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Recensão do artigo “Learning - Inspired Connections” de

Dr. Penny Moore, apresentado na Conferência da IASL em


Julho de 2001

Maria Raquel Medeiros Oliveira Ramos

Março de 2011
Recensão do artigo” Learning-Inspired Connections” de Dr Penny Moore

Índice

Resumo.................................................................................................................................3

Comentário Crítico ............................................................................................................4

Referências bibliográficas...................................................................................................8

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Raquel Ramos
Recensão do artigo” Learning-Inspired Connections” de Dr Penny Moore

Resumo

O artigo “ Learning-Inspired Connections” foi apresentado pela Dr. Penny Moore,


reconhecida investigadora na área da educação, na Conferência da IASL (International
Association of School Librarianship) que decorreu na Nova Zelândia em 2001.
A autora, ao abordar a actual temática relacionada com as questões de literacia,
pretende demonstrar que as relações entre a aprendizagem, as bibliotecas e as literacias são
essenciais para que as escolas atinjam o seu fim máximo, que é a melhoria dos resultados
dos alunos e o desenvolvimento de competências que lhes permitam estar preparados para
uma aprendizagem ao longo da vida.
Na sua opinião, os profissionais da educação precisam de ter uma atitude reflexiva
em relação às suas práticas de ensino e de tomar consciência das mudanças necessárias
para que na actual sociedade a escola contribua para formar cidadãos capazes de se
adaptarem a um mundo em constante mudança. Nesta linha de pensamento, sugere que se
questionem as estratégias utilizadas e se repensem novas formas de actuar. Apresenta
diversos factores críticos de sucesso que contribuem para que as relações entre a
aprendizagem, a biblioteca e a literacia sejam fortalecidas.
A existência de um professor bibliotecário, a elaboração de um bom plano de acção
para a biblioteca e a avaliação desse plano são consideradas primordiais. Porém, o sucesso
desses factores depende de uma cultura de escola que valorize práticas de ensino que
privilegiam a aprendizagem ao longo da vida, da assunção por toda a escola da literacia da
informação como projecto, da percepção por parte dos professores dos benefícios do
trabalho colaborativo, de uma planificação em conjunto que integre, na abordagem do
currículo, o desenvolvimento de competências de literacia da informação.
A autora conclui que é necessário definir estratégias em conjunto que incluam a
formação inicial de docentes no âmbito da literacia da informação e promover uma atitude
pró-activa, que contribua para a melhoria das relações entre aprendizagem, biblioteca e

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literacia, mesmo quando as condições num determinado país, escola ou biblioteca possam
não ser as ideais. É necessário desenvolver nos professores e nos profissionais da
informação uma atitude de aprendizagem constante e investir no apoio que lhes é prestado,
de modo a que o trabalho desenvolvido se reflicta positivamente nos resultados dos alunos
e, desse modo, se possam justificar investimentos em projectos que visam a promoção da
literacia da informação e da literacia tecnológica.

Comentário crítico

Penny Moore aborda neste artigo uma temática cada vez mais actual, se tivermos
em conta a relevância de trabalhar nas escolas as questões relacionadas com a literacia da
informação, já que esta assume neste milénio uma importância crucial como factor de
desenvolvimento da sociedade, como afirma James Henri (2008):

The UNESCO Information for All Programme reinforced that principle, claiming
that “information literacy and lifelong learning have been described as the beacons
of the Information Society, illuminating the sources to development, prosperity and
freedom.”
If this rhetoric can be believed, it would seem that information literacy has become
for the twenty-first century what literacy was for the twentieth century.

Ao destacar como ideia principal a necessidade de estabelecer e melhorar as


relações entre a aprendizagem, a biblioteca e a literacia para que a escola cumpra o seu
objectivo primeiro, que é a melhoria dos resultados, Penny Moore convida o leitor a fazer
uma reflexão acerca das estratégias utilizadas pela biblioteca escolar e da pertinência das
mesmas na actual sociedade em constante mudança: “ I challenge you to think about the
startegies we have been using to reach the goal of improving learning outcomes through
the use of school libraries”.

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A autora explica que não podemos continuar a ter bibliotecas nas escolas, apenas
porque estamos convencidos de que elas são “a good thing”. É necessário demonstrar,
através de evidências, que as bibliotecas têm, de facto, impacto no desenvolvimento de
competências cognitivas que permitem aos alunos atingirem melhores resultados e
transformarem-se em cidadãos curiosos, persistentes e críticos, capazes de se adaptarem à
mudança. “Moving beyond missionary belief to credibility in terms of demonstrated
improvement in student learning outcomes is essential to strengthening the connections
between learning, libraries and literacies on a professional level”.
Como mais tarde Ross Todd (2008) viria a afirmar “if school libraries can’t prove
they make a difference, they may cease to exist”, também Penny Moore em 2001 enfatiza
o papel das bibliotecas escolares na promoção de um ensino de qualidade. Segundo ela, é
necessário que as bibliotecas escolares definam um bom plano de acção, cuja
concretização se articula com actividades levadas a cabo por todos os docentes da escola,
com o objectivo de “meet the goal common to all educators, that is, improvement in
learning outcomes”.
Moore especifica os factores críticos de sucesso de um plano de acção de uma
biblioteca (um professor bibliotecário a tempo inteiro, uma equipa, uma rede de
computadores que permitam uma ligação efectiva da biblioteca à sala de aula, o número de
documentos por aluno e o número de assinaturas de periódicos e referências em linha),
porém acrescenta que isso não é suficiente para aferir o grau de importância da biblioteca
na escola. Avaliar o desempenho de uma biblioteca implica avaliar o tipo de actividades de
aprendizagem que são promovidas na biblioteca, o nível de integração da biblioteca nas
actividades da sala de aula, significa também avaliar a ligação entre as competências do
professor bibliotecário enquanto especialista da informação e as competências dos alunos
no tratamento da informação.
A este respeito, é de salientar a filosofia de ensino - aprendizagem subjacente à sua
posição. Ao defender um trabalho articulado entre o professor bibliotecário e os restantes
docentes com o objectivo de se trabalharem as competências da literacia da informação,
Moore deixa subentender que é uma concepção construtivista da aprendizagem que deve
orientar os profissionais da educação e não uma abordagem que privilegia a transmissão do

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conhecimento. Só uma teoria através da qual “Students learn by constructing their own
understanding (…) and by building on what they already know to form a personal
perspective of the world” (Kuhlthau, 2007) pode servir os objectives da educação de hoje.
Moore, defendendo ligações fortes entre a aprendizagem, a biblioteca e a literacia está
convencida de que destas ligações resultarão aprendizagens verdadeiras, fruto de um
envolvimento total do aluno no seu processo de aprendizagem.
A autora, apesar de acreditar no papel crucial que a biblioteca escolar desempenha,
tem uma atitude realista e alerta-nos para o facto de as ligações entre a aprendizagem, a
biblioteca e a literacia só funcionarem em pleno de forem assumidas por toda a escola, não
como uma actividade casual, antes como um projecto no tempo: “the kinds of connections
between learning, libraries and literacies that can realistically be achieved are dependent on
where a school sits on a developmental continuum”. Existem diversos constrangimentos
que poderão comprometer o trabalho da biblioteca. A articulação entre os docentes da
escola é apontada como essencial para um bom trabalho e, portanto, é necessário que o
Director esteja atento a toda a logística para facilitar este trabalho. O conceito de “literacia
da informação” também deve ser compreendido por todos para poder existir um consenso
quanto à forma de trabalhar com os alunos, pelo que muitas vezes é necessário investir em
formação que ajude os professores a “translating a good idea into good classroom
practice”.
Apesar de nem sempre as condições serem as ideais para se trabalhar, Moore revela
uma atitude pró-activa ao encorajar o trabalho com base naquilo que cada país, escola ou
biblioteca faz de melhor, referindo a necessidade de adaptação e mudança de estratégias.
Através do exemplo do seu país, onde não existem professores bibliotecários, a autora
mostra que existe uma série de outros factores que podem ser aproveitados em prol do
trabalho a desenvolver para fortalecer as relações entre aprendizagem, bibliotecas e
literacias.
Para que os professores e o professor bibliotecário possam promover a literacia da
informação e uma aprendizagem com base em recursos, é necessário terem abordado estas
questões no seu currículo. Ora, conclui Moore, estas competências estão muitas vezes
reservadas aos professores já graduados e quase nunca são incluídas no currículo dos

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novos professores. A autora confirma, através de estudos realizados, que os professores se


sentem pouco à vontade para ensinar literacia da informação e reconhecem ser necessária
formação nessa área.
A confiança e o respeito mútuo são necessários para que um projecto funcione e se
traduza em melhorias efectivas. Também a avaliação da biblioteca permite retirar feedback
do trabalho realizado.” Without monitoring and evaluation, one would not know when or
which adjustments were necessary”.A autora termina o artigo, afirmando que a
aprendizagem ao longo da vida é essencial para que nos possamos adaptar a uma mudança
constante: “ Being learners ourselves is essential”. “Enquanto se espera para ter um corpo
de docentes bibliotecários qualificados, é necessário delinear estratégias complementares
que facilitarão o seu aparecimento e apoiarão o seu trabalho”, afirma ela. É necessário
simultaneamente que exista investigação séria que permita evidenciar as relações entre
aprendizagem, biblioteca e literacia e justificar, portanto, o valor do investimento em
projectos relacionados com a literacia da informação e a tecnologia.

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Referências bibliográficas:

Casanova, M. P. (2008). Recensão Crítica: algumas normas metodológicas. Acedido em


15.12.2009 em: http://mpsmcasanova.com.sapo.pt/documentos/recensaocritica.pdf

Farmer, Lesley. Henri, James (2008). Information Literacy Assessment in K-12 Settings.

Lanham, Maryland, Toronto, Plymouth, UK: The Scarecrow Press, INC. 2008

Kuhlthau, Carol (2007). Guided Inquiry: learning in the 21st century. Westport,

Connecticut, London: Libraries Unlimited.

Moore, Penny (2001), Learning-inspired connections, Keynote paper, IASL Conference,


Nova Zelândia, 2001. Acedido em 19.12.2009 em http://www.iasl-
online.org/events/conf/keynote-moore2001.html

Todd, Ross (2008), The Evidence-Based Manifesto for School Librarians, School Library

Journal, 04.01.2008. Acedido em 19 de Dezembro de 2009

em http://www.schoollibraryjournal.com/

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