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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Trotskismo X Leninismo
Lições da História

Harpal Brar
Tradução – Pedro Castro

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 1


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Parte III

Os Julgamentos de Moscou
Capítulo 7

Introdução.....................................................................................................................................................................3

Capítulo 8

Terrorismo..................................................................................................................................................................35

Capítulo 9

Destruição, Diversionismo e Sabotagem.............................................................................................................53

Capítulo 10

Acordos Traiçoeiros com o Fascismo....................................................................................................................71

Capítulo 11

O Aspecto Militar da Conspiração - Planos para um Golpe de Estado ....................................................... 83

Capítulo 12

Críticas Burguesas dos Julgamentos de Moscou e Contestação dessas Críticas..........................................95

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Parte III

Os Julgamentos de Moscou

"Nunca houve um só movimento profundo e poderoso na história livre da


escória imunda"

Lênin

"O trotskismo cessou de ser uma tendência na classe operária ... mudou da
tendência política que era há sete ou oito anos para uma quadrilha frenética
e sem princípios de vândalos, diversionistas, espiões e assassinos, agindo sob
a instrução da inteligência de Estados estrangeiros"

Stalin (1937)

Capítulo 7

Introdução

Pode-se perguntar por que desejamos conhecer algo sobre os julgamentos


de Moscou. Eles não são história passada? Por que perder tempo com eles? A
resposta, camaradas, é que, em sua luta pela derrubada revolucionária da
dominação da burguesia reacionária e decadente, os revolucionários e a classe
operária devem aprender com sua própria história, devem armar-se com o
conhecimento da ciência da revolução; devem aprender a combater a ideologia
burguesa e as campanhas burguesas de mentiras e calúnias contra não apenas a
teoria do socialismo científico, o marxismo-leninismo, mas também sua prática. A
verdade, em relação aos Julgamentos de Moscou, é diária e deliberadamente
distorcida pela burguesia em toda parte e por seus agentes no movimento da
classe operária, os trotskistas, os revisionistas e os social-democratas. Numa
grosseira violação da verdade histórica, falseando e distorcendo esta verdade,
estas pessoas afirmam que os Julgamentos de Moscou foram um expurgo
conduzido pela 'burocracia stalinista' contra os 'verdadeiros bolcheviques', os
acusados nos Julgamentos. A burguesia e seus lacaios no movimento proletário, ao
repetirem incessantemente essas categóricas mentiras, são assim capazes de
induzir ceticismo nas mentes dos operários a respeito da prática do socialismo.
Seria de fato fútil lutar pela vitória do socialismo, se tal vitória significasse apenas a
eliminação dos revolucionários verdadeiros. A verdade, entretanto, é justamente o
oposto. Os Julgamentos de Moscou foram de fato um expurgo - um expurgo
revolucionário - pelo qual o movimento da classe operária revolucionária na União
Soviética, sob a direção do PCUS(B), dirigido por Stalin, adotou ação contra os
desertores do campo do comunismo que, incapazes de enfrentar os problemas da
construção do socialismo em um país atrasado, adotaram a linha da rendição ao
capitalismo internacional e nacional, fizeram alianças com os poderes imperialistas

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fascistas para a derrubada da ditadura do proletariado e pela restauração do


capitalismo na URSS. Em resumo, este foi o expurgo dirigido pelos revolucionários
bolcheviques contra os pusilânimes e degenerados burocratas trotskistas que
tinham cometido atos traiçoeiros contra a classe operária, o Partido do
proletariado, o governo soviético, o Estado soviético, contra todo o povo soviético.
A evidência a ser apresentada fundamentará amplamente esta afirmação. É,
portanto, nosso dever, camaradas, reafirmar os fatos verdadeiros, levar estas
verdades ao conhecimento da classe operária e, assim, resgatá-la da influência da
burguesia e seus agentes, os trotskistas, os revisionistas e os social-democratas.
Esta é uma parte importante de nosso trabalho, em nosso esforço para construir
um movimento verdadeiramente proletário, que esmagará a ditadura da burguesia
e estabelecerá a ditadura do proletariado. É parte integral do nosso trabalho para
atrair o proletariado e conquistar milhões para o lado do socialismo e do
comunismo. É por esta razão que é necessário tratar desses Julgamentos.

Seria aconselhável esboçar brevemente a essência do que tento estabelecer,


para que essa essência não se perca na grande massa de evidência que terei,
necessariamente, de apresentar. Nos Julgamentos de Moscou, foram julgados uma
série de trotskistas e direitistas. Eles admitiram ter praticado crimes de traição
contra o Estado soviético, assim como ter cometido, tentado e planejado terror
individual contra os principais dirigentes da União Soviética. Eles se declararam
culpados de organizar e promover sabotagem na indústria, de desenvolverem
atividades diversionistas e de vandalismo. Acima de tudo, eles declararam-se
culpados de organizar, em colaboração com certas potências imperialistas e
elementos reacionários na Rússia, a restauração do capitalismo na URSS. Isto é
algo que não é fácil entender pelas pessoas em geral e pela intelligentsia em
particular. Como é possível, argumentam, pessoas que eram membros
preeminentes do PCUS(B) quererem, e adotarem passos para isso, a restauração
do capitalismo? Não se sugere, camaradas, que uma tarde Trotsky, Zinoviev, Radek,
Bukharin e outros acusados nesses julgamentos fossem para a cama como
marxistas-leninistas e na manhã seguinte, ao acordarem, subitamente, viram-se
presos da urgência irresistível de restaurar o capitalismo na URSS. As coisas não
acontecem desta forma. O que colocamos para vocês, camaradas, é que era a
própria lógica da posição dos trotskistas e direitistas sobre a questão da
possibilidade de construção do socialismo em um só país, e por sinal um país
atrasado, a própria lógica do desenvolvimento da luta, que realmente levou os
acusados naqueles julgamentos - os trotskistas e os direitistas - a uma posição em
que se tomaram e não podiam senão tornar-se instrumentos e marionetes do
fascismo.

Qualquer que fosse a aparência da oposição trotskista e direitista na União


Soviética, quaisquer que fossem as matizes de opinião nela representadas, havia
uma coisa que unia todos os seus membros, a saber, eles acreditavam que era
impossível construir o socialismo na URSS. Trotsky, muito antes de outros
membros da oposição, levou adiante esta visão em sua notória teoria da 'revolução
permanente'. Esta teoria de Trotsky baseava-se num errôneo entendimento do
papel do campesinato e do desenvolvimento desigual do capitalismo.

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Da desesperança e do pessimismo, características chaves desta teoria, das


idéias reacionárias contidas nesta teoria, Trotsky nunca se afastou. Ele repetiu esta
teoria 'absurdamente esquerdista', como já foi demonstrado. Depois que a
14a Conferência do Partido declarou-se enfaticamente a favor da construção do
socialismo na URSS, céticos como Kamenev e Zinoviev migraram para a posição de
Trotsky. Mais tarde, incapazes de enfrentar os problemas da revolução e marcados
pela resistência dos kulaks à coletivização, os bukharinistas também desertaram
do ponto de vista do Partido Bolchevique e adotaram a posição trotskista da
impossibilidade de construção do socialismo.1

Para começar, a oposição não era mais do que uma oposição. Era uma
oposição porque se encontrou em oposição à política do Partido, porque não
concordava com a política do Partido, política que defendia a construção do
socialismo. A oposição, com sua política incorreta, era nesta época apenas uma
tendência dentro do movimento da classe operária - uma tendência antileninista,
porém uma tendência todavia. Deixando de corrigir sua própria política errônea, a
oposição procurou mudar a política correta do Partido. Incapaz de ganhar o apoio
da classe operária para sua política que, não obstante os desejos subjetivos e as
vontades de seus aderentes, significava a restauração do capitalismo, à oposição
restaram apenas dois cursos de ação. Um, poderia descartar sua teoria errônea,
admitir sua derrota e, sinceramente, como o resto dos membros do Partido,
devotar-se à construção do socialismo. Dois, poderia voltar a ajudar a todos que
desejavam a restauração do capitalismo na União Soviética, isto é, os
mencheviques, os revolucionários socialistas, os kulaks, os nacionalistas
ucranianos e outros e, acima de tudo, à burguesia dos diversos países imperialistas.
A oposição escolheu a última alternativa.

Verificando que era impossível assegurar o apoio do proletariado soviético


para sua própria política, sem cujo apoio uma mudança na política e direção do
Partido e do governo soviéticos era impossível, a oposição passou à posição do
terror individual contra os dirigentes do Partido e do governo, para vandalismo e
sabotagem, com o objetivo de derrubar o governo soviético. Verificando que suas
próprias forças eram insuficientes, os oposicionistas deram as mãos aos
reacionários internos - os mencheviques, os kulaks, os nacionalistas e
os experts burgueses. E, finalmente, quando as forças internas provaram-se
inadequadas, a oposição ficou com apenas uma alternativa, a saber, concluir uma
aliança com potências imperialistas, que foi o que ela decidiu fazer. Entrou em
aliança com os fascistas alemães e japoneses, com o propósito de derrubar o
governo soviético e restaurar o capitalismo na União Soviética. E ao adotar os
métodos do terror individual, traição, sabotagem e alianças com o fascismo, o
trotskismo deixou de ser apenas uma oposição; deixou de ser apenas uma
tendência equivocada e antileninista dentro do movimento da classe operária.
Tornou-se um bando de traidores e diversionistas. Tornou-se um destacamento
avançado da burguesia. A evidência a ser apresentada agora estabelecerá além de
qualquer dúvida a correção destas afirmações.

Na série atual tenho abordado extensamente a evolução teórica do


trotskismo. Mostrei que esta evolução começa com a oposição de Trotsky à
construção do Partido Bolchevique. Sua oposição a Lênin, na questão da

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construção de um Partido proletário, é apenas um prelúdio da sua oposição a Lênin


na questão da teoria. Trotsky se opõe à análise de Lênin da natureza da revolução
russa. Trotsky apresenta sua teoria da 'revolução permanente', que é uma negação
da teoria de Lênin da revolução proletária e sua teoria da ditadura do proletariado.
Nesta sua teoria, Trotsky atribui ao campesinato apenas um papel contra-
revolucionário. Certamente, dizia Trotsky, uma insurreição espontânea do
campesinato poderia ajudar a ascensão ao poder de um governo dos operários,
mas o governo dos operários não poderia manter-se no poder, tendo de se
defrontar com a oposição do campesinato, a menos que a revolução russa fosse
seguida por revolução nos países capitalistas avançados da Europa. Daí, Trotsky
chegou à conclusão de que o socialismo não podia ser construído na Rússia, a
menos que a revolução européia viesse em socorro à revolução russa. Até aqui, isto
já foi exposto. Hoje, é minha tarefa tratar do trotskismo em ação (como revelado
nos Julgamentos de Moscou) e provar a vocês que o terror individual, a sabotagem,
as atividades de diversionismo e vandalismo e as alianças traiçoeiras com o
fascismo não são de nenhum modo incompatíveis com a posição do trotskismo. Ao
contrário, são uma culminação lógica do desenvolvimento do trotskismo -
culminação lógica de sua luta contra-revolucionária contra o leninismo
revolucionário e contra a política leninista do Partido Bolchevique, que visava à
construção do socialismo na URSS. Com sua política de oposição à construção do
socialismo, o trotskismo terminou, e não poderia senão terminar assim, no campo
do fascismo. Esta, então, é a essência do que se segue, camaradas, e peço que não
percam de vista esta essência.

Desenvolvimento subseqüente do trotskismo, sua preparação teórica para


atos de terror, assassinatos, vandalismo e alianças traiçoeiras com o
fascismo

O ponto de vista de Trotsky quanto à impossibilidade de construir o


socialismo na URSS foi decisivamente rejeitado pelo Partido Bolchevique. Mesmo
então, Trotsky recusou-se a jogar no lixo, que era o lugar adequado, sua teoria da
'revolução permanente'. Em lugar disso, ele se tornou cada vez mais feroz contra o
Partido. E quando derrotistas como Kamenev e Zinoviev, após a 14a Conferência do
Partido, declararam-se contra a possibilidade de construir o socialismo, Trotsky,
compartilhando de seus derrotismo e ceticismo, mobilizou-se para formar uma
aliança oportunista com eles - os mesmos Zinoviev e Kamenev que Trotsky tinha
descrito em seu Lições de Outubro como da ala direita e cujo afastamento do
Partido ele ainda recentemente tinha defendido; os mesmos Zinoviev e Kamenev
que, por sua vez, tinham tentado ao extremo assegurar o afastamento de Trotsky
da direção do Partido, se não do próprio Partido. De fato, não foi outro senão Stalin
(o mesmo Stalin que, de acordo com a lenda trotskista, estava com medo do
"brilhantismo" de Trotsky e era por isso implacavelmente hostil a ele, procurando
seu afastamento do Partido a qualquer custo) que se opôs às tentativas de Zinoviev
e Kamenev de expulsar Trotsky da direção do Partido. Eis o que Stalin disse a este
respeito:

"Sabemos que a política de expurgos, o método da sangria (era sangria o que


Kamenev e Zinoviev estavam exigindo) é perigosa e infecciosa. Hoje você corta fora

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um membro, amanhã outro, depois de amanhã um terceiro - e o que restará do


Partido?"

Tudo isto, entretanto, não evitou que os trotskistas e outros elementos


burgueses repetissem a lenda já mencionada, a respeito da suposta hostilidade
implacável de Stalin para com o "brilhante" Trotsky.

Trotsky não desistiu do ponto de vista segundo o qual era impossível


construir o socialismo em um único país. Por isso, de 1924 em diante, na visão de
Trotsky o Partido Bolchevique dirigido por Stalin estava se submetendo aos
capitalistas e camponeses ricos, não estava construindo o socialismo. Descrevemos
em uma ocasião inicial a teoria de Trotsky da 'revolução permanente' como uma
teoria idealista - uma teoria que deixava de levar em conta a realidade, uma teoria
que estava inapelavelmente em desacordo com a realidade. Ao não rejeitar esta
teoria, no sentido de atender aos requisitos da realidade, da vida real, e insistir em
que a realidade tinha de mudar a fim de atender aos requisitos desta teoria,
Trotsky foi levado a uma posição reacionária sem saída, da qual ele não podia
livrar-se sem descartar a teoria reacionária que antes o tinha levado até aí, e a
partir de cuja posição Trotsky não podia senão descrever cada sucesso na
construção do socialismo na URSS como uma rendição ao capitalismo e às forças
obscuras da contra-revolução. Quanto mais bem sucedida a construção do
socialismo na União Soviética se tornava, mais enfáticas e freqüentes se tornavam
as profecias de Trotsky de iminente ruína, destruição, desemprego, caos
econômico, guerra civil e triunfo da contra-revolução na URSS. O idealismo é
reacionário. Uma teoria idealista é uma teoria reacionária. O idealismo em matéria
de teoria conduz a uma prática idealista e reacionária. A teoria idealista e
reacionária de Trotsky da 'revolução permanente' levou-o diretamente a uma
pratica reacionária, contra-revolucionária.

Ao declarar a impossibilidade de construção do socialismo e descrevendo e


minimizando os êxitos da construção do socialismo na URSS, Trotsky tornou-se,
querendo ou não, e compreendo-o ou não, um aliado e instrumento de todas
aquelas forças reacionárias que se opunham à construção do socialismo na URSS.
Ele de fato tornou-se o principal porta-voz ideológico das forças reacionárias e
decadentes de todo o mundo, um porta-voz ideológico da burguesia imperialista,
dos kulaks, dos mencheviques e dos elementos burgueses de todos os tipos. Se se
chega à conclusão a que Trotsky chegou, não se pode senão atacar, como Trotsky
fez, os êxitos da construção socialista.

Após Trotsky ter sido expulso do Partido, em conseqüência de seu


divisionismo e atividades faccionistas e sua repetida desobediência às
declarações2 que ele e outros dirigentes da chamada oposição de esquerda tinham
levado ao Comitê Central do Partido, nas quais eles tinham todos prometido
cessarem suas atividades faccionistas, ele se tornou o crítico mais feroz da União
Soviética e do Partido Bolchevique em geral e de Stalin em particular. Uniu-se à
burguesia imperialista, aliás tornou-se seu principal porta-voz ideológico, em sua
campanha de vilipêndio contra a União Soviética. É precisamente devido a este
serviço reacionário prestado por Trotsky à burguesia que esta e os radicais
burgueses, em alguns casos mesmo reacionários3, tiveram uma queda por Trotsky

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e defenderam seu "bolchevismo', contra a 'burocracia stalinista'. Seria útil aqui


insistir um pouco mais neste serviço ideológico prestado por Trotsky ao
imperialismo e à reação. É duplamente importante tratar disso, pois, além de
constituir uma ameaça importante na armadura da propaganda imperialista e na
campanha de mentiras contra a URSS, constitui, ao mesmo tempo, uma preparação
teórica em escala global para o trotskismo em ação, conforme revelado nos
julgamentos de Moscou, isto é, uma preparação teórica para atos de terror e
assassinatos, diversionismo e sabotagem e para alianças traiçoeiras com o
fascismo, cujos atos Trotsky e seus parceiros em crime, dentro e fora da União
Soviética, estiveram preparando e aprontando. A essência de todas as diatribes
'esquerdistas' de Trotsky em sua Revolução Traída, e inúmeros outros escritos, não
é senão um disfarce para cobrir sua longa atividade esquerdista voltada para
derrubar a ditadura do proletariado na União Soviética e restaurar o capitalismo.

Esta é a essência do que J. R. Campbel chamou de "verdadeiro fogo de


artifício de frases 'esquerdistas' pomposas" (Soviet Policy and its Critics).

No Primeiro Plano Qüinqüenal, voltado para eliminar os elementos


capitalistas remanescentes na URSS, Trotsky, como de hábito, não vê senão morte,
ruína e desastre. Ele considerou o Plano Qüinqüenal uma grande 'aventura' e
profetizou sua 'ruína':

"As políticas aventureiristas de Stalin", disse ele, estão levando o país à sua
ruína."

Esta ruína, que Trotsky profetizou com tanto gosto, não se materializou. O
povo soviético, a despeito das imensas dificuldades, sob a bandeira gloriosa do
marxismo-leninismo e direção do Partido Bolchevique, chefiado por Stalin,
continua a grande marcha vitoriosa rumo à construção do socialismo e a
conquistar vitória após vitória. As vitórias do povo soviético levaram Trotsky a
lançar as mais severas denúncias contra o Partido Bolchevique e a profetizar o
caos econômico. Ele culpava o Partido Bolchevique por perseguir uma política que
deveria levar inevitavelmente a União Soviética ao caos econômico e que
conduziria à guerra civil. Ele acusava o governo Soviético de sua própria doença - o
bonapartismo - e propugnava por uma reversão da 'política perigosa' do governo
soviético. Para efetivar a reversão desta 'política perigosa', Trotsky primeiro
propugnava por uma reforma do governo soviético e depois passou a advogar a
derrubada armada deste governo. Isto pareceria, camaradas, resolver o mistério de
por que Trotsky acabou se juntando àqueles que queriam restaurar o capitalismo
na URSS. Toda a evolução teórica do trotskismo não constituiu mais que uma
escola preparatória para sua degeneração posterior e transferência para o campo
da restauração capitalista e aquele do fascismo.

Guiado pela teoria da 'revolução permanente', Trotsky nunca deixou passar


uma única oportunidade de descrever cada avanço na construção do socialismo
como um passo para trás na direção do capitalismo, acompanhando a suas
descrições com profecias de ruína etc. Do seu exílio, em 1928, Trotsky escreveu
para o 6o Congresso do Comintern:

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"Em lugar de falar-lhes [aos trabalhadores russos] lorotas sobre terem sido
realizados 90% de socialismo, devemos dizer-lhes que nosso nível econômico, nossas
condições sociais e culturais se aproximam hoje muito mais do capitalismo, e aliás
um capitalismo atrasado e inculto, do que do socialismo. Devemos dizer-lhes que
entraremos no caminho da real construção socialista somente quando o proletariado
dos países mais avançados tiverem capturado o poder..." (Trotsky, On the Draft
Programme of the Comintern).

Aqui vocês têm, camaradas, em linguagem clara , a afirmação de Trotsky de


que a União Soviética 'não entraria' no caminho do socialismo senão após a vitória
do proletariado "dos países mais avançados". E o ano em que esta afirmação foi
feita foi 1928, não 1905; esta afirmação foi feita no próprio ano em que o povo
soviético comemorava inimagináveis avanços na construção do socialismo.

Em 1930 tinha ficado claro até para os reacionários mais raivosos que suas
esperanças de restauração pacífica do capitalismo, que eles vinham esperando e
acreditavam ser o resultado da Nova Política Econômica (NEP), murcharam. Ao
contrário, a NEP não apenas não estava conduzindo à restauração do capitalismo
como estava conduzindo ao êxito na construção do socialismo. Frente a esta
realidade, os reacionários dentro e fora da União Soviética lançaram uma grande
campanha contra a construção do socialismo na União Soviética. A burguesia
imperialista lançou esta campanha de mentiras e calúnias a fim de preparar a
opinião pública a favor de uma intervenção armada contra a União Soviética.
Trotsky e seus seguidores uniram-se de bom grado à burguesia imperialista, em
sua campanha contra a construção do socialismo na União Soviética. Que os
trotskistas gritassem mais alto do que nunca as suas frases 'esquerdistas', porém a
verdade é que eles estavam do lado das forças imperialistas, da contra-revolução e
da intervenção contra a União Soviética. Esta verdade nunca deve ser obscurecida.

Na Inglaterra, a classe dirigente britânica e o "Comitê Executivo para


gerência de seus negócios", isto é, o governo britânico, lançou a campanha contra a

União Soviética sob os slogans de luta contra o 'trabalho forçado' e a 'perseguição


da religião' na URSS. Lembremos que esta era uma época quando o capitalismo
mundial vivia um período de quebra; quando milhões e milhões de operários em
países capitalistas, tinham se tornado desnecessários, estavam experimentando
fome, pobreza, miséria e degradação; e quando a União Soviética, por causa de seu
sistema econômico superior - por causa do socialismo - era o único país no mundo
onde o desemprego era quase inexistente e onde ocorriam milagres econômicos.
Quanto à 'perseguição religiosa', nunca houve qualquer perseguição das minorias
religiosas, nem da religião como tal. O governo soviético mantinha e garantia as
igrejas abertas, pagava aos padres, e qualquer um que desejasse comparecer à
igreja estava livre para fazê-lo. Certamente, a religião foi posta em seu lugar
apropriado. O clero não podia exercer a influência reacionária como estava
acostumado a fazer no período tzarista. Se isto era 'perseguição da religião', tanto
melhor. Em todo caso, desde quando a burguesia se interessa na luta contra a
'perseguição religiosa'? Apenas desde que o proletariado revolucionário começou a
assombrá-la. Durante sua própria juventude revolucionária, a própria burguesia
lutou contra a religião, contra a Igreja, porque esta era uma força feudal

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reacionária, que paralisava o caminho do avanço social no sentido de ascensão ao


poder da burguesia emergente. Porém, a burguesia não é uma força revolucionária
por muito tempo; como uma força revolucionária, ela está no período de declínio e,
agora, para usar uma frase de Plekhanov, para a burguesia, seguir adiante significa
cair. Assim, ela se agarra em todas as coisas reacionárias, assim como uma pessoa
que está se afogando se agarra a uma tábua... É por isso que a burguesia tenta
incutir nas consciências dos proletários o respeito à religião. E por isso que ela é
campeã da defesa de Deus e da religião. Contudo, os proletários com consciência de
classe sabem muito bem que, escondida atrás desta defesa de 'Deus' e da religião
repousa a defesa, pela burguesia, do capitalismo de monopólio - isto é, a religião de
fazer dinheiro e explorar a classe operária e os milhões de trabalhadores.

Enquanto a classe dirigente britânica estava assim ocupada em mobilizar a


opinião pública e fazer preparativos para uma intervenção contra a União
Soviética, os reacionários internos não estavam exatamente paralisados. Os
mencheviques fortaleceram sua organização. O Escritório de Todos os Sindicatos
dos Mencheviques organizou atos de sabotagem e fez preparativos para uma
intervenção iminente.

O Escritório passou a estabelecer conexões com a organização


menchevique ilegal no exterior. Também estabeleceu conexões com vários
governos estrangeiros, para capacitar-se a tirar proveito de qualquer intervenção e
captura do poder.

Foi nessas circunstâncias, então, camaradas, que Trotsky uniu-se à


burguesia imperialista na campanha desta contra o sistema soviético, contra o
socialismo.

Em março de 1930, Trotsky escreveu uma carta aberta aos membros do


Partido Comunista da União Soviética, na qual encontramos as frases seguintes:

"Estas linhas são ditadas por um sentimento da maior ansiedade pela União
Soviética e o destino da ditadura do proletariado. A política da direção atual, o grupo
minúsculo de Stalin, está levando o país em plena velocidade a crises e colapsos
perigosos" (Trotsky, Open Letter to the Members of the CPSU, March, 1930).

Justamente quando o povo soviético, sob a liderança da classe trabalhadora


e sua vanguarda, o PCUS(B), estão ocupados na construção do socialismo a plena
carga, Trotsky, o pessimista, guiado por sua teoria absurdamente 'esquerdista' da
'revolução permanente', declara que o "minúsculo grupo de Stalin" (a maneira de
Trotsky de se referir ao Partido Bolchevique) "está levando o país ... a crises e
colapsos."

Quanto aos "sentimentos de maior ansiedade pela União Soviética e pela


ditadura do proletariado" de Trotsky, um guia melhor para estes sentimentos pode
ser encontrado não nos escritos hipócritas e camuflados de Trotsky, porém nas
ações de Trotsky e de seus colegas, conforme reveladas nos julgamentos de
Moscou, ações que expõem a real natureza dos "sentimentos de ansiedade ... pelo
destino da ditadura do proletariado", que o revelam como alguém portador de

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sentimentos da maior hostilidade para com a União Soviética e a ditadura do


proletariado e como fazendo todo o possível para causar a derrubada do governo
soviético e da ditadura do proletariado, e ações que o revelam como aliado e
instrumento do fascismo. De qualquer forma, em que consistem seus "sentimentos
da maior ansiedade para com a União Soviética e a ditadura do proletariado" se, ao
mesmo tempo, Trotsky denunciava ferozmente a política de construção do
socialismo? Consistem em não mais que palavreado pomposo e vazio, elaborado
para esconder seus reais sentimentos e sua política de restauração do capitalismo
na URSS. Este é o significado real desses sentimentos de Trotsky, camaradas, pois
se o socialismo não podia ser construído, então a única alternativa era a
restauração do capitalismo. Esta era a quinta-essência dos sentimentos de Trotsky,
e explica muito bem o trotskismo em ação, a saber, o trotskismo como organizador
de assassinatos, sabotagem, diversionismo e destruição - o trotskismo como aliado
e marionete do fascismo.

O 'valente' Trotsky, alarmado pelos problemas da construção socialista e


sentindo-se confortado na capitulação, declarava que o socialismo não podia ser
construído, que qualquer tentativa de construir o socialismo deveria levar a 'crises
e colapsos perigosos', que o 'grupo minúsculo de Stalin' deveria ser impedido a todo
custo de dirigir o país ao longo desse rumo de 'crises e colapsos perigosos". Era este
derrotismo da teoria da 'revolução permanente' que levou Trotsky e outros
acusados nos julgamentos de Moscou à sabotagem e a uma aliança com o fascismo.
Isto se tomará amplamente claro com as declarações de alguns dos acusados
nesses julgamentos, que serão apresentadas aqui resumidamente.

Outra vez, no mesmo ano, em novembro de 1930, Trotsky escreveu:

"Objetivar a construção de uma sociedade socialista nacionalmente


localizada significa, a despeito de todos os sucessos temporários, fazer regredir as
forças produtivas, mesmo em comparação com o capitalismo..."

Por mais fantástico e inacreditável que possa parecer, camaradas, é isto que
Trotsky dizia: quanto mais avançada a construção do socialismo em um único país,
mais primitivas se tornam as forças produtivas. Em outras palavras, em um único
país socialista, qualquer avanço na construção do socialismo é sempre em
proporção inversa das forças produtivas - quanto menos avançada a construção
socialista, mais avançados os meios de produção e vice-versa. A conclusão a sacar
disto é clara, ou seja, se a União Soviética queria melhorar sua técnica, suas forças
produtivas, então, na visão de Trotsky, isto só poderia ser feito sobre a base do
capitalismo, retardando e suspendendo o avanço da construção socialista. Mesmo
os economistas burgueses, não falemos dos socialistas, não aceitariam esta
proposição absurda de Trotsky. Em qualquer caso, a prática provou o absurdo
desta proposição, mais do que centenas de livros poderiam ter feito. A prática
mostrou que poderoso avanço na técnica e nas forças produtivas soviéticas
tiveram lugar precisamente sobre a base da política de construção do socialismo.

Tal, então, era a essência das diatribes de Trotsky contra o "grupo minúsculo
de Stalin"; Trotsky estava ressentido porque o "grupo minúsculo de Stalin" se

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recusava a dar atenção aos conselhos de Trotsky, se recusava a sustar o avanço do


socialismo e se recusava a restaurar o capitalismo.

Em 1931, Trotsky veio ainda com mais previsões em seu Problems of


Development in the USSR.

Os anos 1931-1932 foram anos de dificuldade e luta complicada para a


União Soviética, do ponto de vista internacional e da luta interna. O fascismo na
Alemanha estava no nascedouro. Os imperialistas estavam planejando toda sorte
de esquemas de intervenção na União Soviética. Internamente,
os kulaks, percebendo que o socialismo estava sendo construído, que as chances de
restauração do capitalismo estavam diminuindo, aumentaram sua resistência à
coletivização. Recorreram ao assassinato de funcionários soviéticos e à sabotagem,
a fim de minar e destruir as fazendas coletivas. Valeria a pena, camaradas, dar-lhes
uma descrição do tipo de sabotagem a que recorreram os kulaks em sua resistência
à coletivização. A seguinte descrição vem da pena de um contra-revolucionário
ucraniano, Isaac Mazeppa:

"No princípio havia distúrbios de massa nos kolkhoz (fazendas coletivas) ou


então eram assassinados altos funcionários comunistas ou seus agentes; porém mais
tarde adotou-se um sistema de resistência pacífica que visava à frustração
sistemática dos planos bolcheviques para a semeadura e colheita da
safra. Os camponeses e os operários, vendo a exportação implacável pelos seus
dirigentes bolcheviques de toda a produção de alimentos, começaram a adotar
medidas para salvar-se da fome no inverno e buscar todos os meios possíveis de luta
contra o odioso domínio do exterior. Esta foi a principal razão para a estocagem por
atacado do cereal e para os roubos nos campos - ofensas que se detectadas eram
punidas com a morte. Os camponeses são resistentes pacíficos em geral; porém, na
Ucrânia, a resistência assumiu a forma de uma luta nacional. A oposição da
população ucraniana provocou o fracasso dos planos de estocagem de grãos de 1931
e ainda mais dos de 1932. A catástrofe de 1931-32 foi o golpe mais duro que a
Ucrânia soviética enfrentou, desde a fome4 de 1921-1922. As campanhas de
semeadura do outono e da primavera ambas fracassaram. Grandes extensões
ficaram sem plantio. Além disso, quando as safras estavam sendo colhidas, no ano
passado, aconteceu que, em muitas áreas, especialmente no Sul, 20, 40 ou mesmo 50
por cento foram deixadas nos campos e não foram colhidas por completo ou então
foram arruinadas no debulhamento." (Isaac Mazeppa, em Slavonic Review, janeiro,
1934).

Primeiro, naturalmente, Mazeppa está mentindo quando diz que as massas


de camponeses recorreram à sabotagem. Não foram as massas de camponeses,
mas os kulaks e contra-revolucionários como Mazeppa, que resolveram sabotar e
assassinar "altos funcionários comunistas ou seus agentes". Em segundo lugar,
quanto a deixar até 50% da safra nos campos, só o contra-revolucionário Mazeppa
sabia como isso se ajustava ao desejo de cada um de salvar-se da "fome no
inverno". Ele não nos esclarece em nada neste ponto. Com estas duas reservas,
entretanto, deve-se admitir que a citação anterior de Mazeppa fornece um quadro
preciso da sabotagem e resistência dos kulaks no ápice da coletivização.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

A reação de Trotsky a todas estas dificuldades, internas e externas, foi


prever, como usualmente, a impossibilidade de construção do socialismo na URSS
e uma iminente guerra civil. A coletivização, ele disse, levaria ao desemprego em
larga escala:

"Se levarmos em conta, além disso, que a coletivização, junto com os


elementos da nova técnica [antes ele nos tinha dito que a construção da sociedade
socialista significa "fazer regredir as forças produtivas, mesmo em comparação com
o capitalismo"] aumentará consideravelmente a produtividade do trabalho na
agricultura, sem o que a coletivização não seria economicamente justificável, e
conseqüentemente não se manteria, isto criaria imediatamente na cidade, que está
mesmo agora super povoada, dez, vinte ou mais milhões de operários excedentes, que
a indústria não será capaz de absorver, mesmo com os planos mais
otimistas" (Trotsky, Problems of Development of the USSR, 1931).

Assim, a conclusão de Trotsky, em 1931, era: a coletivização deve ser


paralisada. Esta conclusão era assumida, camaradas, pelo mesmo Trotsky que, em
1924, quando a coletivização de fato tinha posto em perigo a própria existência do
regime soviético5, propunha a imediata coletivização em larga escala e acusava
Stalin de estar em conluio com os kulaks por não concordar com isso. Tal então era
a essência da economia e política trotskista: coletivização sem preparação
adequada em 1924, uma suspensão da coletivização, em 1931. Trotsky deu
conselho similar na frente industrial, como se pode ver resumidamente:

O socialismo, repete Trotsky pela milésima vez, não pode ser construído:

"A impossibilidade de construir uma economia socialista auto-suficiente


revive as contradições básicas da construção socialista em cada novo estágio em
escala cada vez maior e profundidade cada vez maior" (ibid.).

Em outras palavras, quanto maior o avanço na construção socialista, maior


a impossibilidade de construção do socialismo. De fato, um absurdo profundo, que
somente Trotsky poderia querer difundir. Quanto maior a industrialização, maior a
coletivização, maior, dizia Trotsky, será o desenvolvimento das contradições na
sociedade soviética - contradições que levariam à guerra civil, "ao colapso do
principio do planejamento" e à inevitável restauração do capitalismo. Como prova
desta afirmação, Trotsky citava os então recentes julgamentos dos mencheviques,
julgamentos que apenas uns poucos anos mais tarde Trotsky descreveria
como "armação stalinista". Eis o que Trotsky diz sobre esses julgamentos em apoio
de sua afirmação:

"Dois julgamentos- contra os especialistas em destruição e contra os


mencheviques- têm oferecido um quadro notável da correlação de forças das classes
e dos partidos na URSS. Foi irrefutavelmente estabelecido pela corte[notem a
linguagem, camaradas. Nenhuma alusão ainda de serem esses julgamentos uma
'armação stalinista') que durante os anos 1923-28 os especialistas burgueses, em
aliança estreita com os centros estrangeiros da burguesia, com sucesso conseguiu
produzir um retardamento artificial da industrialização, contando com o

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

restabelecimento das relações capitalistas" (Trotsky, Problems of Development of the


USSR, p. 26).

Agora, ninguém negaria que a construção do socialismo dá ensejo à


intensificação da luta de classes. Como Stalin disse:

"Devemos destruir e rejeitar a podre teoria de que, a cada avanço, fazemos a


luta de classes aqui arrefecer ou cair cada vez mais, e que, ã medida que obtivermos
sucesso, o inimigo se tornará cada vez mais tratável.

Não é apenas uma teoria podre porém perigosa, pois embala nosso povo, leva-
o a uma armadilha e torna possível à classe inimiga recompor-se para a luta contra o
governo soviético.

Ao contrário, quanto mais nós avançarmos, quanto maior sucesso


alcançarmos, maior será a fúria dos remanescentes das classes exploradoras
enfraquecidas, mais rapidamente elas recorrerão a formas mais astuciosas de luta,
mais elas buscarão injuriar o Estado soviético e mais se apegarão aos meios mais
desesperados de luta, como último recurso de gente condenada" (Stalin, Defects in
Party Work and Measures for Liquidating Trotskyites and Other Double
Dealers, relatório ao Comitê Central do PCUS, 3/5 de março de 1937).

A resistência e a sabotagem praticadas pelos kulaks etc. já foram


assinaladas. Isto tinha de acontecer. À medida que os exploradores cada vez mais
se davam conta de que suas chances de reconquistar seu 'paraíso perdido' estavam
se distanciando, eles se limitaram a engajar-se em tentativas visando à restauração
do capitalismo. Porém, tentar era possível mas obter êxito nessas tentativas era
diferente. O poderoso povo soviético, sob a direção da classe operária soviética e
seu partido de vanguarda, o PCUS(B), eram perfeitamente capazes de esmagar
aquelas tentativas de restauração do capitalismo em pedacinhos. A história atesta
o fato6 de que foi exatamente o que o povo soviético fez. Os julgamentos dos
mencheviques foram, portanto, um exemplo não apenas da tentativa da burguesia
de restaurar o capitalismo, como também do pulso firme do povo soviético, que
aniquilou tais tentativas.

Porém, o derrotista Trotsky pensava de outro modo. Ele estava convencido


de que o povo soviético não teria sucesso em esmagar as tentativas de restaurar o
capitalismo, que a guerra civil e a restauração do capitalismo estavam destinados a
seguirem o desenvolvimento das contradições na URSS como a noite segue o dia.
Ele previu que "forças hostis" "irromperiam na superfície", que os"dirigentes dos
trustes rapidamente se aproximariam da posição de proprietários privados ou
agentes do capital estrangeiro, ao qual muitos deles seriam compelidos a se voltarem
para a sua luta pela existência. Nas aldeias, onde as formas de fazendas coletivas não
muito capazes de oferecer resistência mal teriam tido tempo de absorver os pequenos
produtores da mercadorias, o colapso do princípio do planejamento
precipitadamente liberaria os elementos da acumulação primitiva" (Trotsky, ibid.).

Aqui está, camaradas, para quem quiser ver: o capitulacionismo de Trotsky,


o superindustrializador, o advogado de uma ofensiva contra os kulaks em 1924!

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

A respeito da situação internacional, com o fascismo germânico


despontando ameaçadoramente, Trotsky trai seu otimismo habitual. Discutindo a
possível vitória do fascismo na Alemanha, que ainda não tinha ocorrido na época,
Trotsky disse:

"O esmagamento do proletariado alemão nas mãos dos fascistas já


representaria ao menos metade do colapso da República Soviética" (Alemanha,
Chave da Situação Internacional).

Com base numa avaliação extremamente pessimista da situação interna e


internacional, superestimando as forças do imperialismo e da reação,
subestimando a capacidade do proletariado e das massas do povo soviético,
ignorando as contradições interimperialistas e assustado com os problemas da
revolução e da construção socialista, os trotskistas terminaram por tornar-se "um
porta-voz das forças hostis ao proletariado". Eis como Radek, durante seu
julgamento, explicou este desenvolvimento:

"Um grande número de trotskistas que tinham retornado ao


Partido", explicou Radek, "estava trabalhando em posições-chave em varias partes
do país, em uma época em que a luta pelo Plano Qüinqüenal tinha se tornado aguda,
tinha tomado a forma muito aguda de choque com os kulaks em algumas partes do
país e com os elementos do campesinato médio que seguiam a direção dos kulaks,
e aqueles colegas mais antigos na luta começaram a encher-me de informações de
caráter mais pessimista, informações que afetaram da maneira mais fatal minha
opinião sobre a situação no país.

Isto foi em 1930 e 1931. Eu avaliei a situação da seguinte forma: os ganhos do


Plano Qüinqüenal eram enormes, um passo importante tinha sido dado na direção da
industrialização. Em certa medida, as fazendas coletivas eram já um fato definitivo.

Porém, ao mesmo tempo, à base da informação que eu tinha e da avaliação da


situação feita por economistas trotskistas de quem eu era íntimo - mencionarei
Smilga e Preobrazhensky - eu acreditava que a ofensiva econômica estava sendo
conduzida em frente ampla demais, que as forças materiais disponíveis (número de
tratores etc.) não permitiriam a coletivização universal, e se esta ofensiva geral não
reduzisse o ritmo, isto acabaria, como definido por uma frase atraente, 'como a
marcha sobre Varsóvia', que a esta taxa rápida a industrialização não produziria
resultados, apenas causaria gastos imensos.

Já naquela época, em 1931, eu pensava que seria necessário recuar na


ofensiva e concentrar recursos em setores definidos da frente econômica.

Em resumo, eu discordava da principal questão: sobre a questão de continuar


a luta pelo Plano Qüinqüenal. Para analisar esses desacordos do ângulo social
certamente eu acreditava que as táticas que eu considerava corretas seriam as
melhores táticas comunistas - mas se alguém pedisse uma análise social desta coisa,
eu teria de dizer: a piada da história era que eu superestimara o poder de resistência,
a capacidade não apenas da massa dos kulaks, mas também dos camponeses médios,
de perseguirem uma política independente. Eu estava assustado com as dificuldades

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

e assim tornei-me um porta-voz das forças hostis ao proletariado" (Trial of the Anti-
Soviet Trotskyite Centre, Moscou, 1937, pp. 83-84).

Tendo-se frustradas todas as suas previsões anteriores de ruína, Trotsky fez


ainda outra previsão de iminente ruína, caso o governo soviético não fizesse um
recuo em sua política de construção socialista. Eis o que Trotsky escreveu em
1932, em seu Soviet Economy in Danger:

"Todo o problema é que os tão louvados saltos de industrialização levaram os


diversos elementos do Plano a uma desastrosa contradição uns com os outros -que a
economia funciona sem reservas materiais e sem cálculo... O problema é que as
desproporções acrescidas ameacem com surpresas cada vez maiores. O problema é
que a burocracia descontrolada vinculou seu prestígio à acumulação subseqüente de
erros."

Acrescentaríamos simplesmente que "o problema é" que nosso arquiegoísta


Trotsky tinha "vinculado" seu prestigio à sua deplorável teoria da 'revolução
permanente' e "à acumulação subseqüente de erros".

Trotsky continuava a fazer previsões ainda mais assustadoras. Ele previa


desemprego em grande escala, fechamento de empresas e conseqüências ruinosas
para a economia rural - na esfera da agricultura.

"O problema é que é iminente uma crise, com um cortejo de conseqüências,


tais como falências forçadas de empresas e desemprego" (Trotsky, Soviet Economy in
Danger, 1932). E adiante:

"A caçada vertiginosa de quebra de recordes na coletivização ... levou na


realidade a conseqüências ruinosas. Destruiu os estímulos do pequeno produtor
muito antes que pudesse substituí-los por outros e muito mais altos estímulos
econômicos. A pressão administrativa que se exaure rapidamente na indústria
mostra-se absolutamente impotente na esfera da economia rural" (Ibid.).

Trotsky, o antigo superindustrializador e advogado de uma ofensiva contra


os kulaks em 1924, propunha portanto um recuo "tanto na indústria como na
economia rural". Eis o que ele dizia:

"Um recuo temporário é necessário em ambos, na indústria e na economia


rural. A linha mais próxima do recuo não pode ser determinada a priori. Será
conhecida somente na experiência da reconstrução do capital.

Antes de tudo, um recuo é inevitável na esfera da coletivização. Aqui, mais do


que em qualquer outro lugar, a administração é prisioneira de seus próprios erros"
(Ibid). E adiante:

"A política de 'liquidação dos kulaks' mecanicamente está agora de fato


descartada. Deveria receber oficialmente uma lápide. E, simultaneamente, é
necessário estabelecer a política de restringir severamente as tendências
exploradoras dos kulaks ..."(ibid.).

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Ignorando as distorções de Trotsky tais como a de que "a política de


'liquidação dos kulaks' mecanicamente está agora descartada" (e esta é uma
distorção em um duplo sentido, porque (i) a política de eliminar o kulak não era
mecânica, mas uma política elaborada cientificamente e (ii) justamente na época
em que Trotsky dizia que a política de liquidar os kulaks tinha sido descartada, na
realidade a ofensiva estava acontecendo com o ímpeto de uma avalanche), devo
uma vez mais lembrar-lhes, camaradas, que o recuo acima foi proposto por
Trotsky em 1932 - o mesmo Trotsky que advogara em 1924 uma ofensiva contra
os kulaks, época em que a ofensiva teria sido, para usar uma frase de Trotsky, em
um "tempo aventureirista". Este é o absurdo lógico que se segue muito
naturalmente da teoria"absurdamente esquerdista" da 'revolução permanente'. Por
causa deste absurdo lógico inerente ao trotskismo, os trotskistas sempre e em
todos os lugares estão ocupados elaborando as tarefas futuras do movimento, e ao
mesmo tempo ignorando profundamente as tarefas correntes. Estão sempre
enfrentando os inimigos errados, ou inimigos não existentes. Estão sempre dando
tiros n'água. A verdade realmente sempre lhes escapa, pobre gente. Todavia, quem
quer que não se junte a eles em dar tiros n'água ou combater moinhos de vento
não é um revolucionário mas um 'burocrata stalinista'.

Quanto ao "recuo temporário" anterior proposto por Trotsky, a natureza


real deste "recuo temporário" foi revelada por Bukharin no seu julgamento.
Bukharin não deixou dúvida de que este "recuo temporário" não era outra coisa
senão uma proposta para restauração do capitalismo. Vale a pena notar o que
Bukharin tinha a dizer sobre o programa do Bloco de Direitistas e Trotskistas. É
importante não somente porque fornece informações a respeito da natureza real
deste programa e do "recuo temporário" proposto pelo Bloco, mas também porque
é essencial para um entendimento real da evolução do Bloco de Direitistas e
Trotskistas. O testemunho de Bukharin, como o de Radek já citado, esclarece o
mistério de como foi possível que um grupo de preeminentes ex-bolcheviques
tivessem se encontrado nos bancos dos réus acusados de crimes tais como de
trabalharem para a restauração capitalista e colaborarem com o fascismo a fim de
alcançar este objetivo. Deixemos Bukharin falar do banco dos réus:

"Justamente porque me parece que este julgamento é de importância pública


e porque esta questão tem sido tratada com brevidade, achei que seria útil estender-
me sobre o programa que nunca foi escrito em lugar nenhum, sobre o programa
prático do 'Bloco de Direitistas e Trotskistas' e decifrar uma fórmula, a saber, o que
significaria a restauração do capitalismo, da maneira como foi visualizada e
concebida nos círculos do 'Bloco de Direitistas e Trotskistas

Os contra-revolucionários de direita pareciam de início ser um 'desvio';


pareciam, à primeira vista, ser pessoas que começavam com descontentamento em
relação à coletivização, na conexão com a industrialização, com o fato, como eles
alegavam, de que a industrialização estava destruindo a produção. Isto, à primeira
vista, parecia ser a coisa principal. Então, apareceu a plataforma de Ryutin. Quando
todas as máquinas estatais, quando todos os meios, quando todas as maiores forças
foram sendo lançadas na industrialização do país. na coletivização, nos
encontrávamos literalmente, em vinte e quatro horas em outro terreno, nos
encontrávamos com os kulaks, com os contra-revolucionário, nos encontrávamos

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com os remanescentes capitalistas que ainda existiam na esfera do comércio. Daí


segue-se que o significado básico do julgamento, do ponto de lista subjetivo, está
claro. Aqui nós temos, através de um processo muito interessante, uma
superestimação do empreendimento individual, uma lenta aproximação de sua
idealização, a idealização do senhor de posses. Tal foi a evolução. Nosso programa
era a fazenda camponesa próspera do indivíduo, porém de fato o kulak se tornou um
fim em si mesmo. Nós éramos irônicos acerca das fazendas coletivas. Nós. os
conspiradores contra-revolucionários, cada vez mais naquela época passamos a
exibir a idéia de que as fazendas coletivas eram a música do futuro. O que era
necessário era desenvolver os proprietários ricos. Esta foi a mudança tremenda que
teve lugar em nosso ponto de vista e psicologia. Em 1917, nunca teria ocorrido a
qualquer de nós, membros do Partido, eu próprio incluído, nos apiedarmos dos
guardas brancos que tinham sido assassinados; contudo, no período da liquidação
dos kulaks, em 1929-30, nós nos apiedamos dos kulaks expropriados, por motivos
assim chamados humanitários. A quem teria ocorrido em 1919 atribuir o
deslocamento de nossa vida econômica aos bolcheviques, e não á sabotagem? A
ninguém. Teria sido considerado traição franca e aberta. Contudo, eu mesmo em
1928 inventei a fórmula acerca da exploração feudal-militar do campesinato, isto é.
eu culpava pelos custos da luta de classes não a classe que era hostil ao proletariado,
mas os dirigentes do próprio proletariado. Isto já era fazer uma volta de 180 graus.
Isto significava que as plataformas ideológicas e políticas tornaram-se plataformas
contra-revolucionárias. Os fazendeiros kulaks e os interesses dos kulaks tornaram-se
realmente um item programático. Alógica da luta levou á lógica das idéias e a uma
mudança de nossa psicologia, para o contra-revolucionarismo de nossos objetivos"
(Julgamento do Bloco Anti-Soviético de Direitistas e Trotskistas).

Seria difícil, se não impossível, camaradas, obter uma melhor explicação do


que a dada aqui por Bukharin sobre o desenvolvimento do Bloco de Direitistas e
Trotskistas, de como eles se tornaram traidores e sabotadores contra-
revolucionários. Este testemunho do Bukharin constitui uma das explicações mais
científicas dada sobre o "contra-revolucionarismo" dos objetivos do Bloco de
Direitistas e Trotskistas. Explica não somente a evolução do Bloco de Direitistas e
Trotskistas como um bloco, mas também a de cada um dos seus membros
individuais, inclusive do acusado. De sua posição de que o socialismo era
impossível construir na União Soviética surgiu a oposição dos trotskistas e
direitistas à política do Partido Bolchevique de construção do socialismo. Da
oposição à construção do socialismo surgiu a simpatia da oposição pelos kulaks e a
se descobrir "literalmente dentro de 24 horas, em outro terreno ... com
os kulaks, com os contra-revolucionários ... com os remanescentes capitalistas."

Do precedente claramente emerge que, enquanto o governo soviético e o


partido estavam conduzindo o povo em suas lutas vitoriosas pela construção do
socialismo, os trotskistas, zinovievistas e direitistas, a partir do seu programa da
impossibilidade de construção do socialismo, estavam se aproximando
rapidamente, pela lógica da luta, de seu programa contra-revolucionário para a
restauração do capitalismo.

A política do PCUS(B) e do governo soviético era de conduzir as massas


soviéticas, em seus milhões, na árdua tarefa de construir o socialismo. Muitas

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dificuldades naturalmente surgiram. Porém, as massas soviéticas, erguendo alto a


bandeira do marxismo-leninismo e sob a gloriosa direção do Partido Bolchevique,
superaram todas as dificuldades, eliminaram um obstáculo após o outro, venceram
a resistência dos kulaks e dos comerciantes ricos e, nunca se rendendo frente às
dificuldades e resistência feroz dos inimigos de classe, avançaram de vitória em
vitória e construíram o socialismo na URSS.

A construção do socialismo na URSS foi um evento de importância histórica


mundial, um acontecimento não menos importante do que a própria Revolução de
Outubro.

Pelo êxito da construção do socialismo na URSS, o povo soviético mostrou a


todo o mundo como mesmo um país atrasado, como a Rússia era em 1917, podia,
no curso de um par de décadas, elevar sua técnica e melhorar a qualidade de vida
do seu povo, passando de massa doentia, subnutrida, iletrada e ignorante que era
antes da Revolução, para sadia, bem alimentada, letrada, bem informada e de
orgulhosos cidadãos soviéticos. Com a construção do socialismo, o povo soviético
deu um golpe de morte na teoria reacionária de Trotsky de que o socialismo não
podia ser construído em um único país atrasado e nas esperanças e desejos dos
imperialistas, que estavam há longo tempo afirmando que as dificuldades na
construção socialista levariam o governo soviético e o Partido a abandonarem esta
política em favor daquela única defendida pelos trotskistas e direitistas e,
incidentalmente, pelos imperialistas. Todo o mundo deve um voto de gratidão ao
povo soviético, ao governo soviético, ao PCUS(B) e a seu dirigente J. V. Stalin, por
fazerem em pedaços, pela construção do socialismo, a teoria reacionária da
impossibilidade de construção do socialismo em um único país atrasado.

A política dos trotskistas e direitistas era a do derrotismo e rendição frente


às dificuldades. Em torno do programa trotskista derrotista reuniu-se um grupo de
derrotistas notórios, por exemplo, Kamenev e Zinoviev, que, após a
14a Conferência do Partido, desertaram do campo do leninismo e migraram para o
do trotskismo. Todas essas pessoas então passaram a estabelecer relações com o
grupo de direitistas

chefiado por Bukharin, Rykov e Tomsky. A aproximação entre os trotskistas e os


direitistas apenas se tornou uma possibilidade porque Trotsky aceitou o programa
dos direitistas em sua inteireza e, para usar uma expressão de Bukharin, porque
Trotsky tinha-se despido do seu uniforme esquerdista.

Os trotskistas e direitistas uniram-se na base do programa de Ryutin1. A


essência do programa de Ryutin era que ele se pautava (i) pela dissolução das
fazendas coletivas, bem como das estatais, (ii) pelo arrendamento das fabricas
soviéticas aos capitalistas estrangeiros e (iii) pelo terrorismo contra os dirigentes
do Partido Bolchevique e do governo soviético, particularmente contra Stalin, para
capturar a liderança e alcançar os dois objetivos acima.

A essência do programa de Ryutin era que ele advogava pela restauração do


capitalismo na URSS.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

O programa de Ryutin não era o resultado dos esforços de Ryutin, sozinho. Foi
produzido coletivamente por todos os direitistas e eles o tinham discutido à
exaustão. Na época de sua circulação, os dirigentes dos direitistas - Bukharin,
Rykov, e Tomsky - conseguiram manter-se na clandestinidade. Kamenev e
Zinoviev, entretanto, foram encontrados de posse deste programa e foram
expulsos do Partido.

Em vista dessas informações, parte das quais veio à luz durante os


julgamentos de Moscou ou no curso da investigação que conduziu a eles, está claro
agora que, em 1932-33, a situação a respeito da composição das varias
organizações conspiratórias anti-Partido engajadas na atividade traiçoeira para
forçar a derrubada do governo soviético e pela restauração do capitalismo na URSS
era como se segue:

A. Um grupo misto trotskista e zinovievista. exposto no primeiro julgamento de


Moscou, em agosto de 1936, uma associação de assassinos políticos consistindo de:

(1) ZINOVIEV e

(2) KAMENEV.

Eles eram os dirigentes da antiga oposição de Leningrado.

Outros zinovievistas eram:

(3) I. P. BAKAYEV, que foi encarregado da organização cotidiana dos ataques


terroristas contra os dirigentes do Partido e do governo.

(4) 1.1. REINGOLD, que era o membro mais ativo da organização contra-
revolucionária zinovievista clandestina e que estava o tempo todo em contato direto
com Zinoviev e Kamenev e tomou parte em todas as conferências secretas dos
zinovievistas.

(5) G. E. EVDOKIMOV

(6) R. V. PICKEL, que foi um dos homens da maior confiança de Zinoviev e foi
por muitos anos encarregado de seu secretariado. Elo foi um membro ativo do centro
terrorista de Moscou.

Os trotskistas eram:

(7) I. N. SMIRNOV, que foi um firme apoiador de Trotsky durante o debate no


Partido de 1923-7, representante de Trotsky na URSS e o real organizador e dirigente
das atividades contra-revolucionárias trotskistas clandestinas na URSS. Ele mantinha
contatos pessoais com Trotsky e as organizações trotskistas no exterior.

(8) A. E. DREITZER, que foi responsável pelo trabalho organizacional diário


deste grupo. Trotsky descrevia Dreitzer como "um oficial do Exército Vermelho.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Durante e após minha expulsão, ele, juntamente com dez ou doze dos oficiais,
organizou uma guarda em torno de minha casa." Juntamente com Trotsky, ele tinha
organizado a manifestação contra-revolucionária de 7 de novembro de 1927.
Quando Trotsky estava no exílio, em Alma-Ata, Dreitzer organizou as
comunicações entre Trotsky e o centro trotskista de Moscou.

(9) S. V. MRACHKOVSKY, que era o homem da maior confiança de Trotsky,


pessoalmente o mais próximo dele. Em uma época ele tinha ocupado uma posição
importante no Exército.

(10) E. S. HOLTZMAN, que era um membro ativo da organização contra-


revolucionária trotskista, pessoalmente ligado a Smirnov, sob cujas instruções
mantinha contato com o centro trotskista no exterior. Em 1932, ele pessoalmente
recebeu de Trotsky as instruções a respeito da preparação de atos terroristas
contra os dirigentes do PCUS.

(11) V. A. TER-VAGANYAN, que admitiu na corte de justiça ter sido um dos


organizadores do centro trotskista-zinovievista e que esse centro estava
organizado na base das instruções de Trotsky sobre terrorismo.

(12) V. P. OLBERG, "este peculiar cidadão da República de Honduras", era


um agente pago de Trotsky e, simultaneamente, da polícia secreta alemã, a
Gestapo. Ele era membro da organização trotskista alemã desde 1927-28 e foi
enviado à URSS por Trotsky, com a missão de realizar atos terroristas.

(13) M. LURYE, que foi de Berlim para Moscou em 4 de março de 1933,


tendo recebido instruções de Trotsky para promover atos terroristas contra os
dirigentes do PCUS e do governo soviético.

(14) N. LURYE, que chegou à URSS em abril de 1932, vindo de Berlim, em


missão especial da organização trotskista, com o propósito de cometer atos
terroristas.

(15) K. B. BERMAN-YURIN

(16) FRITZ DAVID (KRUGLYANSKY), que foi também enviado à URSS por
Trotsky com instruções de fazer um atentado contra a vida do camarada Stalin. Ele
recebeu estas instruções em Copenhague, pessoalmente, de Trotsky.

B. Um centro paralelo de trotskistas. Este centro foi exposto no segundo


julgamento de Moscou, em janeiro de 1937. Ele consistia de:

(1) Y. L. PYATAKOV, o Vice-Comissário da Indústria Pesada que, em


conseqüência de ocupar este posto muito importante, foi capaz de colocar outros
membros e apoiadores do centro em posições-chave. Ele foi um dos dirigentes do
assim chamado centro paralelo.

(2) K. B. RADEK, que aderiu à teoria trotskista da impossibilidade de


construção do socialismo na URSS e que zombava da teoria de construção do

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socialismo na URSS, chamando-a de teoria de construção do socialismo em uma


rua. Ele foi um dos dirigentes do centro.

(3) G. Y. SOKOLNIKOV, o Comissário Assistente do Povo para Assuntos


Estrangeiros e, durante um tempo, Comissário de Finanças do Povo, que, em 1925,
caluniou o Estado soviético com sua afirmação de que os estabelecimentos de
comércio interno da URSS eram empresas capitalistas estatais.

(4) L. P. SEREBRYAKOV, que foi outro dos dirigentes do assim-chamado


centro trotskista paralelo e que tinha se oposto a Lênin na discussão sobre os
sindicatos. Ele mantinha uma posição liquidacionista em relação ao Partido.

(5) N. J. MURALOV, que foi um 'soldado' trotskista, um dos mais leais e


firmes ajudantes de Trotsky.

(6) Y .A. LIVSHITZ, que era ex-Comissário Assistente do Povo Assistente


para as Ferrovias e, simultaneamente, assistente de Pyatakov para assuntos
criminais sobre as Ferrovias.

(7) Y. N. DROBNIS, que era um velho trotskista profissional que


exterminou operários de acordo com a fórmula 'quanto mais vítimas, melhor'.

(8) M. S. BOGUSLAVSKY, um trotskista.

(9) I. A. KNYAZEV, que era um espião japonês que destruiu dezenas de


trens.

(10) S. A. RATAICHAK, que ocupou o posto-chave de Chefe da


Administração Central da Indústria Química. Com este posto de
responsabilidade, "este superdestruidor desenvolve seus talentos químicos ... causou
explosões, destrói os frutos do trabalho do povo, assassina pessoas" (Vyshinsky).

(11) B. O. NORKIN

(12) A. A. SHESTOV

(13) M. S. STROILOV

(14) Y. D. TUROK

(15) I. S. HRASCHE, que Vyshinsky descreveu como "um homem não


somente de três dimensões, mas de ao menos três cidadanias, que descrevia sua
ocupação principal com a palavra eloqüente, mas nada agradável, espião".

(16) G. E. PUSHIN

(17) V. V. ARNOLD, que foi descrito como "este vagabundo internacional" e


que era um homem de muitos nomes, um patife empedernido e um agente
trotskista credenciado.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Como se pode ver, este grupo mantinha posições muito importantes


no governo e na indústria soviética, muito mais do que o mantido pelo primeiro
grupo mencionado.

C. O Bloco dos Direitistas e Trotskistas. Este Bloco foi exposto no terceiro


julgamento de Moscou, em março de 1938. Predominantes no Bloco eram os
principais dirigentes da ala direitista:

(1) N. I. BUKHARIN, que, por anos, ocupou as posições mais importantes


no Partido, embora fosse conhecido por sua vacilação em política e por sua
oposição a Lênin e à linha do Partido.

(2) A. I. RYKOV, que era um ex-Primeiro-Ministro da URSS.

(3) G. G. YAGODA, que foi Chefe da Polícia Política, a OGPU, até 1936.

Os trotskistas do Bloco:

(4) KRESTINSKY, que era um ex-embaixador em Berlim, um ex-Comissá-


rio de Finanças do Povo e um ex-Secretário do Comitê Central do PCUS.

(5) K. G. RAKOVSKY, que era um ex-Embaixador em Londres e Paris.

(6) A. P. ROZENGOLTZ, que era Comissário do Povo para Comércio


Exterior da URSS.

(7) S. A. BESSONOV

Os aliados nacionalistas dos direitistas e trotskistas eram:

(8) G. F. GRINKO, que era Comissário do Povo de Finanças, da URSS e um


nacionalista ucraniano.

(9) A. IKRAMOV, que era um dos dirigentes da organização nacionalista


burguesa no Uzbequistão e nos anos 1930 secretário do Escritório Asiático Central
do Comitê Central do PCUS.

(10) F. KHODJAYEV, que era também um dos dirigentes da organização


nacionalista burguesa no Uzbequistão.

(11) V. F. SHARANGOVICH, que era um dos dirigentes da organização


nacional fascista da Bielo-Rússia que tinha se atribuído o objetivo de eliminar o
poder soviético e separar a Bielo-Rússia da URSS e colocá-la sob a direção dos
capitalistas e latifundiários poloneses. Os nacionalistas tinham se juntado ao
PCUS(B) porque acreditavam que o Partido, através da NEP, estava caminhando na
direção do capitalismo. Porém, quando o Plano Qüinqüenal deslanchou e assim as
chances de restauração do capitalismo se tornaram cada vez mais remotas, os
nacionalistas se tornaram resolutamente hostis ao poder soviético. Eles se
tornaram aliados dos direitistas como Bukharin e Rykov, pois ambas as tendências

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

(os nacionalistas e os direitistas) se opunham à construção do socialismo na URSS.


Os direitistas prometiam aos nacionalistas o estabelecimento de repúblicas
nacionais burguesas independentes, após a captura do poder na União Soviética.

(12) M.A. CHERNOV, o Comissário do Povo da Agricultura da URSS, que era


um ex-menchevique que mantinha conexões com as organizações mencheviques
nos países estrangeiros. Ele se uniu ao PCUS, no tempo da NEP.

(13) L. G. LEVIN, que, como Pletnev e Kazakov (ver abaixo), era um do


grupo de médicos sob a influência de Yagoda.

(14) D. D. PLETNEV

(15) I. N. KAZAKOV

(16) I. A. ZELENSKY, que era um antigo chefe da Administração das


Cooperativas de toda a União (isto é, Presidente da Centrosoyuz).

Outros de menor importância política, que eram meros instrumentos do


grupo de direção, eram:

(17) V. I. IVANOV

(18) P. T. ZUBAREV, que era um dos organizadores e dirigentes da


organização clandestina contra-revolucionária dos direitistas nos Urais.

(19) P. P. BULANOV, que era antigo Secretário do Comissariado do Povo


para Assuntos Internos.

(20) P. P. KRYUCHKOV, que era o antigo Secretário de M. Gorky.

(21) V. A. MAXIMOV-DIVOVSKY, que era um antigo Secretário de


Kuibyshev, o Vice-Presidente do Conselho dos Comissários do Povo da URSS, que
foi assassinado pelo Bloco de Direitistas e Trotskistas.

D. Um grupo de militares incluindo:

(1) M. N. TUKHACHEVSKY

(2) I. E. YAKOV

(3) I. P. UBOREVITCH

(4) A. G. KORK

(5) R. P. EIDMANN

(6) B. M. FELDMAN

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

(7) V. M. PRIMAKOV

(8) V. K. PUTNA

Este grupo, embora operasse independentemente até certo ponto apenas


em certa extensão, mantinha contatos principalmente com os direitistas.

Em 1933, sob as instruções de Trotsky, esses grupos estabeleceram um


centro de contatos, através do qual trocavam informações regularmente e
coordenavam sua política. Os primeiros três grupos mantinham contato regular
com Trotsky (que estava no exílio) e cumpriam suas instruções. Os grupos não
tinham dificuldade em manter contato com Trotsky no exterior. Alguns dos
membros dos grupos, por conta de suas funções oficiais, tinham de ir ao exterior
de vez em quando. Enquanto em visitas oficiais ao exterior, aproveitavam a
oportunidade para estarem em contato com Trotsky, direta ou indiretamente.
Como mostra a composição do segundo grupo, alguns de seus membros eram
trotskistas que tinham sido embaixadores da União Soviética em centros
importantes, como Paris e Berlim. Também alguns dos acusados, em suas
atribuições oficiais, tinham de encontrar-se em Moscou com os representantes
diplomáticos de países estrangeiros. Todos esses fatores tornavam extremamente
fácil para os primeiros três grupos estarem em constante contato com o Trotsky
exilado.

A restauração do capitalismo - o programa econômico dos conspiradores

Todos os grupos estavam unidos em sua hostilidade e oposição à construção


do socialismo na URSS. Estavam unidos em seu derrotismo. Os grupos estavam
compostos de pessoas que eram derrotistas, que se renderam frente às
dificuldades. O programa econômico desses grupos envolvia a dissolução das
fazendas coletivas e estatais e um retorno à fazenda capitalista individual, na
esfera da agricultura; envolvia a desaceleração da rápida industrialização. Em
resumo, o programa econômico dos grupos envolvia a restauração das relações
capitalistas de produção, a implementação da política de 'recuo', isto é, da
restauração capitalista, como formulada por Trotsky, em seu Economia Soviética
em Perigo. Essa política era, em sua essência, indistinguível do programa de Ryutin.
Radek explicou o significado do programa econômico desses grupos em seu
julgamento. Na esfera da indústria, Radek explicou que este programa
significava "não somente a garantia de concessões de empresas industriais a estados
capitalistas, mas também a transferência, a venda a proprietários capitalistas
privados, de importantes empresas econômicas a serem especificadas por eles.
Trotsky contemplava a emissão de títulos no exterior, isto é, a admissão do capital
estrangeiro para a exploração destas fábricas que, formalmente, permaneceriam em
mãos do Estado soviético.

Na esfera da política agrária, ele (isto é, Trotsky) disse muito claramente que
as fazendas coletivas teriam de ser desmanteladas e expôs a idéia de fornecer
tratores e outras máquinas agrícolas complexas a camponeses individuais, a fim de
reviver um novo estrato kulak. Por fim, foi dito muito abertamente que se teria de

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

reviver o capital privado nas cidades. Estava claro que isso significava a restauração
do capitalismo". (Trial of Anti-Soviet Trotskyite Centre, 1937, pp. 113-114).

No mesmo julgamento, Piatakov também explicou o verdadeiro significado


do 'recuo' advogado por Trotsky - um "recuo muito amplo na direção do
capitalismo". Piatakov explicou que a essência do programa econômico advogado
por Trotsky era indistinguível do programa econômico dos direitistas - o Programa
de Ryutin - e que a unidade entre os trotskistas e os direitistas "não era apenas
uma medida tática", mas também uma unidade que tinha "algum significado em
termos de princípio". Eis o que Piatakov disse neste contexto:

"Em poucas palavras, Trotsky explicava que seria um recuo muito sério. Foi
isto exatamente que ele disse: você [isto é, Piatakov] ainda está sob a influência das
velhas idéias de 1925-1926 [quando Trotsky era um superindustrializador] e você é
incapaz de ver que, na essência, nossa ascensão ao poder significará que teremos de
recuar muito longe na direção do capitalismo. A este propósito, Trotsky disse que, em
essência, nosso programa era o mesmo que o dos direitistas, na medida em que os
direitistas tinham adotado um programa destrutivo diversionista e consideravam
que era necessário recuar para o capitalismo. Trotsky expressou muito grata
satisfação quando eu lhe falei sobre a conversação de Sokolnikov com Tomsky e a que
eu tinha tido com Bukharin. Ele disse que não era apenas uma medida tática, isto é,
unidade na luta contra um e o mesmo inimigo, mas que esta unidade tinha algum
significado em termos de princípio" (Trial of Anti-Soviet Trotskyite Centre, 1937, pp.
65-66).

Bukharin disse algo similar nesse julgamento. Ele explicou que a formulação
prática de seu programa significava a restauração do capitalismo na esfera
econômica e a restauração da democracia burguesa na esfera política. Em outras
palavras, o programa dos direitistas e dos trotskistas não significava mais e nem
menos do que a derrubada da ditadura do proletariado e o fim da construção
socialista. Disse Bukharin:

"Se a plataforma do meu programa fosse formulada praticamente, seria, na


esfera econômica, o capitalismo de Estado, o próspero muzhik individual, a
suspensão da criação de fazendas coletivas, as concessões ao estrangeiro, a
submissão ao monopólio do comércio estrangeiro e, como resultado, a restauração
do capitalismo no país...

No interior do país, nosso programa atual - isto eu penso que deve ser dito
com toda a ênfase - é retroceder á liberdade democrática burguesa, à coalizão,
porque, do bloco com os mencheviques, os revolucionários socialistas e assim por
diante, segue-se que haveria liberdade dos partidos, liberdade de coalizão, e segue-se
muito logicamente da combinação de forças em luta, porque só os aliados estão
escolhendo subverter o governo, no dia após a vitória possível eles serão parceiros no
poder. Um retrocesso não apenas quanto aos costumes das liberdades democráticas
burguesas, mas também, no sentido político, em vários ângulos em que há elementos,
indubitavelmente, de cesarismo" (Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights and
Trotskyites, pp. 381-382).

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Respondendo a uma intervenção de Vyshinskv. o promotor, Bukharin


explicou que 'cesarismo' significava fascismo:

"Visto que nos círculos do Bloco de Direitistas e Trotskistas havia uma


orientação ideológica para os kulaks e ao mesmo tempo uma orientação para uma
'revolução palaciana' e um golpe de Estado, para uma conspiração militar e uma
guarda pretoriana de contra-revolucionários, estes não eram outra coisa senão os
elementos do fascismo" (Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights and Trotskyites; p. 382).

O grupo dos nacionalistas burgueses antes mencionado, que estava


trabalhando com o mesmo objetivo de restaurar o capitalismo na URSS, assim
como os direitistas e trotskistas, encontraram uma causa comum com estes. Os
nacionalistas tinham se juntado ao Partido na época da NEP porque "nós
considerávamos que a evolução da NEP na direção que
desejávamos [isto é, restauração do capitalismo] não estava excluída. Por outro
lado, não vimos na Europa as forças em aliança com as quais poderíamos avançar
mais resolutamente" (Grinko, Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights and
Trotskyites, 1938, p. 69).

Porém, quando se tornou mais claro que não apenas a NEP não estava
evoluindo "na direção desejada" pelos nacionalistas burgueses como estava indo ao
contrário, para o êxito na construção do socialismo, os nacionalistas cessaram
meramente de prosseguir com o "trabalho de reconhecimento político" que tinham
até então empreendido. Diz Grinko: "Gradualmente sondamos forças políticas
estrangeiras que poderiam ajudar-nos". E, nesta época, "a organização nacionalista
ucraniana tinha tomado inteiramente a posição da direita sobre as questões
políticas, ou seja, a posição de combater a industrialização e a coletivização".

Tendo já estabelecido contatos com "certos Estados hostis ao poder


soviético", o grupo nacionalista de Grinko passou em 1935-1936 a estabelecer
relações com os direitistas e trotskistas. O que uniu os direitistas e trotskistas de
um lado e os nacionalista do outro foi que todos eles tinham tomado uma posição
idêntica "sobre as questões políticas gerais, isto é, a posição de combater a
industrialização e a coletivização"; todos eles tinham tomado a posição de lutar
contra a política do Partido de construção do socialismo, a posição de minar o
governo soviético e trabalhar para a restauração do capitalismo. É fútil perguntar
se todos eles subjetivamente desejavam a restauração do capitalismo. Os
nacionalistas por certo subjetivamente desejavam tal restauração, mas quanto
aos direitistas e os trotskistas, o verdadeiro objetivo era que, tendo feito da
impossibilidade de construção do socialismo na URSS seu ponto de partida, eles
eram, muito naturalmente e pela "lógica da luta", levados a ocupar uma posição
contra-revolucionária que era objetivamente indistinguível daquela assumida pelo
grupo nacionalista de Grinko. "A lógica da luta", dizia Bukharin, "conduziu à lógica
das idéias e a uma mudança de nossa psicologia, ao contra-revolucionarismo de
nossos objetivos". Bukharin estava absolutamente certo. A posição trotskista e
direitista teria de atrair todos os elementos nacionais e internacionais que fossem
“hostis ao poder soviético" e uni-los em uma frente única contra-revolucionária,
contra o poder soviético e contra o socialismo, que foi incitada pelo seu ódio ao
socialismo. Os trotskistas e direitistas representavam as seções 'socialistas' desta

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

frente única contra-revolucionária anticomunista contra o socialismo, contra o


Estado da classe operária. Tendo começado com uma posição que objetivamente
era contra-revolucionária, os trotskistas e os direitistas terminavam com uma
posição que era subjetivamente contra-revolucionária também.

Um fator adicional, que era comum aos trotskistas, direitistas e


nacionalistas era que eles tinham confiado na intervenção e na ajuda militar de
poderes imperialistas. Tinham todos trabalhado para minar a capacidade de defesa
soviética enquanto, ao mesmo tempo, faziam tudo para provocar a agressão
imperialista contra a União Soviética. Dizia Grinko:

"Isto significava minar o poder de defesa da União Soviética, minar as


atividades no Exército e na indústria de defesa, abrindo o flanco no campo da guerra
e provocando esta guerra; significava estender conexões com amplos elementos
agressivos anti-soviéticos; significava consentir com o desmembramento da URSS e
compensar os agressores às expensas dos territórios fronteiriços da URSS" (Trial of
the Bloc of Rights and Trotskyites, p.76j.

Ao grupo de Grinko, como de fato aos outros grupos nacionalistas na URSS,


fora prometido pelos trotskistas e direitistas que, após eles assumirem o poder
(isto é, após a restauração capitalista na URSS), aos vários grupos nacionalistas
seria permitido estabelecer repúblicas burguesas nacionais independentes. Este
era o preço que os trotskistas e os direitistas tinham concordado em pagar pelo
apoio dos nacionalistas. O grupo de Grinko operou na Ucrânia e trabalhou para
uma república burguesa independente da Ucrânia. Grupos nacionalistas similares
operaram no Uzbequistão e em Bokhara. Khodjayev, um dos acusados no terceiro
julgamento e um membro da 'Aliança Nacional' (uma organização nacionalista
burguesa) deu a seguinte versão do movimento nacionalista em Bokhara e das
atividades da Aliança Nacional'. Ele afirmou que a Aliança Nacional' "atribuiu-se o
objetivo de transformar a República Popular da Bokhara em uma república
democrática burguesa, com um estado colchão entre a Inglaterra e a Rússia
Soviética" (ibid., p. 212).

Outro membro da mesma organização de Khodjayev era Ikramov. Este


explicou em seu julgamento que Bukharin lhe tinha expressado a visão de que as
Repúblicas da Ásia Central "deveriam inevitavelmente passar através do estágio de
desenvolvimento capitalista normal" e que, sem passar por este estágio, não
poderiam construir o socialismo. Como esta era também a visão dos nacionalistas
burgueses, estes não hesitaram em apoiar e cooperar com os direitistas,
especialmente desde que lhe fora feita a promessa da formação de uma república
democrática burguesa independente de Bokhara, após a derrubada do poder
soviético.

A vitória do fascismo na Alemanha, em 1933, teve como resultado confirmar


mais o derrotismo e pessimismo dos trotskistas e direitistas, que agora
acreditavam que na hipótese da guerra com a Alemanha a União Soviética não
sobreviveria, que sua derrota era inevitável. Eles, portanto, consideravam
necessário estabelecer os termos com a Alemanha fascista, fazer concessões aos
fascistas no exterior e aos elementos capitalistas no interior da União Soviética.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Visto que o Partido e o governo Soviético não consentiriam em fazer estas


concessões, era necessário, de acordo com os trotskistas e os direitistas, mudar a
direção do Partido e do governo, para evitar o desastre e a derrota da União
Soviética em uma guerra com a Alemanha nazista. Seguem-se uns poucos exemplos
da estimativa da força relativa do fascismo e do imperialismo, por um lado, e da
União Soviética, por outro, que foi feita pelos trotskistas e direitistas:

"Está claro que, em qualquer caso, com o declínio maior do movimento


proletário mundial e a extensão maior da dominação fascista, não é possível manter
o poder soviético por muito tempo por meio apenas das forças
internas" (Trotsky, The Soviet Union and the Fourth International, 1933).

E: "Se a guerra permanecesse só uma guerra, a derrota da União Soviética


seria inevitável. Em um sentido técnico, econômico e militar, o imperialismo está
incomparavelmente mais forte. Se não for paralisado por uma revolução no Ocidente,
o imperialismo varrerá o regime gerado pela Revolução de Outubro" (Trotsky, The
Revolution Betrayed, p. 216).

Antes de apresentar a estimativa de Bukharin do fascismo, como revelado


por Ivanov, um dos acusados no terceiro julgamento de Moscou, seria aconselhável
que se provasse ser inteiramente sem base e falsa essa estimativa pessimista e
derrotista de Trotsky. Não apenas a União Soviética não foi derrotada pela
Alemanha nazista, como na realidade a União Soviética fez uma contribuição
inestimável à derrota da Alemanha nazista. Sem a contribuição soviética, a
Alemanha nazista não teria sido derrotada.

Para retornar, entretanto, à avaliação de Bukharin do fascismo, eis o que


Ivanov teve a dizer sobre isto:

"Vocês sabem, ele (Bukharin) disse que o capitalismo entrou agora em uma
nova fase de desenvolvimento, e neste novo estágio o capitalismo está exibindo
elementos bastante elevados de organização e planejamento. O capitalismo, disse ele,
está revelando nova e fresca força, expressando-se em progresso da técnica, que
realmente eqüivale a uma revolução técnica e um rejuvenescimento do capitalismo,
por assim dizer. E assim, correspondentemente, devemos rever nossa visão das
contradições, das classes, da luta de classes e assim por diante. Revisões
fundamentais devem ser introduzidas em Marx. O tratamento de Marx da questão
das revoluções proletárias já não era mais adequado. A doutrina de Lênin e de Stalin,
de que a época do imperialismo é uma época das revoluções proletárias, era, disse
ele, uma utopia mais nociva. Esta, de fato, era a posição a partir da qual nós partimos
e que nos levou ao fascismo ... Bukharin disse que não tinha pensado sobre esta
questão bastante profundamente. O fascismo, disse ele, correspondia às últimas
tendências no desenvolvimento do capitalismo. Chegamos diretamente ao fascismo"
(Trial of Bloc of Rights and Trotskyites, pp. 118-119).

Em vista dessa estimativa derrotista e pessimista da situação interna e


internacional e sua oposição à construção do socialismo, terá sido surpreendente
que os trotskistas e direitistas tenham desejado recorrer a medidas de restauração
capitalista na URSS e a concessões à Alemanha fascista, para evitar 'o desastre' e

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

'salvar' a União Soviética? Porém, os trotskistas e direitistas não poderiam pôr em


prática sua política de 'evitar o desastre', isto é, de restauração capitalista e
concessões à Alemanha, sem uma mudança na direção do Partido e do governo.
Como eles poderiam assegurar uma mudança da direção? Um caminho teria sido
apelar à classe operária e sua vanguarda, o PCUS(B), para convencê-las de que o
Partido, sob a direção de Stalin, estava levando o país ao 'desastre' e que a oposição
tinha um plano para impedir o desastre e esta mudança da direção era, portanto,
necessária.

Porém, os trotskistas e direitistas não tinham a menor possibilidade de


mobilizar a classe operária com o seu programa. Por que não? Porque seu
programa era contra-revolucionário e defendia a restauração do capitalismo na
URSS. Os trotskistas e direitistas não podiam ir abertamente à classe operária com
tal programa e esperar obter apoio. Nisso reside a única-explicação de por que o
programa dos trotskistas e direitistas nunca foi revelado para a classe operária,
mas permaneceu propriedade de um pequeno grupo de elementos com tendências
capitalistas, os trotskistas e os direitistas. O camarada Stalin estava absolutamente
certo quando disse:

"Atualmente os trotskistas estão com medo de mostrar sua real face à classe
operária, estão com medo de revelar para ela seus reais objetivos e metas,
cuidadosamente escondem sua face política da classe operária, temendo que se a
classe operária perceber suas reais intenções os amaldiçoará como inimigos dela e os
expulsará" (Discurso na Plenária do Comitê Central do PCUS, realizada em março
de 1937).

Isto é verdadeiro não apenas dos trotskistas de 1937 mas também dos de
hoje.

Não estando em posição de divulgar seu programa com a classe operária,


muito menos de obter apoio da classe operária a seu programa, aos trotskistas e
direitistas restavam apenas as seguintes alternativas, se queriam assegurar uma
mudança na direção do PCUS(B) e no governo soviético:

(a) Uso do terror individual contra os mais preeminentes e representativos


dirigentes - remover os dirigentes pelo assassinato;

(b) Remoção dos dirigentes do Partido e do governo por um golpe de Estado


militar, talvez planejado para coincidir com a agressão estrangeira contra a União
Soviética, ou, se a agressão estrangeira custasse a vir, poderia ter lugar em tempo
de paz;

(c) Uso do terrorismo e sabotagem para minar a indústria soviética,


particularmente a indústria de defesa;

(d) Recurso a potências imperialistas estrangeiras e a agressão estrangeira


contra a URSS, a fim de derrubar o governo soviético.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Estes eram os fascinantes métodos que os trotskistas e direitistas contra-


revolucionários, divorciados da classe operária e dos milhões e milhões de
trabalhadores, utilizavam - métodos aos quais devemos agora nos voltar.

Métodos utilizados pelo trotskismo

Na 15a Conferência do Partido, o camarada Stalin disse que os trotskistas se


distinguiam por sua "falta de escrúpulos quanto aos meios e falta de princípios na
política". Foi essa falta de escrúpulos quanto aos meios e falta de princípios na
política dos trotskistas e direitistas que os julgamentos de Moscou revelaram.

Os julgamentos revelaram a face política real do trotskismo - o trotskismo


em ação. Eles lançaram em relevo o quadro verdadeiro dos trotskistas, como
grupos de diversionistas e assassinos operando sob instruções de serviços secretos
estrangeiros e dos staffs gerais dos agressores. Os julgamentos mostraram o
trotskismo no papel de vanguarda das forças fascistas anti-soviéticas. Mostraram
que a conversão do trotskismo em uma agência fascista foi apenas a culminação de
seu desenvolvimento histórico e que esta conversão simplesmente coroou a luta
que o trotskismo vinha empreendendo contra a classe operária e o Partido, contra
Lênin e o leninismo, por décadas. "Como um rolo de filme invertido", os julgamentos
mostraram "todos os principais estágios do caminho histórico percorrido pelos
trotskistas e o trotskismo, que passaram mais de trinta anos de existência
preparando-se para sua conversão final em uma tropa de choque do fascismo, em um
dos departamentos da polícia fascista". (Vyshinsky,Trial of the Anti-Soviet Trotskyite
Centre, p. 463-464).

O próximo capítulo trata assim da evidência relacionada à falta de


escrúpulos quanto aos meios adotada pelos trotskistas, zinovievistas e direitistas
em sua luta pela derrubada do governo soviético e pela restauração do capitalismo.

Notas

1. À parte a atitude geral de derrotismo e rendição frente às dificuldades


apresentadas pela resistência dos kulaks à coletivização, os bukharinistas também
expuseram a teoria não marxista de que os kulaks se converteriam ao socialismo, e
deixaram totalmente de compreender o mecanismo da luta de classes sob a
ditadura do proletariado. Tivesse sido seguida a teoria não marxista de Bukharin,
não apenas os kulaks não se teriam convertido ao socialismo como, ao contrário,
teriam se tomado uma força predominante que, com o correr do tempo, teria
destruído a ditadura do proletariado. Assim, em essência a posição de Bukharin
não era diferente da de Trotsky.

2. Os oposicionistas enviaram uma declaração ao Partido, em 16 de outubro de


1926, na qual prometiam cessar a atividade faccionista e divisionista. Seguindo as
violações das promessas contidas nessa declaração, os dirigentes da oposição
enviaram ainda outra declaração ao Comitê Central do Partido, em agosto de 1927.
Apenas alguns meses mais tarde, no 10° aniversário da Revolução de Outubro, a
oposição, em violação de suas diversas declarações, tentou encenar contra-
manifestações às manifestações oficiais do Partido. Com isso, esgotou-se a

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

paciência do Partido. Estava claro que a oposição estava trabalhando por uma
divisão, então os dirigentes da oposição foram expulsos do Partido.

3. Pode ser interessante saber que nos países onde o movimento proletário foi
forçado a mergulhar na clandestinidade e as condições fascistas prevaleceram, os
escritos de Trotsky circulavam livremente. Tal, por exemplo, eram os casos da
Espanha e da Pérsia, sob o regime fascista de Franco na Espanha e um regime
fascista feudal brutal e tirânico do Xá da Pérsia. Esses regimes são suficientemente
astutos - mais astutos do que alguns dos "marxistas" na Inglaterra - para
compreender a essência anticomunista do trotskismo. Uma situação similar
prevaleceu na Alemanha fascista. Somos informados por James Klugmann, em
From Trotsky to Tito (Lawrence & Wishart Ltd., London, 1951):

"Na Itália de Mussolini de 1930, quando significava longas penas de


prisão e talvez tortura ou morte estar de algum modo ligado ao Partido
Comunista e quando não apenas todos os trabalhos de Marx, Engels, Lênin e
Stalin, porém os trabalhos de todos os democratas e progressistas italianos e
estrangeiros estavam estritamente banidos das livrarias e editoras italianas,
os trabalhos de Trotsky, sobre o 'novo tipo de comunismo' estavam
"livremente' e amplamente traduzidos e distribuídos. Lembro-me vivamente
quando, em 1938, passando pela Itália para encontrar estudantes
comunistas e antifascistas da Universidade de Belgrado, e passando umas
poucas horas na Milão de Mussolini, a palavra 'comunismo' chamava minha
atenção em uma série de livros destacadamente expostos com destaque na
vitrine de uma livraria. Eram os novos trabalhos traduzidos de Trotsky.

Na Alemanha de Hitler, quando ser comunista ou socialista ou um


militante sindical ou liberal ou democrata significava prisão, o campo de
concentração e muitas vezes a morte e a tortura, quando foi instituído um
dos expurgos mais violentos da literatura e queima de livros que o mundo
tinha conhecido, quando 'Dom Carlos', de Schiller, os poemas de Heine e as
novelas de Thomas Mann foram banidas ou queimadas como 'subversivos',
os escritos de Trotsky eram amplamente traduzidos e distribuídos.

Os escritos de Trotsky e aqueles de seus seguidores eram livremente


publicados na metade e no final dos anos 30 pela imprensa de Hearst na
América. Seus trabalhos sobre seu 'novo tipo de comunismo' foram
publicados pela imprensa de Franco em Salamanca e Burgos. A polícia
secreta da ditadura polonesa era especialmente educada em trotskismo no
sentido de facilitar seu trabalho de espionagem e ruptura no interior do
movimento operário polonês."

4. Os mitos e as mentiras acerca da fome de 1932 na Ucrânia, disseminados por


inúmeros contra-revolucionários em todo o mundo, foram plenamente refutados
em um excelente livro intitulado 'Fraud, Famine and Fascism', de Douglas Tottle
(Progress Books, Toronto, 1987). Recomendamos a todos lerem este excelente
trabalho, que não apenas apresenta os fatos como eles foram, mas também fornece
tremenda luz sobre o modus operandi da máquina de propaganda mentirosa da
burguesia.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

5. Na realidade, as propostas de Trotsky a respeito da coletivização, em 1924,


eram uma forma de destruição que, tivessem elas sido seguidas, certamente teriam
levado à derrubada da ditadura do proletariado, como teria feito a implementação
da teoria não marxista de Bukharin, de que os kulaks se converteriam ao
socialismo. A essência do desvio 'esquerdista' de Trotsky e do desvio "direitista' de
Bukharin é a mesma - ambos levariam à derrubada do Estado proletário e à
restauração do capitalismo.

6. A vitória do revisionismo na URSS, após a morte do camarada Stalin. não


prova de nenhum modo a correção da absurda teoria de Trotsky de que, com os
avanços na construção socialista, a guerra civil, levando à restauração do
capitalismo, é inevitável. Quanto às razões para o triunfo do revisionismo na URSS,
este não é o tempo nem o lugar para tratar deles, mas eles serão tratados em outra
parte.

7. O programa de Ryutin também continha os seguintes pontos:

(a) Este programa propugnava por conduzir a um acordo com o fascismo


porque, nas palavras do acusado Sokolnikov, "os membros dirigentes do centro
eram de opinião de que, como uma revolução isolada, nossa revolução não
persistiria como revolução socialista, que a teoria kautskiana do ultra-
imperialismo e a teoria congênere de Bukharin do capitalismo organizado
tinham se provado corretas. Éramos de opinião que o fascismo, a forma mais
organizada de capitalismo, está conquistando, apoderando-se da Europa,
sufocando-nos. Portanto, seria melhor para nós entrarmos em acordo com
ele, melhor chegarmos a algum compromisso, no sentido do recuo do
socialismo para o capitalismo" (Trial of the Anti-Soviet Trotskyite Centre, p.
489).

(b) Este programa propugnava a derrota da URSS na guerra.

(c) O programa também propugnava a abolição da democracia pois, como


Trotsky escreveu a Radek em dezembro de 1935, de acordo com o testemunho de
Radek, em seu julgamento, "Não se pode falar de qualquer tipo de democracia.
A classe operária viveu 18 anos de revolução e tem vastos apetites; e esta
classe operária terá de ser enviada de volta parcialmente para as fábricas de
proprietários privados e particularmente para as fábricas de propriedade do
Estado, que terão de competir com o capital estrangeiro sob as condições
mais difíceis. Isto significa que o padrão de vida da classe operária será
drasticamente rebaixado. No interior, a luta dos camponeses pobres e
médios contra os kulaks será renovada. E, para manter o poder,
necessitaremos de um governo forte, não importa que formas sejam
empregadas para dissimulá-lo" (Trial of the Anti-Soviet Trotskyite Centre, p.
114).

(d) Finalmente, este programa propugnava a divisão da URSS. "Dar a Ucrânia à


Alemanha; a Província Marítima e a região de Amur ao Japão."

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

1 I. N. SMIRNOV, que foi um firme apoiador de Trotsky durante o debate


no Partido de 1923-7, representante de Trotsky na URSS e o real organizador e
dirigente das atividades contra-revolucionárias trotskistas clandestinas na URSS.
Ele mantinha contatos pessoais com Trotsky e as organizações trotskistas no
exterior.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Capítulo 8

Terrorismo

Primeiro, as evidências em relação ao terrorismo. No julgamento do centro


terrorista zinovievista (o primeiro dos três julgamentos de Moscou), em agosto de
1926, Smirnov, um dos acusados e um trotskista, afirmou que em 1931 tinha
recebido, quando estava em Berlim, através de Sedov, filho de Trotsky, uma
mensagem de Trotsky. Nesta mensagem, Trotsky dizia que "era necessário mudar
os velhos métodos de luta contra o Partido, e que tinha chegado à época de adotar os
métodos terroristas de luta".

Holtzman, que teve um encontro secreto com Trotsky em Copenhague em


1932, também testemunhou que, no curso de sua conversação com Trotsky, este
disse que era "necessário remover Stalin".

Vyshinsky: "O que significa 'remover Stalin'? Explique isso."

Holtzman: "Eu falarei sobre isso. Então, Trotsky disse que, se Stalin fosse
removido, seria possível para os trotskistas subirem ao poder e à direção do PCUS.
Ele também disse que o único meio de remover Stalin era o terrorismo."

Vyshinsky: "Trotsky disse isso, inequivocamente?"

Holtzman: "Sim. Ele disse que para este propósito era necessário escolher
quadros de pessoas responsáveis aptas a esta tarefa. Ele então disse que isto seria
comunicado a Smirnov, mas que eu não dissesse isso a ninguém mais."

Vyshinsky: "Assim, Trotsky claramente disse a você que a tarefa fundamental


agora (isto é, no outono de 1932) era assassinar o camarada Stalin ? Você lembra
disso seguramente?"

Holtzman: "Sim." (Julgamento do Centro Terrorista Trotskista-Zinovievista).

O acusado Fritz David declarou também ter tido uma conversa com Trotsky,
em novembro de 1932. Durante a conversação, Trotsky, literalmente, disse o
seguinte:

"Agora não há outra jeito exceto a remoção pela violência de Stalin e seus
aderentes. O terror contra Stalin - esta é a tarefa revolucionária. Quem quer que seja
um revolucionário - sua mão não tremerá." (Volume 8, Preliminary Investigations, p.
62).

O acusado Berman-Yurin testemunhou que Trotsky repetidamente


disse: "até que Stalin seja removido pela violência, não haverá possibilidade de
mudar a política do Partido, na luta contra Stalin não devemos hesitar em adotar
medidas extremas - Stalin deve ser fisicamente destruído."

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Além da evidência anterior, com respeito à adoção do terrorismo pelo


trotskismo como meio de chegar ao poder, pode-se também acrescentar a de que,
em 1932, em um acesso de fúria contra-revolucionária, Trotsky esbravejou, em
uma carta aberta, com um apelo para "colocar Stalin fora do caminho". Esta carta
foi encontrada nos forros duplos da mala de Holtzman e figurou como prova no
primeiro julgamento de Moscou.

Outra vez, em 1933, Trotsky advogou pelo terrorismo contra os dirigentes


do governo soviético e do Partido de forma completamente aberta e franca.
No Boletim da Oposição trotskista, números 36-37, de outubro de 1933,
encontramos numerosas referências diretas ao terrorismo como método de luta
contra o governo soviético. Eis um exemplo:

"Seria ingênuo pensar que a burocracia stalinista (esta era a forma caluniosa
com a qual os trotskistas se referiam ao governo soviético) pode ser removida por
meio de um Congresso do Partido ou Soviético. Meios constitucionais normais já não
estão disponíveis para a remoção da panelinha dirigente.

Eles podem ser compelidos a ceder o poder da vanguarda proletária [os


agentes fascistas trotskistas consideravam-se como vanguarda do
proletariado!] somente pela força".

Trotsky estava fora do alcance do braço da lei soviético quando escreveu as


sentenças acima, nas quais defendia o terrorismo. Assim, nenhum trotskista e
outros críticos burgueses dos julgamentos serão capazes de afirmar que Trotsky
foi forçado pela OGPU a escrever as frases citadas. Assim, quando os vários
acusados nos julgamentos declararam ter organizado atos terroristas sob
instruções diretas de Trotsky, eles foram compelidos a dizer o que era realmente
verdade e, nas palavras do camarada Vyshinsky, "nenhum palavrório, nenhuma
calúnia, nenhuma insinuação e nenhuma mentira trotskista pode obscurecer este
fato" (The Trial of the Anti-Soviet Trotskyite Centre).

Antes de darmos detalhes dos atos terroristas dos trotskistas, zinovievistas


e direitistas, deve-se perguntar: por que essas pessoas recorreram ao terrorismo?
Esta é uma questão muito importante, que surge repetidamente e por isso deve ser
respondida exaustivamente. Como se pode reconciliar o marxismo com a pregação
do terror e das atividades terroristas? O acusado Reingold forneceu as respostas a
esta questão nos seguintes termos:

"Em 1932, Zinoviev, no apartamento de Kamenev, na presença de vários


membros do Centro Unido Trotskista-Zinovievista, argumentou a favor do recurso ao
terror como se segue: embora o terror seja incompatível com o marxismo, no
momento atual estas considerações devem ser abandonadas. Não há outros métodos
confiáveis de lutar contra os dirigentes do Partido e do governo no presente. Stalin
concentra em si toda a força e firmeza da direção do Partido. Portanto, Stalin deve
ser posto fora do caminho em primeiro lugar."

Como Vyshinsky disse: "Aqui você tem uma resposta francamente cínica,
insolente, mas absolutamente lógica."

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Continuando, Reingold disse: "Kamenev discorreu sobre esta teoria e disse


que os antigos métodos de luta, tentativas de ganhar as massas ... e buscar apoio nas
dificuldades econômicas tinham falhado. É por isso que o único método de luta
confiável é o terrorismo, atos terroristas contra Stalin e seus mais íntimos camaradas
em armas, Voroshilov, Kaganovich, Orjonikidze, Kossior, Postyshev e Zhdanov."

No primeiro julgamento, Kamenev afirmou: "Convenci-me de que a política


do Partido, a política de sua direção, tinha sido vitoriosa no único sentido em que a
vitória política no campo do socialismo é possível, que é o reconhecimento: esta
política pelas massas trabalhadoras."

Esta declaração é singular por sua falta de princípios, por seu cinismo. Aqui
está uma admissão franca de que o acusado lutou contra a política do Partido
justamente porque a política do Partido tinha sido vitoriosa.

Rykov deu uma explicação semelhante para a adoção do terrorismo por seu
grupo clandestino. Ele explicou: "Em vista do caráter ilegal e conspiratório da
organização contra-revolucionária dos direitistas, a ausência de qualquer tipo de
apoio de massa para suas atividades contra-revolucionárias e a ausência de qualquer
esperança de chegar ao poder por outro caminho, a adoção dos métodos terroristas,
na opinião do centro, apresentava algumas perspectivas" [Tríal of Anti-Soviet Bloc of
Rights and Trotskyites).

Assim, pode-se ver que os acusados chegaram ao terrorismo por causa da


ausência absoluta de perspectivas favoráveis para eles na luta pelo poder por
outros métodos e por outros meios. Foi precisamente à base da luta terrorista que
as negociações que finalmente resultaram na união dos trotskistas, zinovievistas e
direitistas foram conduzidas e concluídas com sucesso. O terrorismo para derrubar
o governo soviético e restaurar o capitalismo foi a base real sobre a qual os
trotskistas, os zinovievistas e os direitistas se uniram. Passemos agora à
organização e execução dos atos terroristas pelos trotskistas, zinovievistas e
direitistas contra os dirigentes do governo soviético e do Partido.

Atividades terroristas dos acusados e assassinatos de figuras públicas do


Estado Soviético por eles planejados e executados

Os assassinatos planejados e executados com sucesso pelos acusados foram


os de S. M. Kirov, V. R. Menzhinsky, V. V. Kuibyshev e A. M. Gorky e de M.
A.Peshkov.

Examinemos o assassinato de Kirov1. Este assassinato foi plenamente


revelado e desmascarado no julgamento do centro terrorista trotskista-
zinovievista, porém só foi estabelecido no terceiro julgamento - o julgamento do
Bloco Anti-Soviético de Direitistas e Trotskistas - que o centro terrorista trotskista-
zinovievista que realmente cometeu o assassinato de Kirov, não o fez
independentemente. Ficou incontestavelmente determinado, no terceiro
julgamento, que Kirov foi assassinado por decisão do Centro Direitista-Trotskista,
"o Centro de todos os centros" (Vyshinsky).

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

O acusado Yagoda confirmou na corte que Kirov foi assassinado por decisão
direta do bloco de direitistas e trotskistas, que esta decisão foi conduzida por
Yagoda. Yagoda cumpriu este vergonhoso dever. Ele deu ordens a Zaporozhetz,
assistente-chefe da Administração Regional do Comissariado do Povo de Assuntos
Internos em Leningrado, para fazer tudo que pudesse para que este assassinato
fosse cometido. Cerca de dois meses antes do assassinato, Nikolayev, o assassino
de Kirov e instrumento da organização clandestina trotskista-zinovievista em
Leningrado, foi detido e levado à Administração Regional. Verificou-se que ele
estava de posse de um revólver e cartuchos e um mapa da rota que Kirov
costumava tomar. Estava perfeitamente claro que Nikolayev estava se preparando
para cometer um ato terrorista contra Kirov. Porém, seguindo as ordens diretas de
Yagoda, Zaprozhetz libertou este futuro assassino. Dois meses mais tarde,
Nikolayev assassinou Kirov com a participação direta de Yagoda, que era
encarregado na época de proteger os membros do governo. Era assim que os
traidores da causa do socialismo cometiam esses crimes covardes e infames - o
assassinato do camarada Sergei Mironovich Kirov. Ao assassinar Kirov, "esses cães
raivosos do capitalismo tentavam livrar-se dos melhores de nossa terra. Eles
mataram um dos homens da revolução que era dos mais queridos por nós, este
homem admirável e maravilhoso, tão brilhante e jovial quanto era sempre brilhante
e jovial seu sorriso nos lábios, como nossa nova vida é brilhante e jovial. Eles
mataram nosso Kirov; eles nos feriram em nosso próprio coração. Eles pensaram que
poderiam semear a confusão e a consternação em nossas fileiras." Porém, "aos
atiradores traidores assassinos de 1° de dezembro de 1934, o país inteiro repeliu com
execração unânime." (Vyshinsky, Trial of the Trotskyite-Zinovievite Terrorist
Centre).

Yagoda também confirmou no tribunal que Rykov e Bukharin tinham


tomado parte na decisão de matar Kirov.

Os autos do processo no julgamento do bloco de direitistas e trotskistas


também estabeleceram que as atividades terroristas dos direitistas e trotskistas
não tinham se limitado ao assassinato de Kirov, que Gorky, Menzhinsky, Kuibyshev
e Peshkov (filho de Gorky) também tinham sido vítimas de atos terroristas
cometidos sob as instruções do centro de direitistas e trotskistas. Sobre estas
conexões Yagoda testemunhou como se segue:

"Em 1934, no verão, Yenukidze informou-me que o Centro do 'bloco de


direitistas e trotskistas' tinha adotado a decisão de organizar o assassinato de Kirov
... Assim, declaro categoricamente que o assassinato de Kirov foi executado sob as
instruções do Centro do 'bloco de direitistas e trotskistas'. Foi também por decisão
deste Centro que foram perpetrados atos terroristas contra Kuibyshev, Menzhinsky e
Gorky. Qual era a situação aqui? Mesmo antes de Kirov ser assassinado, Maxim, filho
de Gorki, morreu. Eu já declarei diante da Corte que admito minha participação em
causar a enfermidade de Max" (Trial of the Anti-Soviet Bloc of Rights and Trotskyites,
pp. 572-3).

O testemunho de Yagoda foi confirmado por aqueles que tomaram


diretamente parte nesses assassinatos covardes. Yagoda primeiro tentou negar
qualquer responsabilidade pela morte de Peshkov. Mais tarde, ele o admitiu,

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 38


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

conforme registrado em filme, explicando que sua indisposição em falar disto


tinha-se devido ao fato de que os motivos para o assassinato de Peshkov eram de
caráter puramente pessoal. Porém, Yagoda falou na sessão aberta da corte do
assassinato de Menzhinsky, presidente da OGPU, insistindo em que os motivos
para este assassinato não foram de forma alguma pessoais, de natureza carreirista,
mas de caráter puramente político. Yagoda declarou:

"Nego que, ao causar a morte de Menzhinsky, eu tenha sido guiado por


considerações de natureza pessoal. Eu aspirava ao posto de chefe da OGPU não por
considerações pessoais, não por considerações carreiristas, mas pelo interesse de
nossa atividade conspiratória" (ibid.).

Como Yagoda executou esses assassinatos? Que métodos ele adotou?


Yagoda acreditava na técnica de assassinar pelos meios mais ardilosos. Sua técnica
englobava recurso a médicos, que forneciam um disfarce perfeito (ao menos
Yagoda pensava). O método de Yagoda para produzir a morte de suas vítimas era
matar por moléstia. Respondendo a uma questão das autoridades da investigação
sobre como se deveria entender matar por doença, Yagoda afirmou:

"Muito simplesmente. Uma pessoa naturalmente adoece; ela fica doente por
algum tempo; aqueles que a circundam tornam-se acostumados, como é também
natural, à idéia do paciente morrendo ou se recuperando. O médico que trata do
paciente pode facilitar sua cura ou sua morte ... bem, todo o resto é uma questão de
técnica" (ibid.).

Tendo concebido este método de matar, Yagoda impôs aos médicos que
executassem esses assassinatos. Quando o Doutor Pletnev entendeu o método de
Yagoda como uma proposta para usar veneno, Yagoda disse ao Dr. Pletnev: "Não,
isto é cruel, muito cruel e perigoso; o que se deve fazer é empregar um método
adequado de tratamento, apressando o fim da pessoa a quem você foi chamado a
tratar" (ibid.).

"Empregar um método de tratamento para apressar o fim da pessoa a quem


você foi chamado a tratar" - esta de fato é a última palavra em cinismo, perfídia e
traição.

Yagoda também propôs assassinar Kirov por este método seguro' de 'matar
de doença', porém sua proposta foi rejeitada por Yenukidze. Yagoda disse:

"Quando Yenukidze transferiu-me a decisão do Centro de Contato acerca do


assassinato de Kirov, eu expressei minha apreensão de que um ato terrorista direto
poderia expor não apenas a mim mesmo, mas a toda a organização também. Eu disse
a Yenukidze que havia um método menos perigoso, e lembrei a ele, Yenukidze, como a
morte de Menzhinsky foi produzida com a ajuda dos médicos. Yenukidze respondeu
que o assassinato de Kirov devia ser feito do modo que fora planejado, que os
trotskistas e zinovievistas tomaram a si cometerem esse assassinato e era nossa
obrigação não colocar nenhum obstáculo" (ibid.).

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Mas Yenukidze prometeu que da próxima vez eles adotariam o método e os


meios propostos por Yagoda.

"Quanto ao método seguro de causar a morte com a ajuda dos


médicos", continuou Yagoda, "Yenukidze disse que no futuro próximo o centro
discutiria a questão de quantos e quais dos dirigentes do Partido e do governo
deveriam ser os primeiros a serem mortos por este método" (ibid.).

Nada poderia suplantar o cinismo e a perfídia dessas pessoas que, com


calma e frieza revoltantes, discutiam quais dos dirigentes do Partido e do governo
seria melhor matar e que métodos deveriam ser adotados.

A ocasião de adotar os métodos 'seguros' de Yagoda veio quando os


próximos assassinatos foram discutidos, o que nos leva ao assassinato de Gorky.

O assassinato de Gorky

"Algum tempo mais tarde, durante meu encontro seguinte com Yenukidze, ele
me disse que o centro tinha decidido executar uma série de atos terroristas contra
membros do Birô Político e, acrescentou, contra Maxim Gorki pessoalmente

... Yenukidze explicou-me que o 'bloco de direitistas e trotskistas', considerando que a


derrubada do governo soviético era uma perspectiva para o futuro próximo, Gorky
era visto como uma figura perigosa. Gorky era um seguidor fiel da direção de Stalin e,
no caso de a conspiração ser levada a efeito, ele indubitavelmente levantaria sua voz
em protesto contra nós, os conspiradores."

A decisão de matar Gorky foi finalmente tomada pelo bloco porque ele era
um "fiel seguidor da direção de Stalin", porque os conspiradores traiçoeiros
consideravam-no uma "figura perigosa".

O acusado Bessonov também testemunhou que, quando estava em Paris, em


julho de 1934, encontrou-se com Trotsky. Trotsky disse a Bessonov que Gorky
deveria ser removido a qualquer custo, porque Gorky era um amigo íntimo de
Stalin e um defensor da linha geral do Partido. Trotsky instruiu Bessonov a
transmitir esta ordem sua a Pyatakov. Esta mensagem categoricamente
determinava que Gorky devia ser fisicamente destruído a qualquer custo. Foi
transmitida por Bessonov a Pyatakov, ao bloco de direitistas e trotskistas. O bloco,
como Yagoda testemunhou, aceitou a ordem de Trotsky e adotou a decisão de
assassinar Gorky e realmente assassinou Gorky.

O bloco também adotou a decisão de remover fisicamente Kuibyshev, o


vice-presidente do Conselho dos Comissários do Povo e um dos membros mais
ativos do Birô Político.

Nas palavras do camarada Vyshinsky: "Assim, no curso deste breve período,


três vítimas, três homens notáveis, encontraram uma morte prematura por decisão
do 'bloco de direitistas e trotskistas'. Três das melhores pessoas de nosso país,
verdadeiros filhos de sua pátria, vitimados por uma conspiração de traidores sem

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

vergonha. E, entre elas estava o orgulho da Rússia e da literatura mundial, o grande


autor russo e gênio da literatura, Alexei Maximovich Gorky.

Cada linha de suas canções e estórias, de seus romances e narrativas,


expressava o espírito da nobreza e do ardor da ação revolucionária. Não foi sem bons
motivos que ele teve ligação estreita em sua vida com o grande Lênin e o grande
Stalin, como um de seus melhores e mais íntimos amigos. Não foi sem bons motivos
que Lênin várias vezes escreveu que Gorky era um homem de grande talento artístico
que tinha feito e faria muito pelo movimento proletário mundial.

Não foi sem bons motivos que Lênin escreveu que Gorky era indubitavelmente
o maior representante da arte proletária, que por suas grandes produção artísticas
tinha formado vínculos firmes com a classe trabalhadora da Rússia e do mundo.
Gorky sentiu que a tempestade viria, ele profetizou a vitória de nosso movimento, o
triunfo do brilhante intelecto do proletariado sobre a treva e a vilania do
capitalismo.

Um dos melhores amigos da humanidade trabalhadora sucumbiu aos golpes


traiçoeiros aplicados sobre o coração enfermo desse grande homem. Um dos mais
brilhantes e poderosos luminares da razão humana e da beleza humana foi extinto.
Essa luz foi extinta por esses traidores, por essas bestas em forma humana, que fria e
traiçoeiramente paralisaram o coração ardente e nobre desse grande homem "
[ibid.j.

Bukharin e Rykov tentaram como podiam livrar-se de responsabilidade


pela morte de Gorky, porém (i) o testemunho dos próprios Rykov e Bukharin e (ii)
a lógica das coisas estabeleceu incontrovertidamente que Bukharin e Rykov
sabiam acerca da preparação que estava sendo feita para o assassinato de Gorky,
que eles organizaram este assassinato e que eles encobriram este assassinato - e
que, portanto, eles foram partícipes no infame assassinato de Gorky. Eis as partes
relevantes do testemunho de Rykov e Bukharin sobre este ponto:

"Yenukidze contou-me", disse Rykov, "que os trotskistas e zinovievistas


estavam extremamente preocupados por causa da influência que Gorky estava
adquirindo e por ser ele um determinado seguidor de Stalin e da linha geral do
Partido."

Esta conversação entre Rykov e Yenukidze teve lugar em 1935, um ano


antes de Gorky ser assassinado. Continuando, Rykov disse:

"Eles [os trotskistas e zinovievistas] consideraram necessário, tendo em vista


a significação de Gorky... colocar um fim na atividade política de Gorky."

Em resposta à questão de Vyshinsky de como se poderia colocar um fim na


atividade política de Gorky, Rykov disse que Yenukidze "falou com voz tão elevada,
ou com expressões tão fortemente hostis, que estava claro para mim que aquele tom
envolvia a possibilidade do emprego de medidas violentas".

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Ao ser perguntado "o que significa chegar a medidas violentas? Poderia


também significar assassinato?", Rykov respondeu: "Certamente."

Rykov foi perguntado por Vyshinsky: "Você sabia que estavam havendo
preparativos para a morte de Gorky?" Rykov respondeu: "Não exatamente." O
comentário de Vyshinsky sobre a resposta de Rykov foi muito adequado: "Não
exatamente, mas sabia!"

Tratemos agora do testemunho de Bukharin. Bukharin disse: "Em 1935,


Tomsky disse-me que Trotsky estava preparando alguma ação hostil ou algum ato
hostil contra Gorky." Tomsky soube desta "ação hostil ou ato hostil" por Bessonov,
que tinha recebido instruções de Trotsky, do exterior, nesse sentido. Perguntou-se
a Bukharin: "Em que consistia esse ato hostil?" Sua resposta foi: "Ação contra o
'stalinista Gorky', como defensor da construção socialista em geral e da política de
Stalin, em particular."

Vyshinsky: "Tomsky ligou a perpetração de um ato hostil contra Gorky com a


questão da derrubada do governo soviético?"

Bukharin: "Em essência ele fez isso."

Assim, está claro que, em 1935, um ano antes de Gorky sucumbir vitimado
por um ato terrorista, Rykov e Bukharin sabiam que Trotsky estava preparando
um ato hostil contra Gorky. Rykov soube por Yenukidze e Bukharin por Tomsky.
Isto é precisamente o que foi testemunhado por Bessonov, quando deu detalhes de
sua conversação com Trotsky em Paris, em julho de 1934. A lógica das coisas
também prova que a preparação de "atos ou ações hostis" contra Gorky não
significava outra coisa senão preparativos para a destruição física de Gorky, pois
não havia outro caminho para "pôr um fim à atividade política de Gorky". A lógica
das coisas também prova este ponto ainda de outra forma, a saber, desde que "os
preparativos de um ato hostil contra Gorky" estavam ligados "à questão da
derrubada do poder soviético", tais preparativos não podiam senão ser para a
destruição física de Gorky. Gorky era muito influente e popular entre as massas;
era também um firme seguidor da linha leninista do Partido. Os conspiradores que
estavam fazendo preparativos para derrubar o governo soviético não poderiam
poupar Gorky, enquanto alvo de suas revoltantes "ações hostis", da mesma forma
que não tinham poupado

Kirov, que tinha se distinguido por sua luta contra o trotskismo contra-
revolucionário, que tinha despachado os trotskistas e zinovievistas em Leningrado.
Todos os marxistas-leninistas estavam na lista trotskista daqueles a serem
assassinados. Alguns foram assassinados com sucesso. Em outros casos, eles não
tiveram sucesso. Disto falaremos mais adiante.

Conseqüentemente, tendo adotado a decisão de "pôr um fim à atividade


política de Gorky", o bloco de direitistas e trotskistas, com o pleno conhecimento e
acordo - e portanto plena participação - de Bukharin e Rykov, passou à tarefa de
executar a decisão. Desta vez, Yagoda não admitiria a rejeição de suas propostas a
respeito dos métodos e meios de cometer os vergonhosos crimes. Era tempo de

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 42


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

colocar em prática a fórmula de Yagoda, de matar por graus, "assassinar com uma
garantia" - o método de assassinar com a ajuda de conhecimento especializado.
Assim, Yagoda empregou uma gangue de assassinos e envenenadores
especialmente treinados - Levin, Plenev, Kazakov, Maxim-Dikovsky, Kryuchkov e
Bulanov. Yagoda escolheu médicos para cometerem esses crimes monstruosos
porque, como Vyshinsky colocou, "eles contavam com as circunstâncias históricas,
por assim dizer", porque outros métodos poderiam se mostrar perigosos. As
descobertas da comissão de maior autoridade dos experts médicos, que
investigaram completamente todo o material colocado à sua disposição, não
deixam dúvida alguma de que os médicos, sob as instruções de Yagoda, e com o
pleno conhecimento e aprovação do centro direitista-trotskista, provocaram as
mortes de Gorky, Kuibyshev e Menzhinsky. Foram as seguintes as questões
colocadas para a Comissão e suas respostas a estas questões em conexão com a
morte de Gorky:

Questão: "Pode-se admitir que médicos apropriadamente qualificados


poderiam ter adotado tal método errado de tratamento sem intenção maliciosa?"

Resposta: "Não se pode."

Questão: "Era permissível, em geral, que doses prolongadas, grandes, de


estimulantes do coração, a saber, digitalis, digalen (extratos de dedaleira),
estrofantina e estrofanto, fossem administradas intravenosa, subcutânea e
internamente ao mesmo tempo e, em particular, no caso do paciente muito enfermo
A. M. Gorky, que estava com 68 anos de idade e sofria da afecção antes mencionada
dos órgãos internos?"

Resposta: "Absolutamente não permissível."

Questão: "Pode-se considerar determinado, com base na soma total desses


fatos. que o método de tratamento de A. M. Gorky foi um ato deliberado de
destruição?"

Resposta: "Sim, pode-se considerar determinado além de qualquer dúvida."

Estas conclusões são as mesmas de outros casos.

Além de Gorky, outros preeminentes bolcheviques como Kuibyshev e


Menzhinsky foram levados à morte pela aplicação da 'ciência' bandida — o método
de Yagoda de "morte com uma garantia". O filho de Gorky, Peshkov, foi igualmente
executado. Porém, a 'garantia' provou-se inútil e a gangue criminosa dos
trotskistas, direitistas e zinovievistas foi apanhada pela inteligência
verdadeiramente bolchevique. levada à justiça e levada a pagar com suas cabeças
por seus crimes infames, vergonhosos e cínicos.

Estes, então, foram os assassinatos cometidos realmente por esta gangue de


traidores e assassinos profissionais, para não falar das dezenas de pessoas levadas
à morte por esta mesma gangue durante o curso de suas atividades destruidoras,
às quais o próximo capitulo será devotado. Mas o quadro desta gangue de

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

criminosos em ação não estaria completo sem ao menos uma breve referência ao
numero de seus assassinatos e tentativas de assassinatos que, por uma razão ou
outra, não puderam ser perpetrados.

Assassinatos planejados e atentados

Esta lista inclui os seguintes, que escaparam de ser vítimas dos desígnios da
gangue trotskista de assassinos e traidores profissionais: Stalin, Molotov,
Voroshilov, Kaganovich, Orjonikidze, Zhdanov, Kossier, Postyshev, Eiche e Beria. O
tempo não me permite, camaradas, tratar de todos estes casos exaustivamente.
Escolherei três casos para tratamento relativamente detalhado. Sobre os restantes,
serei forçado a fazer apenas uma breve menção. Os três casos que escolhi para
tratamento detalhado são os que dizem respeito aos preparativos e atentados
contra as vidas dos camaradas Stalin, Molotov e Orjonikidze.

Stalin primeiro: o primeiro atentado provou que o centro terrorista unido


trotskista-zinovievista, sob as instruções de Trotsky recebidas pelo 'Centro Unido',
através dos acusados Smirnov, Holtzman e Dreitzer no período 1932-1936,
empenhou-se em atividades terroristas contra os dirigentes do governo soviético e
do PCUS; que ele se concentrou na organização do terror contra os dirigentes do
Partido e governo em geral e contra Stalin em particular. Grupos terroristas
clandestinos foram organizados com este propósito.

Este julgamento revelou que, em 1934, os acusados Bakayev, Reingold e


Dreitzer duas vezes fizeram um atentado contra a vida do camarada Stalin. O
julgamento revelou que Trotsky, não se limitando à organização de atos terroristas
contra os dirigentes do Partido e do governo, sob a direção imediata do 'Centro
Unido", também enviou, durante 1932-36, uma série de terroristas do exterior com
o mesmo propósito. Em novembro de 1932, Berman-Yurin e Fritz David foram
mandados por Trotsky à URSS, com a instrução específica de assassinar o
camarada Stalin. Nathan Lurye, outro terrorista, foi também mandado por Trotsky
no mesmo ano, com o mesmo propósito. Nathan Lurye, em conjunto com Franz
Weitz (que então estava vivendo em Moscou disfarçado de especialista
estrangeiro, mas de fato era um agente da Gestapo e uma pessoa próxima a
Himmler, o chefe da Gestapo), fez preparativos para atentarem contra as vidas do
camarada Stalin e outros camaradas tais como Voroshilov, Kaganovich e
Orjonikidze. Eis o que Berman-Yurin testemunhou, em conexão com a preparação
para um atentado contra a vida do camarada Stalin, em resposta à questão
colocada por Vyshinsky: "Então Trotsky não somente deu instruções gerais, mas
também formulou sua tarefa de uma forma concreta?"

Berman-Yurin: "Ele [Trotsky] disse que o ato terrorista deveria, se possível,


ser cronometrado para ter lugar em um pleno do Comitê Executivo no ... Congresso
do Comintern, bem como que o tiro em Stalin ressoasse em uma grande assembléia.
Isto teria uma repercussão tremenda além dos limites da União Soviética e daria
surgimento a um movimento de massa em todo o mundo..."

Em março de 1933, Berman-Yurin partiu para Moscou. Berman-Yurin, após


sua chegada a Moscou e de acordo com as instruções de Trotsky, conforme

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transmitidas a ele por Dedov, filho de Trotsky, contactou Fritz David. Os dois
discutiram os preparativos para um atentado contra a vida do camarada Stalin na
13a Plenária do Comitê Executivo do Comintern. O plano fracassou, entretanto,
porque não se conseguiu obter um bilhete de ingresso para Berman-Yurin. Por
isso, decidiu-se adiar o assassinato do camarada Stalin até o Congresso do
Comimtern, porém este atentado também fracassou. Eis o que Berman-Yurin disse
sobre esse fracasso:

"O Congresso deveria ter-se realizado em setembro de 1934. Dei a Fritz David
uma pistola e as balas para que as escondesse. Porém, antes da abertura do
Congresso, Fritz David me informou que outra vez não tinha conseguido obter um
bilhete para mim, mas que ele próprio estaria no Congresso. Concordamos em que ele
deveria ser o encarregado do ato terrorista.

Vários dias mais tarde encontrei Fritz David, e ele disse que não conseguiu
atirar. Ele estivera sentado em um compartimento onde havia muitas pessoas, e não
teve possibilidade de atirar. Assim, esse plano fracassou também."

Passemos agora aos atentados terroristas contra a vida dos camaradas


Molotov e Orjonikidze. Ao fazer preparativos para eles, a linha dos acusados era
seguir e tirar vantagem das visitas dos dirigentes do Partido e do governo a
distritos afastados e organizar seus assassinatos ali. Foi precisamente tirando
vantagem de uma tal visita à Sibéria, do camarada Molotov, que um atentado foi
feito contra sua vida. Muralov, confirmando o testemunho de Amold, firme e
francamente, admitiu que ele de fato organizou um ato terrorista contra o
camarada Molotov, presidente dos Comissários do Povo da URSS. Muralov não
apenas organizou o ato terrorista, mas realmente tentou levá-lo a efeito através de
Shestov e Arnold. De forma similar, um ato terrorista foi organizado contra o
camarada Orjonikidze, também tentando tirar vantagem de uma visita a Sibéria.
Arnold relata em seu testemunho as circunstâncias nas quais ele foi recrutado pela
organização trotskista da Sibéria "para o trabalho" e a esta altura ocorreu o
seguinte diálogo entre Vyshinsky, promotor do Estado, e Arnold:

Vyshinsky: "Para que trabalho?"

Arnold: "Para a execução de atos terroristas."

Vyshinsky: "Quais, exatamente?"

Arnold: "Então ele saiu" [Pausa).

Vyshinsky: "Por que você parou?"

Arnold: "Nesta época, era em 1933..." (Pausa)."O que você queria que eu

contasse?"

Vyshinsky: "O trabalho do qual Shestov lhe encarregou. Seu trabalho atual?"

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Arnold: "Em 1934, vários dirigentes do governo visitaram nosso distrito. Eu


era o gerente da garagem e cabia-me levar a cabo atos terroristas."

Vyshinsky: "Quem o instruiu?"

Arnold: "Cherepukhin."

Vyshinsky: "E quem instruiu Cherepukhin?"

Arnold: "Cherepukhin foi instruído por Shestov."

Vyshinsky: "E você falou com Shestov pessoalmente sobre isso?"

Arnold: "Somente mais tarde."

Vyshinsky: "Você falou com ele?"

Arnold: "Falei."

Vyshinsky: "Que atos você preparou -?"

Arnold: "Eu era encarregado de dois lugares onde cometer atos terroristas:
um lugar era na Área n° 3, o outro era na Área n° 8."

Vyshinsky: "Bem, siga com sua estória. Por que você repentinamente perdeu a
voz? Quando você organizou os atos terroristas?"

Arnold: "O primeiro ato terrorista foi em 1934, no começo do ano, ou melhor,
na primavera."

Vyshinsky: "Contra quem?"

Arnold: "Contra Orjonikidze."

Vyshinsky: "Qual foi a natureza disso?"

Arnold: "Sua natureza foi que Cherepukhin claramente dissera-me


"Orjonikidze chegará amanhã. Veja bem, você deve executar o ato terrorista e não se
deter ante coisa alguma."

Vyshinsky: "Bem, o quê, então?"

Arnold: "Eu concordei com a proposta. No dia seguinte eu dirigi meu carro,
porque, como gerente da garagem e como membro do Partido, eu estava acima de
suspeita. Dirigi-me à estação. Orjonikidze, Eiche e Rukhimovich estariam lá. Dirigi-
me então à Colônia Alemã, e eles me pediram para seguir dali até Tyrkan e, quando
eu estava no topo da montanha, eles me pediram para parar até que pudessem ter
uma vista completa de Prokopyevsk. Nós então paramos na área combinada, n° 7-8-
9. Cherepukhin tinha me advertido de que todos estivessem de prontidão ali. 'Você

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verá um obstáculo e neste obstáculo você causará um acidente.' E, assim, quando


descia a montanha ou o fiz em grande velocidade, cerca de 70 a 80 quilômetros por
hora, e vi um obstáculo a cerca de meio quilômetro. Imediatamente me veio a idéia
de que aquele era o lugar onde eu causaria o acidente. Agora, vendo o lugar, eu não
sabia o que aconteceria a mim ... Assim, reduzi a velocidade e logo parei, e então
voltei-me para uma ponte à esquerda, embora eu devesse ter seguido em linha reta."

Vyshinsky: "Você não teve coragem?"

Arnold: "Não tive coragem."

Vyshinsky: "Você não podia fazê-lo, não teve coragem? Sorte nossa. E o
segundo caso?

Arnold: "Uma manhã, Cherepukhin veio ao meu escritório e disse: 'Molotov


está chegando hoje. Olhe aqui, veja se você não falha desta vez.' Eu lhe disse que não
tinha falhado. Ele disse: 'Eu sei como você não falhou.' Então eu entendi que alguém
estava de olho em mim. Eu respondi que faria isto, passaria de carro até o escritório
de despacho. Eu conhecia muito bem o lugar onde causaria o acidente; era próximo à
elevação da Área n° 3. Há uma curva ali. Nesta curva não há um canal, como Shestov
chamou, mas o que chamamos de barranco, á margem da estrada, com cerca de 8 a
10 metros de profundidade, com um declive de aproximadamente 90 graus. Quando
cheguei na estação, Molotov, Kurganov, secretário do Comitê Distrital do Partido, e
Gryadinsky, presidente do Comitê Executivo do Território, entraram no carro ...

Disseram-me para nos dirigirmos ao bairro residencial dos operários, através


da Rua Komsomolskaya. Eu fiz isso. Justamente quando eu estava deixando a estrada
de barro para entrar na estrada principal, um carro subitamente veio na minha
direção. Não houve tempo para pensar; eu tinha de cumprir um ato terrorista. Eu vi
que o outro carro estava me seguindo. Então, entendi que Cherepukhin não tinha
confiado em mim e enviara outro carro atrás de mim. Eu não tive muito tempo para
pensar, mas fiquei assustado. Consegui manobrar para o lado, para dentro do canal.
Neste momento, Gryadinsky agarrou-me e disse: 'O que você está
fazendo?'" Vyshinsky: "O que o fez parar?"Arnold: "A covardia me fez
parar." Vyshinsky: "E isto abortou seus planos criminosos?" Arnold: "Sim."

Vyshinsky: "Eu tenho uma questão para perguntar a Shestov. Acusado


Shestov, você confirma o testemunho de Arnold quanto aos preparativos e o atentado
contra a vida do camarada Molotov?"

Shestov: "Sim, no principal foi isso que Cherepukhin me disse."

Vyshinsky: "Sob as instruções de quem foi organizado?"

Shestov: "Foi organizado sob minhas instruções."

Vyshinsky: "Sob suas instruções?"

Shestov: "Sim."

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Vyshinsky: "Através de Cherepukhin?" Shestov: "Sim."

Vyshinsky: "E você falou com Arnold pessoalmente antes deste


incidente?" Shestov: "Não, eu estava na época trabalhando na mina Anzhero-
Sujensk, e então Cherepukhin estava encarregado de todo o trabalho
prático."Vyshinsky: "O trabalho prático?" Shestov: "Sim, o
assassinato." Vyshinsky: "Cherepukhin era o encarregado?" Shestov: "Sim."

Vyshinsky: "E você soube acerca deste ato por Arnold, depois que foi feito?"

Shestov: "Sim, foi somente no outono que ele me falou disso, ao final de 1934."

Vyshinsky: "E em que circunstâncias você falou com ele sobre isso?" Shestov: "Ele
veio trabalhar na mina Anzhero-Sujensk." Vyshinsky: "Bem, e então, por que ele lhe
deveria contar sobre isso?" Shestov: "Eu quis saber como tinha
acontecido." Vyshinsky: "Ele sabia que foi feito sob suas instruções?"

Shestov: "Eu quis saber sobre o assunto do ponto de vista da técnica, por quê
e como."

Vyshinsky: "Você quis saber?" Shestov: "Sim."

Vyshinsky: "Isto é, você lhe perguntou?" Shestov: "Sim." Vyshinsky: "E ele explicou?"

Shestov: "Sim."

Vyshinsky: "E você deu-lhe instruções para organizar um atentado contra a


vida do camarada Molotov?"

Shestov: "Sim."

Vyshinsky: "Sob instruções de quem?"

Shestov: "Eu tinha recebido as diretivas de Muralov."

Vyshinsky: "De Muralov?"

Shestov: "Sim."

Vyshinsky: "Posso fazer uma pergunta ao acusado Muralov?"

O presidente: "Pode."

Vyshinsky: "Muralov, devo verificar o testemunho neste ponto uma vez mais.
Você admite que deu instruções a Shestov para organizar um atentado contra a vida
do camarada Molotov?"

Muralov: "Eu já testemunhei que confirmo isso."

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Vyshinsky: "Por favor, entenda que estou perguntando a você em conexão


com o interrogatório do acusado Arnold. Shestov deu-lhe instruções para organizar
um atentado contra a vida do camarada Molotov. Por sua vez, Shestov refere-se a
você, e eu devo verificar isso."

Muralov: "Eu admito, eu confirmo isso."

Quanto aos preparativos para o assassinato de outros dirigentes


mencionados antes, pode-se notar brevemente que os julgamentos revelaram o
seguinte:

O primeiro julgamento revelou que o 'Centro Unido', isto é, o centro


terrorista trotskista-zinovievista, instruiu um membro do centro terrorista de
Moscou para fazer preparativos práticos para a organização de um ato terrorista
contra o camarada Voroshilov. Nathan Lurye fez preparativos para o atentado
contra a vida dos camaradas Stalin, Voroshilov, Kaganovich e Orjonikidze. Em
1934, Nathan Lurye fez um atentado contra a vida dos camaradas Kaganovich e
Orjonikidze. Em Io de maio de 1936, sob instruções de M. Lurie, Nathan Lurie fez
um atentado contra a vida do camarada Zhdanov, durante as manifestações do
Primeiro de Maio, em Leningrado.

O julgamento também revelou que o centro terrorista trotskista-zinovievista


fez preparativos para atos terroristas contra os camaradas Kossier e Postyshev,
por meio do grupo terrorista ucraniano que operava sob a direção do trotskista
Mukhin.

O segundo julgamento, o julgamento de Pyatakov-Radek, revelou que


Piatakov tinha também preparado, de acordo com a decisão do centro trotskista,
executar atos terroristas contra os dirigentes do governo soviético e do Partido
através do centro ucraniano, um ato terrorista contra Postyshev e Kossier e, em
1935, contra Stalin. Mdivani, sob a direção de Serebryakov, preparou um ato
terrorista contra o camarada Beria. Muralov preparou atos terroristas contra os
dirigentes que visitavam a Sibéria (ver o testemunho de Arnold), além de um
contra o camarada Eche, o secretário do Comitê Territorial do Oeste Siberiano do
PCUS(B) que, naturalmente, vivia na Sibéria.

Tal, brevemente, era o quadro da atividade terrorista de Trotsky. Passemos


agora a outro aspecto do trotskismo em ação, a outra de suas habilidades
profissionais, a saber, a destruição, o diversionismo e a sabotagem em conjunção
com e sob as instruções diretas das agências do serviço secreto de potências
estrangeiras.

Notas

1. A fim de lançar dúvidas sobre a autenticidade dos julgamentos de Moscou e


ao mesmo tempo difamar Stalin, o trotskismo e os estudiosos burgueses ordinários
do tipo mais nefasto têm feito a afirmação sem base, repetida um milhão de vezes
nos círculos acadêmicos e políticos burgueses, de que Stalin esteve por trás do
assassinato de Kirov - pois Kirov, assim diz a argumentação, opunha-se a Stalin que

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

tinha, portanto, de eliminar Kirov para estabelecer o seu próprio poder absoluto.
Isto seria parte da suposta política de Stalin de ganhar poder pela eliminação dos
'velhos bolcheviques' que estavam em seu caminho.

Esta é uma mentira tão monstruosa que mesmo os estudiosos burgueses, se


são honestos, encontram dificuldade para engolir. J. Arch Getty é um desses
estudiosos. Em seu livro Origin of the Groat Purgcs (Cambridge, 1985), ele não
somente refuta adequadamente esta acusação como também recrimina vários
pseudo-experfs nos julgamentos - tais como Robert Conquest - bem como os
'velhos bolcheviques' que escreviam suas memórias por basearem seus escritos
em anedotas, rumores e mexericos, em lugar de fazerem uso crítico dos "relatos
internos dos participantes".

A pesquisa de Getty foi baseada no exame do relatório do Partido de Smolensk,


em conexão com a campanha do PCUS de verificação da filiação ao
Partido (Proverka) e dos expurgos (Chistka) de 1929, 1933 e 1935, visando à
exclusão e expulsão de elementos corruptos e alheios ao Partido. Muito
corretamente, Getty é cuidadoso ao confinar o uso da palavra 'expurgo' a estas
campanhas, e não a aplica aos julgamentos de Moscou de figuras preeminentes
acusadas de crimes contra o Estado soviético.

Algumas das observações pertinentes de Getty sobre a historiografia burguesa


são de tal interesse e significado que vale a pena reproduzi-las nesta nota de
pé: "...interpretações baseadas no uso crítico dos relatórios internos dos
participantes são mais bem fundamentadas do que aquelas que se apoiam
nas memórias literárias de vítimas corajosas, porém exógenas do
processo" (ver p. vii do prefácio de Getty).

"Em seus escritos sobre os Grandes Expurgos, estudiosos e jornalistas


têm tradicionalmente se baseado nas memórias de emigrados e fugitivos da
União Soviética, assim como relatos pessoais das vítimas do terror." Não
obstante, "...os historiadores têm se mostrado justificadamente céticos
quanto às memórias e autobiografias. Luis Gottschalk, o famoso historiador
da Revolução Francesa, considerava-as fontes indignas, escritas
posteriormente para uma audiência de massa, por pessoas cujas intenções
eram dúbias", (ver introdução de Getty, p. 11).

"Sobre nenhum outro período ou tópico os historiadores têm estado tão


impulsivos e aceitado história-por-anedotário. Grandes generalizações
analíticas resultam de fragmentos de segunda-mão de mexericos de
corredor. As estórias dos campos de prisão ('Meu amigo encontrou a esposa
de Bukharin em um campo de prisão e ela disse...') tornaram-se fontes
primárias sobre decisões políticas centrais. A necessidade de generalizar a
partir de dados particulares isolados e não verificados transformaram
rumores em fontes e igualaram repetição de estórias a confirmação. De fato,
o principal expert nos Grandes Expurgos (isto é, Robert Conquest) escreveu que
'a verdade só pode ser filtrada sobre a forma de boatos', e que 'basicamente,
a melhor, embora não infalível, fonte são os rumores'. Enquanto as classes

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

inexploradas de fontes incluírem arquivos e material de imprensa,


não é seguro nem necessário recorrer a rumores e anedotas" (p. 5).

"Para entender por que algo aconteceu, é necessário antes de tudo saber
o que aconteceu" (p. 9).

"Embora os Grandes Expurgos sejam muitas vezes associados à dizimação


dos 'velhos bolcheviques' , o oposto parece ter sido o caso em Smolensk, em
1935" (p. 85).

Sobre o assassinato de Kirov, Getty escreveu:

"Às vezes se pensa que Kirov foi um 'moderado' que se opôs à linha
geralmente dura de Stalin em vários campos. De acordo com boa parte da
literatura, Stalin matou Kirov para abrir caminho para sua política de
terror", e então "diz-se que ele usou o assassinato de Kirov como um pretexto
para a fase seguinte do 'Grande Expurgo', na qual ele aniquilou membros da
velha oposição bolchevique por sua alegada cumplicidade na morte do lider
popular" (pp. 92-93).

Boris Nicolaevsky, escrevendo como 'Velho Bolchevique', deu origem a este


conto de fadas, que tem sido repetido milhões de vezes desde então por diversos
escritores burgueses e trotskistas, embora naquela época Trotsky pessoalmente
não subscrevesse esta invenção. Eis aqui a observação de Getty sobre esta
grosseira falsificação:

"O cenário de Nicolaevsky sofre de sérios defeitos. Em primeiro lugar,


virtualmente nenhuma evidência sugere que Kirov favoreceu ou advogou
qualquer linha política específica que não a Linha Geral de Stalin. Um
estudioso recentemente concluiu que 'há o problema de determinar em que
medida a ascensão de Kirov e a nova direção da política soviética estiveram
conectadas. Como vimos, elas estão muitas vezes tão entrelaçadas que é difícil
isolar uma linha exposta por Kirov que fosse distinguível da oficial'. O rumor de
que Kirov era a favor de um tratamento leniente dos dissidentes, por
exemplo, é contradito por especulações contemporâneas opostas. Trotsky,
escrevendo três anos após o assassinato, chamou Kirov de 'um ditador de
Leningrado engenhoso e inescrupuloso, um representante típico de sua
corporação' e afirmou que atos terroristas como o assassinato de Kirov
por 'indivíduos desesperados' da 'geração mais jovem' têm um significado muito
profundo'. Gregori Tokaev, que foi alvo das políticas de Kirov para com a
oposição, disse que Kirov 'implacavelmente aniquilou' a oposição nessa época
e foi o 'primeiro algoz'. Um artigo contemporâneo na 'Sotsialisticheskii
vestnik' (Arauto Socialista) rotulou Kirov de 'linha-dura'. Se Kirov foi brando
com os oposicionistas, a oposição certamente não soube disso.

Certamente os discursos públicos de Kirov não refletiam uma atitude


moderada para com os membros da oposição. Em seu discurso ao 17°
Congresso, ele ridicularizou os membros da oposição, questionando sua
'humanidade' e a sinceridade de suas retratações. Ele denunciou duramente

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

o 'palavreado contra-revolucionário' de Trotsky e aplaudiu os serviços da


polícia secreta, inclusive seu uso de trabalho forçado nos projetos de
construção de canal. Foi por uma moção de Kirov que o discurso de Stalin foi
tomado como base da resolução do Congresso" (pp. 93-94).

E adiante:

"Se Stalin e Kirov fossem antagonistas, seria difícil explicar a ascensão


contínua de Kirov. Stalin escolheu Kirov para a delicada posição da direção
do Partido em Leningrado e confiou-lhe delicadas missões de resolução de
problemas na supervisão de colheitas críticas (como a jornada de Kirov na
Ásia Central, em 1934). Kirov foi eleito para o Secretariado e o Politburo em
1934, e Stalin quis transferi-lo para o Secretariado do Comitê Central em
Moscou, assim que possível. A menos que se esteja disposto a acreditar que
Stalin não controlava as indicações para o Secretariado e o Politburo, deve-se
presumir que ele e Kirov eram aliados" (pp. 94-95).

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Capítulo 9

Destruição, Diversionismo e Sabotagem

Enquanto o povo soviético, sob a correta direção do PCUS, e imbuído do


heroísmo do trabalho, estava ativamente construindo o socialismo na URSS, os
'heróis' dos julgamentos de Moscou - os trotskistas, direitistas e zinovievistas -,
ligando sua sorte com os fascistas e com os agentes dos serviços de inteligência de
potências estrangeiras, perdendo todos os escrúpulos, chegando a níveis extremos
de dubiedade e engodo e fazendo da perfídia e da traição um sistema, uma lei da
sua luta contra o Estado soviético, contra a construção do socialismo na URSS -
estavam ocupados disponibilizando seu 'heroísmo de trabalho' em outra frente, a
saber, a da destruição. Estes destruidores profissionais atribuíram-se a tarefa de
destruir o que o povo soviético tinha construído. Estimulados por seu ódio à
construção do socialismo na URSS, por seu desejo de provar a 'correção' da
detestável teoria, reacionária e contra-revolucionária, da 'revolução permanente',
por seu desejo de fazer a realidade conformar-se à sua teoria idealista e por seu
desejo de restaurar o capitalismo, os desprezíveis 'heróis' destes julgamentos
foram ao trabalho. E, em estrita aderência às instruções trotskistas "para desferir
os golpes mais contundentes nos pontos mais sensíveis", esses 'heróis' dinamitaram
pontes, causaram explosões em fábricas e minas de gás, mataram operários,
destruíram estações de energia, causaram acidentes de trens, abateram cavalos e
rebanhos, sabotaram planos agrícolas, enfraqueceram a indústria de defesa,
sabotaram as finanças e o comércio exterior do país, criaram uma deficiência
artificial de suprimentos, colocaram pregos e vidros na manteiga! Nenhum crime
era monstruoso demais para essa quadrilha. Assim se mostrou na ação a teoria da
'revolução permanente'.

O principal objetivo da destruição perseguida pelos direitistas e trotskistas


era minar o poder econômico e debilitar a defesa soviética, a fim de liquidar o
sistema socialista soviético e restaurar o capitalismo.

Grinko, cuja função de Comissário do Povo para Finanças teria sido


salvaguardar as finanças do país, organizou destruições na esfera das finanças,
enquanto simultaneamente agiu como agente dos serviços de inteligência alemão e
polonês e como homem de alta confiança de Bukharin e Rykov.

A maneira pela qual Grinko sabotou as finanças soviéticas foi "golpear o


governo soviético através do rublo soviético".

Porém, as finanças não poderiam ser isoladas dos vários ramos da


indústria, cujo desenvolvimento e direção eles determinam. A destruição na esfera
das finanças logo se propagaria aos vários ramos da economia soviética. Na
agricultura, as atividades de destruição tinham o objetivo de frustrar a meta de
alcançar uma colheita de 7 a 8 bilhões de puds de grãos.

Perseguindo seu objetivo de derrubar o governo soviético, para restaurar o


capitalismo, os trotskistas e direitistas adotaram os métodos mais sórdidos e
cínicos para minar a confiança das massas nos órgãos do poder soviético, para

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

difundir o descontentamento na população e incitar o povo contra o poder


soviético. Neste contexto, pode-se mencionar que Grinko 'organizou' os bancos de
poupança de tal forma que os depositantes tinham de perder um tempo enorme e
enfrentar desagrado e insolência, grosseria e falta de atenção. Tentou-se de todos
os modos induzir a opinião pública a sacar dos bancos de poupança.

Eis o que Grinko disse a respeito de suas atividades destruidores na


Comissão de Finanças:

"Uma das tarefas que me foram atribuídas pelo Centro de Direitistas e


Trotskistas foi organizar as atividades de solapagem no Comissariado do Povo de
Finanças...

Esta tarefa do Centro de Direitistas e Trotskistas me foi comunicada por


Rykov e, ao fazê-lo, ele enfatizou que a direção do Centro, ele e Bukharin, atribuíam
grande importância ao desenvolvimento das atividades de solapagem no
Comissariado do Povo de Finanças, em vista da importância e significado especial da
moeda. Ao mesmo tempo, ele deu-me a fórmula de Bukharin: Golpear o governo
soviético com o rubi o soviético ...

As atividades destruidoras eram conduzidas em conexão com aquelas


medidas financeiras que se relacionavam, por sua vez, com as amplas massas da
população: taxas, bancos de poupança, empréstimos etc.

A respeito dos bancos de poupança, duas medidas foram adotadas: a redução


no número de bancos de poupança; e a outra em conexão com os empréstimos
lastreados em bônus do Estado. O número reduzido de bancos de poupança tornava o
sistema despreparado para esta medida ampla e, como esta operação era conectada
com um serviço afetando milhões de pessoas, causava irritação entre vastas massas
da população.

Um considerável trabalho de subversão foi levado a cabo na esfera do


orçamento estatal...

Eu também participei de atividades de solapagem na esfera da agricultura, ao


empreender medidas financeiras ruinosas. Atividades de solapagem na esfera da
agricultura eram consideradas pelo Centro de Direitistas e Trotskistas como uma
tarefa muito importante.

Stalin tinha clamado pela coletivização como um meio decisivo de superar o


atraso da agricultura. Com base nos sucessos alcançados na coletivização, a tarefa
era atingir uma meta de colheita de 7-8 bilhões de puds por ano. O Centro de
Direitistas e Trotskistas bolou um plano para solapar as medidas ... Do ponto de vista
dos preparativos políticos para a luta anti-soviética, isto era de enorme significado, o
que foi também levado em consideração pelo Centro de Direitistas e

*Nota do Tradutor: Pud - antiga medida russa de peso, equivalente a 10,38


kg; assim, 7-8 bilhões de puds correspondem a 115-131 milhões de
toneladas.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Trotskistas, quando foi elaborado o programa" (Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights


and Trotskyites).

Deixemos de lado Grinko, ao menos por ora, e passemos às atividades de


outro destruidor, Chernov, que "conseguiu numa tarde pousar numa estação
policial [em Berlim] e tornar-se um espião" do imperialismo alemão. Chernov
recebeu instruções do serviço de inteligência alemão e agiu de acordo com essas
instruções. Chernov declarou à corte abertamente: "o serviço de inteligência alemão
fez questão de organizar atividades destrutivas na esfera da criação de
cavalos", tendo como propósito o não-provimento de cavalos para o Exército
Vermelho. Chernov não encontrou nenhuma dificuldade para cumprir esta missão.
Afinal, ele era o Comissário do Povo de Agricultura. Assim, ele selecionou três
fábricas para prepararem "soros com bactérias virulentas", com o que um grande
número de cabeças de gado foi destruído. Chernov disse à corte que, desta forma,
25.000 cavalos foram eliminados, sob suas instruções. Também sob as instruções
de Chernov, leitões em grande número foram infectados com erisipela, e a praga se
espalhou pela região de Voronezh, o Território Azov-Mar Negro e a Região de
Leningrado. Eis o que Chernov teve a dizer sobre o ponto em consideração:

"Para este propósito [isto é, destruição de rebanhos] três fábricas foram


selecionadas, por minha sugestão: Kashintsevo, Orei e Stavropol. Nessas fábricas,
foram feitos soros com bactérias virulentas, que receberam números de série
especiais. Boyorshinov foi informado destes números de série e transmitiu-os aos
chefes dos departamentos de veterinária nas localidades que poderiam ser confiáveis
neste assunto e eles, por sua vez, transmitiram aos cirurgiões veterinários que
tinham sentimentos anti-soviéticos e que, no caso de grande mortalidade de um
rebanho, não fariam espalhafato.

...Desta forma, esses soros foram distribuídos, e a infecção artificial foi levada
a cabo nessas três regiões.

“É difícil estimar os resultados, porém, em alguma medida, pode-se estar


seguro de que vários milhares de leitões morreram devido a este ato destrutivo”
(Trial of the Anti-Soviet Bloc of Rights and Trotskyites],

Tomemos Zelensky, o Presidente do Centrosoyuz. Ele organizou o mais


monstruoso de todos os crimes, a saber, a prática de misturar pregos e vidro em
gêneros alimentícios, manteiga em particular, golpeando assim os interesses mais
vitais do Estado soviético, a saúde e a vida do povo soviético. Ele fez isso mais para
criar uma falta artificial de produtos processados pela URSS em superabundância.
A este respeito, deve-se mencionar o caso de cinqüenta cargas de ovos que ele
deliberadamente destruiu para criar escassez de ovos em Moscou. Essas atividades
destrutivas foram levadas a cabo para provocar revolta no publico e despertar
sentimentos contra o sistema soviético, contra o poder soviético. Essas atividades
destrutivas dão uma pista de por que o povo soviético naqueles dias sofreu de vez
em quando escassez de determinados gêneros alimentícios, escassez que na época
foi atribuída ao sistema econômico soviético pelos inimigos burgueses do
socialismo. Eis algo do relevante diálogo entre Vyshinsky, o promotor estatal, e o
acusado Zelensky, a respeito da destruição na esfera dos gêneros alimentícios:

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Vyshinsky: "Você quer explicar as tecnicalidades deste assunto, e eu gostaria


de ir até o fundo nesta questão. Você disse na investigação preliminar que o caráter
destrutivo de seu trabalho consistiu no seguinte: a escala adotada dos tipos de
manteiga teve como resultado que só havia manteiga do melhor tipo, a manteiga
barata não chegava ao mercado."

Zelensky: "Foi isto justamente que eu quis explicar."

Vyshinsky: "É um fato ou não?"

Zelensky: "É."

Vyshinsky: "Além disso. Isso afetou o orçamento do consumidor. Foi assim ou


não?

Zelensky: "Sim."

Vyshinsky: "Isso despertava satisfação ou insatisfação da parte do público?"

Zelensky: "Insatisfação."

Vyshinsky: "Era isso que você estava querendo conseguir?"

Zelensky: "Era."

Vyshinsky: "Sua organização esforçou-se para isso?"

Zelensky: "Esforçou-se."

Vyshinsky: "E a manteiga que era enviada para venda, era sempre de boa
qualidade, ou você tentava deteriorar sua qualidade também?

Zelensky: "Sim."

Vyshinsky: "Houve casos em que membros de sua organização ligados ao


negócio da manteiga colocaram vidro na manteiga?"

Zelensky: "Houve casos em que foi colocado vidro na manteiga."

Vyshinsky: "Houve casos em que seus cúmplices, companheiros participantes


do golpe criminoso contra o poder soviético e o povo soviético, puseram pregos na
manteiga?"

Zelensky: "Houve."

Vyshinsky: "Com que propósito? Dar-lhe mais 'sabor'?"

Zelensky: "Isso está claro."

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Vyshinsky: "Bem, isto era organizar atividades destruidoras e diversionistas.


Você admite que é culpado por isso?"

Zelensky: "Sim."

E adiante:

Vyshinsky: "Você está falando de sobrepreço, mas eu estou interessado nas


questões mais ligadas à manteiga. Quero primeiro falar sobre ovos e depois a
respeito de sobrepreço. Você tomou o mesmo tipo de medidas, como no caso da
manteiga, com respeito ao fornecimento de ovos ao público? Esta é outra questão
que interessa ao público. Por exemplo, houve um caso, ou casos, em que se fizeram
tentativas periódicas para deixar Moscou sem ovos? Houve casos assim?"

Zelensky: "Sim, houve."

Vyshinsky: "Houve um caso, em 1936, quanto Moscou ficou sem ovos por sua
culpa, não de você, pessoalmente, mas de um dos participantes ativos desta
conspiração?"

Zelensky: "Houve".

Tomemos Sharangovich. Ele, artificialmente, espalhou anemia entre cavalos,


causando assim o perecimento de cerca de 30.000 cavalos. Ele também solapou a
industria de turfa. Ele declarou:

"Sou culpado do fato de que eu, pessoalmente, e a organização fascista da


Bielo-Rússia sob minha orientação, dirigidos pelo Centro dos Direitistas, causamos
destruição intensiva e atividades diversionistas em todos os ramos da economia e :a
vida cultural. Junto com meus cúmplices, solapei a agricultura, eliminei cava-os,
privei fazendas coletivas de terras domésticas, confundi o planejamento de áreas de
colheita e me esforcei, por motivo de provocação, por insuflar os fazendeiros coletivos
contra o governo soviético.

“Na indústria da Bielo-Rússia, nós solapamos a base de combustíveis, a


indústria energética, retardamos a velocidade do novo trabalho de construção e
cometemos numerosos atos destrutivos e diversionistas.”

Sharangovich acrescentou: "Mais uma vez desejo falar à corte das atividades
terroristas nas quais eu e nossa organização clandestina nos engajamos, agindo sob
as instruções do 'Bloco de Direitistas e Trotskistas' e da Equipe Geral Polonesa" (Trial
of Anti-Soviet Bloc of. Rights and Trotskyites , p. 742).

Ikramov, de acordo com seu próprio testemunho, praticou suas atividades


destruidoras em Namangan, nos moinhos de seda, nas plantas de produção de
algodão e no cultivo do algodão. De acordo com o testemunho de Ikramov e
Khodjayev, os dirigentes do bloco, Bukharin e Rykov, desempenharam um papel de
chefia na organização da destruição e da sabotagem.

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Ivanov destruiu a indústria de papel e celulose.

Rozengoltz não ficou atrás de seus 'colegas' no trabalho destrutivo. Ele


organizou, de forma destrutiva e criminosa, o comércio estrangeiro da URSS,
fortalecendo assim as defesas (ou melhor, a capacidade agressiva) dos inimigos da
URSS. Ele assinou acordos de petróleo que atendiam aos interesses do fascismo
alemão e japonês. Ele, especialmente, organizou a venda de rejeitos de mineração
de ouro de uma forma destruidora, servindo outra vez aos interesses da Alemanha
e do Japão e contra os interesses da URSS socialista. Rozengoltz prejudicou de toda
forma as importações para os propósitos de defesa da União Soviética, enquanto ao
mesmo tempo, de forma criminosa e destrutiva, acelerou a exportação para o Japão
de ferro, que poderia ser usado pelos militares japoneses para fabricarem bombas
com as quais bombardeariam a União Soviética.

Destruição e sabotagem da indústria soviética foi levada a efeito em todas as


partes do país. No segundo julgamento, o testemunho de Pyatakov também deu
detalhes da destruição e sabotagem levada a cabo sob a direção das várias
organizações trotskistas, de norte a sul do país, por exemplo, a destruição levada a
efeito nas indústrias de coque e químicas na Ucrânia, na indústria de cobre nos
Urais e nas estações de energia na área do Kuznetsk. Pyatakov declarou que a
destruição foi executada pelos gerentes de várias plantas e seções, não por sua
própria iniciativa, mas sob as instruções de Trotsky, bem como sob suas diretivas
pessoais.

"Em geral, tudo isso não foi feito pela iniciativa própria dessas pessoas [isto é,
os gerentes, etc.], mas sob instruções de Trotsky e depois sob minhas próprias
diretivas pessoais" (Trial of Anti-Soviet Trotskyite Centre, p. 47).

Boguslavsky, outro dos acusados no mesmo julgamento de Pyatakov,


também deu detalhes mórbidos e revoltantes de destruições levadas a cabo pelo
centro siberiano na esfera das ferrovias, sob instruções de Trotsky e sob as
diretrizes pessoais de Pyatakov. Disse Boguslavsky:

"Em 1934, o trabalho do Centro Siberiano e meu trabalho em particular


entraram em uma nova fase. Em 1934, eu tive meu segundo encontro com Pyatakov
... Desta vez Pyatakov disse que nosso trabalho estava completamente insatisfatório e
deu-nos tarefas que, embora não novas, tinham um novo tom ... Em resposta ao meu
pessimismo, Pyatakov disse:"Nós temos que nos empenhar no trabalho,
especialmente porque Trotsky tem estado enviando cartas e diretivas. Ele acusou-nos
de inação que chega às raias de sabotagem de suas diretivas... Com respeito ao
trabalho nas ferrovias, que eu próprio estava dirigindo, o número de acidentes na
linha cresceu consideravelmente em 1934 ... Em 1934 houve considerável
crescimento no número e porcentagem de locomotivas postas fora de ação" (ibid.).

Não é fantástico? Aqui está um ministro soviético cuja responsabilidade era


supervisionar a construção da indústria pesada. O que ele fazia realmente? Ele
apontava seus lugares-tenente de confiança para cargos-chave e os ordenava a
organizar atividades de sabotagem e destruição e, se descobria que as atividades
destrutivas de seus assistentes não estava acontecendo como ele queria, dizia-lhes

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

que deveriam "empenhar-se no trabalho", isto é, que eles deveriam organizar mais
destruição e sabotagem, pois Trotsky tinha estado enviando cartas e diretivas.
Trotsky "acusava-nos de inação que chega às raias de sabotagem de suas
diretivas". Isto revela nosso superindustrializador Trotsky como ele realmente era.
Ele acusava seus capangas de 'sabotagem' porque eles não estavam realizando
bastante sabotagem na indústria soviética!!

A desorganização do plano de desenvolvimento econômico soviético


prosseguiu. Ênfase especial foi dada ao enfraquecimento das indústrias ligadas à
defesa do país, de forma a abrir caminho para invasão estrangeira que estava
sendo planejada. Tendo dado detalhes da sabotagem levada a cabo na esfera do
comércio exterior, o acusado Rozengoltz acrescentou:

"É necessário notar especialmente as atividades destruidoras que decorriam


do nosso objetivo de trabalhar pela derrota - o atraso na importação de materiais
necessários à defesa" (Trial of Rights and Trotskyites).

Drobnis contou uma história semelhante: "Uma das tarefas destrutivas no


plano era aplicar recursos em áreas de importância secundária. Outra era atrasar o
trabalho de construção, de modo que impedisse o lançamento de departamentos
importantes nas datas fixadas pelo governo" (Trial of the Anti-Soviet Trotskyite
Centre).

Sob a direção de Pyatakov, atividades destrutivas foram organizadas de


forma sistemática e planejadas muito minuciosamente. Quando das investigações
preliminares, Pyatakov declarou:

"Eu aconselhei meu pessoal (isto eu mesmo) a não espalhar seu trabalho
destrutivo, mas concentrar toda sua atenção sobre as principais empresas
industriais, que eram importantes para a defesa e de importância para toda a União.

Neste ponto eu operava de acordo com as instruções de Trotsky: 'desferir


golpes contundentes nos pontos mais sensíveis'.

E, como Vyshinsky disse: "Faça-se justiça a ele, Pyatakov sabia como desferir
golpes contundentes nos pontos realmente sensíveis."

O segundo julgamento revelou que, de acordo com a fórmula "desferir


golpes contundentes nos pontos mais sensíveis" e sob a direção de Pyatakov,
maquinário, instalações e empresas inteiras eram arruinadas ou destruídas.
Oficinas inteiras foram incendiadas e dinamitadas. Linhas de trens foram
destruídas, com perda de vidas humanas.

Na organização e prática de suas atividades destrutivas, os acusados não


somente consideraram a perda de vida humana como algo inescapável e inevitável,
mas como parte integral e deliberada de sua política de criar na população
insatisfação ante o governo soviético. Drobnis disse:

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

"Seria melhor se houvesse perda de vida humana na mina, porque isso


causaria indubitavelmente insatisfação entre os trabalhadores e isso era o que
queríamos"(Trial of the Anti-Soviet Trotskyite Centre).

O acusado Knyazev relatou que Livshitz instruiu-o "a preparar-se para levar
a cabo atos (explosões, descarrilhamentos de trens ou envenenamentos) que fossem
acompanhados por grande perda de vida humana" (ibid.).

Foi isto, precisamente, o que foi feito. O centro trotskista causou uma
explosão no Poço Tsentralnaya, que resultou na morte de 10 operários e
ferimentos graves em 14 outros. A colisão de trens deliberadamente planejada na
estação de Shumikha resultou na morte de 29 homens do Exército Vermelho e
ferimentos em antros 29. Esta destruição foi produzida por Kayazev, em 27 de
outubro de 1935, sob a instrução de Livshitz, o Comissário do Povo Assistente das
Ferrovias. Em 1935-36, Kayazev, agindo sob instruções de Livshitz, organizou e
levou a cabo a destruição de vários trens - trens de passageiros e trens de tropas -
envolvendo perda de vidas. Outros que estavam ativos em levar a cabo atividades
destrutivas na esfera das ferrovias eram Serebryakov, Turok e Boguslavsky.

Nas indústrias do carvão e química da Bacia de Kuznetsk, os acusados


Drobnis, Norkin, Shestov e Strolov, sob as instruções de Pyatakov e Muralov,
executaram o trabalho destrutivo e diversionista com o objetivo de prejudicar a
produção de carvão, atrasando a construção e desenvolvimento de novas minas e
oficinas químicas, criando condições de trabalho nocivas e perigosas para os
operários, por permitir que o gás se acumulasse em galerias e poços. Além disso,
em 23 de setembro de 1936, sob as instruções de Drobnis, como mencionado
antes, membros da organização trotskista local causaram uma explosão no Poço
Tsentralnaya, na Mina Kemorov, que resultou na morte de 10 operários e causou
ferimentos em mais 14.

Na indústria química, os acusados Rataichak e Pushin, sob as instruções de


Pyatakov, organizaram trabalho destrutivo com o objetivo de prejudicar o plano de
produção estatal, atrasando a construção de novas fábricas e empresas e
rebaixando a qualidade do trabalho de construção de novos empreendimentos.
Além disso, em 1934-35, Rataichak e Pushin organizaram três atos diversionistas
nas Oficinas de Nitrogênio de Gorlovska, e dois deles foram acompanhados por
explosões que causaram as mortes de operários e pesadas perdas materiais para o
Estado. Atos diversionistas foram também organizados sob a instigação de
Rataichak, nas Oficina Químicas Combinadas de Voskressensk e na usina de
Nevsky.

Os julgamentos revelaram que, ao menos algumas das atividades


destrutivas foram levadas a efeito sob as instruções diretas dos serviços de
inteligência da Alemanha e do Japão. O acusado Knyazev agiu sob as instruções
diretas de Mr H, um agente dos serviços de inteligência do Japão. As evidências
apresentadas por Chernov, no terceiro julgamento, revelaram o mesmo. Falando
sobre o período de 1930, um período caracterizado por problemas agudos para a
URSS na frente de grãos, Chernov disse:

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

"A principal tarefa atribuída a mim, pelo Serviço de inteligência Alemão,


naquela época, foi providenciar a deterioração de grãos dentro do país. Isso envolvia
atrasar a construção de armazéns e elevadores, de forma a criar uma discrepância
entre o crescente tamanho das colheitas de grãos e o espaço disponível para
armazenamento ...

Quanto à rotação da colheita, a idéia era planejar a área de colheita


incorretamente e, assim, colocar a colheita dos camponeses em tal posição que eles
seriam virtualmente incapazes de praticar uma rotação de colheita apropriada e
seriam obrigados a arar gramados e pastos para o plantio de culturas. Isto reduziria
o tamanho da safra no campo e, ao mesmo tempo, provocaria indignação dos
camponeses, que não poderiam entender porque estavam sendo forçados a arar
gramados e pastos, quando as fazendas coletivas desejavam desenvolver a pecuária e
precisavam de forragem com este propósito. Quando considerada a pecuária, o
objetivo era matar as linhagens de pedigree e tentar conseguir uma alta
mortalidade do gado" (Trial of the Anti-Soviet Bloc of Rights and Trotskyites).

A natureza diversionista das várias explosões foi estabelecida e admitida


pelos acusados. Foi corroborada e provada pela evidência dos testemunhos e pelos
técnicos especializados. As respostas dadas pelos técnicos especializados às várias
questões que lhes foram colocadas não deixaram qualquer dúvida de que aquelas
explosões foram o resultado de intenções maliciosas; que muito pouco seria
necessário para evitar a ocorrência daquelas explosões. Tomemos, por exemplo, a
explosão no departamento de hidrogênio da Usina de Fertilizantes Gorlovska. A
respeito dessa explosão, os especialistas foram perguntados se teria havido alguma
possibilidade de evitar aquela explosão.

Resposta: "Certamente teria havido."

Questão: "O que poderia ter sido feito para evitar a explosão?"

Resposta: "Muito pouco teria de ser feito. Tudo que se requeria é que fossem
seguidas as normas de segurança. Porém isso não foi feito. Daí a explosão."

Questão: "Mas talvez, afinal, a explosão fosse um acidente?"

Resposta: "A intenção maliciosa é inquestionável."

Para compreender plenamente a absoluta monstruosidade desses crimes,


não se deve perder de vista o fato de que, não apenas esses crimes foram
cometidos, mas eles foram cometidos pelas próprias pessoas que estavam
envolvidas com a proteção dos interesses do Estado soviético contra todo tipo de
prejuízo. Essas pessoas deveriam ter sido as primeiras a proteger a indústria
soviética e salvaguardá-la de todo perigo, porém agiram como verdadeiros
traidores. Pyatakov, Comissário do Povo Assistente da Indústria Pesada, deveria
ter sido o primeiro a proteger esta importante seção da economia soviética, porém,
na realidade, foi seu destruidor-chefe. Ratachak deveria ter sido o primeiro a
salvaguardar a indústria química.

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 61


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Livshitz, o Comissário do Povo Assistente das Ferrovias; Chernov, o Comissário


do POVO da Agricultura; Grinko, o Comissário do Povo de Finanças; Sokolnikov,
Comissário do Povo Assistente de Negócios Exteriores - todas essas pessoas
deveriam ter sido as primeiras a soar o alarme, ao mais leve sinal de qualquer
perigo para oS interesses do Estado soviético, mas, em lugar disso, agiram como
traidores, violando a confiança que lhes foi depositada e violando seu dever para
com a terra dos soviéticos. Isso realmente é monstruoso e mostra os limites
extremos de depravação moral a que chegaram estas pessoas. Neste contexto, não
posso deixar de dizer que o acusado Evdokimov, no primeiro julgamento, estava
mil vezes certo quando :eu a seguinte caracterização dos acusados no julgamento,
que é igualmente aplicável aos vários acusados nos julgamentos subseqüentes:

"A diferença entre nós [os acusados] e os fascistas", disse Evdokimov, "nos é
muito desfavorável. O fascismo aberta e francamente inscrevia em sua bandeira:
Morte ao Comunismo'. Em nossos lábios, tínhamos o tempo todo: 'Longa vida ao
Comunismo', enquanto por nossas ações estávamos lutando contra o socialismo
vitorioso na URSS. Em palavras - 'Longa vida ao Partido Comunista da União
Soviética'. Em ações — preparação para o assassinato dos membros do Birô Político
do comitê Central do Partido, um dos quais [isto, é, Kirov] nós matamos. Em
palavras: Abaixo o Imperialismo', em ação, 'apostando na derrota da URSS na luta
contra o imperialismo internacional' (Trial of the Trotskyite-Zinovievite Centre).

Perfídia e dubiedade dos acusados

Além disso, a fim de avaliar plenamente a depravação moral dos acusados


nos julgamentos de Moscou e a magnitude de seus crimes e entender plenamente a
extensão das perfídias a que eles chegaram, é necessário mencionar a dubiedade
política, falsidade, hipocrisia e traição deles. Eis aqui alguns exemplos:

(1) Justamente na época em que a preparação dos atos terroristas estava em


seu auge, quando eles estavam caminhando para a consecução do odioso
assassinato do camarada Kirov, precisamente nesta época, Zinoviev (em 8 de maio
de 1933) enviou uma carta ao Comitê Central. Nesta carta ele não apenas
renunciava aOS seus erros do passado mas, hipocritamente, jurava sua lealdade ao
socialismo - ao Partido. Ele terminou sua carta com as seguintes linhas:

"Peço-lhes que acreditem que estou falando a verdade e nada mais do que a
verdade. Peço-lhes que me reincorporem nas fileiras do Partido e me dêem uma
oportunidade de trabalhar para a causa comum. Eu dou minha palavra como um
revolucionário que serei o mais devotado membro do Partido e farei todo o possível
para que possa, ao menos em alguma medida, expiar a minha culpa diante do
Partido e do seu Comitê Central."

Após os julgamentos de Moscou, sabemos o que valiam estas palavras.


Zinoviev levou sua perfídia a tais extremos que, após o assassinato de Kirov, que
ele tinha organizado, enviou uma nota obituária ao Pravda intitulada O Homem
Iluminado. Eis o que Zinoviev escreveu:

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"A tristeza do Partido é a tristeza de todo o povo, de todas as pessoas da URSS.


O luto do Partido é o luto de todo o nosso grande país... Todo o povo sente a
amargura da perda."

O assassinato cruel de Sergei Mironovich Kirov em verdade abalou todo o


Partido, toda a União Soviética.

A perda deste homem amado e querido está sendo sentida como a perda de
alguém que era mais próximo e mais querido de todos ...

Filho querido do Partido.

Um filho da classe operária- isto era esse Homem Iluminado", "nosso querido,
sincero, forte ... não se podia deixar de amá-lo, não se podia deixar de sentir orgulho
dele."

Citando esta carta em seu discurso de encerramento, no caso do centro


terrorista trotskista-zinovievista, Vyshinsky fez os seguintes comentários, que
resumem o sentimento de todos os revolucionários e proletários honestos de todo
o mundo sobre o assunto em discussão:

"Isto foi o que Zinoviev escreveu, ultrapassando todos os limites do cinismo!

Tal é este homem. Ele o amava, orgulhava-se dele e o assassinou! Este


canalha, este assassino, de luto por sua vítima! Teria algo assim ocorrido antes?

O que se pode dizer, que palavras podemos usar, para descrever plenamente a
vileza e a repugnância desse sacrilégio? Perfídia! Dubiedade! Esperteza!

Foi você, Zinoviev, quem, com sua mão sacrílega, extinguiu esse iluminado, e
você começou pública e hipocritamente a arrancar os cabelos afim de enganar o
povo.

Quem você matou? Você matou um bolchevique magnífico, um tribuno


apaixonado, um homem que era perigoso para você, um homem que lutou
devotadamente pelo testamento de Lênin contra você. Você matou este homem num
relance, pela bala disparada pela desprezível mão de Nikolayev e, dois ou três dias
depois, mandou um artigo para o Pravda no qual escreveu sobre um 'iluminado que
pereceu'. Onde encontraremos palavras com que avaliar este embuste desprezível?
Não consigo encontrar as palavras em meu vocabulário."

Kamenev também publicou em 1933 artigos enganosos, hipócritas,


similares, que são notáveis por sua dubiedade e perfídia. Nesses artigos, Kamenev
condenou seu próprio erro e renunciou ao seu passado de caminhos equivocados,
dizendo que "o homem que tinha defendido Lênin por décadas tornou-se a figura
mais importante na oposição". "Está claro", escreveu Kamenev neste artigo de 25 de
maio de 1933, "que a resistência à política dirigida pelo camarada Stalin baseou-se
nas premissas que fizeram com que membros do Partido, em outubro de 1917, se
tornassem opositores da política de Lênin."

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Kamenev escreveu as linhas acima em maio de 1933. Contudo, no verão de


1933, após ele e Zinoviev retornarem do exílio, houve uma reunião do centro
trotskista-zinovievista no apartamento de Zinoviev, com o propósito de organizar
atos terroristas contra os dirigentes do Partido e do governo soviético. Vyshinsky
questionou Kamenev sobre a discrepância entre suas palavras e suas ações,
seguindo-se o seguinte diálogo:

Vyshinsky "Que avaliação deveria ser feita dos artigos e declarações que você
escreveu em 1933, nas quais expressava lealdade ao Partido? Falsidade?"

Kamenev: "Não, pior do que falsidade."

Vyshinsky: "Perfídia?"

Kamenev: "Pior."

Vyshinsky: "Pior do que falsidade; pior do que perfídia - encontre a palavra.


Traição?"

Kamenev: "Você encontrou a palavra!"

(2) A falta de escrúpulos dos trotskistas na luta política e sua degradação


moral é também plenamente revelada pelos artigos que Radek e Pyatakov
escreveram a pretexto de denunciar seus próprios cúmplices, Zinoviev e Kamenev,
que foram responsáveis pelo assassinato cruel e desprezível de Kirov. Esses
artigos, nos quais Radek e Pyatakov pediam a pena de morte para seus amigos,
aliados e cúmplices, representam o ápice do cinismo e do deboche nos últimos
remanescentes da consciência humana, nos últimos conceitos de moralidade.

Radek, no número 3 de O Bolchevique, em 1935, por ocasião da denúncia de


Zinoviev e de todos os chefes da facção de Zinoviev, escreveu as seguintes linhas:

"Tendo caído na contra-revolução, os dirigentes do bloco zinovievista-


trotskista recorreram aos métodos de espiões intervencionistas, dinamitadores e
destruidores. A duplicidade provou ser a camuflagem que os capacitava a
bombardear o Staff Geral proletário".

E adiante, na época dos julgamentos de Zinoviev, Kamenev e outros, Radek


exclamou:

"Esmaguem as víboras! Não é uma questão de exterminar homens ambiciosos


que tenham chegado ao cúmulo de cometer um grande crime, é uma questão de
exterminar os agentes do fascismo que estavam preparados para assistir à
conflagração da guerra, para facilitar a vitória do fascismo, com o objetivo de
receber de suas mãos ao menos a sombra do poder."

Radek falou em seu artigo sobre "a quadrilha trotskista-zinovievista fascista


e seus adeptos - Trotsky", etc.

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 64


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Radek terminou o seu artigo com o seguinte parágrafo: "A corte proletária
lavrará sentença sobre esses assassinos sanguinários, aos quais eles serviram uma
centena de vezes. As pessoas que empunharam a espada contra os dirigentes amados
do proletariado devem pagar com suas cabeças por seus crimes sem paralelo. O
principal organizador dessa quadrilha e de suas ações, Trotsky, já foi condenado pela
história ao pelourinho da desonra. Ele não escapará ao veredicto do proletariado."

Pyatakov não ficou atrás de seu companheiro traidor, Radek. Pyatakov


escreveu em 21 de agosto de 1936:

"Não se pode encontrar as palavras adequadas para expressar a indignação e


a repulsa. Essas pessoas perderam o último resquício de humanidade. Elas deveriam
ser destruídas, aniquiladas como abutres que estão poluindo o ar puro, refrescante,
da terra dos soviéticos; abutres perigosos, que podem causar a morte de nossos
dirigentes e já causaram a morte de uma das melhores pessoas de nossa terra - o
maravilhoso camarada e dirigente Kirov."

Foi isto que Radek e Pyatakov escreveram sobre Zinoviev e Kamenev, mas
isso contrariava o que eles escreviam sobre eles mesmos, pois, como sabemos
agora, não somente Radek e Pyatakov sabiam antecipadamente do atentado contra
a vida de Kirov, como concordaram com a execução do atentado.

(3) Tomemos Bukharin. Deixando de lado suas autodenúncias iniciais


hipócritas, comecemos com o ano de 1928. Nesse ano Bukharin declarou na
Plenária do Comitê Central do Partido que ele não tinha diferenças com o Partido.
Acontece,

entretanto, que na mesma época Bukharin estava engajado em negociações


secretas e realizou um acordo com Kamenev. Em 1929, Bukharin escreveu
no Pravda sua visão errônea assim:

"Ao mesmo tempo que admitimos esses nossos erros, compartilharemos de


todo esforço para conduzir, junto com o Partido inteiro, uma luta resoluta contra
todos os desvios."

Foi justamente nesta época que tomou forma a organização clandestina que
começou a opor-se ao poder soviético pelas armas. Bukharin admitiu, durante seu
julgamento, que suas declarações anteriores foram uma mentira, uma manobra
tática para enganar o Partido. Quando Bukharin escreveu as frases acima, nessa
mesma época, de acordo com o seu próprio testemunho e os de Rykov e Ivanov, ele
estava engajado em acirrar a luta no Norte do Cáucaso e na organização das
revoltas dos kulaks contra o poder soviético.

No ano de 1930, Bukharin encaminhou uma declaração ao Comitê Central


admitindo seus erros. Bukharin, nessa declaração, escreveu sobre "a condenação
sem reservas de toda tentativa contra a unidade do Partido, toda atividade
faccionista, toda tentativa de luta sub-reptícia contra a direção do Partido, a defesa
sub-reptícia de outra linha política diferente da do Partido."

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Acontece, entretanto, outra vez de acordo com o testemunho do próprio


Bukharin, que foi neste preciso momento que ele se engajou nas negociações com
Semyonov, em torno da organização de ações terroristas contra os dirigentes do
governo soviético e do Partido.

No ano de 1933, Bukharin fez um discurso no Pleno Conjunto do Comitê


Central e Comissão de Controle Central do PCUS(B), no qual ele pedia "várias
punições ao grupo de A. P. Smirnov" e falou de sua "própria linha oportunista de
direita, absolutamente errada" e de sua "culpa diante do Partido, de seus dirigentes,
diante do Comitê Central, diante da classe operária e do país" e assim por diante.

Mas acontece que este foi o primeiro ano da formação do bloco de


direitistas e trotskistas, que teve Bukharin e Rykov como seus líderes e que
resolveu engajar-se no terrorismo, diversionismo, destruição, espionagem e alta
traição e encorajar a separação das repúblicas nacionais da URSS.

Em 1934, no 17° Congresso do Partido, Bukharin, em seu discurso,


aprovou "o esmagamento implacável de todas as oposições e da oposição direitista
como a mais perigosa, isto é, do próprio grupo ao qual eu pertenci."

Recordemos, entretanto, que precisamente nesta época Bukharin estava


engajado na mobilização de todas as forças com o propósito de intensificar a
atividade de seu grupo, desta quadrilha criminosa, que já tinha se tornado um
grupo de assassinos, de destruidores profissionais, espiões genuínos e agentes dos
serviços de inteligência de países estrangeiros.

Os outros acusados não eram menos experimentados no jogo da hipocrisia,


da conduta dúbia e da traição. Cada um deles era capaz de mascarar-se e as suas
atividades criminosas por largo tempo e, como Vyshinsky registrou em seu
discurso conclusivo, no primeiro julgamento:

"Este é talvez o caso mais marcante na história em que a palavra máscara


adquiriu seu real significado: essas pessoas colocavam suas máscaras no rosto,
adotavam a pose de pecadores arrependidos que tinham rompido com o passado, que
tinham abandonado seus caminhos equivocados e erros que chegaram a se tornar
crimes."

Foi precisamente por causa das máscaras usadas por essas pessoas e pelas
altas posições oficiais que elas ocupavam que elas escaparam de serem
descobertas por longo tempo2.

Em sua atividade criminosa, voltada para a derrubada do governo soviético


e para a restauração do capitalismo na URSS, os acusados nos julgamentos não
pouparam ninguém - nem as pessoas que se recusaram a obedecê-los nem as que
seguiram suas instruções. O primeiro julgamento revelou que, na hipótese de sua
conspiração ser vitoriosa e eles ascenderem ao poder, os acusados tentariam
conduzir Bakayev (outro dos acusados) à Presidência da OGPU. Ao ser nomeado
para esta posição, Bakayev destruiria todas as provas de sua conspiração, que
podiam estar nas mãos da OGPU, possibilidade esta que não foi excluída por

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Zinoviev e Kamenev, assim como pelas próprias pessoas que seguiram as


instruções desses criminosos. Reingold testemunhou:

"Zinoviev e Kamenev eram ambos de opinião, e eles me disseram isso, que no


dia seguinte ao golpe de Estado, após a tomada do poder, Bakayev seria colocado na
chefia do aparato da OGPU, ajudaria a cobrir todas as pegadas ao eliminar pela
execução, não apenas dos empregados do Comissariado do Povo para Assuntos
Internos - a OGPU -, que poderiam estar de posse de algumas pistas da conspiração,
porém também de todos os perpetradores de atos terroristas contra Stalin e seus
assistentes imediatos. Por meio de Bakayev, a organização trotskista-zinovievista
destruiria as provas contra seus próprios ativistas, seus próprios pistoleiros
terroristas, que estavam envolvidos nesses assuntos" [Trial of the Trotskyite-
Zinovievite Terrorist Centre).

Outro incidente que mostra como essa quadrilha de criminosos desprezíveis


trataria com qualquer que ousasse desobedecê-la é aquele sobre a morte do
engenheiro Boyarshinov. Boyarshinov tinha em certa época sido destruidor e tinha
sido condenado por destruição no julgamento de Shakty. Contudo, ele se converteu
e começou a trabalhar como um cidadão soviético honesto. Ele se recusou a
construir a mina de Rukhimovich, de acordo com os planos de destruição que
foram elaborados, e protestou mais de uma vez contra o trabalho que estava sendo
protelado e contra a atividade criminosa de Stroilov. Ele denunciou Stroilov. A
honestidade de Boyarshinov no trabalho e sua recusa a obedecer aos destruidores
os enraiveceram. Essa quadrilha organizou o seu assassinato. A 15 de abril de
1934, Boyarshinov estava dirigindo-se a uma estação ferroviária, em um carro
puxado a cavalo, quando foi atingido por um caminhão e morto por esmagamento,
por ordem da dupla Shestov-Cherepukhin.

Se isso era o que eles faziam quando não estavam no poder, a magnitude
dos crimes que eles teriam cometido, se tivessem chegado a poder, é inimaginável.

Assim, pode-se ver que essa quadrilha tentou chegar ao poder sobre uma
montanha de cadáveres. Todavia, há pessoas, até mesmo 'marxistas', que
lamentam as punições justas aplicadas pela corte de Justiça revolucionária a essa
quadrilha de assassinos, que se descreviam como 'bolcheviques'. Esses 'marxistas'
nunca mostraram qualquer sinal de derramar uma lágrima que fosse por aqueles
que foram vítimas das atividades terroristas e destruldoras dessa quadrilha; pelos
milhões de pessoas que mais uma vez seriam submetidas à escravidão e
exploração salarial se essa quadrilha tivesse alcançado o poder. A verdade é que
aqueles que derramam lágrimas pelo destino dos acusados nesses julgamentos -
um destino conseqüente com suas próprias atividades criminosas e traiçoeiras
contra a terra do socialismo - não são marxistas. Eles são traidores capitalistas, que
lamentam que o capitalismo não tivesse sido restaurado na União Soviética.

Antes de terminar este capítulo, é preciso fazer uma pergunta: como foi que,
a despeito de todas as atividades destruidoras e diversionistas dessa quadrilha - os
acusados -, a União Soviética foi capaz de avançar em todas as frentes -econômica,
técnica, militar, política, ideológica e cultural - e construir o socialismo? A resposta
é simples, a saber, que se havia dezenas de pessoas inescrupulosas solapando os

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

fundamentos da União Soviética, houve milhões de pessoas honestas protegendo-a


com sua vigilância e devoção. O que dezenas destruíram, milhões de pessoas foram
capazes de reparar rapidamente. Esta é a única explicação para os êxitos
gigantescos e literalmente miraculosos da URSS durante este período da tarefa de
construção do socialismo.

Passaremos agora a outro capítulo, que trata das atividades traiçoeiras dos
acusados, isto é, de seus acordos com as potência fascistas e outras.

Notas

1. Para dar um exemplo do 'heroísmo no trabalho', dos acusados nesses


julgamentos: os terroristas trotskistas chegavam na União Soviética do
estrangeiro, para cometer atos terroristas contra os dirigentes do Partido e
do governo. A secção zinovievista do 'Centro Unido Trotskista-Zinovievista'
aumentou seus esforços cem vezes a fim de cometer atos terroristas
criminosos mais cedo do que os trotskistas. Para a seção zinovievista do
centro terrorista, era uma 'questão de honra' executar seus desígnios
criminosos antes dos trotskistas. Este foi o tipo de 'emulação' e de 'heroísmo
no trabalho' que os acusados praticaram.

2. Eles escaparam de descoberta também pelo fato de que muitos dos


membros do Partido do PCUS(B), por causa de sua total absorção no trabalho
econômico e sendo levados pelos sucessos econômicos, tornaram-se
complacentes. Foi assim que Stalin se manifestou sobre o tema em
consideração:

"A questão é que nossos camaradas de Partido têm estado totalmente


absorvidos no trabalho econômico nos anos recentes, têm estado envolvidos
até o limite com os sucessos econômicos e, estando embrenhados em todas
essas coisas, têm esquecido todas as outras, verdadeiramente todas as outras.

A questão é que, levados pelos sucessos econômicos, eles começam a


considerar isto como o começo e o fim de tudo e simplesmente prestam pouca
atenção a coisas como a posição internacional da União Soviética, o cerco
capitalista, o fortalecimento do trabalho político do Partido, a luta contra a
destruição, etc., supondo que todas essas questões são assuntos secundários e
terciários.

Os sucessos e realizações são certamente uma grande coisa. Nossos


sucessos, na esfera da construção socialista, são verdadeiramente enormes.

Contudo, os sucessos, como todas as outras coisas sob o sol, têm seu lado
ruim. Entre as pessoas que não estão acostumadas aos grandes sucessos
políticos e às grandes realizações, não é pouco freqüente surgirem descuido,
complacência, auto-satisfa-ção, excessiva autoconfiança, exibicionismo e
fanfarronice. Vocês não podem negar que as bravatas ultimamente têm
crescido tremendamente entre nós. Não é surpreendente, nessas
circunstâncias de grandes e sérios sucessos na esfera da construção socialista,

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

que sentimentos de jactância sejam criados, sentimentos de demonstração


exibicionista de nossos sucessos e sentimentos sejam criados de subestimação
da força de nossos inimigos, sentimentos de superestimação de nossa própria
força e, como resultado de tudo isso, aparece a cegueira política.

Devo aqui dizer umas poucas palavras acerca dos perigos ligados aos
sucessos, acerca dos perigos ligados às realizações.

Sabemos pela experiência dos perigos relacionados com as dificuldades.


Durante anos estivemos lutando contra tais tipos de perigos e, devo dizer, não
sem sucesso. Entre as pessoas que não são firmes, os perigos ligados às
dificuldades não pouco freqüentemente dão surgimento a sentimentos de
desolação, ao debilitamento de suas forças, aos sentimentos de pessimismo. E,
ao contrário, quando é uma questão de lutar contra os perigos que surgem das
dificuldades, as pessoas temperadas nesta luta emergem da luta realmente
como bolcheviques de granito.

Tal é a natureza dos perigos ligados às dificuldades. Tais são os resultados


de superar as dificuldades.

Porém, há outro tipo de perigo, o perigo ligado aos sucessos, o perigo


ligado às realizações. Sim, sim, camaradas, perigos ligados às realizações, aos
sucessos. Este perigo consiste no fato de que entre pessoas pouco tarimbadas
na política e de pouca visão, as condições criadas pelos sucessos - sucesso após
sucesso, realização após realização, cumprimento de planos após
cumprimento de planos - dão surgimento a sentimentos de negligência e de
auto-satisfação, cria-se uma atmosfera de ostentação de triunfos e
congratulações mútuas que embotam o sentido de proporção e obscurecem o
instinto político, tiram o ímpeto do povo e o levam a descansar sobre os seus
lauréis.

Não é surpreendente que, nesta atmosfera narcótica de arrogância e auto-


satisfação, esta atmosfera de ostentação e autoconfiança espalhafatosa, as
pessoas esqueçam alguns fatos essenciais que são do maior significado neste
nosso país: as pessoas começam a perder de vista fatos desagradáveis como o
cerco capitalista, as novas formas de destruição, os perigos ligados aos nossos
sucessos etc.

O cerco capitalista? Uma mera bagatela! Que significado pode um ou outro


cerco capitalista ter, se cumprimos e superamos nossos planos? Os estatutos
do Partido, a eleição dos órgãos do Partido, o relatório dos dirigentes do
Partido para as massas dos membros do Partido - é realmente necessário tudo
isso? Vale a pena dar grande importância a todas essas ninharias, se nossa
economia cresce e a situação material dos operários e camponeses se torna
cada vez melhor? Meros detalhes! Nós superamos os Planos, nosso Partido não
está mal, o Comitê Central do Partido também não está mal - de que nós
precisamos? É gente engraçada sentada lá em Moscou, no Comitê Central do
Partido. Eles inventam todo tipo de questões, falam sobre uma ou outra
destruição, não dormem e não deixam as outras pessoas dormirem.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Este é um exemplo perfeito para se ver como facilmente e 'simplesmente'


alguns de nossos camaradas inexperientes estão infectados com a cegueira,
como resultado de um arrebatamento estonteante por nossos sucessos
econômicos.

Tais são os perigos relacionados com os sucessos, com as realizações.

Tais são as razões pelas quais nossos camaradas de Partido estão se


deixando levar pelos sucessos econômicos, esquecendo fatos de caráter
internacional e interno que são da maior importância para a União Soviética e
não têm notado toda uma série de perigos circundando nosso país.

Tais são as raízes de nossa negligência, indiferença, complacência e


cegueira política.

Tais são as raízes das deficiências em nossa economia e no trabalho do


Partido" (Defects in Party Work and Measures for Liquidating Trotskyites and
Other Double Dealers, Relatório ao Comitê Central do CPUS(B), 3/5 de Março de
1937).

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Capítulo 10

Acordos Traiçoeiros com o Fascismo

O primeiro julgamento de Moscou, em agosto de 1936, já lançara luz sobre a


relação e coordenação estreitas entre os trotskistas e a Gestapo. Já vimos que
Nathan Lurye, um terrorista enviado de Berlim para a Rússia por Trotsky,
trabalhou em coordenação estreita com Franz Weitz, um agente da Gestapo e um
homem da confiança de Himmler, o chefe da Gestapo na época. Entretanto, não foi
senão no julgamento do bloco Anti-Soviético dos Direitistas e Trotskistas, em
março de 1938, que se tornou claro que as conexões trotskistas com o Estado-
Maior Alemão datava de época muito anterior. De acordo com o testemunho do
acusado Krestinsky, os trotskistas tinham concluído um acordo com o
imperialismo alemão, pelo qual eles concordaram em fazer espionagem para a
Alemanha e fornecer-lhe informação, em troca de recursos para tentarem vencer
as dificuldades da propaganda trotskista dentro da União Soviética.

"Em 1921, Trotsky disse-me para aproveitar um encontro com Seeckt durante
negociações oficiais para propor a ele, Seeckt, que concedesse a Trotsky um subsídio
regular para o desenvolvimento das atividades ilegais trotskistas, ao mesmo tempo
que ele me disse que, se Seeckt apresentasse uma contraproposta pela qual
fornecêssemos serviços na esfera da espionagem, deveríamos e poderíamos aceitar ...
Apresentei a questão a Seeckt e falei na soma de 250.000 marcos-ouro, que eqüivalia
a 60.000 dólares, por ano. O General Seeckt, após consultar seu assistente, o chefe do
Estado-Maior, concordou em princípio e colocou a contra-exigência de que certas
informações confidenciais e importantes de natureza militar fossem transmitidas a
ele, mesmo que não regularmente, por Trotsky, em Moscou, u por meu intermédio.
Além disso, ele receberia assistência para obter vistos para algumas pessoas que eles
necessitavam e que enviariam à União Soviética como espiãs. Esta contra-exigência
do General Seeckt foi aceita e, em 1923, este acordo entrou em vigor" (Acusado
Krestinsky, no Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights and Trotskyites).

À parte a obtenção de fundos da Alemanha em troca da espionagem a ser


feita para eles, para fornecer-lhes informações essenciais e importantes, também
ficaram disponíveis para os trotskistas e direitistas recursos obtidos por abuso e
manipulação criminosos do comércio exterior. Eis o que Rosengoltz teve a dizer
em seu julgamento sob este assunto:

"O comércio exterior era criminalmente utilizado, por meio do uso e roubo de
fundos para financiar o movimento trotskista. Sem me deter num grande número de
procedimentos talvez insignificantes, mencionarei dois dos mais importantes
exemplos. O primeiro foi uma operação levada a cabo por Krayevsky, envolvendo US$
300.000, que foram transferidos à organização trotskista ou diretamente a Trotsky"
(Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights and Trotskyites).

Inicialmente, a necessidade de assegurar recursos para sua propaganda


anti-Partido parecia ter levado os trotskistas a concluírem um acordo traiçoeiro
com o Reichswehr Alemão. Porém, à medida que os trotskistas sofriam cada vez
mais derrotas em seus ataques abertos ao Partido e perdiam até a aparência de

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

apoio de massa para sua política de oposição à construção do socialismo na URSS,


eles sentiram-se obrigados a abandonar os métodos de luta aberta contra o
Partido, que já não tinham qualquer perspectiva de sucesso, e adotar as táticas
conspiratórias. Eles degeneraram em um bando de destruidores, assassinos e
diversionistas profissionais. Esta mudança da tática do trotskismo e suas conexões
com a burguesia estrangeira levaram-no da posição de mero opositor à construção
do socialismo na URSS à política de restauração burguesa direta. À medida que se
ampliavam cada vez mais suas conexões burguesas, enquanto os trotskistas se
tornavam cada vez mais isolados do Partido e da classe operária e das massas
soviéticas, a burguesia imperialista, tirando vantagem deste isolamento, buscava
cada vez mais concessões dos trotskistas para a hipótese de mais tarde virem a
assumir o poder com a ajuda dos imperialistas. Assim, a mudança nas táticas
trotskistas levaram a uma mudança em seu programa. Neste contexto, camaradas,
não posso deixar de citar algumas passagens do último argumento do acusado
Krestinsky, que era um trotskista. Eis o que ele disse:

"Em 1921 aceitei a proposta de Trotsky de tomar parte no trabalho trotskista


a que ele estava dando início, reunindo forças e quadros para a ação aberta
subseqüente.

Logo foi formada uma comissão, constituída de Trotsky, Serebryakov,


Preobrazhensky, Pyatakov e eu mesmo. Isto foi em outubro de 1921. Minha luta ilegal
contra o Partido data deste momento.

Na primavera de 1922, quando cheguei para o 11° Congresso do Partido,


Trotsky levantou o tema de assegurar recursos para a luta interna no Partido, para a
luta contra o Comitê Central, o que, como visualizado por ele, seria algo prolongado e
agudo. Victor Kopo, que estava presente, propôs que uma tentativa fosse feita para
assegurar recursos do Reichswehr alemão. Esta proposta a princípio deu origem a
algumas vacilações de minha parte, mas depois aceitei-a e tomei parte ativa na
conclusão de um acordo traiçoeiro com os alemães.

Perto do fim de 1923, teve lugar um ataque aberto dos trotskistas ao Partido.
A derrota que nós, trotskistas, sofremos somente serviu para intensificar nosso
ressentimento e acirrar a luta.

Em 1926-1927, os trotskistas lançaram uma série de ataques ao Comitê


Central. Simultaneamente, começou também uma luta trotskista nos Partidos
Comunistas do Ocidente. Tirando vantagem da situação, o Reichswehr propôs que
nós não apenas intensificássemos nossas atividades de espionagem como também
fizéssemos certas promessas de garantias futuras de concessões econômicas na
Ucrânia, no caso de chegarmos ao poder. Trotsky e eu, temendo a perda de uma fonte
de recursos no momento da luta aguda, concordamos e consentimos em aprofundar o
acordo traiçoeiro.

No final de 1927, Trotsky lançou todas as suas forças na luta, porém sofreu
derrota esmagadora e completa. Os trotskistas foram expulsos do Partido. A maioria
dos seus dirigentes foi exilada. As massas estavam contra nós, e uma luta aberta não
oferecia perspectivas de sucesso. Em conformidade, Trotsky deu instruções a

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

todos que tinham sido expulsos ou exilados para tentarem retornar ao Partido,
oferecendo declarações falsas no sentido de terem renunciado a suas posições. Ao
mesmo tempo, ele deu instruções para a restauração da organização trotskista
ilegal, que agora assumiria um caráter puramente conspiratório.

Seu método de luta era abrir caminho para um golpe armado. Os meios para
este fim eram o terrorismo, a destruição e o diversionismo.

A mudança na linha tática foi acompanhada por uma mudança de programa.


Nós tínhamos sempre considerado que a construção do socialismo na URSS sozinha
era impossível, tendo em vista que o sistema capitalista burguês estava ainda
preservado nos outros países e os fascistas tinham ido ao poder em alguns • deles.
Nós considerávamos necessário adotar a política de permitir relações capitalistas no
país, e depois, quando nossas relações com a burguesia estrangeira se tornassem
mais extensivas, nesse caminho chegaríamos à política de restauração burguesa
direta.

Durante o encontro em Merano em outubro de 1933, Trotsky esclareceu-me


amplamente o programa de restauração burguesa de nossa organização
conspiratória e o programa para a derrubada do sistema socialista existente no país,
adotando-se para este propósito métodos de terrorismo, destruição e diversionismo e
visando o desmembramento subseqüente da União Soviética e a separação dela da
Ucrânia e da Região Marítima.

Aceitei o programa proposto por Trotsky e também aderi aos novos métodos
de luta. E, a partir desse momento, assumi a responsabilidade política e criminal
completa por todos esses métodos de luta.

Em fevereiro de 1935, Pyatakov informou-me de que um acordo sobre um


golpe armado conjunto teria sido firmado entre os trotskistas, os direitistas e o grupo
militar de Tukhachevsky. A partir desse momento, é minha a responsabilidade não
apenas pelas ações dos trotskistas, porém pelas ações dos direitistas e dos
conspiradores militares também " (Trial of the Anti-Soviet Rloc of Rights and
Trotskyites, pp. 732-3).

Prova relativa aos acordos concluídos por Trotsky1 com a Alemanha nazista
e o Japão fascista foi também encontrada no testemunho de Sokolnikov e Radek.
Ambos deram conta detalhada dos vários encontros que tinham tido com os
representantes diplomáticos da Alemanha fascista que firmemente confirmaram
que Trotsky não estava mais agindo por si próprio, que atrás dele realmente havia
pessoas que ocupavam posições influentes e importantes no governo e na
economia soviética. Eis o que Sokolnikov disse:

"Eu tive uma conversação com Kamenev no começo de 1934. Nesta


conversação, Kamenev informou-me acerca da posição derrotista assumida por
Trotsky e sobre sua própria visão derrotista. Incidentalmente, um resultado definido
dessa conversação foi que Kamenev preveniu-me de que alguém poderia aproximar-
se de mim com indagações."

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 73


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Vyshinsky: "Quem poderia fazer isso?"

Sokolnikov: "A representação diplomática de certo país."

Vyshinsky: "Kamenev preveniu-o disso?"

Sokolnikov: "Sim, Kamenev preveniu-me disso."

Vyshinsky: "Kamenev disse-lhe que indagações lhe seriam dirigidas?"

Sokolnikov: "Sim, ele me disse que me pediriam que confirmasse que as


negociações que estavam sendo conduzidas por Trotsky no exterior estavam sendo
feitas por ele em seu próprio nome, mas que por trás de Trotsky havia uma
organização que ele representava."

Vyshinsky: "Você deveria confirmar se lhe fizessem indagações nesse


sentido?"

Sokolnikov: "Sim."

Vyshinsky: "Fizeram-lhe perguntas assim?"

Sokolnikov: "Sim, em meados de abril, após uma de minhas conversas oficiais


com o representante de certo país, com quem eu tinha encontros freqüentes
referentes a meus deveres oficiais. A conversação teve lugar depois que terminou a
reunião oficial, quando os intérpretes tinham se retirado para a sala vizinha.
Enquanto eu estava levando o meu visitante à porta, ele me perguntou se eu sabia
que Trotsky tinha encaminhado algumas propostas ao seu governo. Eu confirmei que
isso era um fato de meu conhecimento. Ele me perguntou em seguida se tais
propostas eram sérias. Eu confirmei isso também. Ele perguntou se esta era minha
própria opinião pessoal. Eu disse que isso não era apenas minha opinião mas de meus
amigos também. Eu entendi aquele questionamento como uma espécie de
confirmação do fato de que o governo daquele país tinha recebido realmente
propostas de Trotsky e que queria estar seguro de que as propostas de Trotsky eram
realmente conhecidas da organização e que o direito de Trotsky de conduzir essas
negociações não seria contestado."

Vyshinsky: "Qual era o seu posto nossa época?"

Sokolnikov: "Comissário do Povo Assistente para Assuntos Estrangeiros"


(Trial of Anti-Soviet Trotskyite Centre, janeiro de 1937, pp. 148-9).

Um fator adicional que conduziu os trotskistas aos braços dos fascistas, que
levou o bloco de direitistas e trotskistas a entrarem em acordo com os fascistas,
que os levou a entrarem "no rumo da luta terrorista, de luta destruidora, de atos
diversionistas, em uma posição derrotista", foi sua superestimação da força do
fascismo alemão e subestimação do poder da URSS e um desejo de chegar a um
acordo com o fascismo.

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 74


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

"Nós considerávamos", declarou Sokolnikov, "que o fascismo era a forma


mais organizada do capitalismo, que ele triunfaria, conquistaria a Europa e nos
sufocaria. Era melhor, portanto, chegar a acordo com ele, era melhor consentir em
um compromisso no sentido de recuar do socialismo para o capitalismo. Tudo isto
explicado pelo seguinte argumento: é melhor fazer certos sacrifícios, mesmo muito
severos, do que perder tudo. Devo explicar, enfatizo, este princípio, porque sem ele,
seria impossível entender como o bloco e o centro do bloco pôde tomar o curso da
luta terrorista, a luta destruidora, os atos diversionistas; em uma posição derrotista"
(ibid., p. 151).

Os trotskistas e direitistas argumentavam que o propósito desses acordos


alcançados por eles com os fascistas era evitar que o fascismo "conquistasse a
Europa" e "esmagasse a URSS"; que seu propósito era "utilizar esse poder hostil [o
fascismo alemão]" pagando um preço que, no caso, significava cometer atos
traiçoeiros contra a União Soviética. Mas não é preciso dizer que, fossem quais
fossem suas intenções, os trotskistas e direitistas, divorciados da classe operária
soviética e armados com um programa contra-revolucionário de restauração
capitalista, terminaram, e não poderiam senão ter terminado assim, por se
tornarem agentes do fascismo, seus instrumentos e marionetes. O fascismo
necessariamente faria uso deles. "Nós tivemos de decidir um problema político que
consistia apenas em um ponto”, continuava Sokolnikov, "poderíamos adotar este
curso mais doloroso que, considerando a existência da direção do Partido,
considerando o poder soviético, considerando a União Soviética, representava, como
entendíamos muito bem, uma série de crimes hediondos, dos crimes mais
vergonhosos, representava a traição e assim por diante - tivemos de decidir se, após
pagar esse preço, seriamos capazes de utilizar essa força hostil."

Vyshinsky: "Ou eles utilizariam vocês?"

Sokolnikov: "Ou eles nos utilizariam, se nos tornássemos apenas um apêndice


do fascismo alemão, que se utilizaria de nós e depois nos jogaria fora como trapos
sujos, seríamos condenados, desgraçados, e nossa nulidade seria completamente
provada.

Vyshinsky: "E vocês esperavam alguma outra coisa diferente de serem


utilizados pelo fascismo e depois jogados fora como trapos velhos?"

Sokolnikov: "Certamente. Se tivéssemos contado apenas com tal fim, nós


deveríamos ter liquidado o bloco completamente."

Vyshinsky: "Vocês pensavam que poderiam manter algum a independência ?"

Sokolnikov: "Estou dizendo o que pensávamos na época. Nós entendíamos


que tínhamos certas chances. Onde nós as víamos? Nós as víamos no jogo das
contradições internacionais. Considerávamos que, digamos, o controle completo na
União Soviética nunca poderia ser estabelecido pelo fascismo alemão, porque ele
enfrentaria as objeções de outros rivais imperialistas, que certos conflitos
internacionais poderiam ocorrer, que poderíamos nos apoiar em outras forças que
poderiam não estar interessadas no fortalecimento do fascismo" (ibid. pp. 154-5).

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 75


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Radek, Pyatakov e Sokolnikov disseram à corte que tinham, ao chegarem a


um 'acordo' com a Alemanha e o Japão, calculado utilizar esses dois países nos
próprios interesses trotskistas. "Porém, como se pode falar seriamente sobre isso
quando este próprio centro 'paralelo' era simplesmente um desgraçado mosquitinho
comparado com um lobo?", perguntou Vyshinsky, continuando:

"Acordo! Eles teriam dito simplesmente: rendam-se à mercê do conquistador.


É claro que não era um acordo, mas rendição à mercê do conquistador."

E adiante: "Este argumento lembra-me a fábula de Krylov O Leão Vai à Caça'.


Nesta fábula o cachorro, o leão, o lobo e a raposa fazem um acordo, 'entram num
convênio' para caçarem juntos. A raposa captura um cervo e eles começam a reparti-
lo: uma das 'partes contratantes' diz: 'Esta parte é minha, de acordo com o contrato;
esta parte é seguramente minha, pois eu sou o leão, e esta é minha porque eu sou
mais forte do que todos vocês; e quanto a esta parte, se algum de vocês apenas puser
sua pata sobre ela, não sairá vivo daqui.'

Este 'convênio' é muito como seu acordo, senhores acusados, senhores oficiais
do fascismo alemão e japonês."

O terceiro julgamento revelou que, privados de qualquer apoio dentro da


União Soviética, os dirigentes do bloco de direitistas e trotskistas, com o objetivo
de derrubar o sistema social e estatal socialista existente na União Soviética e de
restaurarem o capitalismo, concluíram, por meio de Trotsky e participantes
individuais deste 'bloco' anti-soviético, um acordo com a representação de certos
Estados estrangeiros, sobre ajuda armada, para derrubar o poder soviético na
URSS, sob as condições de desmembramento e separação da URSS da Ucrânia,
Bielo-Rússia, da Região Marítima e da Ásia Central e das Repúblicas
Transcaucasianas para o benefício dos Estados citados. A conclusão deste acordo
traiçoeiro foi facilitada pelo fato de que a participação na conspiração anti-
soviética era de agentes diretos dos serviços de inteligência estrangeira e tinha por
muitos anos se apoiado em atividades de espionagem para esses serviços de
inteligência.

Como já foi mencionado, Krestinsky, sob a instrução direta de Trotsky,


entrou em uma conexão traiçoeira com o Reichswehr alemão em 1921 e
permaneceu um espião alemão até a sua prisão em 1937, recebendo em
retribuição por seu trabalho de espionagem e pelo uso das atividades criminosas
da organização trotskistas 250.000 marcos-ouro alemães por ano.

Rosengoltz começou o trabalho de espionagem para o Estado-Maior Alemão


em 1923, e para o Serviço de Inteligência Britânico em 1926.

Rakovsky foi agente do Serviço de Inteligência Britânico desde 1924 e


espião japonês desde 1934.

Chernov começou o trabalho de espionagem para a Alemanha em 1928,


tendo relações com o serviço de inteligência alemão, com a ajuda do notório
menchevique e emigrado Dan.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Sharangovich foi recrutado e enviado pelo serviço de inteligência polonês,


para desenvolver o trabalho de espionagem na URSS, em 1921. Ele permaneceu
espião polonês até o dia de sua prisão.

Grinko foi espião alemão e polonês desde 1932.

Os dirigentes do bloco de direitistas e trotskistas, Bukharin, Rykov e


Yagoda, não estiveram apenas informados das atividades de espionagem de seus
cúmplices, mas encorajaram essas conexões traiçoeiras, e eles mesmos deram
instruções aos participantes do bloco, quando conduziram as negociações
traiçoeiras com os representantes dos Estados estrangeiros.

Bukharin fez o que pôde para negar sua participação na organização da


espionagem contra a URSS, mas sua negativa mostrou-se inútil à luz da evidência
contra ele. A evidência de Rykov provou além de qualquer dúvida que Bukharin e
Rykov eram plenamente culpados dos contatos de espionagem e de conduzirem
trabalho de espionagem para os serviços de inteligência estrangeiros. Eis uma
parte relevante do diálogo entre o promotor e Rykov na sessão da manhã de 7 de
março de 1938:

Vyshinsky: "Conseqüentemente, Chervyakov e as pessoas relacionadas a você


mantiveram contatos sistemáticos com os poloneses?"

Rykov: "Sim."

Vyshinsky: "Que tipo de contatos eram estes?"

Rykov: "Havia uma conexão de espionagem aí, também."

Vyshinsky: "Mas havia uma conexão de espionagem mantida por uma parte
de sua organização com os poloneses sob suas instruções?"

Rykov: "Certamente."

Vyshinsky: "Bukharin incluído?"

Rykov: "Certamente."

Vyshinsky: "Estavam você e Bukharin em contato?"

Rykov: "Absolutamente".

Vyshinsky: "Então vocês eram espiões?"

Rykov: (Não respondeu)

Vyshinsky: "E os organizadores da espionagem?"

Rykov: "Eu não sou nada melhor do que um espião."

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Vyshinsky: "Você organizou a espionagem, então você era um espião?"

Rykov: "Pode-se dizer que sim." (Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights and
Trotskyites).

Rykov também indicou muito claramente outros aspectos altamente


característicos que expunham o bloco de direitistas e trotskistas como sendo uma
agência de certos serviços de inteligência estrangeiros. Questionado sobre o tema
do desmembramento da URSS e perguntado se "havia também o objetivo de
preparar uma base para os fascistas, para o seu ataque contra a URSS e para sua
vitória?", Rykov respondeu: "Sim, inquestionavelmente foi assim."

A investigação da corte estabeleceu que o objetivo de preparar uma base


para um ataque contra a URSS e de assegurar a vitória sobre a URSS, na hipótese
de um ataque, foi apresentado pelos serviços de inteligência alemão, polonês e
outros ao bloco de direitistas e trotskistas, como a uma agência direta dos serviços
de inteligência fascistas. E o acusado Chernov estava correto ao dizer que, além de
Trotsky, os dirigentes reais do bloco de direitistas e trotskistas estavam de fato a
serviço dos órgãos de inteligência de certos Estados estrangeiros.

A intenção desses traidores desprezíveis, esses serviçais do capitalismo, era


transformar a URSS em uma colônia do fascismo alemão. Expondo a essência do
acordo com o Reichswehr, cujas linhas levaram à traição do bloco de direitistas e
trotskistas, Krestinsky disse:

"Nós [os trotskistas] estávamos recebendo uma pequena soma de dinheiro, e


eles [o Reichswehr] estavam recebendo informações de espionagem de que
necessitariam durante um ataque armado. Porém, o governo alemão, Hitler
particularmente, queria colônias, território, não apenas informações de espionagem.
E ele [isto, é Hitler] estava preparado para satisfazer-se com o território soviético em
lugar de colônias pelas quais ele teria que lutar contra a Inglaterra, América e
França" (ibid.).

E ainda mais, continuou Krestinsky:

"Nós estávamos preparados para restaurar as relações capitalistas na URSS e


fazer concessões territoriais aos Estados burgueses com os quais tínhamos já
chegado a um acordo."

Era pelas razões contidas na passagem anterior de Krestinsky que os


Estados imperialistas e fascistas estavam preparados para fornecer apoio mais
enérgico ao bloco de direitistas e trotskistas, a fim de capacitá-los a alcançarem o
poder pela derrubada do governo soviético. Tivesse o bloco subido ao poder, eles
teriam restaurado o capitalismo na URSS e feito largas concessões territoriais aos
Estados imperialistas. Foi por essas razões que a burguesia em todo o mundo
lamentou e se enlutou pela justa punição desses traidores do socialismo e
desertores para o campo da burguesia. É por essas razões, precisamente, que a
burguesia continua a descrever esses traidores como os "verdadeiros
bolcheviques", expurgados por Stalin por causa do alegado desejo deste de poder

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

absoluto. Camaradas, não teremos o direito de perguntar a essa gentalha burguesa:


senhores da burguesia, desde quando vocês decidiram ombrear-se com os reais
bolcheviques? Não seria uma causa para satisfação maior de sua parte - uma causa
para provocar celebrações generosas - se todos os reais bolcheviques de um
partido comunista fossem eliminados? Basta fazer essas perguntas para respondê-
las afirmativamente. A verdade sobre a questão é que, tendo se livrado desses
traidores, o Partido Bolchevique ficou de fato muito mais forte. Nesse contexto,
devo assinalar umas poucas passagens do Relatório do Camarada Stalin ao 18°
Congresso do Partido do PCUS(B). Nessas passagens, o Camarada Stalin aborda o
"disparate" de que o expurgo do Partido e das organizações soviéticas dos
trotskistas, zinovievistas e direitistas teria levado ao enfraquecimento do Partido e
à 'desmoralização' do sistema soviético. Eis o que o camarada Stalin disse:

"Certos jornalistas estrangeiros têm dito disparates sobre o efeito que o


expurgo das organizações soviéticas de espiões, assassinos e traidores, como Trotsky,
Zinoviev, Yakir, Tukhachevsky, Rosengoltz, Bukharin e outros canalhas teria
'abalado' o sistema soviético e causado a sua 'desmoralização'. Toda essa carga de
disparates só merece riso e desprezo. Como pode o expurgo das organizações
soviéticas de elementos nocivos e hostis abalar e desmoralizar o sistema soviético? O
bando de Trotsky-Bukharin, esse punhado de espiões, assassinos e traidores, que
reverenciaram o mundo estrangeiro, que se ajoelharam ante o mundo estrangeiro,
que estavam possuídos de um instinto servil para rastejar diante de todo figurão
estrangeiro e estavam prontos a servi-lo como espiões - aquele punhado de
indivíduos que não entenderam que o cidadão soviético mais humilde, estando livre
dos grilhões do capital, está muito acima de qualquer manda-chuva estrangeiro em
cujo pescoço está' a canga da escravidão capitalista - que utilidade este bando
miserável de escravos venais, que valor podem eles ter para o povo, e a quem eles
podem 'desmoralizar'? Em 1937, Tukhachevsky, Yakir, Uborevich e outros canalhas
foram sentenciados ao fuzilamento. Depois disso, houve as eleições para o Soviete
Supremo da URSS. Nessas eleições, 98,6% do total de votos foram para o governo
soviético. No começo de 1938, Rosengoltz, Rykov, Bukharin e outros canalhas foram
condenados ao fuzilamento. Depois, houve as eleições para o Soviete Supremo da
União das Repúblicas. Nessas eleições, 99.4% do total de votos foram para o governo
soviético. Onde estão os sintomas de 'desmoralização', que não se refletem no
resultado das eleições?

Ao ouvir essa estupidez de estrangeiros, se pensaria que se os espiões,


assassinos e destruidores tivessem sido deixados em liberdade para destruir, matar e
espionar sem incômodo ou obstáculo, as organizações soviéticas teriam estado mais
sadias e mais fortes (risos). Não estão estes senhores se traindo muito cedo, ao
defenderem insolentemente a causa dos espiões, assassinos e destruidores?

Não seria mais verdadeiro dizer que a eliminação dos espiões, assassinos e
traidores de nossas organizações soviéticas teria que levar e levou ao maior
fortalecimento dessas organizações?

O que mostram, por exemplo, os acontecimentos em Lake Hassan, senão que


extirpar espiões e traidores é o meio mais seguro de fortalecer nossas organizações
soviéticas?"

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

O acusado Rakovsky testemunhou que o bloco trabalhou para a derrota da


URSS e sistematicamente engajou-se em espionagem. Neste contexto, deve-se fazer
referência a Bukharin. Como antes mencionado, Bukharin tentou provar que não
era favorável à derrota da URSS, que não era favorável a espionagem e atividades
diversionistas, porque em geral não se supunha que ele tivesse qualquer relação
com assuntos práticos, porque era um 'teórico' que se ocupava em dotar o
trotskismo da arma 'espiritual' da teoria da restauração do capitalismo. Mas
mesmo Bukharin teve de admitir o seguinte:

"Em resumo, como um dos dirigentes do Centro Direitista, era meu dever
comunicar nossa linha a um dos dirigentes do centro da periferia."

Qual era a linha que Bukharin tinha de comunicar "como um dos dirigentes
do Centro Direitista"? Disse Bukharin:

"Brevemente, esta linha era que, na luta contra o poder soviético, é


permissível utilizar uma situação de guerra e fazer algumas concessões a Estados
capitalistas com o propósito de neutralizá-los, e algumas vezes com o propósito de
obter sua ajuda."

Nas palavras de Vyshinsky: "Se deciframos esta confusa e intrincada


declaração de Bukharin, ela significa claramente traição, deserção para o inimigo,
dependendo das circunstâncias militares e das condições de guerra, a fim de utilizara
ajuda desses inimigos para alcançar objetivos criminosos" (Trial of Anti-Soviet Bloc
of Rights and Trotskyites).

Quando Bukharin foi perguntado: "Em outras palavras, orientação para


ajuda de certos Estados estrangeiros?", ele respondeu: "Sim, pode ser colocado desta
forma."

Ademais, sendo perguntado: "Em outras palavras, orientação para a derrota


da URSS?", Bukharin, sempre fiel a essas "acrobacias verbais nebulosas", como
Vyshinsky apropriadamente descreveu a forma de Bukharin responder às
perguntas, replicou: "Em geral, sumariamente, eu repetiria, sim."

Radek e Pyatakov também testemunharam, no julgamento do centro


trotskista anti-soviético, a posição derrotista adotada pelos trotskistas, por sua
dependência completa das potências estrangeiras, com o propósito de subirem ao
poder pela derrubada do governo soviético e as várias concessões territoriais e
outras que eles tinham concordado em garantir àquelas potências estrangeiras em
troca de sua ajuda.

Na hipótese da derrota da URSS e de os trotskistas subirem ao poder, os


trotskistas, de acordo com o testemunho de vários acusados no segundo
julgamento, tinham a intenção não apenas de arrendar como concessões as
empresas industriais que os Estados imperialistas consideravam importantes, mas
também

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

vender outras tantas diretamente a proprietários privados importantes empresas,


que eles já tinham selecionado com tal propósito. Os trotskistas propunham
liquidar as fazendas coletivas e estatais e adotar a fazenda individual. E sobre a
partição do país, a fórmula de Radek era "Ceder a Ucrânia à Alemanha e a região de
Amur ao Japão".

A impotência total do trotskismo, seu completo distanciamento da classe


operária e das massas soviéticas, sua dependência total do fascismo, seus esforços
para provocar uma guerra contra a União Soviética e trabalhar para a queda desta,
na hipótese de uma guerra, e sua real essência contra-revolucionária é revelada
pelas seguintes afirmações do acusado Radek durante seu último depoimento:

"Eu percebi que o próprio Trotsky tinha perdido a fé. A primeira variante foi
uma forma disfarçada de dizer: Bem rapazes, tentem derrubar o poder soviético por
si próprios, sem Hitler. O quê, vocês não podem? Tentem alcançar o poder por si
próprios. O quê, vocês não podem? O próprio Trotsky já sentia sua completa
impotência interna e apostava em Hitler. A aposta agora era em Hitler. Os velhos
trotskistas tinham entendido que era impossível construir o socialismo em um só país
e que era, portanto, necessário forçar a revolução no Ocidente. Agora, eles estavam
dizendo que a revolução no Ocidente era impossível, e assim, que se destruísse o
socialismo em um só país, destruísse o socialismo na URSS. Todavia, ninguém podia
deixar de ver que o socialismo em um só país tinha sido construído" (Trial of the Anti-
Soviet Trotskyite Centre).

As palavras enfatizadas resumem a quintessência da teoria de Trotsky da


'revolução permanente': se a revolução mundial não se seguisse à revolução em
um só país, então, dizia o trotskismo, destruamos a revolução no país onde ela teve
lugar.

Camaradas, não me é possível apresentar a massa de evidências relativas a


todos os 'acordos' traiçoeiros a que chegaram os trotskistas e direitistas com o
fascismo. Teremos de nos contentar com os poucos detalhes que já fornecemos a
vocês. Quanto ao resto, vocês devem ler as transcrições desses julgamentos para
terem um quadro completo. Propomos, portanto, completar este capítulo com uma
citação de Bukharin, que caracteriza apropriadamente os acusados nesses
julgamentos: "Todos nos tornamos raivosos contra-revolucionários, traidores da
pátria socialista, nos tornamos espiões, terroristas e restauradores do capitalismo.
Embarcamos na destruição, no crime e na traição. Tornamo-nos um bando rebelde,
organizamos grupos terroristas, engajamo-nos em atividades destruidoras, quisemos
derrubar o governo soviético do proletariado" (Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights and
Trotskyites).

Agora, camaradas, propomo-nos passar a considerar os aspectos militares


da conspiração, os planos dos conspiradores para o golpe de Estado.

Notas

1. De acordo com o testemunho do acusado Bessonov no terceiro


julgamento, Trotsky tinha feito um acordo com os serviços de inteligência alemão e

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

japonês para deflagrar uma luta conjunta contra o poder soviético e a URSS.
Bessonov disse que este acordo foi concluído com base nos seguintes cinco pontos:

(a) Sabotagem mútua de todas as relações oficiais entre a URSS e a


Alemanha. Não era nada menos do que a provocação nas relações internacionais
da URSS, a fim de provocar conflitos de interesses do imperialismo.

(b) Completa colaboração entre as organizações trotskistas na URSS e os


agentes secretos e de espionagem alemães, para minar o poder militar e
econômico da URSS, a fim de garantir sua derrota na guerra.

(c) O fascismo alemão deveria dar ajuda para um golpe de Estado na URSS,
sendo o seu propósito transferir o poder para o bloco de direitistas e trotskistas.

(d) O quarto ponto era a aceleração da intervenção estrangeira, seguida pela


conclusão da paz com o novo governo - um governo trotskista - que os trotskistas
ajudariam a estabelecer.

(e) E, finalmente, a separação da Ucrânia da URSS, em favor da Alemanha, a


separação da Região Marítima em favor do Japão, a separação da Bielo-Rússia em
favor da Polônia e o desmembramento da URSS em várias regiões e repúblicas que
seriam postas na dependência do imperialismo.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Capítulo 11

O Aspecto Militar da Conspiração -Planos para um Golpe de Estado

O mais difícil de detectar foi o aspecto militar da conspiração para derrubar


o governo soviético. Não foi senão em maio de 1937 que as autoridades soviéticas
descobriram uma quadrilha mais perigosa de maquinadores e conspiradores no
Exército Vermelho. O governo soviético adotou medidas apropriadas e oportunas;
levou generais a julgamento sob as seguintes acusações:

"Estando no emprego dos serviços de inteligência militar de um dos Estados


estrangeiros que tinham uma política inamistosa para com a URSS, forneciam
sistematicamente aos círculos militares daquele Estado informações de espionagem,
praticaram atos destrutivos com o objetivo de minar o poder do Exército Vermelho
dos Operários e Camponeses, prepararam, na hipótese de ataque militar à URSS, a
derrota do Exército Vermelho e perseguiram o objetivo de prestar assistência no
desmembramento da União Soviética e na restauração do poder dos senhores de
terra e capitalistas na URSS."

Que esses generais realmente estiveram envolvidos na conspiração para


derrubada do governo soviético, que eles planejaram um golpe de Estado, que eles
cometeram atos destrutivos, a evidência de vários dos acusados no terceiro
julgamento de Moscou tornou amplamente claro.

Rykov relatou da seguinte forma o plano dos generais para um golpe de

Estado:

"Eu recordo que uma vez, em minha presença, Bukharin formulou a idéia de
abrir a frente... a existência de um grupo militar, dirigido por Tukhachevsky, que
tinha ligação com nosso centro e que visava tirar vantagem de uma guerra para
derrubar o governo. Isto significava preparar a intervenção pura e simples. Nossos
tratados com os alemães, que intensificamos de todo modo, tinham o propósito de
estimular de toda maneira um ataque armado, visto que nessa esfera a organização
da conspiração tinha entrado em relações traiçoeiras com eles" (Trial of the Bloc of
Rights and Trotskyites, p. 186).

O plano inicial dos conspiradores parece ter sido preparar um golpe de


estado na hipótese de um ataque militar à União Soviética, tirar vantagem de tal
ataque para a derrubada do governo soviético. Porém, este plano teve de ser
revisado à luz do fato de que, ao fim de 1936, cada vez mais os direitistas e
trotskistas foram sendo descobertos e sua organização total estava à beira do
colapso e da desintegração. Foi nessas circunstâncias de insegurança crescente
para os renegados ainda à solta que teve lugar o desenvolvimento da concepção de
um golpe de Estado em tempo de paz. Os detalhes de tal golpe de Estado planejado
foram dados por Rosengoltz em seu julgamento:

"O ponto em que parei foi na conferência que tivemos com Tukhachevsky. Ela
teve lugar no final de março (1937) ... Nesta conferência, Tukhachevsky declarou que

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

contava definitivamente com a possibilidade de um golpe e mencionou a data. Ele


acreditava que no dia 15 de maio, na primeira metade de maio, ele teria sucesso em
levar a cabo esse golpe militar ... Tukhachevsky tinha diversas variantes. Uma delas,
aquela com a qual ele contava mais, era a possibilidade de um grupo de militares,
seus aderentes, permanecerem em seu apartamento por um ou outro pretexto,
seguirem até o Kremlin, capturarem o centro telefônico do Kremlin e matarem os
dirigentes do Partido e do governo" (Trial of the Anti-Soviet Bloc of Rights and
Trotskyites, pp. 252-3).

Krestinsky, um co-acusado de Rosengoltz, também admitiu ter tomado


parte na conferência com Tukhachevsky, referida acima por Rosengoltz. Krestinsky
acrescentou:

"Nós discutimos a necessidade de atos terroristas contra os dirigentes do


Partido e do governo soviéticos ... Tínhamos em mira Stalin, Molotov e Kaganovich"
(ibid. p. 254).

O testemunho de Bukharin também confirma a existência de dois planos -


um plano para um golpe de Estado em tempo de paz, outro para um golpe de
Estado em tempo de guerra - para um golpe de Estado para derrubada do governo
soviético. Disse Bukharin:

"Quando eu perguntei a Tomsky como ele concebia o mecanismo do golpe de


Estado, ele disse que isso era assunto da organização militar, que estava para abrir
essa frente."

Vyshinsky: "Permitam-me ler o testemunho de Bukharin: Volume 5, páginas


95-6:

'Tomsky disse-me que duas variantes foram discutidas: o caso em que o novo
governo seria formado em época de paz', e isto significava que os conspiradores
organizariam um novo governo em tempo de paz e 'o caso em que seria organizado
em tempo de guerra; no ultimo caso, os alemães estavam pedindo grandes concessões
econômicas', concessões das quais já falei, 'e estavam insistindo em cessões de
território'."

No último caso, isto é, no caso da abertura de uma frente para um ataque


alemão, Bukharin explicou: "Seria expediente julgar os culpados da derrota na
frente. Isto nos capacitaria a conquistar as massas, fazendo uso de slogans
patrióticos". E adiante: "Eu pretendia com isso, isto é, por convicção daqueles
culpados da derrota, sermos capazes ao mesmo tempo de livrar-nos do perigo
bonapartista que me alarmava" (Trial of the Anti-Soviet Bloc of Rights and
Trotskyites, pp. 432-36).

Isto conduz-nos à questão do bonapartismo mencionado por Bukharin. Este


bonapartismo era o bonapartismo dos generais - de Tukhachevsky e do grupo
militar que seria a força decisiva da ação contra-revolucionária, da qual os
trotskistas tinham muito medo. Isso era indicativo da atmosfera conspiratória de
cinismo, insensibilidade, egoísmo e suspeição, na qual os renegados do campo do

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

socialismo - os trotskistas e os direitistas - viviam. Eles tinham medo de suas


próprias sombras e se assustavam com um mero farfalhar da mata. Embora eles
achassem necessário colaborar com outros contra o regime soviético, também
tinham planos de atacarem uns aos outros.

Eis o que Rosengoltz declarou, neste contexto:

"Sedov (filho de Trotsky) falou muito acerca da necessidade de relações mais


estreitas possíveis, ao máximo, com Tukhachevsky, desde que, na opinião de Trotsky,
Tukhachevsky e o grupo militar seriam a força decisiva da ação contra-
revolucionária. Durante a conversação, revelou-se também que Trotsky mantinha
temores em relação às tendências bonapartistas de Tukhachevsky. No decorrer de
uma conversação, Sedov disse que Trotsky, a esse respeito, expressou mesmo o temor
de que, se Tukhachevsky cumprisse com sucesso um golpe militar, seria possível que
ele não permitisse a Trotsky entrar em Moscou ... Trotsky, por isso, propôs que
durante o golpe de Estado deveríamos todos colocar nossas próprias pessoas em toda
parte, pessoas que eram de confiança para o trotskismo e em quem poderíamos
confiar no que se refere a vigilância" (Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights and
Trotskyítes, pp. 245-246).

Tais então foram os crimes cometidos pelos trotskistas, zinovievistas e


direitistas em sua luta contra o poder soviético e pela restauração do capitalismo
na Rússia. Em vista desses crimes cometidos por esse bando de destruidores,
espiões e assassinos fanáticos e sem princípios, agindo sob as ordens dos serviços
de inteligência de outros países, é possível para qualquer pessoa honesta duvidar,
sequer por um momento, da correção da seguinte caracterização desses traidores
dada pelo camarada Stalin? Disse o camarada Stalin:

"Duas palavras sobre os destruidores, diversionistas, espiões, etc. Eu penso


estar claro para todos, agora, que os traidores e diversionistas de hoje, não importa
que disfarce adotem, trotskistas ou bukharinistas, cessaram de ser uma tendência
política no movimento operário, transformaram-se em uma quadrilha de
destruidores, diversionistas, espiões e assassinos profissionais sem princípios e sem
ideais". "Certamente", continuou o camarada Stalin, "esses senhores devem ser, sem
compaixão, esmagados e exterminados como inimigos da classe operária, como
traidores de nosso país. Isso está claro e não requer nenhuma explicação."

Não, camaradas, não é possível para ninguém que tenha um mínimo de


honestidade duvidar sobre da validade desta caracterização dos trotskistas.

Em vista do fato de que esses crimes foram cometidos pelos trotskistas e


direitistas de altas posições oficiais e que esses crimes foram cometidos em meio a
uma construção socialista colossal, é surpreendente que os acusados "sofressem de
uma dubiedade de pensamento peculiar" e de "um estado de espírito muito
infeliz"? Bukharin, em sua última defesa, tratou do processo de degeneração dos
direitistas e trotskistas e de "uma estado de espírito muito infeliz" que aquela
degeneração teria produzido no caso de cada um dos acusados. Eis o que Bukharin
disse:

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

"Eu já tinha dito, quando dei meu principal testemunho, durante o


julgamento, que foi a simples lógica da luta que nos guiou, os conspiradores contra-
revolucionários, nessa vida suja da clandestinidade, que foi exposta com toda a
clareza neste julgamento. Essa simples lógica da luta foi acompanhada por uma
degeneração de idéias, uma degeneração de psicologia, uma degeneração de nós
mesmos, uma degeneração das pessoas. Há exemplos históricos bem conhecidos dessa
degeneração. Bastaria mencionar Briand, Mussolini e outros. E nós também
degeneramos, e isto levou-nos a um campo que, em sua visão e contexto, era muito
semelhante ao do fascismo pretoriano dos kulaks. Como este processo avançou todo
o tempo muito rapidamente, sob as condições de uma luta de classes em
desenvolvimento, esta luta, sua velocidade, sua existência, agiram como um
acelerador, como um agente catalítico do processo que se expressou na aceleração do
processo de degeneração.

Porém, esse processo de degeneração da pessoa, inclusive eu próprio, teve


lugar em condições absolutamente diferentes daquelas nas quais o processo de
degeneração dos dirigentes operários internacionais, na Europa ocidental, teve
lugar. Teve lugar em meio a uma construção socialista colossal, com seus quadro,
tarefas, vitórias, dificuldades, heroísmo imensos ...

E com essa base, parece-me provável que cada um de nós, sentados aqui no
banco dos réus, sofre de uma dualidade de pensamento peculiar, de uma fé
incompleta em sua causa contra-revolucionária. Eu não diria que a consciência disso
estava ausente, porém era incompleta. Daí uma certa semi-paralisia da vontade, um
retardamento dos reflexos. Parece-me que nós éramos, em certa extensão, pessoas
com reflexos retardados. E isto não era devido à ausência de pensamento consistente,
mas ao objetivo grandioso da construção socialista. A contradição que surgia entre a
aceleração de nossa degeneração e esses reflexos retardados expressavam a posição
de um contra-revolucionário, ou um contra-revolucionário em desenvolvimento, sob
as condições da construção socialista em desenvolvimento. Uma psicologia dual
surgiu. Cada um de nós podia discernir isto em seu próprio ser, embora eu não me
engaje numa análise psicológica de longo alcance.

Eu mesmo algumas vezes fiquei empolgado pelos elogios que escrevi sobre a
construção socialista, embora pela manhã eu repudiasse isto, pelas ações práticas de
caráter criminoso. Surgia o que, na filosofia de Hegel, era chamado de estado de
espírito muito infeliz. “Este estado de espírito muito infeliz diferia do estado de
espírito infeliz ordinário somente pelo fato de que era também um estado de espírito
criminoso.”

Agora, camaradas, a pergunta: por que o trotskismo degenerou ao ponto de


ser um destacamento avançado do fascismo? Esta pergunta precisa ser respondida.
Algumas indicações referentes à resposta a esta questão já têm sido dadas. O
camarada Lênin já tinha sido citado em outro contexto, e esta observação
penetrante dele será agora repetida:

"Verdadeiramente pode-se dizer", disse o camarada Lênin, "que a


persistência num pequeno erro, eruditamente demonstrado, 'levado a sua conclusão
lógica', gerará uma monstruosidade."

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 86


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Foi o que aconteceu no caso de Trotsky. Ele começou com uma análise
errada quanto ao papel do campesinato na revolução russa. Este foi "um pequeno
erro" que, se corrigido, poderia não ter levado Trotsky à degeneração. Em lugar de
retificar seu "pequeno erro", entretanto, Trotsky "persistiu nele" "eruditamente o
demonstrou" e conduziu a "sua conclusão lógica". O resultado foi que o "pequeno
erro"de Trotsky não apenas se tornou uma "monstruosidade", mas também um
crime. A teoria de Trotsky da 'revolução permanente', com sua subestimação do
papel do campesinato, foi a causa da degeneração de Trotsky. Foi o ponto de
partida da estrada que o levou à aliança com o fascismo. Não tendo corrigido sua
'teoria' errada, Trotsky partiu na longa estrada de oposição ao bolchevismo. Ele se
juntou ao Partido Bolchevique apenas poucos meses antes da revolução. Após a
revolução, ele perseguiu suas atividades anti-Partido e divisionistas em relação a
questões como Brest-Litovsky, os sindicatos, etc. Guiado por sua teoria da
'revolução permanente', Trotsky opôs-se à construção do socialismo na URSS.
Como sua linha sofreu derrota após derrota no Partido, como ele ficou cada vez
mais isolado das fileiras do Partido e da classe operária da URSS, ele passou aos
métodos conspiratórios e conexões com os estados fascistas e imperialistas. Foi
assim que o trotskismo degenerou. A história total da luta do trotskismo contra o
bolchevismo e o leninismo não foi senão uma escola preparatória para a
transformação do trotskismo de uma tendência política equivocada, que tinha sido
no movimento operário, em uma "quadrilha de destruidores profissionais,
diversionistas, espiões e assassinos sem princípios e sem ideais".

O acusado Rakovsky, que foi um amigo pessoal muito íntimo de Trotsky,


levantou a seguinte questão durante sua defesa:

"E a pergunta que surge e à qual eu, como um dos envolvidos, sinto
necessidade de encontrar uma resposta, é a questão de como membros antigos do
governo, embaixadores antigos, terminaram aqui. Que forma de insanidade política
levou-os a este banco dos réus de infâmia política?"

Tendo corretamente rejeitado "a explicação burguesa banal e superficial


segundo a qual todas as revoluções terminam por devorar seus próprios
filhos", Rakovsky deu a seguinte explicação:

"Nós (os trotskistas) éramos o que é conhecido como um corpo estranho na


vida do organismo do Partido. Trotsky juntou-se ao Partido Bolchevique somente
poucos meses antes da Revolução de Outubro, sua ideologia tomou forma na luta
contra o Bolchevismo. Eu juntei-me ao Partido no final de 1917, após ter pertencido
por mais de quarto de século à Segunda Internacional, que se desenvolveu sob
condições inteiramente especificas, sob condições de desenvolvimento pacífico do
capitalismo, e, embora eu pertencesse´à sua ala esquerdista, eu estava permeado por
seu oportunismo. Se examinarmos a história de outros trotskistas, se eu tomasse
Radek, Pyatakov, Preobrazhensky como exemplos, veríamos que antes da Revolução
de Outubro e após a Revolução de Outubro, cada um deles foi culpado de numerosos
desvios sérios."

Isso é absolutamente correto, camaradas. O tempo não nos permite abordar


a história de cada um dos acusados; entretanto, se recuperarmos sua história,

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

veremos que eles terminaram no banco dos réus precisamente por causa
de "numerosos desvios sérios", porque não corrigiram seus "pequenos erros" mas, ao
contrário, "persistiram" neles e os conduziram a sua conclusão lógica. Esta é a
única explicação científica.

Nesse sentido, umas poucas frases da defesa de Serebryakov no segundo


julgamento parecem particularmente apropriadas:

"É doloroso me dar conta de que eu, que entrei no movimento revolucionário
em meus primeiros anos e fui um membro do Partido honesto e devotado por duas
décadas, tenha terminado por me tornar um inimigo do povo e me encontrar

aqui no banco dos réus. Porém, eu confesso que aconteceu porque, tendo uma vez
cometido um erro político, eu subseqüentemente persisti nele e agravei esse erro, que,
pela inevitável lógica dos fatos, envolveu-me em crimes dos mais graves."

Forças que apoiavam o trotskismo

Outra vez, camaradas, a pergunta que deve ser feita: quais foram as forças
sociais, interna e externamente, que apoiaram os trotskistas, zinovievistas e
direitistas, todas elas acreditando que era impossível construir o socialismo na
URSS? Que parcela da população soviética apoiou esses grupos que se opuseram à
política do Partido e de construção do socialismo na URSS? A resposta é clara,
camaradas. Somente aquelas parcelas que não desejavam a construção do
socialismo apoiaram os vários grupos anti-Partido. Esses elementos, hostis à
construção socialista, podem ser listados, e incluirão: o especialista burguês, o
mercador e lojista urbano, o kulak, o nacionalista burguês, o burocrata ex-tzarista,
as seções politicamente degeneradas do Exército e certamente os mencheviques e
os social-revolucionários.

A essas forças internas hostis ao socialismo deve-se acrescentar a força


externa, a burguesia imperialista mundial, que foi sempre conspiradora,
planejando exterminar o sistema soviético e restaurar o capitalismo na URSS.

"Nós devemos lembrar", disse Lênin uma vez, "que estamos o tempo todo à
beira da invasão" (Collected Works, Vol. 27, p. 117).

E novamente: "Nós estamos cercados pela burguesia mundial, que vigia cada
minuto de vacilação afim de trazer de volta 'os seus', de reinstalar os senhores de
terra e a burguesia" (Collected Works, Vol. 26, p. 348).

Ambos os inimigos (interno e externo) da construção socialista agiram em


conjunto, e não isoladamente, uns e outros. Recordando ao povo soviético os
perigos do cerco capitalista, Stalin disse que:

"A resistência das classes agonizantes em nosso país não terá lugar isolada do
mundo exterior, mas encontrará apoio do cerco capitalista" (Problems of Leninism, p.
386).

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

O julgamento de Shakhty, em 1928, o caso do 'Partido Industrial', em 1931,


o julgamento dos engenheiros britânicos Thornton, Macdonald e outros, em 1933,
e, finalmente, os julgamentos de Moscou forneceram uma prova viva das verdades
contidas nessas citações dos camaradas Lênin e Stalin. Todos esses julgamentos
mostraram como os inimigos externos e internos do socialismo agiam, e sempre
agirão, em conjunto. Mostraram também que os inimigos do socialismo nunca se
afastarão pacífica e calmamente do estágio histórico, que eles nunca calma e
pacificamente 'se converterão ao socialismo', que resistirão e lutarão até o fim,
usando de todos os tipos de métodos e subterfúgios, tanto pacíficos quanto
violentos.

Os vários inimigos do socialismo acima relacionados esperaram, durante os


anos da luta trotskista aberta contra o Partido, de 1923 a 1927, uma vitória
trotskista. Eles portanto se prepararam quietos. Eles sabiam que uma vitória
trotskista levaria à restauração do capitalismo, pois os trotskistas se opunham à
política do Partido de construir o socialismo na URSS. Os kulaks, os comerciantes,
os especialistas burgueses, os mencheviques e, naturalmente, o imperialismo
mundial etc., se opunham também à política de construção socialista. Assim,
objetivamente, não havia diferença entre a oposição trotskista, por um lado, e
os kulaks, os comerciantes e o imperialismo, por outro. Na medida em que eles
todos se opunham à construção do socialismo na URSS, havia um objetivo básico
para a unidade e a cooperação entre eles. Que esta unidade e cooperação
realmente teve lugar, ficou demonstrado inapelavelmente nos julgamentos de
Moscou.

Mas as esperanças de todos aqueles que desejavam restaurar o capitalismo


na URSS foram liquidadas completamente com a derrota da oposição trotskista. Os
contra-revolucionários, que tinham até aí depositado suas esperanças em uma
vitória trotskista foram postos em atividade pela derrota dos trotskistas. Um fator
adicional que levou os contra-revolucionários a aumentarem sua resistência foi
que, em 1927, ficou claro que a NEP não estava levando ao capitalismo, como eles
esperavam. Tornou-se claro, em 1927, que o socialismo estava sendo construído na
URSS. Assim, os reacionários aumentaram sua resistência: especialistas burgueses
recorreram à sabotagem sistemática, porém foram descobertos e expostos no
julgamento de Shakhty, em 1928. Outro grupo de especialistas burgueses, que
operaram sob o rótulo de "Partido Industrial", entregaram-se à sabotagem,
destruição e diversionismo. Estabeleceram relações com círculos capitalistas
russos no exterior e se prepararam para a intervenção estrangeira. O dirigente
deste grupo, Professor Ramzin, teve isto a dizer em seu julgamento:

"Aproximadamente no começo de 1927, com a transição para a reconstrução


definitiva da economia nacional, ocorreu uma mudança aguda no sentimento de
grupos especiais de engenheiros e migrantes . A ofensiva socialista e o começo da
reconstrução forneceu-lhes uma causa e uma base imediata para o combate ativo"
(Wreckers on Trial, 1931, p. 7).

Os mencheviques começaram a se tornar mais ativos e melhoraram sua


relação com as organizações da ala direita russa no exterior e com a Internacional
Operária e Socialista. Em seu programa de 1924, os mencheviques tinham

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

declarado: "As condições da produção na Rússia estão sendo reformadas cada vez
mais em uma base capitalista pelo rumo do desenvolvimento objetivo e, com isto, em
conseqüência da economia bolchevique, tanto o capital russo quanto o estrangeiro
inevitavelmente reconquistarão uma posição após outra."

Os mencheviques também, como os trotskistas, insistiam em que o


socialismo não poderia ser construído na URSS. Eles não viam no lançamento do
primeiro plano qüinqüenal senão uma aventura que, em sua visão, resultaria no
caos econômico, abrindo assim caminho para a restauração e desenvolvimento do
capitalismo. Em 1928, os mencheviques fortaleceram sua organização ilegal,
reunindo-se em uma agência unificadora. Esta agência, que tinha membros
dirigentes da Comissão de Planejamento Estatal e do Banco do Estado, deu início
nessas instituições a uma política de sabotagem e preparação para subir ao poder
através da intervenção estrangeira. No julgamento dos mencheviques, Petunin,
testemunha e membro do Comitê de Diretores do Centrosoyouz (a organização
central das cooperativas da Rússia) teve o seguinte a dizer:

"Eu me lembro muito bem do conteúdo das ordens do CC do RSDLP (Partido


Operário Social Democrata da Rússia - a organização menchevique) estrangeiro, a
respeito das diferenças com o Partido Comunista da União Soviética. Essas instruções
estavam contidas em uma carta da qual eu recebi uma cópia, por intermédio de
Gromann, no verão de 1929. Esta carta, que estava assinada por Dan e Abramovich,
continha uma estimativa do desvio de uma ala do PCUS (Partido Comunista da União
Soviética) para a direita. A carta assinalava que, como resultado de sua luta contra o
CC do Partido Comunista da União Soviética, os trotskistas tinham chegado à posição
da Social-Democracia e que, com base nesse exemplo e, como resultado da lógica da
luta, deve-se supor que os direitistas chegariam à mesma posição no decorrer da luta.
Quanto mais acirrada a luta, mais claro isto seria visto, de acordo com a carta.
Portanto, deve-se lançar óleo no fogo, para que a chama da luta arda mais
intensamente."

Essas, então, eram as forças internas opostas à política de construção do


socialismo na URSS. Quando os trotskistas passaram da política de oposição ao
Partido para os métodos de terrorismo, sabotagem, diversiomsmo, destruição e
traição, consideraram essas forças como suas aliadas mais estreitas. No julgamento
do Bloco Anti-Soviético de Direitistas e Trotskistas, Bukharin e Chernov deram
detalhes dos contatos íntimos que seu bloco mantinha com as organizações
emigradas mencheviques e socialistas revolucionárias, no sentido de obter
cooperação delas com o bloco no interior da URSS.

No julgamento do Centro Anti-Soviético Trotskista também temos o


testemunho de Loginov, que mostra quais eram os aliados reais do trotskismo e
revela os setores da população que apoiavam o trotskismo:

"Pyatakov assinalou", declarou Loginov, uma das testemunhas no


julgamento de Pyatakov-Radez, "que na luta contra o Estado soviético não
deveríamos nos apoiar apenas nas forças internas, que essas forças dificilmente
seriam suficientes. Eu me lembro que foi assim que Pyatakov colocou isso,
registrando que era justamente assim que Trotsky via, que não poderíamos, que era

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

impossível confiar nas massas operárias e proletárias dentro do país, que


deveríamos, portanto, tentar engajar grande número de engenheiros em nosso
trabalho. Eu registrei nesta época que nós dificilmente seriamos capazes de atrair a
geração mais jovem, que tinha sido criada sob o poder soviético; a principal atenção
deveria ser devotada não aos engenheiros jovens, mas aos mais velhos, especialmente
aqueles que tinham tomado parte na luta contra o poder soviético no período de
1930" (Trial of Anti-Sovíet Trotskyite Centre, Janeiro, 1937, p. 180-1).

Em relação às forças externas que apoiavam o trotskismo, em sua luta


contra a política do Partido de construção socialista, os segundo e terceiro
julgamentos revelaram que essas forças não eram outra senão o fascismo e o
imperialismo. Estes julgamentos revelaram a aliança entre o trotskismo e o
fascismo; revelaram a similaridade e indistinguibilidade absolutas entre o
trotskismo e os agentes dos serviços de inteligência de Estados estrangeiros.

Forças que apoiavam o governo soviético e o PCUS(B)

Que setores da população apoiavam o governo soviético e o PCUS(B), com


Stalin na chefia? Foram a classe operária e as amplas massas de trabalhadores,
empenhados na construção do socialismo na URSS que, com fervor e devoção
ardentes, apoiaram a política marxista-leninista correta do Partido. Foi a classe
operária da União Soviética que aplicou os golpes mais duros nos trotskistas; foi
nas maiores empresas de Moscou, Leningrado e Don Basin que os trotskistas
sofreram suas derrotas mais devastadoras e humilhantes no debate interno do
Partido, de 1925-1927. No Partido, apenas 4.000 pessoas votaram pela linha de
oposição de Trotsky, enquanto 724.000 pessoas votaram pela linha do Partido.
Isso, entretanto, não evitou que os trotskistas de hoje, ainda mais do que evitou
Trotsky em seus dias, apresentem Trotsky como um dirigente dos operários contra
a 'burocracia'. O único problema era que os operários na União Soviética (e
principalmente a Rússia, antes da formação da União Soviética) sempre se
recusaram a reconhecer Trotsky como seu líder. Antes da Revolução de Outubro,
Trotsky era o 'líder' de um pequeno grupo, pretendendo posicionar-se entre os
bolcheviques e os mencheviques, mas de fato apoiando os mencheviques. E
quando, após a Revolução de Outubro, particularmente de 1923 em diante, Trotsky
lançou-se na atividade oposicionista contra o Partido, ele nunca foi capaz de
ganhar o apoio da classe operária. Em vista disso, e de tudo que foi dito, pode-se
dizer, nas palavras de J. R. Campbell, que "o trotskismo não é uma luta do socialismo
contra a burocracia; é uma luta dos degenerados burocratas (representando as
forças de restauração capitalista ...) contra o ... impulso em direção ao socialismo"
(Soviet Policy and its Critics).

O tipo de governo que os trotskistas tentavam estabelecer

Se os trotskistas tivessem subido ao poder, que tipo de governo teriam


estabelecido? A única resposta é: um governo de restauração capitalista. Falando
da carta de Trotsky de dezembro de 1935, a existência da qual foi confirmada por
Pyatakov e Serebryakov, eis o que Radek teve a dizer:

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

"Na esfera da política, uma nova nota nesta carta era a forma como ele
colocava a questão do poder. Em sua carta, Trotsky disse: 'Não se pode falar de
nenhum tipo de democracia. A classe operária viveu 18 anos de revolução e tem
vastos apetites; e a classe operária terá de ser enviada de volta para as fábricas de
propriedade privada e em parte para as fábricas de propriedade do Estado, que
terão de competir com o capital estrangeiro sob as condições mais difíceis. Isto
significa que o padrão de vida da classe operária será dramaticamente rebaixado.
No interior do país, a luta dos camponeses pobres e médios contra os kulaks será
renovada. E, então, para preservar o poder, necessitaremos de um governo forte,
não importa que formas sejam empregadas para disfarçá-lo'" (Trial of the Anti-
Soviet Trotskyite Centre, p. 114).

Tal, então, é a natureza do trotskismo, camaradas. Tal é a natureza do


trotskismo sem seu uniforme de esquerda. Tal é a essência da teoria da 'revolução
permanente'. O fim lógico do trotskismo, de acordo com o qual o socialismo não
pode ser construído em um só país e que se apóia em todas as forças hostis à
construção do socialismo é ... a restauração das relações capitalistas de produção
na esfera econômica e a restauração do 'governo forte', a saber, a forma fascista do
governo burguês, na esfera política.

O significado histórico dos julgamentos

Finalmente, neste capítulo, camaradas, a pergunta a ser feita: qual é o


significado histórico desses julgamentos? O significado histórico desses
julgamentos consiste, primeiro e principalmente, no fato de que eles
estabeleceram, com excepcional escrupulosidade e exatidão, que os trotskistas,
zinovievistas e direitistas nada foram senão uma quadrilha de assassinos, espiões,
diversionistas e destruidores, sem quaisquer princípios ou ideais; que eles eram
uma quadrilha de conspiradores engajados na derrubada do sistema socialista
soviético, a fim de restaurar o capitalismo. Gostaríamos de concluir esta seção
citando alguns parágrafos do discurso de conclusão do camarada Vyshinsky no
terceiro julgamento de Moscou, sobre o significado histórico do terceiro
julgamento. Não é preciso enfatizar que, embora sejam ditas a respeito do terceiro
julgamento, essas afirmações do camarada Vyshinsky são igualmente aplicáveis a
todos os julgamentos de Moscou. Eis o que o camarada Vyshinsky disse sobre o
significado histórico do julgamento do bloco anti-soviético de direitistas e
trotskistas:

"O significado histórico deste julgamento repousa primeiro e principalmente


no fato de que revelou completamente o caráter vil do 'bloco de direitistas e
trotskistas', sua esterilidade ideológica, revelou o fato de que o bloco - todos esses
direitistas, trotskistas, mencheviques, socialistas-revolucionários, nacionalistas
burgueses etc., etc. - é todo composto por agentes assalariados dos serviços de
inteligência fascistas.

O 'bloco de direitistas e trotskistas' não é um agrupamento político; é uma


quadrilha de espiões, de agentes de serviços de inteligência estrangeiros.

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Isso ficou provado plena e incontestavelmente. Nisso repousa o enorme


significado social, político e histórico do presente julgamento.

O 'bloco de direitistas e trotskistas' agora no banco dos réus - como o


julgamento mostrou com a maior clareza - é apenas um destacamento avançado do
fascismo internacional, é um bando de carrascos e assassinos dissimulados, com cuja
ajuda o fascismo esteve operando em vários países, principalmente na Espanha e na
China.

É por isso que a revelação do 'bloco de direitistas e trotskistas' como uma


quadrilha de espiões é de enorme importância não somente para nossa revolução
socialista, mas também para todo o proletariado internacional. É de enorme
importância para a causa da paz em todo o mundo. É de enorme importância para o
conjunto da cultura humana, para a luta pela democracia real e pela liberdade das
nações, para a luta contra todo e qualquer fomentadores de guerra, contra todas as
provocações e todos os provocadores internacionais.

É por isso que estes julgamentos estão sendo seguidos com a respiração
suspensa pelo povo operário por todo o mundo, e particularmente naqueles países
onde o povo está engajado em uma luta heróica por sua liberdade, contra a tirania
fascista.

Sob a direção de Trotsky, sob a direção dos serviços de inteligência alemão,


japonês, polonês e outros, os Bukharins e Rykovs, Yagodas e Bulanovs, Krestinskys e
Rosengoltzes, Ikramovs, Khodjayevs e Sharangoviches cometeram seus atos vis por
ordem de seus chefes não apenas em nosso país, mas na Espanha, na China e em
qualquer parte em que a luta de classe do povo operário continua, em qualquer parte
onde o povo honesto está lutando por liberdade genuína, por democracia genuína,
por cultura humana genuína.

Os Bukharins e Rykovs, Yagodas e Bulanovs, Krestinskys e Rosengoltzes,


Ikramovs, Sharangoviches, Khodjayevs e outros são o mesmo que a Quinta Coluna, o
POUM, a Ku Klux Klan. Eles são um dos destacamentos dos provocadores e
incendiários de guerra fascistas operando na arena internacional.

Esmagar esse destacamento é um grande serviço à causa da paz, à causa da


democracia, à causa da cultura humana genuína" (Trial of the Anti-Soviet Bloc of
Rights and Trotskyites, pp. 628-629).

Nada melhor, ao nosso ver, poderia ser dito sobre o significado histórico dos
julgamentos.

Denunciar o trotskismo "é de enorme importância ... para todo o proletariado


internacional". Esta é uma tarefa, camaradas, que devemos empreender e cumprir
para sermos discípulos merecedores de Lênin e Stalin, para sermos verdadeiros
marxistas-leninistas; este é um comando que devemos cumprir pois, se não
fizermos isso, será impossível, nas condições concretas da Inglaterra, arrancar o
proletariado britânico da influência social-democrata do trotskismo e construir um

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

movimento proletário verdadeiro, para a derrubada revolucionária do capitalismo.


É por esta razão, então, que mergulhamos na questão dos julgamentos de Moscou.

Agora, camaradas, seguimos para a última parte do que temos a dizer, a


saber, comentar as críticas burguesas aos julgamentos de Moscou e refutar essas
críticas. Em vista do fato de que dificilmente passaremos sem que diversos
intelectuais burgueses e agentes pagos e não pagos da burguesia apareçam com
distorções em relação a esses julgamentos, deve-se compreender que é necessário
lidar com tais distorções. Todos os críticos trotskistas dos julgamentos,
naturalmente, serão tratados como críticos burgueses, pois os trotskistas não são
senão agentes da burguesia no movimento da classe operária.

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 94


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Capítulo 12

Críticas Burguesas dos Julgamentos de Moscou e Contestação dessas Críticas

A partir da época da Revolução de Outubro - por causa da Revolução de


Outubro - a Rússia Soviética tornou-se o objetivo principal de ataque pelo mundo
burguês e seus representantes ideológicos, os professores 'eruditos' e a
inteligência burguesa, os mercenários da burguesia. Essas eram as pessoas que
tinham até então se devotado a 'refutar' o marxismo e tinham 'aniquilado' o
marxismo centenas de vezes. O mundo burguês e seus ideólogos apresentavam a
Rússia Soviética como um agressor, justamente quando ela estava sendo alvo da
intervenção e agressão de 14 países imperialistas e burgueses que estavam
armados até os dentes e dispostos a tudo para sufocar a Revolução. O mundo
burguês e seus ideólogos apresentavam os dirigentes da Rússia Soviética - Lênin,
Stalin e outros - como assassinos contumazes e sedentos de sangue. Eles
apresentavam a Rússia Soviética como um grande campo de trabalhos forçados,
precisamente na época em que a URSS era o único país que tinha eliminado o
desemprego - uma época em que no mundo capitalista a classe operária em seus
milhões estava sofrendo o desemprego, a pobreza, a miséria, a degradação e a
fome... O mundo burguês nunca cessou sua campanha de mentiras e calúnias
contra a União Soviética. Nunca perdeu uma única oportunidade para mobilizar a
opinião pública contra a União Soviética. Seu objetivo era, primeiro, manter os
operários dos países capitalistas ignorantes sobre os ganhos do socialismo na
URSS, a fim de abortar o desenvolvimento de um movimento revolucionário
proletário voltado para a derrubada do capitalismo e para o estabelecimento do
socialismo e, segundo, preparar para outra intervenção contra a União Soviética.
Em outras palavras, a campanha da burguesia imperialista estava voltada primeiro
para a contenção e depois para a destruição final do socialismo, seu objetivo era
tanto evitar que Revolução Russa se espalhasse por outros países como destruir a
própria Revolução Soviética. Com tais objetivos em mente, a burguesia imperialista
organizava todo tipo de sabotagem e espionagem contra a URSS, enquanto
preparava a opinião pública contra o sistema soviético.

Não é surpreendente, portanto, que a burguesia mundial tenha emergido


como a primeira difamadora da justiça revolucionária soviética. Nessas
circunstâncias, os julgamentos de Moscou foram uma oportunidade que caiu do
céu para os imperialistas e a intelligentsia burguesa, na qual se incluem os
trotskistas, explorarem ao máximo a fertilidade de sua imaginação com o propósito
de desqualificar esses julgamentos. Eles os transformaram em um melodrama de

Hollywood, de tal modo que ninguém que tenha lido os relatórios textuais desses
julgamentos poderia senão surpreender-se ao ler a versão burguesa dos
julgamentos e se perguntar se estava lendo sobre a mesma coisa. A versão
burguesa não tem relação, qualquer que seja, com os reais julgamentos de Moscou,
razão por que as críticas burguesas desses julgamentos não são críticas científicas,
mas as críticas de uma classe agonizante e decadente e dos seus lacaios ideológicos
que recebem vultosos salários para fazerem esse trabalho sujo na defesa da classe
dirigente burguesa imperialista cambaleante e moribunda. Essas críticas são, em
outras palavras, produto do autointeresse da burguesia. É, contudo, necessário

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 95


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

tratar delas, pois exercem forte influência sobre o pensamento não somente de
nossa juventude 'educada' como também do povo trabalhador. Por isso,
apresentaremos cada crítica, a responderemos e partiremos para a seguinte.

Crítica número um

Se havia tal conspiração em grande escala, perguntam nossos críticos


burgueses, por que tiveram os 'conspiradores' êxitos tão magros e insignificantes,
especialmente tendo em vista o fato de que alguns dos acusados ocupavam
posições extremamente importantes no governo e na economia soviética?

A resposta é: em primeiro lugar, a falta de sucesso da parte dos


conspiradores nunca pode constituir uma justificativa para a conclusão de que não
havia conspiração. Em segundo lugar, os 'êxitos' dos vários acusados nos
julgamentos de Moscou não foram magros e insignificantes. Kirov foi assassinado
por eles; eles foram também responsáveis pelas mortes de Gorky, Peshkov,
Kuibyshev e Menzhinsky. Houve também atentados contra a vida de outros
dirigentes bolcheviques preeminentes como Molotov e outros, como vimos antes -
atentados que chegaram próximos do sucesso. Acrescente-se a isso as 'realizações'
mais importantes dos acusados - destruição, sabotagem e diversionismo, como os
praticados por eles na indústria e na agricultura soviéticas, que resultaram nas
mortes de muitas pessoas inocentes e na perda de grãos (que se deterioraram), de
valioso maquinário, de plantas e pontes (que foram dinamitadas), a perda de trens
(em conseqüência dos 'acidentes' pré-fabricados), o enfraquecimento da indústria,
particularmente a indústria de defesa, e assim por diante, e se verá que os 'êxitos'
dos conspiradores não foram nada 'magros'.

Crítica número dois

Afirmam os críticos burgueses que não houve destruição deliberada, que as


inculpações de destruição, sabotagem, etc., contra os vários acusados são falsas.
Por exemplo, a Comissão Dewey, estabelecida pelo Comitê Americano para a
Defesa de Leon Trotsky, afirmou na época:

"A Comissão conclui, a partir das evidências em seu poder, que as destruições,
atrasos e danos atribuídos aos acusados nos julgamentos de Moscou são explicáveis
em termos da pressa, da ineficiência e dos projetos excessivamente ambiciosos e que
as acusações de sabotagem, destruição e diversionismo, no que diz respeito a Leon
Trotsky, não estão provadas e não são críveis."

Que a sabotagem foi uma realidade, que os acusados organizaram e


dirigiram os processos de atos de sabotagem etc., está claro não apenas pelas
afirmações dos acusados e pelas evidências apresentadas nos julgamentos de
Moscou (alguns dos quais já reproduzimos antes) como está também corroborado
pelos fatos a nós apresentados por especialistas estrangeiros que estiveram
envolvidos no trabalho da construção industrial na União Soviética, como
engenheiros etc. Um desses especialistas era o Sr. John Littlepage, um engenheiro
de minas norte-americano, que esteve empregado como especialista nas indústrias
mineiras de ouro e cobre da URSS, de 1927 a 1937. Em dezembro de 1937,

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 96


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

o Saturday Evening Post divulgou três artigos de Mr. Littlepage nos quais, tratando
do tema da destruição, este senhor teve isto a dizer:

"Durante o período em que fui transferido temporariamente da


Conglomerado de Ouro e passei a trabalhar nas minas de cobre, tive oportunidade de
observar em primeira mão as atividades de Yuri Pyatakov, o vice-comissário
executado em 1937, após ele ter confessado ter comandado uma célula de
destruidores. Eu fui a Berlim na primavera de 1931 com uma grande comissão de
compra chefiada por Pyatakov; minha tarefa era oferecer consultoria sobre a
compra de maquinário de mineração. Algumas coisas aconteceram naquela ocasião
que nunca entendi, até ler o testemunho de Pyatakov em seu julgamento de 1937.

Entre outras coisas, a comissão em Berlim estava comprando uma dúzia de


guindastes de mina, com a potência em cavalos variando de 100 a 1.000.
Ordinariamente, esses guindastes consistiam de tambores, cabos, suportes, rodas
dentadas e assim por diante, colocados sobre uma fundação de vigas I ou H. A
comissão pediu cotações à base de pfennigs por quilograma. Quando estudei as
propostas, descobri que as firmas tinham substituído o aço leve citado nas
especificações por bases de ferro fundido pesando muitas toneladas, o que reduziria o
custo de produção por quilograma, porém aumentaria o peso e, portanto, o custo
para o comprador.

Naturalmente, fiquei feliz ao fazer esta descoberta e a relatei aos membros da


comissão com um sentimento de triunfo. Mas a reação daqueles homens foi
claramente indiferente; eles chegaram afazer pressão considerável sobre mim para
persuadir-me a aprovar o negócio. Eu não podia entender sua atitude. Finalmente,
disse aos membros da comissão que eles teriam de fazer tais compras sob sua
responsabilidade, e que eu adiantava que o meu próprio conselho contrário constaria
do relatório. Somente então eles desistiram da proposta.

Nessa época eu atribuí sua atitude a estupidez obstinada, ou talvez algum


suborno pessoal. Mas este incidente foi plenamente explicado por Pyatakov em
confissão subseqüente. A questão fora arranjada de forma a que Pyatakov poderia
ter voltado a Moscou e mostrado que tinha tido muito sucesso em reduzir os preços,
mas ao mesmo tempo teria pago por muito ferro fundido sem valor e capacitado os
alemães a lhe darem descontos muito substanciais. De acordo com as suas próprias
declarações, ele participou do mesmo embuste em outras minas, embora este eu
tivesse bloqueado."

A propósito destas condições prevalecentes nas minas de zinco e cobre nos


Urais, o Sr. Littlepage teve isto a dizer:

"O Presidente Comunista de toda a região dos Urais, um homem chamado


Kabakov, era oficialmente responsável por este procedimento. Kabakov ficou nesse
posto durante cerca de 15 anos e tinha tanto poder que era apelidado de 'Vice-Rei
Bolchevique dos Urais'. Por alguma razão que nunca entendi, ele mantinha a
confiança completa do Kremlin e era sempre perdoado por qualquer erro. Julgado
imparcialmente, seu currículo era ruim.

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 97


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Sob sua prolongada direção, a região dos Urais, que tinha riquezas minerais
quase ilimitadas e tinha recebido grandes capitais para exploração, nunca produziu
nem perto do que deveria. Eu positivamente recusei-me a trabalhar no território
controlado por aquele homem em 1932; cinco anos mais tarde, em 1937, ele foi preso
sob a acusação de sabotagem industrial durante um período de nove anos. Quando
soube de sua prisão, não me surpreendi.

Perto do final de 1932, encarregaram-me de uma tarefa que me convenceu


completamente de que havia destruição organizada em larga escala na Rússia. Eu fui
mandado para reabilitar as minas maiores de zinco da Rússia, uma antiga concessão
britânica no Sul do Cazaquistão. Tinha sido advertido de que as condições eram
muito ruins, porém não estava preparado para nada tão mau como encontrei. Essas
minas estão entre as melhores minas de zinco do mundo e, além disso, o minério
contém uma quantidade usualmente grande de ouro.

Os métodos que tinham sido usados nessas minas seriam capazes de fazer
desfalecer um engenheiro de minas. Tinham provocado desmoronamentos tão
grandes que a produção estava quase parada. As minas se situavam ao longo de um
rio e as escavações tinham causado um súbito e grande aumento no fluxo da água,
que tinha sobrecarregado o equipamento de bombeamento, e as minas estavam em
tais condições que corriam o risco de serem perdidas irremediavelmente a qualquer
momento, através de enchentes. O Governo tinha gasto grandes somas em
maquinário e equipamentos norte-americanos modernos para essas minas, mas
grande parte estava já inutilizada. Por exemplo, um belo e grande concentrador de
flotação tinha sido construído, porém estava em péssimas condições, porque o
equipamento não tinha sido cuidado e os trabalhadores não eram treinados no uso
de maquinário norte-americano, que os próprios engenheiros russos não entendiam.

Fui a essas minas como engenheiro-chefe, com a mesma autoridade que me


tinham conferido quando fui primeiro a Khalata. Vi logo que era necessária uma
ação imediata para salvar as minas e decidi elaborar um plano de trabalho. Uma das
principais dificuldades ali, como descobri mais tarde, tinha sido a disputa entre dois
grupos nas minas acerca dos métodos apropriados a serem utilizados. Porém, a
população local demonstrou imediata confiança em meu julgamento e deu-me
excelente cooperação. Como resultado, conseguimos pôr as minas e o moinho em
razoável boa forma em poucos meses.

Dois dos engenheiros russos mais jovens dessas minas me pareceram


especialmente capazes, e fiz um grande esforço para explicar-lhes como as coisas
tinham estado erradas e como tinham sido consertadas. Esses engenheiros não eram
comunistas, mas tinham sido treinados sob o regime comunista e pareciam estar
trabalhando honestamente.

Estava claro para mim que os gerentes comunistas das minas, ignorantes de
problemas de engenharia, tinham compelido esses companheiros jovens a agirem
contra seu melhor julgamento, a fim de obter algum crescimento imediato da
produção às expensas do futuro e mesmo com o risco de grandes volumes de minério
valioso.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Eu disse a eles: 'Não deixem esses gerentes comunistas os forçarem a fazer


coisas assim de novo. Vocês sabem o que é certo e não devem abrir mão disso.' Eles
me prometeram que fariam fielmente como aconselhei. Preparei um conjunto
elaborado de recomendações e instruções para aperfeiçoamentos adicionais para
minas e fundidores. Essas instruções eqüivaliam a um esquema impresso dos métodos
apropriados para desenvolver as minas e as plantas durante anos.

Bem, uma de minhas últimas tarefas na Rússia, em 1937, foi uma chamada
apressada para essas mesmas minas. Quando olhei as instalações, fiquei disposto a
deixar a Rússia de uma vez por todas. Uma vez mais as minas estavam à beira da
destruição. Milhares de toneladas de minérios já tinham sido perdidas
irremediavelmente e, em poucas semanas, se nada fosse feito, o estoque total teria
sido perdido.

Descobri que a unidade tinha andado bastante bem durante dois ou três anos
depois que eu as reorganizei, em 1932. Então, uma comissão veio do quartel-general
de Pyatakov, como nas minas em Khalata. Minhas instruções tinham sido jogadas
fora e um sistema de escavação tinha sido introduzido naquelas minas que
certamente causaria a perda de grande parte do minério em poucos meses. Pilares
que tínhamos preservado para proteger os principais poços de trabalho tinham sido
minados, de sorte que o solo em torno desses poços estava cedendo.

Um dos exemplos mais flagrantes da sabotagem deliberada envolveu um


sistema de ventilação bastante elaborada que tinha sido ordenada para a fundição
de chumbo, para evitar o envenenamento dos operários. Esse sistema de ventilação,
que custa caro e era necessário para proteger a saúde dos operários da fundição,
tinha na realidade sido instalado na seção de filtro da moagem, onde não havia gases
nocivos ou poeira de qualquer tipo. Qualquer engenheiro concordaria m que tal ação
podia dificilmente ser o resultado de mera estupidez, por descomunal que fosse.

Examinei essa instalação minuciosamente e elaborei meu relatório,


explicando que a instrução escrita que eu tinha deixado em 1932 tinha desaparecido
em algum momento de 1934. Quando submeti esse relatório, mostraram-se escritas
dos engenheiros jovens acima mencionados. Eles confessaram que tinham usado
minhas instruções escritas de 1932 como base para a destruição deliberada da
planta. Suas confissões explicavam justamente como e quando tinham ocorrido os
erros' que eu tinha apontado em meu relatório. Eles admitiram que tinham sido
atraídos para uma conspiração contra o regime de Stalin pelos comunistas de
oposição, que os convenceram de que estavam fortes o bastante para derrubarem
Stalin e seus associados e conquistarem o poder. Os conspiradores provaram a eles
que tinham muitos aliados entre os comunistas em altos postos. Eles decidiram que
tinham de apoiar um lado ou o outro e escolheram o lado perdedor."'

Em vista dos fatos como antes descritos, toda tentativa de negar a existência
de destruição, sabotagem, diversionismo e terrorismo cai por terra.

Entretanto, o fato de que a destruição, o diversionismo, a sabotagem e o


terror tiveram lugar não comprometia por si só, de forma alguma, os 54 acusados

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nos três julgamentos de Moscou. O que comprometia os acusados eram suas


próprias declarações, corroboradas por outras evidências.

Crítica número três

Os críticos burgueses usualmente afirmam que as confissões dos acusados


foram espúrias, que tinham sido extraídas dos acusados pela polícia política
soviética por meio de tortura. Alguns afirmam mesmo que os acusados aceitaram
acusações falsas por lealdade ao Partido.

(a) Tortura

Que esta crítica é totalmente sem fundamento torna-se absolutamente claro


a um exame mais acurado. Eles foram 54 acusados ao todo - 16 no julgamento
Zinoviev-Kamenev, 17 no julgamento Pyatakov-Radek e 21 no julgamento
Bukharin-Rykov-Yagoda. Todos eles se declararam culpados das diversas
acusações sob as quais foram levados diante do tribunal. Os crimes dos quais eles
foram acusados iam de diversionismo, destruição e sabotagem a terror,
assassinato e assinatura de pactos com potências imperialistas a fim de derrubar
pela força o regime soviético. Se provados tais crimes graves e infames contra o
regime soviético implicavam pena de morte. A única recompensa que os acusados
podiam esperar por se admitirem culpados dos crimes de que eram acusados teria
sido a morte certa. Nunca os críticos burgueses explicaram por que os acusados -
não menos de 54 deles - admitiram ter cometido os crimes que supostamente não
cometeram quando sabiam perfeitamente bem que com sua confissão estavam
assinando suas próprias sentenças de morte. Nunca explicaram por que todos os
acusados ostentaram tal paixão notável pela confissão de crimes que na realidade,
de acordo com nossos críticos, nunca tinham cometido. Talvez todos os 54
acusados sofressem de algum distúrbio mental especial, talvez estivessem
possuídos de um desejo de morte etc.? Deve haver alguma 'explicação' freudiana
que os críticos burgueses, sem dúvida, seriam capazes de apresentar. Nós,
entretanto, não podemos levar a sério tais bobagens. Em nossa visão, e os fatos
apoiam esta visão nos seus detalhes mais minuciosos, os 54 acusados nos
julgamentos de Moscou fizeram as confissões por que eles tinham de fato cometido
os crimes de que estavam sendo acusados. Não haveria como forçá-los a fazer
confissões, extrair confissões falsas deles pelo uso da tortura ou métodos
semelhantes. Alguns dos acusados tinham estado no movimento revolucionário
clandestino durante os tempos tzaristas. Outros, como Muralov, eram bem
conhecidos por sua extraordinária coragem física. Muralov, disse Trotsky, "era
uma personalidade heróica no mais pleno sentido da palavra". No entanto, alega-se
que os acusados fizeram confissões falsas. Esses julgamentos tiveram lugar em um
grande salão, repleto de jornalistas estrangeiros. Seguramente não haveria
dificuldade para todos os acusados, na presença da imprensa internacional,
denunciar esses julgamentos como uma farsa, se de fato o fossem. Não teria sido
difícil para eles denunciarem os métodos brutais usados pela OGPU para extrair
confissões dos acusados, se tais métodos tivessem de fato sido usados. Tivesse
apenas um acusado feito uma declaração isolada, denunciando os julgamentos
como 'trama stalinista' e denunciando os métodos alegadamente duros usados
pelas autoridades da investigação, a imprensa burguesa teria assegurado as

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

transmissões de tal denúncia por todos os lares do mundo. Desafortunadamente


para os trotskistas e outros críticos burgueses dos julgamentos, entretanto,
nenhum dos acusados - nem um único dos 54 - disse qualquer coisa contra os
julgamentos ou contra os métodos de interrogatório empregados pela autoridade
investigadora. Ao contrário, eles não apenas admitiram sua culpa, mas também
deram explicações políticas e, em alguns casos (Bukharin, por exemplo), filosóficas
dos seus crimes, como já vimos.

Para refutar a alegação da aplicação da tortura para extrair falsas confissões


dos acusados, nada melhor do que a evidência de Muralov que, de acordo com
Trotsky, "era no sentido pleno da palavra uma personalidade heróica" e que,
portanto, não teria se curvado diante da tortura, não se teria atribuído crimes dos
quais não tivesse culpa. Eis o que Muralov disse sobre a questão da tortura:

Vyshinsky: "Estou interessado em saber por que você decidiu dar testemunho
verdadeiro. Examinando o relatório de investigação preliminar, vejo que em uma
série de interrogatórios você negou ter tomado parte em trabalho clandestino. Foi
isso mesmo?"

Muralov: "Sim. Até 5 de dezembro. Oito meses."

Vyshinsky: "Porque, então, afinal você decidiu dar, e deu, testemunho


verdadeiro? Explique os motivos que o levaram à decisão de abrir completamente o
jogo - se é que você abriu completamente o jogo."

Muralov: "Eu penso que houve três razões que me contiveram e me induziram
a negar tudo. Uma razão era política e profundamente séria; duas, de caráter
exclusivamente pessoal. Começarei com a menos importante, meu caráter. Eu estou
muito esquentado e rancoroso. Esta é a primeira razão. Quando eu fui preso, fiquei
amargo de rancor." Vyshinsky: "Você foi maltratado?"

Muralov: "Eu fui privado de minha liberdade."

Vyshinsky: "Mas talvez tenham sido utilizados métodos brutais contra você?"

Muralov: "Não, nenhum método assim foi utilizado. Eu devo dizer que em
Novosibirsk e aqui fui tratado polidamente e nenhuma razão houve para
ressentimento. Fui tratado muito decentemente e polidamente." [Trial of the Anti-
Soviet Trotskyite Centre, pp. 231-2).

De fato, a alegação de tortura era tão insustentável que mesmo um grupo de


trotskistas franceses, chefiado por André Ferrat, enquanto apresentava uma
'explicação' ainda mais absurda (a do dever do Partido, do qual logo falaremos) na
época rejeitou a tortura como uma explicação. Em um panfleto intitulado Por que
eles confessaram?, publicado pelo grupo Que Faire (Que Fazer), encontramos as
seguintes frases:

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

"Os acusados declararam que não foram submetidos a nenhuma tortura;


nada nos permite afirmar o contrário. Por outro lado, é improvável que a tortura
pudesse quebrar homens da tempera de Pyatakov, Radek, Muralov..."

Deve-se, entretanto, notar que os julgamentos de Moscou não foram os


primeiros em relação aos quais foi feita a alegação de que os acusados teriam sido
sujeitos a tortura. Alegações similares foram feitas na época do julgamento dos
engenheiros do Metro-Vickers, em 1933. Um número expressivo dos engenheiros
britânicos assumiu a culpa pelas acusações. Na época, a imprensa britânica
declarou, sem um fragmento de evidência, que as confissões foram extraídas dos
acusados pela tortura. Na corte aberta, dois dos engenheiros envolvidos,
Monkhouse e Thornton, recuaram de suas confissões e se declararam inocentes,
enquanto Macdonald, outro engenheiro, declarou-se primeiro culpado, depois
renegou sua declaração-, para confirmá-la outra vez mais tarde. O questionamento
desses senhores na corte aberta pelo promotor público, Vyshinsky, é tão relevante
para refutar as calúnias burguesas contra a justiça revolucionária soviética em
geral e a alegação de tortura em particular que é útil reproduzir aqui alguns dos
diálogos entre Vyshinsky e os vários acusados:

Thornton foi questionado sobre por que assinou a seguinte declaração: "Os
protocolos do interrogatório, na presença primeiro de Gussev, minha e dos dois, e
depois de Kutuzova, minha e dos dois, que me foram mostrados durante este
interrogatório, e nos quais eu confesso fatos sobre minhas atividades de espionagem
e minhas relações com outras pessoas, eu li. Eu não posso fazer considerações
adicionais sobre os relatórios desses protocolos. Os protocolos foram transcritos
corretamente e estão confirmados por minha assinatura."

Vyshinsky (a Thornton): "Você confirma isto?"

Thornton: "Não, estava escrito e eu assinei."

Vyshinsky: "Você confirma que o fez voluntariamente, sem ser influenciado,


sem qualquer pressão?"

Thornton: "Sim."

Vyshinsky: "Tudo que você leu?"

Thornton: "Sim."

Vyshinsky: "Então, você assinou?"

Thornton: "Sim, e agora a corte examinará."

O Presidente: "Porém, por que você deu tal informação? Para tomar o tempo
de todos, da Corte, do Promotor Público? Ou você tinha alguma razão especial? O que
você está dizendo é um absurdo. Você esteve dando depoimentos por três semanas e
resolve negá-los agora."

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Thornton: "Eu simplesmente..."

O Presidente: "Decidiu arranjar trabalho para a Corte?"

Thornton: "Eu fiz isso, como já disse, Eu estava amedrontado."

O Presidente: "Como você foi amedrontado? Por quem você foi amedrontado?
Onde e quando você foi amedrontado?"

Thornton: "Eu não estava amedrontado pela prisão e pelas conseqüências,


mas simplesmente desta forma..."

O Presidente: "Não, dê uma resposta direta, para que fique claro e simples
para todo mundo: quem amedrontou você, quando o amedrontou, em que sala?"

Thornton: "Eu quero falar através do intérprete."

O Presidente: "Quando você encontra dificuldade para responder, você


sempre recorre à ajuda do intérprete. Mas tudo bem, pode fazê-lo."

Thornton: "Não, eu falarei em russo. Eu estava simplesmente amedrontado,


porém do quê, eu mesmo não sei."

O Presidente: "E você esteve amedrontado em 11 de março, 12 de março, 13


de março e 4 de abril. Você esteve evidentemente também amedrontado em 10 de
abril, o dia da véspera do julgamento, porque não fez nenhuma declaração."

Thornton: "Alguns dos pontos estão certos e alguns deles eu gostaria de rever
e me disseram que isto teria de ser feito durante o julgamento."

O Presidente: "Quem lhe disse isto? Diga o seu nome."

Thornton: "Isto me foi dito por..." (tenta lembrar)

Vyshinsky: "Bem, deixemos isso de lado. Deixe-me perguntar-lhe algo


também. Eu estou interessado nas circunstâncias em que você foi interrogado no
escritório do Promotor Público da República por meu assistente Roginsky, em minha
presença. Foram os fatos que estão aqui descritos exatamente como eu disse ou não?"

Thornton: "Como eu falei. Sim, corretamente."

Vyshinsky: "Nada foi distorcido?"

Thornton: "Não, você não mudou nada."

Vyshinsky: "Porém talvez Roginsky o tenha feito?"

Thornton: "Não."

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Vyshinsky: "Talvez a OGPU os tenha distorcido?"

Thornton: "Não, eu o assinei com minha própria mão."

Vyshinsky: "E com sua cabeça? Quando você estava escrevendo, você
considerou e pensou?"

Thornton: (não responde).

O Presidente: "E qual cabeça está pensando por você agora?"

Thornton: "No presente, eu sinto diferente."

Vyshinsky: "Deixe-nos terminar com este relato. É importante estabelecer os


fatos. Nós tiraremos as conclusões mais tarde. No momento, é importante para mim
confirmar o depoimento que foi dado em 19 de março, de que os fatos que estiveram
aqui estabelecidos foram realmente ditos por você, que não houve falsificação, nem
truque."

Thornton: "É isso mesmo."

Vyshinsky: "Os depoimentos que você deu antes foram dados muito
livremente e voluntariamente, sem pressão ou coerção. Eu o entendo assim
corretamente?"

Thornton: "Corretamente."

Vyshinsky: "Não tenho mais perguntas."

Eis o interrogatório de Mr Macdonald durante o curto período no qual ele


reviu sua declaração de culpa:

O Presidente (a Macdonald): "O depoimento da página 204 foi escrito por


você, com sua própria mão?"

Vyshinsky: "Leia isto, por favor."

Macdonald: "Sim, eu assinei isto."

Vyshinsky: "Em que circunstâncias você o assinou?"

Macdonald: "Eu considerei-o conveniente naquelas circunstâncias."

Vyshinsky: "Sob que circunstâncias? Houve qualquer método especial de


interrogatório aplicado em você?"

Macdonald: "Não."

Vyshinsky: "Você foi forçado a escrever isto?"

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Macdonald: "Não, mas assinei-o porque não estava na corte aberta."

Vyshinsky: "Você foi compelido a fazer assim?"

Macdonald: "No começo, eu me recusei a fazer assim."

Vyshinsky: "Quando?"

Macdonald: "Diante do investigador-quando o investigador disse-me para


assinar, eu disse "não". Mas ele não me permitiu fazer de outra maneira."

Vyshinsky: "Ele forçou-o a fazer assim?"

Macdonald: (não respondeu)

Como indicado antes, Macdonald mais tarde voltou a reconhecer a sua


culpa.

Também o interrogatório de Monkhouse, como no caso de Thornton e


Macdonald, revelou que ele não tinha sofrido tortura. Revelou que a alegação de
Macdonald de um interrogatório muito prolongado, levando 18 horas, era
completamente sem base.

Ao ser libertado da prisão, Monkhouse deu a seguinte nota à imprensa


burguesa britânica sobre o tratamento que tinha recebido das mãos das
autoridades soviéticas:

"Eles foram extraordinariamente gentis comigo e extremamente razoáveis em


seu interrogatório. Meus inquiridores pareceram-me técnicos de primeira linha, que
conheciam sua tarefa. A prisão da OGPU é a ultima palavra em eficiência,
inteiramente asseada, ordenada e bem organizada. Esta foi a primeira vez que eu fui
preso, mas eu tinha visitado prisões inglesas e posso atestar que as instalações da
OGPU são muito superiores. Minha libertação parecia uma festa de despedida
amistosa. Todos os meus documentos e pertences foram-me devolvidos; os oficiais da
OGPU cuidaram de minha bagagem, apertavam minha mão cordialmente e
mostravam-se interessados em meu conforto. Asseguraram-me que os outros
prisioneiros britânicos foram igualmente bem tratados" (Daily Dispatch).

A despeito disso, a imprensa burguesa, do começo ao fim, sustentou que as


confissões foram extraídas dos engenheiros britânicos pelo uso da tortura. "Nossos
compatriotas estão sofrendo os horrores de uma prisão russa", bradou o Daily
Express de 20 de março de 1933. "Sente-se grande ansiedade", proclamou The
Times de 17 de abril, com sua usual hipocrisia, "com o que está acontecendo ao Sr.
Macdonald na prisão entre as sessões do tribunal. Aqueles familiarizados com os
métodos chekistas pensam que sua vida está em perigo." A imprensa burguesa tinha
na época afirmado que os acusados, na corte aberta, diriam que tinham sido
torturados. Porém, quando os engenheiros não disseram nada desse tipo, a
ardilosa imprensa burguesa então declarou que os engenheiros estavam ainda em
poder da OGPU e só diriam a verdade após sua libertação. E quando, após sua

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

libertação, os engenheiros disseram a verdade (ver as afirmações de Monkhouse


anteriores sobre o tratamento por ele recebido) - uma verdade que provou ser
inaceitável à mentirosa imprensa imperialista de sarjeta - então, tudo que restou à
imprensa burguesa foi descer ainda mais e inventar hipnotismo e drogas tibetanas
estranhas. Foi precisamente o que o Daily Mail fez. Começou a falar de uma
estranha droga tibetana que, ao ser administrada à sua vítima (o acusado, em
nosso caso), dominava a sua vontade e destruía (para usar a linguagem de
Trotsky) "todos os reflexos humanos", de tal forma que ele estaria disposto a
admitir qualquer coisa ao comando da promotoria! E isto me leva a outra
'explicação' das confissões:

(b) Que as confissões foram extraídas pelo uso de drogas, hipnotismo - por
meio da destruição de 'todos os reflexos humanos'

Desnecessário é dizer que esta crítica é tão absurda quanto fantástica. Nesta
crítica, o vôo de fantasia do pensamento burguês registrou um completo e total
rompimento com a realidade, um absoluto distanciamento dela. O absurdo desta
crítica está provado não apenas pela ciência médica, mas também pelo
comportamento dos acusados no banco dos réus, que discutiram longamente
questões políticas complicadas, responderam perguntas por horas, empenharam-
se num diálogo com o promotor do Estado, Vyshinsky. Alguns deles discutiram
mesmo filosofia, no banco dos réus: referindo-se a Bukharin, Vyshinsky disse
que "até mesmo invocou Hegel como testemunha". E eles conduziram sua própria
defesa. Poderia tal comportamento estar associado a pessoas drogadas ou
hipnotizadas? Poderia tal comportamento ser atribuído a pessoas que tinham tido
todos os seus reflexos humanos destruídos? Seguramente não.

De fato, Bukharin, em sua argumentação, tratou das alegações das drogas


tibetanas e do hipnotismo. Eis o que ele disse:

"O arrependimento é muitas vezes atribuído a coisas diversas e


absolutamente absurdas, como pós tibetanos e assim por diante. Eu devo dizer de
mim próprio que na prisão, onde fiquei confinado por mais de um ano, trabalhei,
estudei e mantive clareza de pensamento. Isto servirá para refutar, pelos fatos, todas
as fábulas e os contos absurdos contra-revolucionários."

"Sugere-se hipnotismo. Mas eu conduzi minha própria defesa na Corte do


ponto de vista legal, também, orientei-me de imediato, argumentei com o promotor
do Estado; e, de todo modo, mesmo um homem que tem pouca experiência desse
ramo da medicina deve admitir que hipnotismo deste tipo é completamente
impossível" (Trial of Anti-Soviet Bloc of Rights and Trotskyites, p. 777).

(c) Por lealdade ao Partido

Outra 'explicação' oferecida por algumas das críticas burguesas das


confissões foi que o acusado fez falsas confissões e atribuiu-se falsas acusações por
motivo de lealdade ao Partido.

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 106


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Essa 'explicação' foi proferida pelo próprio Trotsky no curso de sua


exposição diante da 'Comissão' Mexicana, a respeito da confissão de Muralov. Esta
mesma 'explicação' foi repetida no panfleto já mencionado dos trotskistas
franceses que, rejeitando a tortura como explicação, apresentaram a mesma
hipótese exposta por Trotsky, a de que o acusado aceitou falsas acusações por
dever partidário:

"O acusado declarou que eles não foram submetidos a qualquer tortura. Nada
nos permite afirmar o contrário. Por outro lado é improvável que a tortura pudesse
dobrar homens da têmpera de Pyatakov, Radek, Muralov...

A verdade é o que beneficia o Partido. O que beneficia Stalin - o que o Partido


quer, o que Stalin quer. Esta é a atitude adotada pelos antigos oposicionistas, que
renunciaram a sua atividade política e a suas idéias independentes. As confissões que
eles fizeram durante os julgamentos decorreram da mesma mentalidade, a mesma
atitude que levara a suas declarações de 1927, a todas as declarações de
arrependimento que as seguiram...

Daí, quando em 1936, o dirigente do partido julgou necessário, nos interesses


alegados da revolução, dar um golpe no trotskismo e em Trotsky, quando se decidiu
usar para esse fim os antigos oposicionistas, os antigos trotskistas, o que poderiam
eles opor às ordens do Partido, à vontade de Stalin? Após o sacrifício de suas idéias,
exigiram deles o sacrifício de suas vidas e suas honras. Isso foi necessário para a
defesa da URSS. O trotskismo é o principal perigo, pois no caso de guerra, ele pode
criar dificuldades, distanciar os operários do dever para com o Partido, ou ser
proveitoso, de acordo com as circunstâncias, substituir o governo de Stalin por outro
governo. É assim que raciocinam os dirigentes do Partido; exigem dos
'capitulacionistas' - seus reféns - esse último serviço: participar na execução do
trotskismo. Por meio de suas capitulações permanentes dos últimos dez anos, a
antiga oposição está toda destinada a representar essa ultima comédia, forjar esse
último laço na cadeia da hipocrisia que por anos constituiu suas vidas.

Há alguns que, a despeito de sua fraqueza no passado, não seguem adiante


nesse esquema, que se revoltam, com um último fôlego de vontade, vendo o abismo a
que suas políticas os levaram. Bem, eles terão tempo na prisão para reflexão, para
provarem se sua devoção ao partido, da qual tanto falam, não se tornará mais
poderosa do que seus escrúpulos pequeno-burgueses. Aqueles que concordam em
prestar esse sacrifício supremo2 ao regime, que para eles continua a ser o regime da
revolução proletária, serão os únicos a aparecerem no julgamento público. Eles
estarão sob disciplina como membros do Partido Comunista" [Why Did They
Confess? publicado pelo grupo Que Faire).

O que pode ser mais absurdo do que essa 'explicação' dada por Trotsky e
seus seguidores franceses? Por um lado, os trotskistas e outros críticos burgueses
dos julgamentos continuam a afirmar que os acusados nos julgamentos eram
bolcheviques e velhos revolucionários que estavam lutando contra a 'burocracia
stalinista', 'a casta dirigente', e que se encontraram no banco dos réus porque
Stalin queria ver-se livre deles. Por outro lado, ouvimos dessa mesma gente que os
acusados aceitaram falsas acusações, fizeram falsas confissões, que eles sabiam

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 107


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

que custariam suas vidas, por dever ao Partido e para agradar a Stalin! Em outras
palavras, eles assumiam suas próprias falsas confissões pelo amor à 'burocracia',
à 'casta dirigente' e ao 'burocrata chefe', Stalin, isto é, por amor e pelo dever, ao
mesmo Partido que eles tinham até então considerado burocrático e contra o qual
tinham lutado com todas as forças.

O que pode ser mais absurdo do que a afirmação contida nas notas antes
citadas dos trotskistas franceses, de que não havia conspiração trotskista contra o
governo soviético, e todavia este se sentia ameaçado pelo trotskismo? Este estava
tão apavorado pela conspiração trotskista não existente que decidiu combater o
trotskismo, encenando um julgamento show de antigos trotskistas que, nunca
tendo realmente cometido os crimes de que eles eram acusados, todavia, atendiam
a Stalin e ao Partido (o mesmo Stalin e o mesmo Partido que eles tinham até então
lutado contra), fazendo falsas confissões e admitindo ter relações com os fascistas
para a derrubada do governo soviético e pela restauração do capitalismo na
Rússia? Tal, de acordo com a afirmação absurda anterior, era o amor dos acusados
por Stalin e pelo Partido que eles admitiriam o que quer que fosse exigido deles
por Stalin e pelo Partido, mesmo fazendo falsas admissões de suas relações com os
nazistas. Seguramente tal absurdo deve ter seus limites! Quando se trata do
trotskismo, contudo, aparentemente não tem.

(d) Promessa de Perdão

Ainda outra 'explicação' (que foi apresentada por Trotsky quando em 1936
ele serviu de testemunha diante da corte norueguesa, em relação a um caso
referente a um suposto ataque de alguns fascistas locais à casa onde Trotsky estava
morando) foi de que as confissões foram motivadas pela esperança de obter
clemência. O juiz burguês norueguês, estando extremamente interessado na visão
burguesa anti-soviética de Trotsky, permitiu-lhe a liberdade de falar sobre uma
variedade de assuntos, inclusive o julgamento de Zinoviev-Kamenev. Ao tratar das
confissões de Zinoviev e Kamenev, Trotsky ofereceu o seguinte como 'explicação':

"Todos os acusados sem exceção.. tinham declarado que Trotsky, do exterior,


tinha endereçado a eles apelos clandestinos ao terrorismo, tinha dado ordens
terroristas e tinha mesmo enviado executores (para executar essas ordens) à URSS.

Minha participação no terrorismo é assim um coeficiente comum a todas as


declarações. Isso é o mínimo a que o GPU não poderia renunciar. Apenas daria a suas
vítimas uma chance de suas vidas sob a condição de obter esse mínimo."

O significado das afirmações acima está claro. Aos acusados eram


prometidas suas vidas, desde que eles fornecessem confissões às acusações de
terrorismo e admitissem estar agindo sob as ordens de Trotsky. Tendo obtido
confissões 'falsas' dos acusados, as autoridades decidiam enganá-los e levá-los ao
fuzilamento. Essa 'explicação', deve-se observar incidentalmente, mal se ajusta à
descrição dos acusados dada por Trotsky em outras ocasiões, no sentido de que
eram verdadeiros bolcheviques, que se encontraram no banco dos réus por causa
de sua oposição à casta dirigente'. Essa explicação implicava que os acusados eram
pessoas desprezíveis que, a fim de salvarem suas vidas, estavam mesmo

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

preparadas para assumir, e o fizeram, os crimes mais hediondos, crimes que nunca
teriam cometido. Dificilmente um retrato de verdadeiros bolcheviques lutando
contra a 'burocracia stalinista'!

Além do mais, essa 'explicação' de Trotsky, embora pudesse ter sido aceita
por crédulos na época, já não poderia explicar as confissões dos acusados nos
segundo e terceiro julgamentos, que, deve-se presumir, tinham pleno
conhecimento das confissões de Kamenev-Zinoviev e, portanto, de que os acusados
no primeiro julgamento foram traídos. À luz das confissões dos acusados nos
segundo e terceiro julgamentos, a única conclusão a que poderíamos chegar é que
a 'explicação' de Trotsky não explica as confissões. A explicação real é que os
acusados admitiram ter cometido os crimes dos quais eram acusados por nenhuma
outra razão senão a de que eles tinham realmente cometido aqueles crimes e que,
confrontados com a evidência disso, não podiam senão assumir a responsabilidade
pelo que tinham feito.

Crítica número quatro

A quarta crítica é a afirmação de que os julgamentos foram 'uma encenação


judicial'. Essa acusação também foi levantada por Trotsky que, tendo na imprensa
norte-americana caracterizado um dos julgamentos de Moscou como uma
"encenação judicial", prosseguiu dizendo:

"Os papéis foram escritos antecipadamente. O acusado só aparecia em cena


após uma serie de ensaios que davam ao diretor a segurança antecipada de que eles
não ultrapassariam os limites de seus papéis."

Antes de darmos uma resposta mais ajustada a esta acusação dos


julgamentos como sendo uma "encenação judicial", devemos registrar que os
atores (os acusados) deviam ter conhecimento antecipado de que a morte seria a
única recompensa que eles poderiam esperar de sua representação hábil, brilhante
e bem sucedida. A melhor refutação deste absurdo é encontrada no seguinte
parágrafo tomado de um livro sobre o segundo julgamento de Moscou, escrito pelo
famoso jurista Mr Dudley Collar, que esteve presente neste julgamento:

"Se a estória contada pelos acusados era falsa, alguém deve ter inventado isso.
A menos que se faça a suposição fantástica de que os 17 acusados, em lugar de
conspirarem juntos para a derrubada do Estado, conspiraram juntos para escrever
seus papéis nos intervalos entre serem torturados, outros que não os acusados devem
ter escrito uma encenação de sete dias (para ser representada oito horas por dia) e
atribuído papéis apropriados aos dezessete acusados, às cinco testemunhas, ao juiz e
ao Promotor Público. Seria preciso um Shakespeare soviético para escrever um
drama tão realista como aquele que foi encenado durante aqueles sete dias, mas não
importa. Portanto, os acusados devem ter gasto o período desde sua prisão, não
sendo interrogados, porém ensaiando juntos até a perfeição (em companhia de
Vyshinsky, dos juizes e das testemunhas). É também necessário supor que todos os
acusados eram atores brilhantes que, a despeito da pressão exercida sobre eles para
que fizessem sua representação, foram capazes de fazê-lo sem um deslize, de forma a,
sem qualquer ajuda, representar durante sete dias fazendo com que todos os

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presentes acreditassem que a encenação era a verdade" (Soviet Justice and the Trial
of Radek and Others).

Crítica número cinco

A quinta crítica é a de que "não há documentos, nem evidência material" que


sirvam de base às condenações. Esta acusação foi levantada por Schachtman, um
trotskista norte-americano e um tradutor de Trotsky. Na época, Schachtman
escreveu denunciando os julgamentos em relação ao julgamento de Zinoviev-
Kamenev, nos seguintes termos:

"Todos os julgamentos dos opositores políticos, reais e alegados, todos os


julgamentos levados ao público, foram monotonamente idênticos sob o reinado de
Stalin. Nenhum documento, nenhuma evidência material, nada escrito foi aduzido,
toda a evidência esteve limitada às confissões espontâneas e 'voluntárias' dos
acusados invariavelmente penitentes. Assim foi desde o julgamento de Shakhty até o
julgamento de Zinoviev."

Não é verdade que não houve documentos escritos, que não houve
evidência outra senão aquela contida nas confissões dos acusados. Houve
testemunhos cujas evidências corroboraram aquelas dos acusados. No segundo
julgamento de Moscou - o julgamento de Radek-Pyatakov - por exemplo, houve a
evidência de cinco cúmplices, Bukhartsev, Romm, Loginov, Stein e Tam. Depois
houve a evidência especial de um comitê de especialistas que demonstraram
cientificamente que certas explosões não poderiam ter acontecido acidentalmente
e eram, portanto, o resultado de sabotagem planejada e deliberada. Acresça-se a
isso o diário do acusado Stroilov, apresentado na corte. Esse diário continha o
número de telefone dos agentes do serviço secreto alemão que tinham, por
chantagem, levado Stroilov a fazer o trabalho de espionagem e sabotagem para
eles. Esses números foram cuidadosamente checados. Fotografias desses agentes
do serviço secreto alemão foram apresentadas na corte para propósitos de
identidade, e Stroilov selecionou as fotografias corretas entre um sem-número de
outras. Os movimentos desses agentes alemães confirmaram relatórios oficiais
apresentados no julgamento. Cartas recebidas dos agentes japoneses por Knyazev,
um destacado funcionário ferroviário envolvido na destruição, foram encontradas
entre seus pertences. Knyazev não tinha destruído essas cartas e as identificou no
julgamento.

Assim, está claro que a alegação de "nenhum documento, nenhuma evidência


material" é falsa e malogra confrontada com os fatos. Ademais, podemos
acrescentar, antes de Trotsky, como resultado do seu divórcio da classe operária, ir
para o terrorismo, nunca ocorreu a ele ou a qualquer de seus lacaios duvidar da
validade de julgamentos como o julgamento de Shakhty. De fato, como já foi
assinalado, Trotsky na época considerou os julgamentos de Shakhty e dos
mencheviques como "apresentando um quadro extremamente impressionante das
relações de força das classes e partidos na URSS" (Trotsky, Problems of the
Development of the USSR). No mesmo panfleto, que por sinal foi traduzido por
Schachtman, Trotsky disse: "Foi irrefutavelmente estabelecido pela Corte que,
durante os anos 1923-28, os especialistas burgueses, em aliança estreita com os

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centros estrangeiros da burguesia, conseguiram com sucesso, através de um


retardamento artificial da industrialização, influir no restabelecimento das relações
capitalistas" (p. 26).

Nenhuma dúvida é expressa aí quanto à validade dos julgamentos. Os


julgamentos não foram 'armações stalinistas'. Ainda não. As cortes
soviéticas "irrefutavelmente" estabeleceram as relações entre destruidores
especialistas "em aliança estreita com os centros estrangeiros da burguesia" e
o "retardamento artificial da industrialização, contando com o restabelecimento das
relações capitalistas". Mas tudo isso foi antes de o trotskismo juntar-se aos seus
precursores, os especialistas burgueses, no trabalho de sabotagem, destruição,
diversionismo, "retardamento artificial da industrialização, influindo no
restabelecimento das relações capitalistas". Tudo isso foi antes do trotskismo, em
seu isolamento desesperado da classe operária soviética e dos milhões e milhões
do povo trabalhador que estava zelosamente construindo o socialismo em desafio
e com desprezo do pessimismo trotskista, ter passado para o assassinato e o
terrorismo "em aliança estreita com os centros estrangeiros da burguesia". E,
quando passou a esses métodos, com esta mudança, cessou de ser uma tendência
equivocada, antileninista, dentro da classe operária e tornou-se "uma quadrilha
fanática e sem princípios de destruidores, diversionistas, espiões e assassinos, agindo
sob as ordens dos serviços de inteligência de Estados estrangeiros" (Stalin, 1937).

Com essa mudança, o trotskismo tinha de considerar os julgamentos de


Moscou como uma "armação stalinista". Tinha de declarar que nos
julgamentos "toda a conduta dos acusados foi ditada, do começo ao fim, não por suas
próprias idéias e interesses, mas pelos interesses da panelinha dirigente. E as pseudo-
conspirações e as confissões, o julgamento teatral... todos foram arranjados pela
única e mesma mão" (Trotsky, The Revolution Retrayed, p. 300).

Em vista dessa metamorfose do trotskismo, não é de todo surpreendente,


repita-se, que a Comissão Dewey, instalada pelo Comitê Americano para a Defesa
de Leon Trotsky, tivesse declarado:

"A Comissão conclui, a partir das evidências em seu poder, que as destruições,
os atrasos e os prejuízos atribuídos aos acusados nos julgamentos de Moscou são
explicáveis em termos da pressa, da ineficiência e da ambição excessiva e que as
acusações de sabotagem, destruição e diversionismo, no que diz respeito a Leon
Trotsky permanecem não provadas e não críveis."

As acusações sem base, contidas nas citações anteriores de Trotsky e da


Comissão Dewey, já foram adequadamente respondidas e sobre elas não nos
alongaremos mais. Essas citações são reproduzidas apenas para que possam ser
contrastadas com os escritos anteriores de Trotsky e para mostrar que, com a
mudança dos métodos do trotskismo, com sua passagem para o assassinato, a
sabotagem, a destruição e o diversionismo, seria inevitável ocorrer, e ocorreu, uma
mudança em sua avaliação dos julgamentos.

Os julgamentos de Moscou não foram basicamente diferentes dos


julgamentos de Shakhty e dos mencheviques. Em todos esses julgamentos os

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acusados foram incriminados por sabotagem, etc. Em todos eles, os acusados


tinham estado perseguindo a restauração do capitalismo e tinham se oposto à
construção do socialismo na URSS. A única diferença entre os julgamentos iniciais
e os julgamentos de Moscou é o 'sucesso' alcançado pelos acusados nos
julgamentos de Moscou na execução de seus crimes. Seus 'sucessos' foram devidos
às importantes posições que eles detinham no Partido e no governo soviético.

Porém, uma mudança tinha ocorrido no trotskismo. Ele tinha esperado


inicialmente que as dificuldades da tarefa de construir o socialismo causariam o
caos e levariam à derrubada do governo soviético, dando ensejo assim a um
governo trotskista de capitulação e restauração capitalista. Isso não se
materializou. O Partido Soviético, o governo e o povo resolveram dificuldade após
dificuldade e alcançaram grandes sucessos na tarefa da construção socialista.
Tornou-se claro, mesmo para os cegos, mesmo para Trotsky, que o governo
soviético não seria derrubado por caos interno. O trotskismo defrontou-se assim
com a opção de desistir de sua atividade oposicionista ou de adotar o assassinato, o
terrorismo e a destruição como meios de derrubar o governo soviético, "em aliança
estreita com os centros estrangeiros da burguesia". Como seus predecessores, os
mencheviques e os especialistas burgueses, escolheu a segunda alternativa. O
trotskismo tornou-se subjetivamente tanto quanto objetivamente contra
revolucionário. Tornou-se um destacamento avançado da burguesia.

A mudança levou o trotskismo a denunciar os julgamentos como 'armações


stalinistas', no interesse "da panelinha dirigente".

Crítica número seis

A sexta crítica era que seria inconcebível a marxistas (a) adotarem o terror
como um meio de alcançar o poder e (b) aliarem-se a potências imperialistas para
derrubar a direção da classe operária.

Nossa resposta a isso é de que de fato é inconcebível para marxistas


fazerem coisas assim. Apenas dizemos que, com a adoção do terror e a conclusão
de uma "aliança com os centros estrangeiros da burguesia" os acusados cessaram
de ser marxistas. Quando se sentaram no banco dos réus dos prisioneiros, diante
da Corte da justiça revolucionária, não se sentaram como bolcheviques e
marxistas-leninistas revolucionários, mas como desertores do campo do
bolchevismo, do marxismo-leninismo. Eles se sentaram como ex-revolucionários
que, incapazes de enfrentar os problemas surgidos na revolução, incapazes de
enfrentar as tarefas de construção do socialismo na URSS, abandonaram o campo
do socialismo, o campo do marxismo-leninismo e se tornaram degenerados contra-
revolucionários in-corrigíveis. Não marxistas e bolcheviques, mas desertores do
marxismo e desertores do bolchevismo: esta é a verdadeira descrição dos acusados
nos julgamentos de Moscou.

As pessoas que dizem ser inconcebível que trotskistas e direitistas na URSS


tenham adotado o terror como medida para alcançar seus fins devem nos dizer que
outros métodos estavam à disposição dos trotskistas para alcançar o poder,
sabendo, como nós sabemos, que os trotskistas estavam completamente

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divorciados da classe operária soviética e não poderiam ter mobilizado a classe


operária da URSS para seguir seu programa de restauração capitalista e de
oposição à construção do socialismo. A resposta é que não havia outro método
disponível aos trotskistas exceto o terror, o assassinato, a sabotagem e a
destruição, os métodos usuais dos remanescentes das classes exploradoras, em sua
luta contra a classe operária. Alguns trotskistas e outros críticos burgueses dos
julgamentos invocaram os escritos de Trotsky dirigidos contra o terrorismo. Mas
esses escritos, que pertenciam ao período tzarista, não são de nenhum valor no
contexto em discussão. Que vejam os escritos de Trotsky pertencentes a um
período posterior e expliquem então o significado de frases como as seguintes:

"A burocracia [isto é, o Partido Bolchevique] pode ser compelida a ceder o


poder às mãos da vanguarda proletária [isto é, os capitulacionistas e traidores
capitalistas] apenas pela força."

"O primeiro choque social, externo ou interno, pode lançar uma sociedade
soviética atomizada em uma guerra civil."

No que diz respeito ao choque interno, é a referência a nada mais do que


assassinato, sabotagem e planos de golpe de Estado. Isso está confirmado, sem,
dúvida pelos julgamentos de Moscou. Quanto ao choque externo, é uma referência
à agressão imperialista contra a União Soviética que os trotskistas estavam
esperando e para a qual eles estavam fazendo preparativos, "em aliança estreita
com os centros estrangeiros da burguesia", isto é, em aliança estreita com os
fascistas alemães. Isso está também confirmado pelos julgamentos de Moscou.

Tratemos agora da segunda metade desta crítica: é possível para socialistas


se aliarem com os poderes capitalistas para derrubada do domínio da classe
operária? Embora seja verdadeiro que socialistas genuínos - marxistas-leninistas -
jamais cometeriam esse crime tão desprezível, a história fornece testemunhos de
que tal crime pode ser certamente cometido por desertores do socialismo e pelos
Traidores do socialismo e da causa da emancipação da classe operária. É bem
conhecido, por exemplo, que a guerra contra-revolucionária da intervenção contra
a jovem República Soviética teve o apoio dos 'socialistas' em vários países
imperialistas cujos exércitos tinham cometido a agressão contra a Rússia Soviética
com nenhum outro propósito senão o de restaurar o capitalismo pela derrubada
do domínio da classe operária. Contudo, essas pessoas, enquanto davam apoio a
sua própria' burguesia contra a classe operária de outro país - cometendo traição
contra o proletariado e fazendo escárnio do internacionalismo proletário -
chamavam a si próprias de socialistas. A verdade é que não eram socialistas: eram
social-imperialistas - socialistas em palavras e imperialistas de fato.

É igualmente bem sabido que Karl kautsky, que tinha sido considerado,
antes da deflagração da Primeira Guerra Mundial, como o principal teórico
marxista, tornou-se, após a sua degeneração3, o principal advogado da derrubada
armada do governo soviético. O bolchevismo, alegava Kautsky, tinha degenerado
em "bonapartismo', e por isso ele exigia que sua derrubada fosse apoiada por todos
os socialistas. Até a época da ascensão de Hitler ao poder, Kautsky continuou a
advogar a intervenção armada imperialista contra a União Soviética, para

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derrubada do bolchevismo. Bem, se foi possível para Kautsky, em certa época o


mais notável

representante do marxismo ortodoxo, degenerar ao ponto de advogar a derrubada


armada do governo soviético, por que então seria impossível para o autor
da "teoria absurdamente esquerdista da revolução permanente", Trotsky, que esteve
todo o tempo se opondo à construção do socialismo na URSS (de acordo com ele
era impossível construir o socialismo em um único país atrasado), degenerar ao
ponto de concluir uma aliança com o fascismo para a derrubada do regime
soviético? Não há razão para acreditarmos que isso era impossível. Ao contrário,
há toda razão para acreditar que era possível.

Não registramos, ademais, que Trotsky e seus seguidores disseram em


centenas de ocasiões que, sob a direção de Stalin, todo o Partido passou por uma
'degeneração'? Tendo decretado a degeneração de todo o Partido Bolchevique, os
trotskistas e outros elementos burgueses declararam, ao mesmo tempo, a
impossibilidade teórica de degeneração dos acusados dos julgamentos. Como seria
possível, eles perguntaram, que bolcheviques como os acusados nos julgamentos
degenerassem e trabalhassem para a restauração do capitalismo "em aliança
estreita com os centros estrangeiros da burguesia?” Respondemos: da mesma forma
que é todo o Partido degenerar. Nossa posição é que justamente como um marxista
revolucionário, digamos Kautsky, pode degenerar e tornar-se um contra-
revolucionário, assim seria possível a todo o Partido degenerar se adotasse e
persistisse numa política errada. Como Lênin assinalou: "Verdadeiramente pode ser
dito que a persistência em um pequeno erro, eruditamente demonstrado e 'conduzido
a sua conclusão lógica', tornar-se-á uma monstruosidade". Assim, não discordamos
do trotskismo na questão da possibilidade teórica de degeneração de todo um
Partido. Nosso desacordo é sobre a questão de se tal degeneração teve realmente
lugar no Partido Bolchevique sob a direção de Stalin. Dizemos, em oposição ao
trotskismo e com a confiança baseada no conhecimento e consciência de que os
fatos estão do nosso lado, que não apenas tal degeneração não ocorreu, mas
também que o Partido foi sadio o bastante para agir oportunamente contra aquelas
seções que tinham de fato se tornado podres e degeneradas, isto é, os acusados nos
julgamentos de Moscou. Os acusados se tornaram degenerados contra-
revolucionários porque persistiram 'eruditamente' em sua plataforma incorreta,
sua oposição à construção do socialismo, e, como Bukharin disse, "a lógica da luta
levou à lógica das idéias e a uma mudança de nossa psicologia, ao contra-
revolucionarismo de nossos objetivos".

Do que foi dito acima pode-se seguramente concluir que é possível aos
socialistas degenerarem, particularmente durante as épocas de maiores
dificuldades para a revolução. Quando a excitação revolucionária está elevada e a
revolução está varrendo do mapa tudo que for reacionário, é fácil para qualquer
um ser um revolucionário. Em tais épocas, mesmo as pessoas mais atrasadas e
covardes são capazes de produzir milagres. Porém, quando a revolução está em
dificuldades, quando está em recuo (mesmo que o recuo seja apenas temporário) é
muito difícil, de fato ser, um revolucionário. Referindo-se ao comportamento não
revolucionário de Trotsky durante o período de Brest-Litovsky, quando a
revolução estava temporariamente em recuo, o camarada Stalin disse:

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"A luta proletária não é, entretanto, um avanço ininterrupto, uma cadeia


inquebrantável de vitórias. A luta proletária também tem suas aflições, suas derrotas.
O revolucionário genuíno não é aquele que mostra coragem no período das
insurreições vitoriosas, mas aquele que, embora lute bem durante o avanço vitorioso
da revolução, também revela coragem quando a revolução está em recuo, quando o
proletariado sofre derrota; que não perde a cabeça e não se apavora quando a
revolução sofre reveses, quando o inimigo alcança sucesso; que não entra em pânico
ou dá vazão ao desespero quando a revolução está num período de recuo. Os
Revolucionários Socialistas de Esquerda não lutaram mal no período de Outubro, e
apoiaram os bolcheviques. Mas quem não sabe que aqueles 'bravos' lutadores
entraram em pânico no período de Brest, quando o avanço do imperialismo alemão
levou-os ao desespero e à histeria? E muito lamentável mas fato indubitável que
Trotsky, que lutou bem no período de Outubro, no período de Brest, no período
quando a revolução sofreu reveses temporários, não teve coragem de manifestar
firmeza suficiente naqueles momentos difíceis e não foi capaz de seguir nas pegadas
dos Revolucionários Socialistas de Esquerda. Sem dúvida, aquele momento era difícil;
tinha-se de manifestar coragem excepcional e frieza imperturbável, não ter
desânimo, recuar no tempo certo, aceitar a paz no tempo certo, retirar o exército
proletário para fora do alcance dos golpes do imperialismo alemão, preservar as
reservas camponesas e, depois de conseguir alívio desta forma, atacar o inimigo com
forças redobradas. Infelizmente, a Trotsky faltou essas coragem e firmeza
revolucionárias naquele momento difícil.

Na opinião de Trotsky, a lição principal da revolução proletária foi 'não se


apavorar' durante Outubro. Isso está errado, pois a afirmação de Trotsky contém
apenas uma partícula da verdade acerca das lições da revolução. A verdade completa
sobre as lições da revolução proletária não é 'não se apavorar' somente quando a
revolução está avançando, mas também quando ela está em retirada, quando o
inimigo está ganhando terreno e a revolução está sofrendo reveses. A revolução não
terminou em Outubro. Outubro foi apenas o começo da revolução proletária. É ruim
se apavorar quando a maré da insurreição está alta; mas é pior se apavorar quando
a revolução está passando por aflições após o poder ter sido capturado. Manter o
poder no amanhã da revolução não é menos importante do que capturar o
poder" (Stalin, discurso proferido na Plenária do Grupo Comunista no AUCCTU, 19
de novembro de 1924).

Os trotskistas e os direitistas se apavoraram durante o período de Brest-


Litovsk, durante o período da resistência dos kulaks à ofensiva do socialismo e
durante o período entre as duas guerras mundiais, quando a União Soviética, sendo
o único país socialista, enfrentou o cerco capitalista e viveu sob constante ameaça
de guerra e de intervenção contra-revolucionária. Os acusados nos julgamentos de
Moscou eram pessoas cuja característica sobressalente era sua instabilidade
pequeno-burguesa - eram pessoas que capitularam frente às dificuldades, que
foram incapazes de enfrentar e resolver os problemas surgidos na revolução.
Acrescente-se a isso seu programa incorreto e vocês terão todos os pré-requisitos
para que alguém se torne um contra-revolucionário. Bastaram uns poucos anos
para que os acusados se tornassem completos contra-revolucionários.

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Pessoas como os acusados nos julgamentos de Moscou, que tinham cessado


de ser revolucionários bolcheviques - marxistas-leninistas - e tinham se tornado
degenerados contra-revolucionários, divorciados da classe operária, que também
cometeram traições contra a causa da emancipação da classe operária, eram
inteiramente capazes de adotarem o terrorismo como meio de conseguirem seu
objetivo de alcançar o poder pela derrubada do governo soviético, por uma
campanha de mortes e assassinatos e por um golpe de Estado.

Crítica número sete

A sétima crítica era que havia discrepância entre o julgamento de Zinoviev-


Kamenev, que se concentrou no terrorismo, e os dois julgamentos subseqüentes,
que se concentraram na aliança dos trotskistas com a Alemanha e o Japão e a
conspiração para desmembrar a URSS, e o diversionismo, a destruição e a
sabotagem na indústria. Contrastando o julgamento Zinoviev-Kamenev com aquele
de Pyatakov-Radek, por exemplo, Trotsky escreveu:

"Por que então eles [Zinoviev, Kamenev e os outros acusados no julgamento


Zinoviev-Kamenev] não disseram uma palavra sobre a coisa mais importante, a
aliança dos trotskistas com a Alemanha e o Japão e a conspiração para desmembrar
a URSS? Poderiam eles ter esquecido tais 'detalhes' da conspiração? Poderiam eles
próprios, os dirigentes do chamado centro, não ter sabido do que era conhecido pelos
acusados no último julgamento [o julgamento Pyatakov-Radek], gente de categoria
secundária? O enigma é facilmente explicado; o novo amálgama foi construído após a
execução dos dezesseis, durante o curso dos últimos cinco meses, como resposta à
repercussão desfavorável na imprensa mundial" (Trotsky, The Revolution
Betrayed, pp. 295-6).

O 'enigma', camaradas, "é facilmente explicado" pelo fato de que Zinoviev e


Kamenev somente revelaram o que já era sabido por outras fontes, eles apenas
admitiram o que não poderia ser negado frente ao fatos estabelecidos. Isto é
consistente com seu comportamento do começo ao fim. Em dezembro de 1934,
Seigei Kirov, um dos mais preeminentes e amados dirigentes do CPSU(B), foi
assassinado. Os tiros foram disparados por Nikolayev. A investigação sobre a
morte de Kirov descobriu uma parte da organização Zinoviev-Kamenev à qual
Nikolayev pertencia. A investigação determinou a existência de uma conexão entre
alguns membros dessa organização, por um lado, e Kamenev e Zinoviev, por outro.
Como resultado, Kamenev e Zinoviev aceitaram a "responsabilidade moral" pelo
assassinato de Kirov. Eles declararam que não tinham ordenado a Nikolayev
assassinar Kirov, mas que eles eram moralmente responsáveis pela morte de
Kirov, porque tinham criado tal ódio na mente de seus seguidores pelos dirigentes
do Partido que isso tinha levado ao assassinato de Kirov. Esta explicação foi aceita
e eles foram sentenciados de acordo com isso. Somente mais tarde, como resultado
da descoberta de alguns outros grupos terroristas, foi revelada a participação
completa de Kamenev e Zinoviev na organização de assassinatos e terror. Foi
somente então que eles se viram outra vez no banco dos réus por seus crimes.
Toda a história de Kamenev e Zinoviev mostra que eles apenas admitiram o que já
era conhecido da autoridade investigadora; não mais. Eles sabiam que iam morrer
por seus crimes. Eles, contudo, desejaram deixar a organização conspiratória

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intacta, de modo que os conspiradores remanescentes pudessem cumprir seus


propósitos. Foi por isso que eles "não disseram uma única palavra acerca da coisa
mais importante, a aliança dos trotskistas com a Alemanha e o Japão e a conspiração
para desmembrar a URSS". É assim que "o enigma é facilmente
explicado". Seguramente, tudo isso está em conformidade com a existência de uma
conspiração, a amplitude plena da qual foi descoberta somente passo a passo,
como resultado da investigação mais cuidadosa e esmerada. Tivesse ela sido um
caso de uma conspiração fabricada pela OGPU, não teria havido nada que
impedisse de se acrescentar ao julgamento de Zinoviev-Kamenev a acusação da
aliança com a Alemanha e o Japão. Nenhuma acusação assim foi feita aos acusados
no primeiro julgamento, porque não havia evidências na época que sugerissem tal
aliança. Somente mais tarde a existência dessa aliança tornou-se evidente. Daí essa
acusação nos segundo e terceiro julgamentos.

Crítica número oito

A oitava crítica sugere que houve três 'falhas' nos julgamentos de Moscou
que 'desacreditavam' toda a evidência neles produzidas. A existência dessas
'falhas' foi alegada por Trotsky. Vamos examiná-las:

(a) Holtzman, um dos acusados no julgamento Zinoviev-Kamenev,


confessou ter tido um longo encontro com Trotsky no Hotel Bristol, em
Copenhagen. Trotsky apegou-se a esta confissão como quem está se afogando
agarra uma palha e exclamou que os julgamentos eram uma fraude. Por quê?
Porque "o que acontece", diz Trotsky, "é que o Hotel Bristol foi arrasado em suas
fundações em 1917. Em 1932 este hotel existia somente como uma lembrança
afetuosa." Em outras palavras, a OGPU (que Trotsky dizia ter ditado ao acusado,
nos detalhes mais minuciosos, o teor de suas confissões) fez uma tal trapalhada
que levou Holtzman a confessar ter-se encontrado com Trotsky em um hotel que
não existia. Que contra-senso! Os fatos foram os seguintes:

No lado oposto à estação ferroviária não havia Hotel Bristol na época do


encontro.

Em seu lugar encontrava-se então o Grande Hotel Central. No mesmo


edifício, do qual o Grande Hotel Central fazia parte, havia o Café Bristol. Naquela
época era também possível entrar no Hotel através do Café Bristol. É portanto
muito provável que Holtzman tenha confundido o Café Bristol com o Grande Hotel
Central.

Ademais, tendo em vista a insistência de Trotsky em que a confusão fora


ditada ao acusado pela OGPU, o seguinte reparo dele é estranho, para dizer o
mínimo:

"Holtzman aparentemente sabia do Hotel Bristol através das memórias de sua


emigração de longo tempo, por isso o citou."

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 117


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Em outras palavras, quando atendia à OGPU com uma falsa confissão


voluntária, Holtzman se enganou quanto ao nome. Em outras palavras, as
confissões não foram ditadas pela OGPU.

Se a OGPU estivesse empenhada em uma trama, não deveria ter sido nada
difícil para ela encontrar a existência e o nome do hotel. Assim, a única conclusão
que podemos tirar é que Holtzman teve um encontro com Trotsky no Grande Hotel
Central, cujo nome ele confundiu com o do Café Bristol.

(b) A segunda 'falha' refere-se à viagem de Pyatakov para ver Trotsky em


Oslo, em 1935, em um plano especial elaborado pelo governo alemão. Alega-se que
isso não poderia ter ocorrido de nenhum modo, porque nenhum avião estrangeiro
pousou no aeroporto de Oslo em Dezembro de 1935. É mais provável que os
fascistas, que foram capazes de conduzir centenas de aviões ao nordeste da
Espanha a despeito do controle exercido pelos comitês de não-intervenção,
tivessem sido capazes de ocultar a aterrissagem e decolagem de um único avião
estrangeiro, do que Pyatakov e Bukharistev (o correspondente em Berlim
do Izvestia, que apareceu como testemunha no julgamento e forneceu detalhadas
evidências circunstanciais dessa viagem) assumissem para si próprios uma falsa
acusação.

(c) A terceira e última 'falha' refere-se à evidência de uma das testemunhas


no julgamento, Romm, outro correspondente do Izvestia, que tinha mediado
correspondência entre Trotsky e Radek. Romm declarou ter encontrado Trotsky
no final de julho de 1933, durante 25 minutos, no Bois de Boulogne (Paris).
Trotsky tentou desacreditar os julgamentos dizendo que durante o mês de julho
ele tinha estado em Royan e que, durante sua estada em Royan, encontrara dois
membros do Partido Trabalhista Independente Britânico, John Paton e C. A. Smith,
e que ambos confirmariam que tinham visto Trotsky em Royan em julho. Não
precisamos levantar qualquer dúvida sobre a afirmação de Trotsky de que em
julho de 1933 ele esteve em Royan e havia se encontrado com Paton e Smith. Tudo
que perguntamos é: não havia trens ou outros meios de transporte que pudessem
capacitar Trotsky a viajar de Royan ao Bois de Boulogne? Trotsky poderia muito
bem ter estado em julho de 1933 em Royan e, todavia, podia ter ainda se
encontrado, como de fato se encontrou, com Romm (uma testemunha cuja
evidência não há nenhuma razão para se duvidar) no Bois de Boulogne.

Assim, pode-se ver que, ao serem examinadas, as três 'falhas' desaparecem.


A tentativa dos trotskistas e outros críticos burgueses de desacreditar os
julgamentos recorrendo a essas 'falhas' falece miseravelmente.

Crítica número nove

A última crítica era que Trotsky, que em seus pronunciamentos públicos


freqüentemente denunciava os acusados nos julgamentos de Moscou, não poderia
ter colaborado com eles ao mesmo tempo, como se alegou que tinha feito.

Há dois pontos a observar nessa crítica, um que é de natureza histórica e o


outro de natureza tática. Com respeito ao lado tático dela, uma moratória

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 118


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

repentina de toda crítica dos acusados por Trotsky teria causado suspeitas às
autoridades soviéticas.

Era, portanto, necessário para Trotsky continuar com sua crítica pública aos
acusados, enquanto na prática cooperava com eles. Era necessário para ele fazer
assim a fim de distrair e desviar a atenção das autoridades soviéticas e levá-las a
acreditar que não podia haver uma aliança entre Trotsky e os acusados.

Retornando ao lado histórico do ponto sob discussão. Trotsky tornou-se


notório por formar o bloco com todo tipo de pessoas que ele tinha muitas vezes
denunciado nos períodos precedentes à formação de tais blocos4. Tomemos o caso
das denúncias de Trotsky contra Radek e a formação subseqüente, por Trotsky, de
um bloco com ele. Trotsky, fazendo uma avaliação de Radek, em 1918, disse à
Comissão Dewey:

"Ele (Radek) foi ativo por certo tempo (em 1918) no Comissariado para
Assuntos Estrangeiros, porém os diplomatas alegavam que era impossível dizer
qualquer coisa em sua presença, porque amanhã aquilo seria sabido de toda a
cidade. Nós o removemos imediatamente..."

Isso era o que Trotsky pensava de Radek em 1918. Todavia, esta avaliação
de Radek não impediu Trotsky de trabalhar em cooperação estreita com ele de
1925 a 1928. Por que tal cooperação estreita entre os dois seria declarada uma
impossibilidade em 1931?

Tomemos outro exemplo: As denúncias feitas por Trotsky de Zinoviev e


Kamenev e sua formação de um bloco com eles. Já foi dito que em 1924, em
seu Lições de Outubro, Trotsky denunciou Zinoviev e Kamenev como perigosos
direitistas que tinham sido culpados de vacilação e instabilidade às vésperas da
Revolução de Outubro. Mas isto não o impediu de formar uma aliança estreita com
eles um pouco mais adiante. Por que, então, deveria a denúncia de Zinoviev e
Kamenev por Trotsky, em 1928, ser apresentada como uma barreira
intransponível para a formação em uma data posterior, de uma aliança estreita
entre Trotsky por um lado e Zinoviev e Kamenev por outro? E o que se aplica a
Radek, Kamenev e Zinoviev aplica-se com igual força a Bukharin e Rykov. As
diferenças de Trotsky com os últimos desapareceram quando ele tomou uma
posição sobre a coletivização que não era diferente da deles. Assim, outra vez, eles
todos se uniram na oposição frenética ao Partido Bolchevique.

Trotsky sempre acabou formando alianças e blocos com pessoas que ele
tinha denunciado no passado imediato. Essas alianças foram sempre necessárias
devido à oposição frenética de Trotsky ao Partido Bolchevique. Ele estava,
portanto, destinado a formar blocos com pessoas que estavam elas próprias
empenhadas em uma oposição igualmente frenética ao Partido Bolchevique,
embora no passado ele as tivesse denunciado. A oposição frenética de todas essas
pessoas, inclusive Trotsky, era o fator determinante que as unia, a despeito das
diferenças entre elas. A história total do trotskismo da época do bloco de agosto, e
antes, fornece eloqüente confirmação dessa verdade.

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

EXPLICAÇÕES' BURGUESAS DOS JULGAMENTOS

Se não houve trama nem conspiração reais contra o regime soviético, como
dizem os trotskistas e outros críticos burgueses dos julgamentos, por que então
houve esses julgamentos? Aqui, como seria esperado, as 'explicações' apresentadas
pelos trotskistas e outros defensores burgueses de Trotsky são variadas:

Primeira 'explicação'

A 'explicação' de Trotsky sobre os julgamentos foi que eles foram realizados


para desacreditá-lo 'pessoalmente' e à 'Quarta Internacional". Em outras palavras,
não houve conspiração contra o regime soviético, não houve oposição na URSS,
Trotsky não tinha feito aliança com os fascistas nem teve qualquer relação com os
acusados. Os acusados nunca estiveram envolvidos em destruição, diversionismo,
terror e assassinato, eles estavam cumprindo suas tarefas como bons comunistas;
e, não obstante, o governo soviético decidiu prender as pessoas com altas posições
oficiais - Vice-Comissários de Indústria, Primeiros-Ministros de Repúblicas
Nacionais, diplomatas, etc. e colocá-los sob julgamento. Para quê? Somente para
'combater' Trotsky e desacreditar a 'Quarta Internacional'. Como J. R. Campbell
afirmou justamente:

"Pode-se também argumentar que os julgamentos foram realizados para


desacreditar o jogo de Rugby e o Campeonato de Futebol do Sul. Houve algum dia
uma desproporção tão gritante entre meios e fins? O rolo compressor bolchevique
entrou em ação para quebrar um amendoim " (Soviet Policy and its Critics, p. 269).

Segunda 'explicação'

Também têm afirmado os trotskistas e outros caluniadores burgueses que


Stalin tinha assegurado ao mundo burguês que restauraria o capitalismo na URSS e
promoveria os julgamentos de Moscou para dar prova de sua sinceridade à
burguesia imperialista.

Basta refletir por um segundo para se dar conta do absurdo dessa


'explicação', para compreender que essa 'explicação' só pode ter sido apresentada
como uma forma de calúnia maliciosa. Pois que garantia poderia ser dada à
burguesia mundial pelo julgamento e execução subseqüente (na maioria dos casos)
daqueles que nunca acreditaram na possibilidade de construção do socialismo, que
se opuseram à construção socialista na URSS? Que segurança poderia o julgamento
dos acusados, responsabilizados por uma aliança com o fascismo com o propósito
de desmantelar a União Soviética e derrubar o regime soviético, para de algum
modo levar à restauração do capitalismo, dar à burguesia mundial? Basta levantar
tais perguntas para compreender o enorme absurdo dessa 'explicação' e a extrema
estupidez daqueles que a apresentaram.

Terceira 'explicação'

Também se tem afirmado que os julgamentos foram encenados a fim de


desviar a atenção do povo soviético das dificuldades econômicas enfrentadas pelo

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

governo soviético e para explicar essas dificuldades. Essa 'explicação' foi


apresentada pela Comissão Dewey nos seguintes termos:

"A Comissão constata que parece ser inevitável concluir que os indiciamentos
e as confissões na séries de julgamentos amplamente divulgados contra o regime
foram orientados em todos os casos pelas dificuldades internas, econômicas e
políticas em curso ... da União Soviética. Em outras palavras, os julgamentos não
foram realmente criminais mas políticos".

A Comissão não tomou em conta nenhuma evidência quanto às condições


econômicas prevalecentes na União Soviética nos anos 1936-38. Foram anos de
tremendo crescimento econômico (a despeito da destruição e sabotagem) e de
prosperidade num nível que o povo soviético jamais tinha experimentado. A
coletivização tinha sido cumprida com sucesso em 1936. O país inteiro tinha sido
transformado de país agrário em industrial. Os padrões de vida e as condições de
trabalho tinham se tornado bem melhores do que em qualquer época anterior, em
toda a história da Rússia. O desemprego tinha sido eliminado e todos tinham
garantido (na Constituição de Stalin) o direito ao trabalho. A cultura de todo o povo
soviético tinha se elevado.

Estes são os fatos. Por ignorar completamente esses fatos, a Comissão


Dewey apenas confirmou sua evidente ignorância quando aludiu às supostas
dificuldades econômicas enfrentadas pelo regime soviético. O sentido dessa
afirmação ignorante era que, justamente na época em que o governo soviético
estava comunicando ao povo soviético as orgulhosas realizações da construção
socialista, estaria ao mesmo tempo arranjando julgamentos "políticos" de pessoas
inocentes a fim de explicar as "dificuldades internas econômicas e políticas em
curso" que estariam sendo enfrentadas. É um completo contra-senso.

Quarta 'explicação'

Esta 'explicação' é que os julgamentos "também serviram ao propósito da


burocracia de desviar a atenção do proletariado e dos operários soviéticos nas terras
capitalistas da traição básica à classe operária espanhola pelo aparato
stalinista" (Schachtman, The American Trotskyist).

Schachtman cunhou essa mentira em 1° de novembro de 1936, isto é, após o


anúncio pela URSS de que ela estava mais obrigada a cumprir os acordos de não-
intervenção e depois que ficou claro para todo o mundo que a União Soviética
prestaria apoio total5 à luta do povo espanhol contra o fascismo.

A escassez de tempo impede-nos de discutir agora a questão espanhola, à


qual retornaremos em outro lugar, quando mostraremos não apenas a assistência
real prestada pela União Soviética ao povo lutador e heróico da Espanha, mas
também exporemos a "assistência' prestada pelo trotskysmo6. No momento, basta
dizer que, enquanto a União Soviética estava empenhada em dar ao povo espanhol
generosa e inesquecível assistência fraterna, material e politicamente, os
trotskistas se dedicaram a lançar ataques frenéticos contra a União Soviética,

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

contra o socialismo na União Soviética, e estiveram assim minando o apoio


dos "operários das terras capitalistas' à União Soviética, isto é, ao socialismo.

Quinta 'explicação'

A última 'explicação' era que "toda revolução devora os seus filhos".


Rakovsky, em seu discurso conclusivo, aplicou um golpe mortal nessa pseudo-
explicação histórica apresentada pelos intelectuais burgueses (pela intelligentsia,
mais corretamente). Gostaríamos de concluir, camaradas, citando as observações
de Rabkovsky sobre essa 'explicação', não somente porque desferem um golpe
mortal nessa espúria 'explicação', mas também porque constituem uma explicação
real dos julgamentos de Moscou. Eis o que Rakovsky disse:

"É uma analogia ridícula, infundada. As revoluções burguesas terminaram -


desculpe-me se cito aqui alguns argumentos teóricos que, entretanto, são de
significação para o momento atual - as revoluções burguesas terminaram por
devorar seus filhos porque, depois de terem triunfado, tiveram de suprimir seus
aliados que estavam entre o povo, seus aliados revolucionários da esquerda.

Porém, a revolução proletária, a revolução da classe que é revolucionária até


o fim, quando aplica o que Marx chamou de "métodos plebeus de retaliação", aplica-
os não aos elementos progressistas, aplica-os àqueles que são obstáculos no rumo
desta revolução, ou àqueles que, como nós mesmos, estavam com esta revolução,
marcharam com ela por certo tempo e depois a golpearam pelas costas" (Trial of the
Anti.-Soviet Bloco of Rights and Trotskyites, p. 760).

Não é necessário acrescentar nada mais ao que foi dito. Isto é tudo que
queríamos dizer, camaradas.

Notas

1. Aqui há ainda outra peça crucial de evidência, fornecida por outro


engenheiro norte-americano, John Scott, que trabalhou por vários anos em
Magnitogorsk. Scott não era comunista. De fato, era um crítico do bolchevismo. Isso
só torna mais convincente seu relato, apresentado em seu livro Beyond the Urais. O
relato de Scott do que ele viveu enquanto trabalhava naquela empresa gigantesca
de enorme significação, o complexo Magnitogorsk, permite-nos entender a
magnitude da tarefa de construção socialista frente à oposição dos elementos
hostis e alienígenas, bem como os próprios destruidores e sabotadores contra-
revolucionários, que se infiltraram no sistema soviético por meio de habilidade,
inteligência, dinamismo e trabalho duro, passando-se como proletários - assim
conseguindo ocupar altas posições de responsabilidade e autoridade no Partido e
na administração do governo e econômica.

O relato de Scott revela também que a maioria desses contra-revolucionários


eram espiões em potencial dos vários poderes imperialistas. Era por vezes difícil -
tais eram as condições prevalecentes - distinguir entre contra-revolucionários
conscientes, por um lado, e burocratas corruptos e subservientes, por outro. Eis o
que John Scott teve a dizer sobre Magnitogorsk:

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

"Schevchenko era o diretor em 1936 das fabricas de gás com seus 2.000
operários industriais. Ele era um homem carrancudo, extremamente
enérgico e orgulhoso, muitas vezes rude e vulgar. Contudo, Schevchenko não
era um mau diretor. Os operários respeitavam-no e apressavam-se em
obedecer a suas ordens. Schevchenko veio de uma pequena vila ucraniana.
Em 1920, quando o Exército Branco de Denikin estava ocupando a área, o
jovem Schevchenko - ele tinha 19 anos na época - se alistou como miliciano.
Mais tarde, Denikin foi rechaçado e o Exército Vermelho tomou conta da
área. Schevchenko foi guiado por seu instinto de auto preservação a negar
sua participação e emigrou para outra parte do país, onde conseguiu uma
colocação em uma fábrica. Graças a sua energia, o antigo miliciano e
instigador de pogroms rapidamente sofreu uma extraordinária
transformação, tornando-se um dirigente de sindicato com qualidades
promissoras. Dando mostras de grande entusiasmo proletário, ele trabalhou
bem e nunca hesitou em tirar vantagem por qualquer meio para avançar em
sua carreira, às custas de seus camaradas, quando necessário. Depois, ele
entrou no Partido, no Instituto de Dirigentes Vermelhos, galgou várias
posições importantes na direção dos sindicatos e foi finalmente enviado a
Magnitogorsk, em 1931, como assistente do diretor de construção.

Em 1935, um trabalhador chegou de alguma vila ucraniana e começou a


espalhar informações acerca das atividades de Schevchenko em 1920.
Schevchenko subornou-o e lhe deu uma boa posição. Porém, as estórias
tinham se espalhado.

Uma tarde, Schevchenko organizou uma festa sem precedentes em


Magnitogorsk. O dono da casa e seus companheiros comeram e festejaram
durante toda a noite e uma boa parte da noite seguinte também.

Um belo dia, Schevchenko foi demitido, juntamente com meia dúzia de


seus subordinados imediatos. Quinze meses mais tarde, Schevchenko foi a
julgamento e foi sentenciado a 10 meses de trabalhos forçados.

Schevchenko era um semi bandido, um oportunista desonesto, a quem


faltava o menor escrúpulo. Suas idéias não tinham nada a ver com aquelas
dos fundadores do socialismo. Contudo, ele certamente não era um espião a
serviço do Japão, como seus julgadores alegaram. Ele não tinha intenções
terroristas para com o governo e os dirigentes do Partido. Finalmente, ele
não causou a explosão [a referência aqui é a uma explosão que tinha ocorrido em
1935 e que matou quatro operários].

Cerca de 20 pessoas formavam a panelinha de Schevchenko. Elas foram


condenados a penas pesadas. Algumas delas eram também oportunistas e
capitães de indústria. Outras eram realmente contra-revolucionárias,
procurando deliberadamente fazer todo o possível para derrubar o poder
soviético. Mas outros simplesmente tiveram o azar de trabalhar sob as
ordens de um chefe que veio a atrair a atenção da NKVD. Nicholas
Michaelovich Udkine, um dos colegas de Schevchenko, era o mais velho de
uma família ucraniana. Ele sentia que a Ucrânia tinha sido conquistada e que

Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 123


Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

seus novos dirigentes a estavam levando à ruína. Ele pensava que o sistema
capitalista era melhor do que o socialismo. Ele era um homem que pode ter
ajudado os alemães a 'libertarem' a Ucrânia, em 1941. Ele também foi
condenado a 10 anos de trabalhos forçados." (Scott, retraduzido da edição
franco-suíça intitulada Au Delá de I' Ural [Além dos Urais], ed. Marguerat, Lausanne,
1945, já que o original não nos é atualmente disponível, pp. 170-5).

Ademais: "Numerosos foram os burocratas que tremeram de medo por


ocasião dos expurgos. Altos funcionários, diretores, pessoas que nunca
anteriormente iam para o trabalho antes das 10 horas, passaram a chegar às
4h30min da manhã. Anteriormente nunca se preocupavam com erros,
queixas ou dificuldades. Agora, das horas iniciais do dia até altas horas da
noite, elas estão em seus postos. Com zelo sincero esforçam-se para cumprir
o Plano, para economizar, para promover o bem-estar de seus
trabalhadores" (Ibid., p. 189).

"Alexis Ivanovich Pushnov, o chefe da NKVD em Magnitogorsk em 1937,


foi ele próprio preso em 1939. Foi acusado de ardor excessivo no expurgo da
população da vila..." (Ibid., 9.189).

Scott assinala adiante que, longe de ter um 'efeito negativo', como dá a


entender a propaganda imperialista, os expurgos representaram uma grande
mobilização política das massas em seus milhões, que fortaleciam a consciência
antiimperialista e antifascista da classe operária; que compeliam os burocratas a
aperfeiçoarem seu trabalho; e que contribuíam para melhorar a eficiência e
aumentar a produtividade.. De fato, fica evidente no relato de Scott que os
expurgos eram uma parte integrante da preparação em profundidade das massas
para a resistência durante a guerra então iminente - o que refuta a afirmação feita
por Kruchev, os trotskistas e outros palhaços sem conta, de que Stalin não tinha
preparado o país para a guerra iminente. Eis aqui Scott:

"A produção em geral cresceu entre 1938 e 1941. No final de 1938, os


efeitos adversos dos expurgos tinham praticamente desaparecido. As
indústrias de Magnitogorsk estavam produzindo acima de sua capacidade.

Em todas as fábricas, cada trabalhador estava consciente da tensão que


estava, desde Munique, reinando ao longo da URSS. 'O ataque capitalista
contra a União Soviética que tem sido preparado por anos será lançado a
qualquer momento', repetia o rádio, a imprensa, os professores, os oradores,
o Partido, os sindicatos. A cada ano o orçamento da defesa nacional era
dobrado. Enormes reservas de armamentos, máquinas, petróleo e alimentos
eram armazenados. O Exército Vermelho cresceu de 2 milhões de homens,
em 1938, para 6 ou 7 milhões na primavera de 1941. As fábricas que
produziam veículos e as construções mecânicas dos Urais, da Ásia Central e
da Sibéria trabalhavam mais intensamente. Tudo isso absorvia a pequena
quantidade de excesso de produção da qual os trabalhadores tinham
começado a beneficiar-se entre 1935 e 1938, na forma de bicicletas, relógios,
rádios e melhores alimentos (Ibid., p. 242).

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Em 1942, a região industrial dos Urais tornou-se o coração da resistência


soviética. Suas minas, suas fábricas, seus depósitos, seus campos e suas
florestas supriam o Exército Vermelho com enormes quantidades de
material militar, bem como de todos os produtos necessários à manutenção
das divisões motorizadas de Stalin. No próprio centro da imensa Rússia, uma
área de 800 quilômetros quadrados continha enorme riqueza em ferro,
carvão, cobre, alumínio, chumbo, asbestos, manganês, potássio, ouro, prata,
platina, zinco e petróleo. Antes de 1930, esses tesouros mal tinham sido
explorados. Durante os dez anos que se seguiram, fábricas foram
construídas. Elas rapidamente iniciaram suas atividades. Tudo isso foi
devido à sagacidade política de Joseph Stalin, sua perseverança e
determinação. Ele superou todas as resistências a fim de cumprir seu
programa, a despeito dos gastos fantásticos e das dificuldades
extraordinárias. Ele desejava, acima de tudo, criar uma indústria pesada
poderosa. Instalou-a nos Urais e na Sibéria, milhares de quilômetros
distantes da fronteira mais próxima, fora do alcance de qualquer inimigo.
Ademais, a Rússia não seria outra vez dependente de qualquer potência
estrangeira em relação a sua borracha, produtos químicos, ferramentas,
tratores, etc.

Ela produziria todas essas coisas por si própria, assegurando assim sua
independência técnica e militar.

Bukharin e muitos outros antigos bolcheviques não eram da mesma


opinião. Antes de lançar seu audacioso programa de industrialização, eles
queriam assegurar suprimentos para a população. Um após outro, esses
dissidentes foram reduzidos ao silêncio. A visão de Stalin era a ordem do dia.
Em 1932, 56% da renda nacional russa foram colocados em reservas para
dar conta desses grandes gastos. Foi um esforço financeiro extraordinário.
Nos Estados Unidos, 70 anos antes, eles tinham apenas investido 12% de sua
renda nacional anual nos grandes empreendimentos industriais. Além disso,
a maior parte do capital foi fornecida pela Europa, enquanto China, Irlanda,
Polônia, etc., exportaram força de trabalho. A indústria soviética foi criada
praticamente sem qualquer capital estrangeiro" (Ibid., pp. 244-5).

Aqui há outra evidência revelando a infiltração no aparato soviético, no mais


alto nível, pelos contra-revolucionários que, embora ocupassem posições
responsáveis no Partido e na administração, estavam ligados a vários grupos de
oposição clandestinos que trabalhavam para a derrubada do governo soviético.

Em 1948, o Coronel Tokaev, um engenheiro aeronauta destacado e brilhante,


altamente posicionado no regime soviético, desertou para o Ocidente. Ele escreveu
um livro intitulado O Camarada X - nome que usou para encobrir a identidade do
preeminente membro do Partido que organizou uma oposição subversiva ao
regime soviético, e para o qual Tokaev trabalhou desde o início de sua carreira, na
metade dos anos 30. Em 1946, após a derrota da Alemanha nazista, Tokaev tornou-
se representante científico de Shukov, na Alemanha, e lhe foi, de acordo com ele,
dada a tarefa de recrutar os cientistas alemães para trabalharem nos mísseis
teleguiados de longo alcance na URSS - uma tarefa que ele sabotou antes de

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

escapar para o Ocidente. Certamente, nem tudo no livro de Tokaev merece crédito.
O que não se pode negar, entretanto, é seu registro da existência de uma oposição
contra-revolucionária clandestina (a que, como se esperaria, Tokaev se refere
como 'democratas revolucionários'), que orientava a infiltração no Partido e nos
aparatos do governo em todos os níveis e representava considerável perigo à
economia. O que também fica claro nas notas de Tokaev é a afinidade das várias
matizes contra-revolucionárias - dos nacionalistas burgueses aos bukharinistas e
trotskistas.

Tokaev fala-nos de um encontro secreto mantido em uma cidade da Criméia


por seu grupo, logo após a publicação de Constituição de Stalin. Este encontro, diz
Tokaev, fez as seguintes análises das diferenças entre Stalin e Bukharin:

"Stalin almejava a ditadura de um partido e a centralização completa.


Bukharin imaginava vários partidos e mesmo partidos nacionalistas e
defendia o máximo de descentralização. Ele era também a favor de conceder
autoridade a várias repúblicas constituintes e pensava que o mais
importante é que elas deveriam controlar suas próprias relações
estrangeiras. Em 1936, Bukharin estava se aproximando da ponto de vista
social-democrático da ala socialista de esquerda do Ocidente. Entretanto,
ainda estávamos profundamente divididos sobre esta e muitas outras
questões" (p. 4).

Tokaev descreve vividamente a 'atmosfera bombástica' e a 'maneira


ultraconservadora' com que os oposicionistas contra-revolucionários na
URSS trabalhavam. Para guardarem intactas seus disfarces e coberturas de
suas altas posições, eles tinham publicamente de manifestar apoio às
políticas do Partido, incluindo a supressão da oposição contra-
revolucionária, enquanto ao mesmo tempo organizavam a oposição
clandestina, almejando a derrubada do regime soviético. Em um encontro do
Partido, Tokaev viu-se obrigado a apoiar "a decisão de Vyshinsky de
investigar a atividade de Bukharin, Rykov, Tomsky e Uglanov" e dizer que "as
pessoas da União Soviética e de nosso Partido têm o direito de saber acerca
das intrigas de dupla face de Bukharin e Rykov..." Todavia, antes que
terminasse o mês, Tokaev "apresentou um longo relatório sobre a situação
política e as perspectivas de continuidade da luta no Sul, particularmente na
Frota dos Mares do

Sul e na base militar e naval de Sevastopol. Era numa conferência fechada,


sob os próprios narizes de Yezkhov e Malenkov, e o Camarada X a presidiu..."
(p. 61).

Continua Tokaev: "Após o encerramento do encontro, o Camarada X


informou-me que Bukharin sabia não somente de meu discurso contra ele na
reunião do Partido, ele tinha também sido informado do trabalho de
Demokratov na Criméia. Poucos dias mais tarde, em 4 de setembro, eu
também soube que ele tinha sido demitido da Comissão que esboçava a
Constituição. Bukharin tinha estudado o projeto alternativo, preparado por
Demokratov [este era o pseudônimo de um dos dirigentes do grupo contra-

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

revolucionário de Tokaev] e que entre os documentos estava agora incluído


uma série de importantes observações baseadas em nosso trabalho" (p. 61).

Tokaev informa-nos que, em 1938, "círculos próximos ao Camarada X


tinham sido quase completamente liquidados. A maioria deles tinha sido
presa em conexão com o 'desvio da ala direitista'. Na realidade, o grupo do
Camarada X não era de divisionistas da ala direitista, mas uma oposição da
ala direita militar, que não era de modo nenhum a mesma coisa" (p. 84).

Podia não ser a mesma coisa. O que interessa é que todas as diversas matizes,
tendências e grupos contra-revolucionárias estavam unidos em seu ódio ao regime
bolchevique, organizavam atividades clandestinas objetivando a derrubada dele e
nessas atividades colaboraram uns com os outros em vários níveis.

De acordo com Tokaev, o grupo de Bukharin conseguiu publicar o principal


programa em 1928. Este era como se segue:

"(1) Não encerrar a NEP mas continuá-la por ao menos 10 anos;

(2) Limitar a venda de produtos granjeiros para o Estado e permitir os


preços de livre mercado.

(3) Reduzir o monopólio estatal do comércio;

(4) Enquanto buscando a industrialização, recordar que a Revolução foi


feita para o homem comum e que, portanto, muito mais energia deve ser
empregada na indústria leve - o socialismo é feito de homens felizes, bem
nutridos, e não de mendigos famintos;

(5) Sustar a coletivização compulsória da agricultura e a destruição


dos kulaks" (p. 86).

Ele segue:

"A oposição SECRETA a que eu pertencia tinha retomado o trabalho ativo


em 1938 ... Contatos internos no Kremlin eram essenciais para nós ...
Gardinashvili (assistente de Beria) ajudou-me a tornar-me um freqüentador
de festas privadas nas quais pude adquirir uma idéia clara do que os
dirigentes da oligarquia sabiam e pensavam ..." (Capítulo 15).

"Em abril [1939], tivemos um congresso dos dirigentes oposicionistas


clandestinos para revermos a posição internamente e no exterior. À parte os
democratas revolucionários, estiveram presentes dois socialistas e dois
oposicionistas militares da ala direitista, um dos quais se disse um
descentralista democrata popular. O encontro foi conduzido por Belinsky,
atrás do qual eslava o Camarada X. Aprovamos uma resolução pela primeira
vez definindo o stalinismo como fascismo contra-revolucionário, uma traição
fascista da classe operária. Pergunto-me se o leitor pode entender a

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

gravidade da acusação, o exame de consciência ou o ódio que nos levou a


fazê-la.

“A resolução foi imediatamente comunicada a personalidades


preeminentes do Partido e do governo e conferências similares foram
organizadas em outros centros...” (p. 156)

E: "Nosso propósito nessa época era não apenas promover discussões.


Tínhamos tomado um passo decisivo maior: fomos avaliar as chances de uma
insurreição armada contra Stalin no futuro imediato" (ibid.)

Após o 'Congresso' acima citado, Tokaev foi mandado por seu grupo contra-
revolucionário a Leningrado, onde se hospedou no hotel do Exército Vermelho
e "encontrou um oficial de alta patente cujo nome secreto era Smolinsky" (p.
156).

Durante o encontro, Tokaev sugeriu que Zhdanov fosse assassinado como Kirov
tinha sido em 1934:

"...Você pensa que em nossas condições atuais devemos remover certos


tiranos? Que tal se o tiro de 1934 fosse repetido em 1939?" (p. 157)

Tokaev informa-nos que, como o terrorismo não era parte do programa de seu
grupo, sua sugestão, feita no calor do momento, como ele quer que acreditemos, foi
rejeitada. O que é interessante, entretanto, é que ele fez a afirmação de que "tinha
havido muitos atos terroristas, bem sucedidos ou não, contra o regime de
Stalin", acrescentando, não muito convincentemente, que "nenhum deles tinha
sido fruto do trabalho dos homens agrupados em torno do Camarada X" (p.
157).

A vitória soviética na Segunda Guerra Mundial elevou o prestígio do PCUS e de


Stalin à estratosfera, o que por certo criou uma situação próxima do impossível
para os contra-revolucionários que se opunham ao regime.

"Em 1945, o perigo de ser mal entendido era tão grande que cheguei ao
ponto de dizer que nós, antistalinistas, faríamos melhor ficando quietos e
esperando dias melhores. Em resumo, como a guerra chegava ao seu fim,
aqueles de nós que eram ainda antistalinistas e tinham mantido nosso
sentido dos fatos objetivos, nos encontrávamos cada vez mais isolados. Os
oficiais da Força Aérea, que em 1941 tinham tentado levar-me a juntar-me
com eles em um golpe antistalinista tentado de forma tão passional em 1944,
convenceram-me de que agora não havia razão para fazer objeção à direção
de Stalin ... Em 1943 e 1944 eu não penso que houvesse um traço de oposição
na URSS. Homens que tinham estado em oposição a Stalin estavam
envergonhados do que tinham feito..." (pp. 252-3)

Finalmente, algumas anotações de Alexandre Zinoviev que, em 1939, era um


aluno secundarista brilhante em seus 17 anos. Em seu livro, publicado em 1990,
ele disse:

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"Eu era um antistalinista desde a idade de 17 anos. A idéia de assassiná-lo


povoava meus pensamentos e sentimentos. Nós estudávamos as
possibilidades 'técnicas' de um assassinato. Chegamos a fazer preparativos
práticas" (Lês Confessions d'un Homme de Trop (Confissões de um Homem a
Mais), ed. Olivier Orban, Paris, 1990 - extrato traduzido do francês).

Continua Zinoviev:

"A idéia do assassinato de Stalin povoou meus pensamentos e


sentimentos. Eu estava já inclinado ao terrorismo... Estudamos as
possibilidades de um assassinato durante uma parada na Praça Vermelha,
onde provocaríamos uma comoção artificial que me permitiria, armado com
uma pistola e com granadas, dar um fim aos dirigentes."

Ele diz: "Eu me considerava um neo-anarquista" (p.126). Ele leu


amplamente os escritos de Bakunin e Kropotkin e depois aqueles de Zheliabov e
dos populistas (pp. 110 e 118). "A idéia da ditadura do proletariado era
inepta" (p. 115).

"Se eles tivessem me condenado à morte em 1939", acrescenta Zinoviev,


"essa decisão teria sido justa. Eu tinha concebido o plano para matar Stalin, e
isso era um crime, não era?" (p. 120)

Em 1993, vendo o erro do caminho que tinha tomado, Zinoviev em uma


entrevista fez as seguintes notáveis observações:

"Enquanto Stalin estava ainda vivo, eu via as coisas diferentemente. Mas


agora que eu tenho um olhar distante do século como um todo, eu digo: Stalin
foi a maior personalidade de nosso século, o maior gênio político. Adotar
uma atitude cientifica diante de alguém importante é diferente das atitudes
pessoais" (Entrevista Humo, 25 de fevereiro de 1993, pp. 48-49).

2. A história da revolução até aqui não tem produzido, nem produzirá, um único
caso em que revolucionários morrem declarando-se contra-revolucionários a fim
de desacreditar algum outro. Revolucionários têm morrido no passado e morrerão
no futuro a fim de promover a causa em que eles acreditam. Mas, ao morrerem por
sua causa, eles morrem uma morte de heróis e não a morte de um criminoso. O
absurdo colocado pelo grupo Que Faire é 'digno' da séria consideração de um
psiquiatra burguês e não de revolucionários sérios.

3. Seria fora de lugar dar as razões para a degeneração de Kautsky aqui. Os


camaradas deveriam ler O Estado e a Revolução e A Revolução Proletária e o
Renegado Kautsky. de Lênin, a fim de informar-se sobre essas razões.

4. Como forma de expor a dubiedade do trotskismo, o camarada Stalin, no 16°


Congresso do Partido, em 1930, assinalou que esta dubiedade "explica o fato de
que o trotskismo" (capitulação mascarada) "usualmente coroa seus 'furiosos'
ataques aos desvios de direita juntando-se num bloco com esses
capitulacionistas sem máscaras".

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Trotskismo x Leninismo - Lições Da história – Parte III

Os trotskistas, assim como os direitistas, são capitulacionistas. Os trotskistas


são capitulacionistas por trás de uma máscara, de frases histéricas, provocativas,
'revolucionárias', enquanto os direitistas são capitulacionistas sem máscara.

5. Em sua mensagem ao Comitê do Partido Comunista da Espanha, endereçada


ao camarada José Díaz, o camarada Stalin disse:

"Os trabalhadores da União Soviética estão simplesmente cumprindo seu


dever ao darem toda a assistência que podem às massas revolucionárias da
Espanha. Eles entendem plenamente que a libertação da Espanha do jugo dos
reacionários fascistas não é um assunto privado dos espanhóis, mas a causa
comum de toda a humanidade avançada e progressista."

6. Ver a Parte V do presente volume.

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