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FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET

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Escrevinhação n. 881
A PEDRA ANGULAR DO EDUCAR

Redigido em 05 de abril de 2011, dia de São Vicente Ferrer


Santa Maria Crescencia Hoss, Santa Irene e do Bem-
aventurado Marciano de La Mata Aparício.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Para que existe a tal da educação? Para nos

preparar para vida? Para nos instruir pelas vias da

cidadania? Se não, então não seria, por um acaso, para nos

tornarmos conscientes (eita palavrinha medonha essa) de

nosso papel histórico na sociedade? Quem sabe, me ajudem,

para que possamos estar munidos dos meios necessários

para ingressarmos no mercado de trabalho? Seria tudo isso e

muito mais? É, como diria o Quico: “não deu”.

Distanciando-nos do ar jocoso deste primeiro

parágrafo e formos meditar com a devida atenção sobre as

questões levantadas perceberemos que cada uma delas nos

apresenta um elemento que se faz pertinente ao ato de

educar, porém, nenhum deles e muito menos a reunião de

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todos formaria o núcleo fundamental desta. E mais! Essas

questões, reunidas ou apartadas, se estiverem divorciadas do

elemento que lhes daria sentido, por mais zelo com que sejam

tratadas tornar-se-iam inócuas em sua realização.

Mas, então, em que consiste o cerne da educação?

O Abade René Bethléem, em seu Catecismo pela Educação,

lembra-nos que o óbvio ululante. Educar é o ato de

transformar uma criança em um homem pleno de suas

faculdades e, principalmente, dotado de um austero senso

moral, tornando-se responsável pela sua vida,

responsabilizando-se pela conseqüência de seus atos,

palavras, pensamentos e omissões.

Nessa perspectiva que nos é aberta por René

Bethléem, educar seria praticamente sinônimo de enobrecer.

Para enobrecer algo é necessário lapidá-lo. Um diamante

bruto, por exemplo, não apresenta a plenitude de seu

esplendor. Não nos revela todo a sua magnificência mineral.

É fundamental que este seja devidamente enobrecido,

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lapidado. É imprescindível que as suas arestas sejam

amputadas, que os elementos que maculam a sua dignidade

sejam extirpados com as ferramentas apropriadas para, neste

trato, não danificar a sua preciosa singularidade.

No que tange o ato de educar temos uma senda

análoga a da lapidação de um diamante. Todavia, quais

seriam as ferramentas necessárias para a realização desta

tarefa? As virtudes, tanto as teologias como as cardinais e,

junto com elas, o ponto fundante de todo processo educativo:

um profundo e sincero sentimento de gratidão para com os

seus mestres e para com aqueles que, direta e indiretamente,

permitiram que eles, os mancebos, estejam vivos, neste

recorte temporal, para ter a possibilidade de viver a sua vida

de maneira plenamente humana.

Ensinar a ter em tudo e para com tudo o devido

senso de gratidão. Ter o necessário reconhecimento do

tamanho de nossa dívida para com os que nos são próximos,

para com aqueles que nos são distantes, inclusive por

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aqueles que não mais estão entre os vivos e, principalmente,

ensinar a esses a serem gratos para com Aquele que tudo

criou e tudo provê.

Ora, uma pessoa que não sabe ser grata pelas

bênçãos e dádivas que recebemos é uma pessoa incapacitada

não apenas ao ato de aprender, mas também encontra-se

debilitada, profundamente, para o conviver. E, por essa razão

simples que perguntamos: onde está o ensino desta postura

no que nós convencionamos chamar de educação em nossa

sociedade? Onde?

Preocupa-se tanto com a tal da criticidade que se

esquece de indagar-se que impostura essa dissimula. Sem

percebermos, através da tal da “consciência crítica” (que

realmente é um negócio crítico), ensina-se a se ter uma

postura de revolta graciosa, a cultivar um forte rancor em

relação a tudo e a todos e, é claro, a ter-se uma atitude de

ingratidão indiscriminada. Tudo isso, devidamente disfarçado

com todo aquele ar pífio de indignação (i)moral.

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O que um dia foi um austero instrumento de

edificação e enobrecimento do homem converteu-se em um

dos principais meios para corrompê-lo, divorciando-o de sua

dignidade originária, reduzindo-o a mais abjeta torpeza. Por

isso, mais do que nunca as palavras de Leon Bloy fazem-se

atuais quando esse digno escritor francês nos diz que todos

nós não passamos de mendigos ingratos.

E como o somos! E como ensinamos a sê-lo, não é

mesmo?

Pax et bonum
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