos
zinovievistas.
(5) G. E. EVDOKIMOV
(6) R. V. PICKEL, que foi um dos homens da maior confiança de Zinoviev e foi
por muitos anos encarregado de seu secretariado. Elo foi um membro ativo do centro
terrorista de Moscou.
Os trotskistas eram:
Durante e após minha expulsão, ele, juntamente com dez ou doze dos oficiais,
organizou uma guarda em torno de minha casa." Juntamente com Trotsky, ele tinha
organizado a manifestação contra-revolucionária de 7 de novembro de 1927.
Quando Trotsky estava no exílio, em Alma-Ata, Dreitzer organizou as
comunicações entre Trotsky e o centro trotskista de Moscou.
(15) K. B. BERMAN-YURIN
(16) FRITZ DAVID (KRUGLYANSKY), que foi também enviado à URSS por
Trotsky com instruções de fazer um atentado contra a vida do camarada Stalin. Ele
recebeu estas instruções em Copenhague, pessoalmente, de Trotsky.
(11) B. O. NORKIN
(12) A. A. SHESTOV
(13) M. S. STROILOV
(14) Y. D. TUROK
(16) G. E. PUSHIN
(3) G. G. YAGODA, que foi Chefe da Polícia Política, a OGPU, até 1936.
Os trotskistas do Bloco:
(7) S. A. BESSONOV
(14) D. D. PLETNEV
(15) I. N. KAZAKOV
(17) V. I. IVANOV
(1) M. N. TUKHACHEVSKY
(2) I. E. YAKOV
(3) I. P. UBOREVITCH
(4) A. G. KORK
(5) R. P. EIDMANN
(6) B. M. FELDMAN
(7) V. M. PRIMAKOV
(8) V. K. PUTNA
Na esfera da política agrária, ele (isto é, Trotsky) disse muito claramente que
as fazendas coletivas teriam de ser desmanteladas e expôs a idéia de fornecer
tratores e outras máquinas agrícolas complexas a camponeses individuais, a fim de
reviver um novo estrato kulak. Por fim, foi dito muito abertamente que se teria de
reviver o capital privado nas cidades. Estava claro que isso significava a restauração
do capitalismo". (Trial of Anti-Soviet Trotskyite Centre, 1937, pp. 113-114).
"Em poucas palavras, Trotsky explicava que seria um recuo muito sério. Foi
isto exatamente que ele disse: você [isto é, Piatakov] ainda está sob a influência das
velhas idéias de 1925-1926 [quando Trotsky era um superindustrializador] e você é
incapaz de ver que, na essência, nossa ascensão ao poder significará que teremos de
recuar muito longe na direção do capitalismo. A este propósito, Trotsky disse que, em
essência, nosso programa era o mesmo que o dos direitistas, na medida em que os
direitistas tinham adotado um programa destrutivo diversionista e consideravam
que era necessário recuar para o capitalismo. Trotsky expressou muito grata
satisfação quando eu lhe falei sobre a conversação de Sokolnikov com Tomsky e a que
eu tinha tido com Bukharin. Ele disse que não era apenas uma medida tática, isto é,
unidade na luta contra um e o mesmo inimigo, mas que esta unidade tinha algum
significado em termos de princípio" (Trial of Anti-Soviet Trotskyite Centre, 1937, pp.
65-66).
Bukharin disse algo similar nesse julgamento. Ele explicou que a formulação
prática de seu programa significava a restauração do capitalismo na esfera
econômica e a restauração da democracia burguesa na esfera política. Em outras
palavras, o programa dos direitistas e dos trotskistas não significava mais e nem
menos do que a derrubada da ditadura do proletariado e o fim da construção
socialista. Disse Bukharin:
No interior do país, nosso programa atual - isto eu penso que deve ser dito
com toda a ênfase - é retroceder á liberdade democrática burguesa, à coalizão,
porque, do bloco com os mencheviques, os revolucionários socialistas e assim por
diante, segue-se que haveria liberdade dos partidos, liberdade de coalizão, e segue-se
muito logicamente da combinação de forças em luta, porque só os aliados estão
escolhendo subverter o governo, no dia após a vitória possível eles serão parceiros no
poder. Um retrocesso não apenas quanto aos costumes das liberdades democráticas
burguesas, mas também, no sentido político, em vários ângulos em que há elementos,
indubitavelmente, de cesarismo" (Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights and
Trotskyites, pp. 381-382).
Porém, quando se tornou mais claro que não apenas a NEP não estava
evoluindo "na direção desejada" pelos nacionalistas burgueses como estava indo ao
contrário, para o êxito na construção do socialismo, os nacionalistas cessaram
meramente de prosseguir com o "trabalho de reconhecimento político" que tinham
até então empreendido. Diz Grinko: "Gradualmente sondamos forças políticas
estrangeiras que poderiam ajudar-nos". E, nesta época, "a organização nacionalista
ucraniana tinha tomado inteiramente a posição da direita sobre as questões
políticas, ou seja, a posição de combater a industrialização e a coletivização".
"Vocês sabem, ele (Bukharin) disse que o capitalismo entrou agora em uma
nova fase de desenvolvimento, e neste novo estágio o capitalismo está exibindo
elementos bastante elevados de organização e planejamento. O capitalismo, disse ele,
está revelando nova e fresca força, expressando-se em progresso da técnica, que
realmente eqüivale a uma revolução técnica e um rejuvenescimento do capitalismo,
por assim dizer. E assim, correspondentemente, devemos rever nossa visão das
contradições, das classes, da luta de classes e assim por diante. Revisões
fundamentais devem ser introduzidas em Marx. O tratamento de Marx da questão
das revoluções proletárias já não era mais adequado. A doutrina de Lênin e de Stalin,
de que a época do imperialismo é uma época das revoluções proletárias, era, disse
ele, uma utopia mais nociva. Esta, de fato, era a posição a partir da qual nós partimos
e que nos levou ao fascismo ... Bukharin disse que não tinha pensado sobre esta
questão bastante profundamente. O fascismo, disse ele, correspondia às últimas
tendências no desenvolvimento do capitalismo. Chegamos diretamente ao fascismo"
(Trial of Bloc of Rights and Trotskyites, pp. 118-119).
"Atualmente os trotskistas estão com medo de mostrar sua real face à classe
operária, estão com medo de revelar para ela seus reais objetivos e metas,
cuidadosamente escondem sua face política da classe operária, temendo que se a
classe operária perceber suas reais intenções os amaldiçoará como inimigos dela e os
expulsará" (Discurso na Plenária do Comitê Central do PCUS, realizada em março
de 1937).
Isto é verdadeiro não apenas dos trotskistas de 1937 mas também dos de
hoje.
Notas
paciência do Partido. Estava claro que a oposição estava trabalhando por uma
divisão, então os dirigentes da oposição foram expulsos do Partido.
3. Pode ser interessante saber que nos países onde o movimento proletário foi
forçado a mergulhar na clandestinidade e as condições fascistas prevaleceram, os
escritos de Trotsky circulavam livremente. Tal, por exemplo, eram os casos da
Espanha e da Pérsia, sob o regime fascista de Franco na Espanha e um regime
fascista feudal brutal e tirânico do Xá da Pérsia. Esses regimes são suficientemente
astutos - mais astutos do que alguns dos "marxistas" na Inglaterra - para
compreender a essência anticomunista do trotskismo. Uma situação similar
prevaleceu na Alemanha fascista. Somos informados por James Klugmann, em
From Trotsky to Tito (Lawrence & Wishart Ltd., London, 1951):
Capítulo 8
Terrorismo
Holtzman: "Eu falarei sobre isso. Então, Trotsky disse que, se Stalin fosse
removido, seria possível para os trotskistas subirem ao poder e à direção do PCUS.
Ele também disse que o único meio de remover Stalin era o terrorismo."
Holtzman: "Sim. Ele disse que para este propósito era necessário escolher
quadros de pessoas responsáveis aptas a esta tarefa. Ele então disse que isto seria
comunicado a Smirnov, mas que eu não dissesse isso a ninguém mais."
O acusado Fritz David declarou também ter tido uma conversa com Trotsky,
em novembro de 1932. Durante a conversação, Trotsky, literalmente, disse o
seguinte:
"Agora não há outra jeito exceto a remoção pela violência de Stalin e seus
aderentes. O terror contra Stalin - esta é a tarefa revolucionária. Quem quer que seja
um revolucionário - sua mão não tremerá." (Volume 8, Preliminary Investigations, p.
62).
"Seria ingênuo pensar que a burocracia stalinista (esta era a forma caluniosa
com a qual os trotskistas se referiam ao governo soviético) pode ser removida por
meio de um Congresso do Partido ou Soviético. Meios constitucionais normais já não
estão disponíveis para a remoção da panelinha dirigente.
Como Vyshinsky disse: "Aqui você tem uma resposta francamente cínica,
insolente, mas absolutamente lógica."
Esta declaração é singular por sua falta de princípios, por seu cinismo. Aqui
está uma admissão franca de que o acusado lutou contra a política do Partido
justamente porque a política do Partido tinha sido vitoriosa.
Rykov deu uma explicação semelhante para a adoção do terrorismo por seu
grupo clandestino. Ele explicou: "Em vista do caráter ilegal e conspiratório da
organização contra-revolucionária dos direitistas, a ausência de qualquer tipo de
apoio de massa para suas atividades contra-revolucionárias e a ausência de qualquer
esperança de chegar ao poder por outro caminho, a adoção dos métodos terroristas,
na opinião do centro, apresentava algumas perspectivas" [Tríal of Anti-Soviet Bloc of
Rights and Trotskyites).
O acusado Yagoda confirmou na corte que Kirov foi assassinado por decisão
direta do bloco de direitistas e trotskistas, que esta decisão foi conduzida por
Yagoda. Yagoda cumpriu este vergonhoso dever. Ele deu ordens a Zaporozhetz,
assistente-chefe da Administração Regional do Comissariado do Povo de Assuntos
Internos em Leningrado, para fazer tudo que pudesse para que este assassinato
fosse cometido. Cerca de dois meses antes do assassinato, Nikolayev, o assassino
de Kirov e instrumento da organização clandestina trotskista-zinovievista em
Leningrado, foi detido e levado à Administração Regional. Verificou-se que ele
estava de posse de um revólver e cartuchos e um mapa da rota que Kirov
costumava tomar. Estava perfeitamente claro que Nikolayev estava se preparando
para cometer um ato terrorista contra Kirov. Porém, seguindo as ordens diretas de
Yagoda, Zaprozhetz libertou este futuro assassino. Dois meses mais tarde,
Nikolayev assassinou Kirov com a participação direta de Yagoda, que era
encarregado na época de proteger os membros do governo. Era assim que os
traidores da causa do socialismo cometiam esses crimes covardes e infames - o
assassinato do camarada Sergei Mironovich Kirov. Ao assassinar Kirov, "esses cães
raivosos do capitalismo tentavam livrar-se dos melhores de nossa terra. Eles
mataram um dos homens da revolução que era dos mais queridos por nós, este
homem admirável e maravilhoso, tão brilhante e jovial quanto era sempre brilhante
e jovial seu sorriso nos lábios, como nossa nova vida é brilhante e jovial. Eles
mataram nosso Kirov; eles nos feriram em nosso próprio coração. Eles pensaram que
poderiam semear a confusão e a consternação em nossas fileiras." Porém, "aos
atiradores traidores assassinos de 1° de dezembro de 1934, o país inteiro repeliu com
execração unânime." (Vyshinsky, Trial of the Trotskyite-Zinovievite Terrorist
Centre).
"Muito simplesmente. Uma pessoa naturalmente adoece; ela fica doente por
algum tempo; aqueles que a circundam tornam-se acostumados, como é também
natural, à idéia do paciente morrendo ou se recuperando. O médico que trata do
paciente pode facilitar sua cura ou sua morte ... bem, todo o resto é uma questão de
técnica" (ibid.).
Tendo concebido este método de matar, Yagoda impôs aos médicos que
executassem esses assassinatos. Quando o Doutor Pletnev entendeu o método de
Yagoda como uma proposta para usar veneno, Yagoda disse ao Dr. Pletnev: "Não,
isto é cruel, muito cruel e perigoso; o que se deve fazer é empregar um método
adequado de tratamento, apressando o fim da pessoa a quem você foi chamado a
tratar" (ibid.).
Yagoda também propôs assassinar Kirov por este método seguro' de 'matar
de doença', porém sua proposta foi rejeitada por Yenukidze. Yagoda disse:
O assassinato de Gorky
"Algum tempo mais tarde, durante meu encontro seguinte com Yenukidze, ele
me disse que o centro tinha decidido executar uma série de atos terroristas contra
membros do Birô Político e, acrescentou, contra Maxim Gorki pessoalmente
A decisão de matar Gorky foi finalmente tomada pelo bloco porque ele era
um "fiel seguidor da direção de Stalin", porque os conspiradores traiçoeiros
consideravam-no uma "figura perigosa".
Não foi sem bons motivos que Lênin escreveu que Gorky era indubitavelmente
o maior representante da arte proletária, que por suas grandes produção artísticas
tinha formado vínculos firmes com a classe trabalhadora da Rússia e do mundo.
Gorky sentiu que a tempestade viria, ele profetizou a vitória de nosso movimento, o
triunfo do brilhante intelecto do proletariado sobre a treva e a vilania do
capitalismo.
Rykov foi perguntado por Vyshinsky: "Você sabia que estavam havendo
preparativos para a morte de Gorky?" Rykov respondeu: "Não exatamente." O
comentário de Vyshinsky sobre a resposta de Rykov foi muito adequado: "Não
exatamente, mas sabia!"
Assim, está claro que, em 1935, um ano antes de Gorky sucumbir vitimado
por um ato terrorista, Rykov e Bukharin sabiam que Trotsky estava preparando
um ato hostil contra Gorky. Rykov soube por Yenukidze e Bukharin por Tomsky.
Isto é precisamente o que foi testemunhado por Bessonov, quando deu detalhes de
sua conversação com Trotsky em Paris, em julho de 1934. A lógica das coisas
também prova que a preparação de "atos ou ações hostis" contra Gorky não
significava outra coisa senão preparativos para a destruição física de Gorky, pois
não havia outro caminho para "pôr um fim à atividade política de Gorky". A lógica
das coisas também prova este ponto ainda de outra forma, a saber, desde que "os
preparativos de um ato hostil contra Gorky" estavam ligados "à questão da
derrubada do poder soviético", tais preparativos não podiam senão ser para a
destruição física de Gorky. Gorky era muito influente e popular entre as massas;
era também um firme seguidor da linha leninista do Partido. Os conspiradores que
estavam fazendo preparativos para derrubar o governo soviético não poderiam
poupar Gorky, enquanto alvo de suas revoltantes "ações hostis", da mesma forma
que não tinham poupado
Kirov, que tinha se distinguido por sua luta contra o trotskismo contra-
revolucionário, que tinha despachado os trotskistas e zinovievistas em Leningrado.
Todos os marxistas-leninistas estavam na lista trotskista daqueles a serem
assassinados. Alguns foram assassinados com sucesso. Em outros casos, eles não
tiveram sucesso. Disto falaremos mais adiante.
colocar em prática a fórmula de Yagoda, de matar por graus, "assassinar com uma
garantia" - o método de assassinar com a ajuda de conhecimento especializado.
Assim, Yagoda empregou uma gangue de assassinos e envenenadores
especialmente treinados - Levin, Plenev, Kazakov, Maxim-Dikovsky, Kryuchkov e
Bulanov. Yagoda escolheu médicos para cometerem esses crimes monstruosos
porque, como Vyshinsky colocou, "eles contavam com as circunstâncias históricas,
por assim dizer", porque outros métodos poderiam se mostrar perigosos. As
descobertas da comissão de maior autoridade dos experts médicos, que
investigaram completamente todo o material colocado à sua disposição, não
deixam dúvida alguma de que os médicos, sob as instruções de Yagoda, e com o
pleno conhecimento e aprovação do centro direitista-trotskista, provocaram as
mortes de Gorky, Kuibyshev e Menzhinsky. Foram as seguintes as questões
colocadas para a Comissão e suas respostas a estas questões em conexão com a
morte de Gorky:
criminosos em ação não estaria completo sem ao menos uma breve referência ao
numero de seus assassinatos e tentativas de assassinatos que, por uma razão ou
outra, não puderam ser perpetrados.
Esta lista inclui os seguintes, que escaparam de ser vítimas dos desígnios da
gangue trotskista de assassinos e traidores profissionais: Stalin, Molotov,
Voroshilov, Kaganovich, Orjonikidze, Zhdanov, Kossier, Postyshev, Eiche e Beria. O
tempo não me permite, camaradas, tratar de todos estes casos exaustivamente.
Escolherei três casos para tratamento relativamente detalhado. Sobre os restantes,
serei forçado a fazer apenas uma breve menção. Os três casos que escolhi para
tratamento detalhado são os que dizem respeito aos preparativos e atentados
contra as vidas dos camaradas Stalin, Molotov e Orjonikidze.
transmitidas a ele por Dedov, filho de Trotsky, contactou Fritz David. Os dois
discutiram os preparativos para um atentado contra a vida do camarada Stalin na
13a Plenária do Comitê Executivo do Comintern. O plano fracassou, entretanto,
porque não se conseguiu obter um bilhete de ingresso para Berman-Yurin. Por
isso, decidiu-se adiar o assassinato do camarada Stalin até o Congresso do
Comimtern, porém este atentado também fracassou. Eis o que Berman-Yurin disse
sobre esse fracasso:
"O Congresso deveria ter-se realizado em setembro de 1934. Dei a Fritz David
uma pistola e as balas para que as escondesse. Porém, antes da abertura do
Congresso, Fritz David me informou que outra vez não tinha conseguido obter um
bilhete para mim, mas que ele próprio estaria no Congresso. Concordamos em que ele
deveria ser o encarregado do ato terrorista.
Vários dias mais tarde encontrei Fritz David, e ele disse que não conseguiu
atirar. Ele estivera sentado em um compartimento onde havia muitas pessoas, e não
teve possibilidade de atirar. Assim, esse plano fracassou também."
Arnold: "Nesta época, era em 1933..." (Pausa)."O que você queria que eu
contasse?"
Vyshinsky: "O trabalho do qual Shestov lhe encarregou. Seu trabalho atual?"
Arnold: "Cherepukhin."
Arnold: "Falei."
Arnold: "Eu era encarregado de dois lugares onde cometer atos terroristas:
um lugar era na Área n° 3, o outro era na Área n° 8."
Vyshinsky: "Bem, siga com sua estória. Por que você repentinamente perdeu a
voz? Quando você organizou os atos terroristas?"
Arnold: "O primeiro ato terrorista foi em 1934, no começo do ano, ou melhor,
na primavera."
Arnold: "Eu concordei com a proposta. No dia seguinte eu dirigi meu carro,
porque, como gerente da garagem e como membro do Partido, eu estava acima de
suspeita. Dirigi-me à estação. Orjonikidze, Eiche e Rukhimovich estariam lá. Dirigi-
me então à Colônia Alemã, e eles me pediram para seguir dali até Tyrkan e, quando
eu estava no topo da montanha, eles me pediram para parar até que pudessem ter
uma vista completa de Prokopyevsk. Nós então paramos na área combinada, n° 7-8-
9. Cherepukhin tinha me advertido de que todos estivessem de prontidão ali. 'Você
Vyshinsky: "Você não podia fazê-lo, não teve coragem? Sorte nossa. E o
segundo caso?
Shestov: "Sim."
Vyshinsky: "E você soube acerca deste ato por Arnold, depois que foi feito?"
Shestov: "Sim, foi somente no outono que ele me falou disso, ao final de 1934."
Vyshinsky: "E em que circunstâncias você falou com ele sobre isso?" Shestov: "Ele
veio trabalhar na mina Anzhero-Sujensk." Vyshinsky: "Bem, e então, por que ele lhe
deveria contar sobre isso?" Shestov: "Eu quis saber como tinha
acontecido." Vyshinsky: "Ele sabia que foi feito sob suas instruções?"
Shestov: "Eu quis saber sobre o assunto do ponto de vista da técnica, por quê
e como."
Vyshinsky: "Isto é, você lhe perguntou?" Shestov: "Sim." Vyshinsky: "E ele explicou?"
Shestov: "Sim."
Shestov: "Sim."
Shestov: "Sim."
O presidente: "Pode."
Vyshinsky: "Muralov, devo verificar o testemunho neste ponto uma vez mais.
Você admite que deu instruções a Shestov para organizar um atentado contra a vida
do camarada Molotov?"
Notas
tinha, portanto, de eliminar Kirov para estabelecer o seu próprio poder absoluto.
Isto seria parte da suposta política de Stalin de ganhar poder pela eliminação dos
'velhos bolcheviques' que estavam em seu caminho.
"Para entender por que algo aconteceu, é necessário antes de tudo saber
o que aconteceu" (p. 9).
"Às vezes se pensa que Kirov foi um 'moderado' que se opôs à linha
geralmente dura de Stalin em vários campos. De acordo com boa parte da
literatura, Stalin matou Kirov para abrir caminho para sua política de
terror", e então "diz-se que ele usou o assassinato de Kirov como um pretexto
para a fase seguinte do 'Grande Expurgo', na qual ele aniquilou membros da
velha oposição bolchevique por sua alegada cumplicidade na morte do lider
popular" (pp. 92-93).
E adiante:
Capítulo 9
...Desta forma, esses soros foram distribuídos, e a infecção artificial foi levada
a cabo nessas três regiões.
Zelensky: "É."
Zelensky: "Sim."
Zelensky: "Insatisfação."
Zelensky: "Era."
Zelensky: "Esforçou-se."
Vyshinsky: "E a manteiga que era enviada para venda, era sempre de boa
qualidade, ou você tentava deteriorar sua qualidade também?
Zelensky: "Sim."
Zelensky: "Houve."
Zelensky: "Sim."
E adiante:
Vyshinsky: "Houve um caso, em 1936, quanto Moscou ficou sem ovos por sua
culpa, não de você, pessoalmente, mas de um dos participantes ativos desta
conspiração?"
Zelensky: "Houve".
Sharangovich acrescentou: "Mais uma vez desejo falar à corte das atividades
terroristas nas quais eu e nossa organização clandestina nos engajamos, agindo sob
as instruções do 'Bloco de Direitistas e Trotskistas' e da Equipe Geral Polonesa" (Trial
of Anti-Soviet Bloc of. Rights and Trotskyites , p. 742).
"Em geral, tudo isso não foi feito pela iniciativa própria dessas pessoas [isto é,
os gerentes, etc.], mas sob instruções de Trotsky e depois sob minhas próprias
diretivas pessoais" (Trial of Anti-Soviet Trotskyite Centre, p. 47).
que deveriam "empenhar-se no trabalho", isto é, que eles deveriam organizar mais
destruição e sabotagem, pois Trotsky tinha estado enviando cartas e diretivas.
Trotsky "acusava-nos de inação que chega às raias de sabotagem de suas
diretivas". Isto revela nosso superindustrializador Trotsky como ele realmente era.
Ele acusava seus capangas de 'sabotagem' porque eles não estavam realizando
bastante sabotagem na indústria soviética!!
"Eu aconselhei meu pessoal (isto eu mesmo) a não espalhar seu trabalho
destrutivo, mas concentrar toda sua atenção sobre as principais empresas
industriais, que eram importantes para a defesa e de importância para toda a União.
E, como Vyshinsky disse: "Faça-se justiça a ele, Pyatakov sabia como desferir
golpes contundentes nos pontos realmente sensíveis."
O acusado Knyazev relatou que Livshitz instruiu-o "a preparar-se para levar
a cabo atos (explosões, descarrilhamentos de trens ou envenenamentos) que fossem
acompanhados por grande perda de vida humana" (ibid.).
Foi isto, precisamente, o que foi feito. O centro trotskista causou uma
explosão no Poço Tsentralnaya, que resultou na morte de 10 operários e
ferimentos graves em 14 outros. A colisão de trens deliberadamente planejada na
estação de Shumikha resultou na morte de 29 homens do Exército Vermelho e
ferimentos em antros 29. Esta destruição foi produzida por Kayazev, em 27 de
outubro de 1935, sob a instrução de Livshitz, o Comissário do Povo Assistente das
Ferrovias. Em 1935-36, Kayazev, agindo sob instruções de Livshitz, organizou e
levou a cabo a destruição de vários trens - trens de passageiros e trens de tropas -
envolvendo perda de vidas. Outros que estavam ativos em levar a cabo atividades
destrutivas na esfera das ferrovias eram Serebryakov, Turok e Boguslavsky.
Questão: "O que poderia ter sido feito para evitar a explosão?"
Resposta: "Muito pouco teria de ser feito. Tudo que se requeria é que fossem
seguidas as normas de segurança. Porém isso não foi feito. Daí a explosão."
"A diferença entre nós [os acusados] e os fascistas", disse Evdokimov, "nos é
muito desfavorável. O fascismo aberta e francamente inscrevia em sua bandeira:
Morte ao Comunismo'. Em nossos lábios, tínhamos o tempo todo: 'Longa vida ao
Comunismo', enquanto por nossas ações estávamos lutando contra o socialismo
vitorioso na URSS. Em palavras - 'Longa vida ao Partido Comunista da União
Soviética'. Em ações — preparação para o assassinato dos membros do Birô Político
do comitê Central do Partido, um dos quais [isto, é, Kirov] nós matamos. Em
palavras: Abaixo o Imperialismo', em ação, 'apostando na derrota da URSS na luta
contra o imperialismo internacional' (Trial of the Trotskyite-Zinovievite Centre).
"Peço-lhes que acreditem que estou falando a verdade e nada mais do que a
verdade. Peço-lhes que me reincorporem nas fileiras do Partido e me dêem uma
oportunidade de trabalhar para a causa comum. Eu dou minha palavra como um
revolucionário que serei o mais devotado membro do Partido e farei todo o possível
para que possa, ao menos em alguma medida, expiar a minha culpa diante do
Partido e do seu Comitê Central."
A perda deste homem amado e querido está sendo sentida como a perda de
alguém que era mais próximo e mais querido de todos ...
Um filho da classe operária- isto era esse Homem Iluminado", "nosso querido,
sincero, forte ... não se podia deixar de amá-lo, não se podia deixar de sentir orgulho
dele."
O que se pode dizer, que palavras podemos usar, para descrever plenamente a
vileza e a repugnância desse sacrilégio? Perfídia! Dubiedade! Esperteza!
Foi você, Zinoviev, quem, com sua mão sacrílega, extinguiu esse iluminado, e
você começou pública e hipocritamente a arrancar os cabelos afim de enganar o
povo.
Vyshinsky "Que avaliação deveria ser feita dos artigos e declarações que você
escreveu em 1933, nas quais expressava lealdade ao Partido? Falsidade?"
Vyshinsky: "Perfídia?"
Kamenev: "Pior."
Radek terminou o seu artigo com o seguinte parágrafo: "A corte proletária
lavrará sentença sobre esses assassinos sanguinários, aos quais eles serviram uma
centena de vezes. As pessoas que empunharam a espada contra os dirigentes amados
do proletariado devem pagar com suas cabeças por seus crimes sem paralelo. O
principal organizador dessa quadrilha e de suas ações, Trotsky, já foi condenado pela
história ao pelourinho da desonra. Ele não escapará ao veredicto do proletariado."
Foi isto que Radek e Pyatakov escreveram sobre Zinoviev e Kamenev, mas
isso contrariava o que eles escreviam sobre eles mesmos, pois, como sabemos
agora, não somente Radek e Pyatakov sabiam antecipadamente do atentado contra
a vida de Kirov, como concordaram com a execução do atentado.
Foi justamente nesta época que tomou forma a organização clandestina que
começou a opor-se ao poder soviético pelas armas. Bukharin admitiu, durante seu
julgamento, que suas declarações anteriores foram uma mentira, uma manobra
tática para enganar o Partido. Quando Bukharin escreveu as frases acima, nessa
mesma época, de acordo com o seu próprio testemunho e os de Rykov e Ivanov, ele
estava engajado em acirrar a luta no Norte do Cáucaso e na organização das
revoltas dos kulaks contra o poder soviético.
Foi precisamente por causa das máscaras usadas por essas pessoas e pelas
altas posições oficiais que elas ocupavam que elas escaparam de serem
descobertas por longo tempo2.
Se isso era o que eles faziam quando não estavam no poder, a magnitude
dos crimes que eles teriam cometido, se tivessem chegado a poder, é inimaginável.
Assim, pode-se ver que essa quadrilha tentou chegar ao poder sobre uma
montanha de cadáveres. Todavia, há pessoas, até mesmo 'marxistas', que
lamentam as punições justas aplicadas pela corte de Justiça revolucionária a essa
quadrilha de assassinos, que se descreviam como 'bolcheviques'. Esses 'marxistas'
nunca mostraram qualquer sinal de derramar uma lágrima que fosse por aqueles
que foram vítimas das atividades terroristas e destruldoras dessa quadrilha; pelos
milhões de pessoas que mais uma vez seriam submetidas à escravidão e
exploração salarial se essa quadrilha tivesse alcançado o poder. A verdade é que
aqueles que derramam lágrimas pelo destino dos acusados nesses julgamentos -
um destino conseqüente com suas próprias atividades criminosas e traiçoeiras
contra a terra do socialismo - não são marxistas. Eles são traidores capitalistas, que
lamentam que o capitalismo não tivesse sido restaurado na União Soviética.
Antes de terminar este capítulo, é preciso fazer uma pergunta: como foi que,
a despeito de todas as atividades destruidoras e diversionistas dessa quadrilha - os
acusados -, a União Soviética foi capaz de avançar em todas as frentes -econômica,
técnica, militar, política, ideológica e cultural - e construir o socialismo? A resposta
é simples, a saber, que se havia dezenas de pessoas inescrupulosas solapando os
Passaremos agora a outro capítulo, que trata das atividades traiçoeiras dos
acusados, isto é, de seus acordos com as potência fascistas e outras.
Notas
Contudo, os sucessos, como todas as outras coisas sob o sol, têm seu lado
ruim. Entre as pessoas que não estão acostumadas aos grandes sucessos
políticos e às grandes realizações, não é pouco freqüente surgirem descuido,
complacência, auto-satisfa-ção, excessiva autoconfiança, exibicionismo e
fanfarronice. Vocês não podem negar que as bravatas ultimamente têm
crescido tremendamente entre nós. Não é surpreendente, nessas
circunstâncias de grandes e sérios sucessos na esfera da construção socialista,
Devo aqui dizer umas poucas palavras acerca dos perigos ligados aos
sucessos, acerca dos perigos ligados às realizações.
Capítulo 10
"Em 1921, Trotsky disse-me para aproveitar um encontro com Seeckt durante
negociações oficiais para propor a ele, Seeckt, que concedesse a Trotsky um subsídio
regular para o desenvolvimento das atividades ilegais trotskistas, ao mesmo tempo
que ele me disse que, se Seeckt apresentasse uma contraproposta pela qual
fornecêssemos serviços na esfera da espionagem, deveríamos e poderíamos aceitar ...
Apresentei a questão a Seeckt e falei na soma de 250.000 marcos-ouro, que eqüivalia
a 60.000 dólares, por ano. O General Seeckt, após consultar seu assistente, o chefe do
Estado-Maior, concordou em princípio e colocou a contra-exigência de que certas
informações confidenciais e importantes de natureza militar fossem transmitidas a
ele, mesmo que não regularmente, por Trotsky, em Moscou, u por meu intermédio.
Além disso, ele receberia assistência para obter vistos para algumas pessoas que eles
necessitavam e que enviariam à União Soviética como espiãs. Esta contra-exigência
do General Seeckt foi aceita e, em 1923, este acordo entrou em vigor" (Acusado
Krestinsky, no Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights and Trotskyites).
"O comércio exterior era criminalmente utilizado, por meio do uso e roubo de
fundos para financiar o movimento trotskista. Sem me deter num grande número de
procedimentos talvez insignificantes, mencionarei dois dos mais importantes
exemplos. O primeiro foi uma operação levada a cabo por Krayevsky, envolvendo US$
300.000, que foram transferidos à organização trotskista ou diretamente a Trotsky"
(Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights and Trotskyites).
Perto do fim de 1923, teve lugar um ataque aberto dos trotskistas ao Partido.
A derrota que nós, trotskistas, sofremos somente serviu para intensificar nosso
ressentimento e acirrar a luta.
No final de 1927, Trotsky lançou todas as suas forças na luta, porém sofreu
derrota esmagadora e completa. Os trotskistas foram expulsos do Partido. A maioria
dos seus dirigentes foi exilada. As massas estavam contra nós, e uma luta aberta não
oferecia perspectivas de sucesso. Em conformidade, Trotsky deu instruções a
todos que tinham sido expulsos ou exilados para tentarem retornar ao Partido,
oferecendo declarações falsas no sentido de terem renunciado a suas posições. Ao
mesmo tempo, ele deu instruções para a restauração da organização trotskista
ilegal, que agora assumiria um caráter puramente conspiratório.
Seu método de luta era abrir caminho para um golpe armado. Os meios para
este fim eram o terrorismo, a destruição e o diversionismo.
Aceitei o programa proposto por Trotsky e também aderi aos novos métodos
de luta. E, a partir desse momento, assumi a responsabilidade política e criminal
completa por todos esses métodos de luta.
Prova relativa aos acordos concluídos por Trotsky1 com a Alemanha nazista
e o Japão fascista foi também encontrada no testemunho de Sokolnikov e Radek.
Ambos deram conta detalhada dos vários encontros que tinham tido com os
representantes diplomáticos da Alemanha fascista que firmemente confirmaram
que Trotsky não estava mais agindo por si próprio, que atrás dele realmente havia
pessoas que ocupavam posições influentes e importantes no governo e na
economia soviética. Eis o que Sokolnikov disse:
Sokolnikov: "Sim."
Um fator adicional que conduziu os trotskistas aos braços dos fascistas, que
levou o bloco de direitistas e trotskistas a entrarem em acordo com os fascistas,
que os levou a entrarem "no rumo da luta terrorista, de luta destruidora, de atos
diversionistas, em uma posição derrotista", foi sua superestimação da força do
fascismo alemão e subestimação do poder da URSS e um desejo de chegar a um
acordo com o fascismo.
Este 'convênio' é muito como seu acordo, senhores acusados, senhores oficiais
do fascismo alemão e japonês."
Rykov: "Sim."
Vyshinsky: "Mas havia uma conexão de espionagem mantida por uma parte
de sua organização com os poloneses sob suas instruções?"
Rykov: "Certamente."
Rykov: "Certamente."
Rykov: "Absolutamente".
Rykov: "Pode-se dizer que sim." (Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights and
Trotskyites).
Não seria mais verdadeiro dizer que a eliminação dos espiões, assassinos e
traidores de nossas organizações soviéticas teria que levar e levou ao maior
fortalecimento dessas organizações?
"Em resumo, como um dos dirigentes do Centro Direitista, era meu dever
comunicar nossa linha a um dos dirigentes do centro da periferia."
Qual era a linha que Bukharin tinha de comunicar "como um dos dirigentes
do Centro Direitista"? Disse Bukharin:
"Eu percebi que o próprio Trotsky tinha perdido a fé. A primeira variante foi
uma forma disfarçada de dizer: Bem rapazes, tentem derrubar o poder soviético por
si próprios, sem Hitler. O quê, vocês não podem? Tentem alcançar o poder por si
próprios. O quê, vocês não podem? O próprio Trotsky já sentia sua completa
impotência interna e apostava em Hitler. A aposta agora era em Hitler. Os velhos
trotskistas tinham entendido que era impossível construir o socialismo em um só país
e que era, portanto, necessário forçar a revolução no Ocidente. Agora, eles estavam
dizendo que a revolução no Ocidente era impossível, e assim, que se destruísse o
socialismo em um só país, destruísse o socialismo na URSS. Todavia, ninguém podia
deixar de ver que o socialismo em um só país tinha sido construído" (Trial of the Anti-
Soviet Trotskyite Centre).
Notas
japonês para deflagrar uma luta conjunta contra o poder soviético e a URSS.
Bessonov disse que este acordo foi concluído com base nos seguintes cinco pontos:
(c) O fascismo alemão deveria dar ajuda para um golpe de Estado na URSS,
sendo o seu propósito transferir o poder para o bloco de direitistas e trotskistas.
Capítulo 11
Estado:
"Eu recordo que uma vez, em minha presença, Bukharin formulou a idéia de
abrir a frente... a existência de um grupo militar, dirigido por Tukhachevsky, que
tinha ligação com nosso centro e que visava tirar vantagem de uma guerra para
derrubar o governo. Isto significava preparar a intervenção pura e simples. Nossos
tratados com os alemães, que intensificamos de todo modo, tinham o propósito de
estimular de toda maneira um ataque armado, visto que nessa esfera a organização
da conspiração tinha entrado em relações traiçoeiras com eles" (Trial of the Bloc of
Rights and Trotskyites, p. 186).
"O ponto em que parei foi na conferência que tivemos com Tukhachevsky. Ela
teve lugar no final de março (1937) ... Nesta conferência, Tukhachevsky declarou que
'Tomsky disse-me que duas variantes foram discutidas: o caso em que o novo
governo seria formado em época de paz', e isto significava que os conspiradores
organizariam um novo governo em tempo de paz e 'o caso em que seria organizado
em tempo de guerra; no ultimo caso, os alemães estavam pedindo grandes concessões
econômicas', concessões das quais já falei, 'e estavam insistindo em cessões de
território'."
E com essa base, parece-me provável que cada um de nós, sentados aqui no
banco dos réus, sofre de uma dualidade de pensamento peculiar, de uma fé
incompleta em sua causa contra-revolucionária. Eu não diria que a consciência disso
estava ausente, porém era incompleta. Daí uma certa semi-paralisia da vontade, um
retardamento dos reflexos. Parece-me que nós éramos, em certa extensão, pessoas
com reflexos retardados. E isto não era devido à ausência de pensamento consistente,
mas ao objetivo grandioso da construção socialista. A contradição que surgia entre a
aceleração de nossa degeneração e esses reflexos retardados expressavam a posição
de um contra-revolucionário, ou um contra-revolucionário em desenvolvimento, sob
as condições da construção socialista em desenvolvimento. Uma psicologia dual
surgiu. Cada um de nós podia discernir isto em seu próprio ser, embora eu não me
engaje numa análise psicológica de longo alcance.
Eu mesmo algumas vezes fiquei empolgado pelos elogios que escrevi sobre a
construção socialista, embora pela manhã eu repudiasse isto, pelas ações práticas de
caráter criminoso. Surgia o que, na filosofia de Hegel, era chamado de estado de
espírito muito infeliz. “Este estado de espírito muito infeliz diferia do estado de
espírito infeliz ordinário somente pelo fato de que era também um estado de espírito
criminoso.”
Foi o que aconteceu no caso de Trotsky. Ele começou com uma análise
errada quanto ao papel do campesinato na revolução russa. Este foi "um pequeno
erro" que, se corrigido, poderia não ter levado Trotsky à degeneração. Em lugar de
retificar seu "pequeno erro", entretanto, Trotsky "persistiu nele" "eruditamente o
demonstrou" e conduziu a "sua conclusão lógica". O resultado foi que o "pequeno
erro"de Trotsky não apenas se tornou uma "monstruosidade", mas também um
crime. A teoria de Trotsky da 'revolução permanente', com sua subestimação do
papel do campesinato, foi a causa da degeneração de Trotsky. Foi o ponto de
partida da estrada que o levou à aliança com o fascismo. Não tendo corrigido sua
'teoria' errada, Trotsky partiu na longa estrada de oposição ao bolchevismo. Ele se
juntou ao Partido Bolchevique apenas poucos meses antes da revolução. Após a
revolução, ele perseguiu suas atividades anti-Partido e divisionistas em relação a
questões como Brest-Litovsky, os sindicatos, etc. Guiado por sua teoria da
'revolução permanente', Trotsky opôs-se à construção do socialismo na URSS.
Como sua linha sofreu derrota após derrota no Partido, como ele ficou cada vez
mais isolado das fileiras do Partido e da classe operária da URSS, ele passou aos
métodos conspiratórios e conexões com os estados fascistas e imperialistas. Foi
assim que o trotskismo degenerou. A história total da luta do trotskismo contra o
bolchevismo e o leninismo não foi senão uma escola preparatória para a
transformação do trotskismo de uma tendência política equivocada, que tinha sido
no movimento operário, em uma "quadrilha de destruidores profissionais,
diversionistas, espiões e assassinos sem princípios e sem ideais".
"E a pergunta que surge e à qual eu, como um dos envolvidos, sinto
necessidade de encontrar uma resposta, é a questão de como membros antigos do
governo, embaixadores antigos, terminaram aqui. Que forma de insanidade política
levou-os a este banco dos réus de infâmia política?"
veremos que eles terminaram no banco dos réus precisamente por causa
de "numerosos desvios sérios", porque não corrigiram seus "pequenos erros" mas, ao
contrário, "persistiram" neles e os conduziram a sua conclusão lógica. Esta é a
única explicação científica.
"É doloroso me dar conta de que eu, que entrei no movimento revolucionário
em meus primeiros anos e fui um membro do Partido honesto e devotado por duas
décadas, tenha terminado por me tornar um inimigo do povo e me encontrar
aqui no banco dos réus. Porém, eu confesso que aconteceu porque, tendo uma vez
cometido um erro político, eu subseqüentemente persisti nele e agravei esse erro, que,
pela inevitável lógica dos fatos, envolveu-me em crimes dos mais graves."
Outra vez, camaradas, a pergunta que deve ser feita: quais foram as forças
sociais, interna e externamente, que apoiaram os trotskistas, zinovievistas e
direitistas, todas elas acreditando que era impossível construir o socialismo na
URSS? Que parcela da população soviética apoiou esses grupos que se opuseram à
política do Partido e de construção do socialismo na URSS? A resposta é clara,
camaradas. Somente aquelas parcelas que não desejavam a construção do
socialismo apoiaram os vários grupos anti-Partido. Esses elementos, hostis à
construção socialista, podem ser listados, e incluirão: o especialista burguês, o
mercador e lojista urbano, o kulak, o nacionalista burguês, o burocrata ex-tzarista,
as seções politicamente degeneradas do Exército e certamente os mencheviques e
os social-revolucionários.
"Nós devemos lembrar", disse Lênin uma vez, "que estamos o tempo todo à
beira da invasão" (Collected Works, Vol. 27, p. 117).
E novamente: "Nós estamos cercados pela burguesia mundial, que vigia cada
minuto de vacilação afim de trazer de volta 'os seus', de reinstalar os senhores de
terra e a burguesia" (Collected Works, Vol. 26, p. 348).
"A resistência das classes agonizantes em nosso país não terá lugar isolada do
mundo exterior, mas encontrará apoio do cerco capitalista" (Problems of Leninism, p.
386).
declarado: "As condições da produção na Rússia estão sendo reformadas cada vez
mais em uma base capitalista pelo rumo do desenvolvimento objetivo e, com isto, em
conseqüência da economia bolchevique, tanto o capital russo quanto o estrangeiro
inevitavelmente reconquistarão uma posição após outra."
"Na esfera da política, uma nova nota nesta carta era a forma como ele
colocava a questão do poder. Em sua carta, Trotsky disse: 'Não se pode falar de
nenhum tipo de democracia. A classe operária viveu 18 anos de revolução e tem
vastos apetites; e a classe operária terá de ser enviada de volta para as fábricas de
propriedade privada e em parte para as fábricas de propriedade do Estado, que
terão de competir com o capital estrangeiro sob as condições mais difíceis. Isto
significa que o padrão de vida da classe operária será dramaticamente rebaixado.
No interior do país, a luta dos camponeses pobres e médios contra os kulaks será
renovada. E, então, para preservar o poder, necessitaremos de um governo forte,
não importa que formas sejam empregadas para disfarçá-lo'" (Trial of the Anti-
Soviet Trotskyite Centre, p. 114).
É por isso que estes julgamentos estão sendo seguidos com a respiração
suspensa pelo povo operário por todo o mundo, e particularmente naqueles países
onde o povo está engajado em uma luta heróica por sua liberdade, contra a tirania
fascista.
Nada melhor, ao nosso ver, poderia ser dito sobre o significado histórico dos
julgamentos.
Capítulo 12
Hollywood, de tal modo que ninguém que tenha lido os relatórios textuais desses
julgamentos poderia senão surpreender-se ao ler a versão burguesa dos
julgamentos e se perguntar se estava lendo sobre a mesma coisa. A versão
burguesa não tem relação, qualquer que seja, com os reais julgamentos de Moscou,
razão por que as críticas burguesas desses julgamentos não são críticas científicas,
mas as críticas de uma classe agonizante e decadente e dos seus lacaios ideológicos
que recebem vultosos salários para fazerem esse trabalho sujo na defesa da classe
dirigente burguesa imperialista cambaleante e moribunda. Essas críticas são, em
outras palavras, produto do autointeresse da burguesia. É, contudo, necessário
tratar delas, pois exercem forte influência sobre o pensamento não somente de
nossa juventude 'educada' como também do povo trabalhador. Por isso,
apresentaremos cada crítica, a responderemos e partiremos para a seguinte.
Crítica número um
"A Comissão conclui, a partir das evidências em seu poder, que as destruições,
atrasos e danos atribuídos aos acusados nos julgamentos de Moscou são explicáveis
em termos da pressa, da ineficiência e dos projetos excessivamente ambiciosos e que
as acusações de sabotagem, destruição e diversionismo, no que diz respeito a Leon
Trotsky, não estão provadas e não são críveis."
o Saturday Evening Post divulgou três artigos de Mr. Littlepage nos quais, tratando
do tema da destruição, este senhor teve isto a dizer:
Sob sua prolongada direção, a região dos Urais, que tinha riquezas minerais
quase ilimitadas e tinha recebido grandes capitais para exploração, nunca produziu
nem perto do que deveria. Eu positivamente recusei-me a trabalhar no território
controlado por aquele homem em 1932; cinco anos mais tarde, em 1937, ele foi preso
sob a acusação de sabotagem industrial durante um período de nove anos. Quando
soube de sua prisão, não me surpreendi.
Os métodos que tinham sido usados nessas minas seriam capazes de fazer
desfalecer um engenheiro de minas. Tinham provocado desmoronamentos tão
grandes que a produção estava quase parada. As minas se situavam ao longo de um
rio e as escavações tinham causado um súbito e grande aumento no fluxo da água,
que tinha sobrecarregado o equipamento de bombeamento, e as minas estavam em
tais condições que corriam o risco de serem perdidas irremediavelmente a qualquer
momento, através de enchentes. O Governo tinha gasto grandes somas em
maquinário e equipamentos norte-americanos modernos para essas minas, mas
grande parte estava já inutilizada. Por exemplo, um belo e grande concentrador de
flotação tinha sido construído, porém estava em péssimas condições, porque o
equipamento não tinha sido cuidado e os trabalhadores não eram treinados no uso
de maquinário norte-americano, que os próprios engenheiros russos não entendiam.
Estava claro para mim que os gerentes comunistas das minas, ignorantes de
problemas de engenharia, tinham compelido esses companheiros jovens a agirem
contra seu melhor julgamento, a fim de obter algum crescimento imediato da
produção às expensas do futuro e mesmo com o risco de grandes volumes de minério
valioso.
Bem, uma de minhas últimas tarefas na Rússia, em 1937, foi uma chamada
apressada para essas mesmas minas. Quando olhei as instalações, fiquei disposto a
deixar a Rússia de uma vez por todas. Uma vez mais as minas estavam à beira da
destruição. Milhares de toneladas de minérios já tinham sido perdidas
irremediavelmente e, em poucas semanas, se nada fosse feito, o estoque total teria
sido perdido.
Descobri que a unidade tinha andado bastante bem durante dois ou três anos
depois que eu as reorganizei, em 1932. Então, uma comissão veio do quartel-general
de Pyatakov, como nas minas em Khalata. Minhas instruções tinham sido jogadas
fora e um sistema de escavação tinha sido introduzido naquelas minas que
certamente causaria a perda de grande parte do minério em poucos meses. Pilares
que tínhamos preservado para proteger os principais poços de trabalho tinham sido
minados, de sorte que o solo em torno desses poços estava cedendo.
Em vista dos fatos como antes descritos, toda tentativa de negar a existência
de destruição, sabotagem, diversionismo e terrorismo cai por terra.
(a) Tortura
Vyshinsky: "Estou interessado em saber por que você decidiu dar testemunho
verdadeiro. Examinando o relatório de investigação preliminar, vejo que em uma
série de interrogatórios você negou ter tomado parte em trabalho clandestino. Foi
isso mesmo?"
Muralov: "Eu penso que houve três razões que me contiveram e me induziram
a negar tudo. Uma razão era política e profundamente séria; duas, de caráter
exclusivamente pessoal. Começarei com a menos importante, meu caráter. Eu estou
muito esquentado e rancoroso. Esta é a primeira razão. Quando eu fui preso, fiquei
amargo de rancor." Vyshinsky: "Você foi maltratado?"
Vyshinsky: "Mas talvez tenham sido utilizados métodos brutais contra você?"
Muralov: "Não, nenhum método assim foi utilizado. Eu devo dizer que em
Novosibirsk e aqui fui tratado polidamente e nenhuma razão houve para
ressentimento. Fui tratado muito decentemente e polidamente." [Trial of the Anti-
Soviet Trotskyite Centre, pp. 231-2).
Thornton foi questionado sobre por que assinou a seguinte declaração: "Os
protocolos do interrogatório, na presença primeiro de Gussev, minha e dos dois, e
depois de Kutuzova, minha e dos dois, que me foram mostrados durante este
interrogatório, e nos quais eu confesso fatos sobre minhas atividades de espionagem
e minhas relações com outras pessoas, eu li. Eu não posso fazer considerações
adicionais sobre os relatórios desses protocolos. Os protocolos foram transcritos
corretamente e estão confirmados por minha assinatura."
Thornton: "Sim."
Thornton: "Sim."
O Presidente: "Porém, por que você deu tal informação? Para tomar o tempo
de todos, da Corte, do Promotor Público? Ou você tinha alguma razão especial? O que
você está dizendo é um absurdo. Você esteve dando depoimentos por três semanas e
resolve negá-los agora."
O Presidente: "Como você foi amedrontado? Por quem você foi amedrontado?
Onde e quando você foi amedrontado?"
O Presidente: "Não, dê uma resposta direta, para que fique claro e simples
para todo mundo: quem amedrontou você, quando o amedrontou, em que sala?"
Thornton: "Alguns dos pontos estão certos e alguns deles eu gostaria de rever
e me disseram que isto teria de ser feito durante o julgamento."
Thornton: "Não."
Vyshinsky: "E com sua cabeça? Quando você estava escrevendo, você
considerou e pensou?"
Vyshinsky: "Os depoimentos que você deu antes foram dados muito
livremente e voluntariamente, sem pressão ou coerção. Eu o entendo assim
corretamente?"
Thornton: "Corretamente."
Macdonald: "Não."
Vyshinsky: "Quando?"
(b) Que as confissões foram extraídas pelo uso de drogas, hipnotismo - por
meio da destruição de 'todos os reflexos humanos'
Desnecessário é dizer que esta crítica é tão absurda quanto fantástica. Nesta
crítica, o vôo de fantasia do pensamento burguês registrou um completo e total
rompimento com a realidade, um absoluto distanciamento dela. O absurdo desta
crítica está provado não apenas pela ciência médica, mas também pelo
comportamento dos acusados no banco dos réus, que discutiram longamente
questões políticas complicadas, responderam perguntas por horas, empenharam-
se num diálogo com o promotor do Estado, Vyshinsky. Alguns deles discutiram
mesmo filosofia, no banco dos réus: referindo-se a Bukharin, Vyshinsky disse
que "até mesmo invocou Hegel como testemunha". E eles conduziram sua própria
defesa. Poderia tal comportamento estar associado a pessoas drogadas ou
hipnotizadas? Poderia tal comportamento ser atribuído a pessoas que tinham tido
todos os seus reflexos humanos destruídos? Seguramente não.
"O acusado declarou que eles não foram submetidos a qualquer tortura. Nada
nos permite afirmar o contrário. Por outro lado é improvável que a tortura pudesse
dobrar homens da têmpera de Pyatakov, Radek, Muralov...
O que pode ser mais absurdo do que essa 'explicação' dada por Trotsky e
seus seguidores franceses? Por um lado, os trotskistas e outros críticos burgueses
dos julgamentos continuam a afirmar que os acusados nos julgamentos eram
bolcheviques e velhos revolucionários que estavam lutando contra a 'burocracia
stalinista', 'a casta dirigente', e que se encontraram no banco dos réus porque
Stalin queria ver-se livre deles. Por outro lado, ouvimos dessa mesma gente que os
acusados aceitaram falsas acusações, fizeram falsas confissões, que eles sabiam
que custariam suas vidas, por dever ao Partido e para agradar a Stalin! Em outras
palavras, eles assumiam suas próprias falsas confissões pelo amor à 'burocracia',
à 'casta dirigente' e ao 'burocrata chefe', Stalin, isto é, por amor e pelo dever, ao
mesmo Partido que eles tinham até então considerado burocrático e contra o qual
tinham lutado com todas as forças.
O que pode ser mais absurdo do que a afirmação contida nas notas antes
citadas dos trotskistas franceses, de que não havia conspiração trotskista contra o
governo soviético, e todavia este se sentia ameaçado pelo trotskismo? Este estava
tão apavorado pela conspiração trotskista não existente que decidiu combater o
trotskismo, encenando um julgamento show de antigos trotskistas que, nunca
tendo realmente cometido os crimes de que eles eram acusados, todavia, atendiam
a Stalin e ao Partido (o mesmo Stalin e o mesmo Partido que eles tinham até então
lutado contra), fazendo falsas confissões e admitindo ter relações com os fascistas
para a derrubada do governo soviético e pela restauração do capitalismo na
Rússia? Tal, de acordo com a afirmação absurda anterior, era o amor dos acusados
por Stalin e pelo Partido que eles admitiriam o que quer que fosse exigido deles
por Stalin e pelo Partido, mesmo fazendo falsas admissões de suas relações com os
nazistas. Seguramente tal absurdo deve ter seus limites! Quando se trata do
trotskismo, contudo, aparentemente não tem.
Ainda outra 'explicação' (que foi apresentada por Trotsky quando em 1936
ele serviu de testemunha diante da corte norueguesa, em relação a um caso
referente a um suposto ataque de alguns fascistas locais à casa onde Trotsky estava
morando) foi de que as confissões foram motivadas pela esperança de obter
clemência. O juiz burguês norueguês, estando extremamente interessado na visão
burguesa anti-soviética de Trotsky, permitiu-lhe a liberdade de falar sobre uma
variedade de assuntos, inclusive o julgamento de Zinoviev-Kamenev. Ao tratar das
confissões de Zinoviev e Kamenev, Trotsky ofereceu o seguinte como 'explicação':
preparadas para assumir, e o fizeram, os crimes mais hediondos, crimes que nunca
teriam cometido. Dificilmente um retrato de verdadeiros bolcheviques lutando
contra a 'burocracia stalinista'!
Além do mais, essa 'explicação' de Trotsky, embora pudesse ter sido aceita
por crédulos na época, já não poderia explicar as confissões dos acusados nos
segundo e terceiro julgamentos, que, deve-se presumir, tinham pleno
conhecimento das confissões de Kamenev-Zinoviev e, portanto, de que os acusados
no primeiro julgamento foram traídos. À luz das confissões dos acusados nos
segundo e terceiro julgamentos, a única conclusão a que poderíamos chegar é que
a 'explicação' de Trotsky não explica as confissões. A explicação real é que os
acusados admitiram ter cometido os crimes dos quais eram acusados por nenhuma
outra razão senão a de que eles tinham realmente cometido aqueles crimes e que,
confrontados com a evidência disso, não podiam senão assumir a responsabilidade
pelo que tinham feito.
"Se a estória contada pelos acusados era falsa, alguém deve ter inventado isso.
A menos que se faça a suposição fantástica de que os 17 acusados, em lugar de
conspirarem juntos para a derrubada do Estado, conspiraram juntos para escrever
seus papéis nos intervalos entre serem torturados, outros que não os acusados devem
ter escrito uma encenação de sete dias (para ser representada oito horas por dia) e
atribuído papéis apropriados aos dezessete acusados, às cinco testemunhas, ao juiz e
ao Promotor Público. Seria preciso um Shakespeare soviético para escrever um
drama tão realista como aquele que foi encenado durante aqueles sete dias, mas não
importa. Portanto, os acusados devem ter gasto o período desde sua prisão, não
sendo interrogados, porém ensaiando juntos até a perfeição (em companhia de
Vyshinsky, dos juizes e das testemunhas). É também necessário supor que todos os
acusados eram atores brilhantes que, a despeito da pressão exercida sobre eles para
que fizessem sua representação, foram capazes de fazê-lo sem um deslize, de forma a,
sem qualquer ajuda, representar durante sete dias fazendo com que todos os
presentes acreditassem que a encenação era a verdade" (Soviet Justice and the Trial
of Radek and Others).
Não é verdade que não houve documentos escritos, que não houve
evidência outra senão aquela contida nas confissões dos acusados. Houve
testemunhos cujas evidências corroboraram aquelas dos acusados. No segundo
julgamento de Moscou - o julgamento de Radek-Pyatakov - por exemplo, houve a
evidência de cinco cúmplices, Bukhartsev, Romm, Loginov, Stein e Tam. Depois
houve a evidência especial de um comitê de especialistas que demonstraram
cientificamente que certas explosões não poderiam ter acontecido acidentalmente
e eram, portanto, o resultado de sabotagem planejada e deliberada. Acresça-se a
isso o diário do acusado Stroilov, apresentado na corte. Esse diário continha o
número de telefone dos agentes do serviço secreto alemão que tinham, por
chantagem, levado Stroilov a fazer o trabalho de espionagem e sabotagem para
eles. Esses números foram cuidadosamente checados. Fotografias desses agentes
do serviço secreto alemão foram apresentadas na corte para propósitos de
identidade, e Stroilov selecionou as fotografias corretas entre um sem-número de
outras. Os movimentos desses agentes alemães confirmaram relatórios oficiais
apresentados no julgamento. Cartas recebidas dos agentes japoneses por Knyazev,
um destacado funcionário ferroviário envolvido na destruição, foram encontradas
entre seus pertences. Knyazev não tinha destruído essas cartas e as identificou no
julgamento.
"A Comissão conclui, a partir das evidências em seu poder, que as destruições,
os atrasos e os prejuízos atribuídos aos acusados nos julgamentos de Moscou são
explicáveis em termos da pressa, da ineficiência e da ambição excessiva e que as
acusações de sabotagem, destruição e diversionismo, no que diz respeito a Leon
Trotsky permanecem não provadas e não críveis."
A sexta crítica era que seria inconcebível a marxistas (a) adotarem o terror
como um meio de alcançar o poder e (b) aliarem-se a potências imperialistas para
derrubar a direção da classe operária.
"O primeiro choque social, externo ou interno, pode lançar uma sociedade
soviética atomizada em uma guerra civil."
É igualmente bem sabido que Karl kautsky, que tinha sido considerado,
antes da deflagração da Primeira Guerra Mundial, como o principal teórico
marxista, tornou-se, após a sua degeneração3, o principal advogado da derrubada
armada do governo soviético. O bolchevismo, alegava Kautsky, tinha degenerado
em "bonapartismo', e por isso ele exigia que sua derrubada fosse apoiada por todos
os socialistas. Até a época da ascensão de Hitler ao poder, Kautsky continuou a
advogar a intervenção armada imperialista contra a União Soviética, para
Do que foi dito acima pode-se seguramente concluir que é possível aos
socialistas degenerarem, particularmente durante as épocas de maiores
dificuldades para a revolução. Quando a excitação revolucionária está elevada e a
revolução está varrendo do mapa tudo que for reacionário, é fácil para qualquer
um ser um revolucionário. Em tais épocas, mesmo as pessoas mais atrasadas e
covardes são capazes de produzir milagres. Porém, quando a revolução está em
dificuldades, quando está em recuo (mesmo que o recuo seja apenas temporário) é
muito difícil, de fato ser, um revolucionário. Referindo-se ao comportamento não
revolucionário de Trotsky durante o período de Brest-Litovsky, quando a
revolução estava temporariamente em recuo, o camarada Stalin disse:
A oitava crítica sugere que houve três 'falhas' nos julgamentos de Moscou
que 'desacreditavam' toda a evidência neles produzidas. A existência dessas
'falhas' foi alegada por Trotsky. Vamos examiná-las:
Se a OGPU estivesse empenhada em uma trama, não deveria ter sido nada
difícil para ela encontrar a existência e o nome do hotel. Assim, a única conclusão
que podemos tirar é que Holtzman teve um encontro com Trotsky no Grande Hotel
Central, cujo nome ele confundiu com o do Café Bristol.
repentina de toda crítica dos acusados por Trotsky teria causado suspeitas às
autoridades soviéticas.
Era, portanto, necessário para Trotsky continuar com sua crítica pública aos
acusados, enquanto na prática cooperava com eles. Era necessário para ele fazer
assim a fim de distrair e desviar a atenção das autoridades soviéticas e levá-las a
acreditar que não podia haver uma aliança entre Trotsky e os acusados.
"Ele (Radek) foi ativo por certo tempo (em 1918) no Comissariado para
Assuntos Estrangeiros, porém os diplomatas alegavam que era impossível dizer
qualquer coisa em sua presença, porque amanhã aquilo seria sabido de toda a
cidade. Nós o removemos imediatamente..."
Isso era o que Trotsky pensava de Radek em 1918. Todavia, esta avaliação
de Radek não impediu Trotsky de trabalhar em cooperação estreita com ele de
1925 a 1928. Por que tal cooperação estreita entre os dois seria declarada uma
impossibilidade em 1931?
Trotsky sempre acabou formando alianças e blocos com pessoas que ele
tinha denunciado no passado imediato. Essas alianças foram sempre necessárias
devido à oposição frenética de Trotsky ao Partido Bolchevique. Ele estava,
portanto, destinado a formar blocos com pessoas que estavam elas próprias
empenhadas em uma oposição igualmente frenética ao Partido Bolchevique,
embora no passado ele as tivesse denunciado. A oposição frenética de todas essas
pessoas, inclusive Trotsky, era o fator determinante que as unia, a despeito das
diferenças entre elas. A história total do trotskismo da época do bloco de agosto, e
antes, fornece eloqüente confirmação dessa verdade.
Se não houve trama nem conspiração reais contra o regime soviético, como
dizem os trotskistas e outros críticos burgueses dos julgamentos, por que então
houve esses julgamentos? Aqui, como seria esperado, as 'explicações' apresentadas
pelos trotskistas e outros defensores burgueses de Trotsky são variadas:
Primeira 'explicação'
Segunda 'explicação'
Terceira 'explicação'
"A Comissão constata que parece ser inevitável concluir que os indiciamentos
e as confissões na séries de julgamentos amplamente divulgados contra o regime
foram orientados em todos os casos pelas dificuldades internas, econômicas e
políticas em curso ... da União Soviética. Em outras palavras, os julgamentos não
foram realmente criminais mas políticos".
Quarta 'explicação'
Quinta 'explicação'
Não é necessário acrescentar nada mais ao que foi dito. Isto é tudo que
queríamos dizer, camaradas.
Notas
"Schevchenko era o diretor em 1936 das fabricas de gás com seus 2.000
operários industriais. Ele era um homem carrancudo, extremamente
enérgico e orgulhoso, muitas vezes rude e vulgar. Contudo, Schevchenko não
era um mau diretor. Os operários respeitavam-no e apressavam-se em
obedecer a suas ordens. Schevchenko veio de uma pequena vila ucraniana.
Em 1920, quando o Exército Branco de Denikin estava ocupando a área, o
jovem Schevchenko - ele tinha 19 anos na época - se alistou como miliciano.
Mais tarde, Denikin foi rechaçado e o Exército Vermelho tomou conta da
área. Schevchenko foi guiado por seu instinto de auto preservação a negar
sua participação e emigrou para outra parte do país, onde conseguiu uma
colocação em uma fábrica. Graças a sua energia, o antigo miliciano e
instigador de pogroms rapidamente sofreu uma extraordinária
transformação, tornando-se um dirigente de sindicato com qualidades
promissoras. Dando mostras de grande entusiasmo proletário, ele trabalhou
bem e nunca hesitou em tirar vantagem por qualquer meio para avançar em
sua carreira, às custas de seus camaradas, quando necessário. Depois, ele
entrou no Partido, no Instituto de Dirigentes Vermelhos, galgou várias
posições importantes na direção dos sindicatos e foi finalmente enviado a
Magnitogorsk, em 1931, como assistente do diretor de construção.
seus novos dirigentes a estavam levando à ruína. Ele pensava que o sistema
capitalista era melhor do que o socialismo. Ele era um homem que pode ter
ajudado os alemães a 'libertarem' a Ucrânia, em 1941. Ele também foi
condenado a 10 anos de trabalhos forçados." (Scott, retraduzido da edição
franco-suíça intitulada Au Delá de I' Ural [Além dos Urais], ed. Marguerat, Lausanne,
1945, já que o original não nos é atualmente disponível, pp. 170-5).
Ela produziria todas essas coisas por si própria, assegurando assim sua
independência técnica e militar.
escapar para o Ocidente. Certamente, nem tudo no livro de Tokaev merece crédito.
O que não se pode negar, entretanto, é seu registro da existência de uma oposição
contra-revolucionária clandestina (a que, como se esperaria, Tokaev se refere
como 'democratas revolucionários'), que orientava a infiltração no Partido e nos
aparatos do governo em todos os níveis e representava considerável perigo à
economia. O que também fica claro nas notas de Tokaev é a afinidade das várias
matizes contra-revolucionárias - dos nacionalistas burgueses aos bukharinistas e
trotskistas.
Podia não ser a mesma coisa. O que interessa é que todas as diversas matizes,
tendências e grupos contra-revolucionárias estavam unidos em seu ódio ao regime
bolchevique, organizavam atividades clandestinas objetivando a derrubada dele e
nessas atividades colaboraram uns com os outros em vários níveis.
Ele segue:
Após o 'Congresso' acima citado, Tokaev foi mandado por seu grupo contra-
revolucionário a Leningrado, onde se hospedou no hotel do Exército Vermelho
e "encontrou um oficial de alta patente cujo nome secreto era Smolinsky" (p.
156).
Durante o encontro, Tokaev sugeriu que Zhdanov fosse assassinado como Kirov
tinha sido em 1934:
Tokaev informa-nos que, como o terrorismo não era parte do programa de seu
grupo, sua sugestão, feita no calor do momento, como ele quer que acreditemos, foi
rejeitada. O que é interessante, entretanto, é que ele fez a afirmação de que "tinha
havido muitos atos terroristas, bem sucedidos ou não, contra o regime de
Stalin", acrescentando, não muito convincentemente, que "nenhum deles tinha
sido fruto do trabalho dos homens agrupados em torno do Camarada X" (p.
157).
"Em 1945, o perigo de ser mal entendido era tão grande que cheguei ao
ponto de dizer que nós, antistalinistas, faríamos melhor ficando quietos e
esperando dias melhores. Em resumo, como a guerra chegava ao seu fim,
aqueles de nós que eram ainda antistalinistas e tinham mantido nosso
sentido dos fatos objetivos, nos encontrávamos cada vez mais isolados. Os
oficiais da Força Aérea, que em 1941 tinham tentado levar-me a juntar-me
com eles em um golpe antistalinista tentado de forma tão passional em 1944,
convenceram-me de que agora não havia razão para fazer objeção à direção
de Stalin ... Em 1943 e 1944 eu não penso que houvesse um traço de oposição
na URSS. Homens que tinham estado em oposição a Stalin estavam
envergonhados do que tinham feito..." (pp. 252-3)
Continua Zinoviev:
2. A história da revolução até aqui não tem produzido, nem produzirá, um único
caso em que revolucionários morrem declarando-se contra-revolucionários a fim
de desacreditar algum outro. Revolucionários têm morrido no passado e morrerão
no futuro a fim de promover a causa em que eles acreditam. Mas, ao morrerem por
sua causa, eles morrem uma morte de heróis e não a morte de um criminoso. O
absurdo colocado pelo grupo Que Faire é 'digno' da séria consideração de um
psiquiatra burguês e não de revolucionários sérios.