Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PÓS-PARTO:
Fisiologia e Complicações
Tucuruí
2008
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
NÚCLEO DE TUCURUÍ – CAMPUS XIII
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
TURMA: 2005
CARLOS ANDRÉ DE SOUZA REIS
PÓS-PARTO:
Fisiologia e Complicações
Tucuruí
2008
CARLOS ANDRÉ DE SOUZA REIS
PÓS-PARTO:
Fisiologia e Complicações
Avaliado por:
__________________________________
Prof. Enfermeira Jacineidy Sousa
Data: ____/____/____
Tucuruí – PA
2008
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 5
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO 6
PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES NO ORGANISMO MATERNO 7
SISTEMA REPRODUTOR 8
SISTEMA ENDÓCRINO 16
SISTEMA RESPIRATÓRIO 18
SISTEMA CARDIOVASCULAR 18
SISTEMA HEMATOLÓGICO 20
SISTEMA URINÁRIO 21
SISTEMA GASTRINTESTINAL 22
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 23
SISTEMA T EGUMENTAR 24
OUTROS SISTEMAS 25
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO IMEDIATO 27
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO MEDIATO 28
HEMORRAGIA PÓS-PARTO 30
CONCEITO 30
CLASSIFICAÇÃO 31
FATORES PREDISPONENTES 31
INCIDÊNCIA 32
ETIOLOGIA 32
T RATAMENTO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM 33
INFECÇÃO PUERPERAL 36
CONCEITO 36
CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA 36
FATORES DE RISCO 38
INCIDÊNCIA 39
T RATAMENTO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM 39
MASTITE 42
CONCEITO 42
CLASSIFICAÇÃO 43
FATORES PREDISPONENTES 43
ETIOLOGIA E INCIDÊNCIA 43
T RATAMENTO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM 44
LESÃO NO CANAL DE PARTO 45
CONCEITO 45
CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA 45
FATORES DE RISCO PARA LESÕES NO CANAL DE PARTO 46
T RATAMENTO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM 47
CONCLUSÃO 49
REFERÊNCIAS 50
5
APRESENTAÇÃO
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO
O puerpério é definido como o período do ciclo grávido-puerperal em que as
modificações locais e sistêmicas, provocadas pela gravidez e parto no organismo da
mulher, retornam à situação do estado pré-gravídico (BRASIL, 2001).
Apesar de ser oficialmente definido como um intervalo de seis semanas, o
puerpério vai desde o nascimento do bebê até a normalização de todas as funções
fisiológicas maternas. Dessa forma, é um período de duração variável, sobretudo em
mulheres que ainda estão amamentando ao seio.
Segundo Silva (2007), o puerpério é classificado em:
Puerpério Imediato – inicia-se logo após a dequitação e estende-se até a 2ª
hora após o parto. Também chamado de 4º período do parto ou período de Green-
berg.
Puerpério Mediato – vai desde a 2ª hora até o 10º dia após o parto. Esse pe-
ríodo é marcado pela regressão das modificações nos órgãos genitais.
Puerpério Tardio – inicia-se no 11º dia e estende-se até 42º dia pós-parto.
Seu fim pode também ser marcado pelo reinício dos ciclos menstruais em mulheres
que não amamentam. Para as mulheres que amamentam, esse período pode variar
de 6 a 8 semanas.
O enfermeiro deve estar atento sobretudo no puerpério imediato, visto que é
um período de real risco materno, com possibilidade de grandes hemorragias, prin-
cipalmente por atonia uterina. Expulsa a placenta, por ação da gravidade ou por leve
expressão/compressão do fundo uterino, assegura-se a hemostasia pela retração
uterina persistente (globo de segurança de Pinard), que promove oclusão dos vasos
na porção muscular, constituindo as ligaduras vivas de Pinard. Concomitantemente,
ocorre o tamponamento trombótico dos vasos útero-placentários.
Na eventualidade de sangramento vaginal anormal, a observação será redo-
brada, controlando-se a retração uterina, a perda sangüínea e o estado geral. Os
sinais vitais, especialmente pressão arterial e pulso, devem ser mensurados a cada
15 minutos. Da mesma forma, deverá ser feito controle praticamente contínuo da
retração uterina e do sangramento. A não observância a estas medidas coloca a pu-
érpera em sério risco. O diagnóstico precoce das alterações é fator preponderante
7
Sistema Reprodutor
O sistema reprodutor recupera-se da gravidez e do nascimento do bebê por
mecanismos únicos e eficazes. Apesar disso, algumas estruturas são alteradas irre-
versivelmente.
Útero – Após o nascimento do bebê e a expulsão da placenta, o útero sofre
alterações profundas e dramáticas que possibilitam seu retorno ao estado não-
gravídico. Essas alterações, que envolvem o miométrio e o endométrio, são devidas
a mecanismos fisiológicos incomuns aos demais órgãos.
A involução, como um processo bem equilibrado, resulta das contrações
musculares e da autólise, também conhecida como autodesintegração ou autodiges-
tão das células e dos tecidos. Graças a esse processo, o miométrio readquire seu
tamanho normal.
Logo após a expulsão da placenta, as contrações miometrais vigorosas en-
colhem o útero praticamente pela metade do seu tamanho pouco antes do início do
trabalho de parto. Esse encurtamento rápido coloca as paredes uterinas em contato
direto, resultando no achatamento da sua cavidade central.
As contrações miometrais têm intervalos e força irregulares. As pacientes
multíparas costumam ter contrações mais vigorosas e desconfortáveis do que as
gestantes primíparas – provavelmente porque o músculo uterino perde alguma elas-
ticidade a cada gravidez e precisa realizar um trabalho mais vigoroso para que as
contrações sejam eficazes. Além disso, a lactante tem contrações mais fortes do que
as mulheres que não estão amamentando, tendo em vista que a ocitocina, além de
controlar a ejeção do leite, também estimula a musculatura uterina. A liberação da
ocitocina faz parte de uma série de eventos que ocorrem com a estimulação dos
mamilos, por exemplo, durante a amamentação.
A involução uterina é rápida e inexorável. Pouco depois do nascimento do be-
bê, o útero pesa de 1.000 a 1.200 g; uma semana depois, seu peso é de 500 g. Em
torno da 6ª semana após o parto, o útero terá voltado ao seu peso não-gravídico
normal de 50 a 70 g.
9
Os lóquios progridem por três estágios, cada qual com características especiais que
refletem a cicatrização endometrial progressiva.
estágio (lóquio rubro) costuma estender-se até o quarto dia após o parto e contém
uma mistura de muco, tecidos degenerados e sangue.
À medida que o sangramento uterino regride, os lóquios tornam-se mais cla-
ros e serosos e passam ao segundo estágio, conhecido como lóquio seroso. Essa
secreção castanha ou rosada persiste por cinco a sete dias após o parto. Entre o
sétimo e o 14º dia do período pós-parto o desprendimento do local de implantação
placentária pode acarretar um aumento súbito e temporário do volume dos lóquios,
ou até mesmo sangramento. Essa condição autolimitada não deve estender-se por
mais de uma a duas horas. Freqüentemente, o repouso materno reduz esse fluxo. O
último estágio da secreção loquial é o lóquio alvo, que é uma secreção branco-
cremosa, castanha ou incolor consistindo basicamente em soro e leucócitos. Os ló-
quios alvos costumam diminuir após a terceira semana do período pós-parto, mas
podem persistir por seis semanas ou mais. Os lóquios são considerados anormais
caso contenham coágulos maiores do que uma moeda ou fragmentos de tecido. A-
lém disso, os lóquios não devem odor fétido ou repugnante e não podem regredir a
um estágio precedente. Essas alterações poderiam indicar endometrite ou outra in-
fecção.
Cérvice – Nas gestantes que tiveram partos vaginais, o tônus da musculatura
cervical é fraco e a cérvice e o segmento uterino inferior ficam finos e colapsados. O
exame do orifício externo revela lacerações e equimoses minúsculas. O orifício ex-
terno se contrai lentamente, e no segundo e terceiro dias após o nascimento do be-
bê permanece flácido e aberto a cerca de 2 a 3 cm. Ao final da primeira semana,
esse orifício estará contraído a 1 cm e o tônus cervical terá aumentado, dificultando
a introdução de um dedo. Nesse ponto, o edema e a hemorragia cervicais terão re-
gredido significativamente e o canal cervical começa a regenerar-se, à medida que a
cérvice se espessa.
Embora a cérvice readquira sua anatomia funcional normal em torno de seis a
12 semanas após o parto, jamais volta a ter o mesmo aspecto que na mulher primí-
para. O orifício externo permanece alargado e linear, em comparação com o orifício
circular minúsculo da mulher nulípara. Em alguns casos, o orifício assemelha-se à
boca de um peixe, principalmente nos casos em que houve traumatismo cervical
significativo durante o nascimento.
Vagina – Após o parto vaginal, a vagina tem paredes lisas e fica um pouco
mais dilatada e edemaciada, com o tônus muscular reduzido. Aos poucos, a vagina
13
se contrai e o edema regride. Ao final da terceira semana após o parto, as rugas re-
aparecem nas paredes vaginais. Essas rugas podem ficar permanentemente acha-
tadas em graus variáveis, jamais voltando ao tamanho e ao estado observados na
mulher nulípara (caracterizada por várias dobras da mucosa). Conseqüentemente, o
canal vaginal raramente volta ao tamanho anterior da mulher nulípara.
O epitélio vaginal também passa por alterações significativas no período pós-
parto. Bem vascularizado e lubrificado durante a gravidez, graças ao aumento da
secreção de estrogênio, esse epitélio torna-se frágil e atrófico em torno da terceira
ou quarta semana após o parto. Nas pacientes que não estiverem amamentando, a
atrofia regride dentro de seis a dez semanas após o parto, à medida que os níveis
do estrogênio normalizarem. Contudo, como as concentrações desse hormônio
permanecem baixas durante a lactação, as nutrizes podem continuar a referir sinto-
mas causados pela atrofia vaginal, dentre os quais estão a redução da lubrificação
vaginal e a diminuição da resposta sexual.
Estruturas externas – O clitóris e os lábios vaginais ficam irreversivelmente
aumentados até certo ponto. Após o parto vaginal, o intróito da vagina permanece
edemaciado e, algumas vezes, equimótico. As lacerações podem ser evidenciadas
no intróito e no períneo, mesmo que não tenha sido realizada episiotomia.
Quando não houver complicações, como hematoma ou infecção, o períneo
cicatriza rapidamente. Em geral, o intróito e o períneo voltam ao estado pré-
concepcional cerca de seis semanas após o parto. Contudo, o intróito pode desen-
volver uma abertura residual que, nos casos típicos, é irreversível.
Estruturas de sustentação muscular da pelve – As estruturas de sustenta-
ção uterina, tais como os ligamentos largo e redondo, são significativamente estira-
das durante a gravidez, à medida que o útero cresce. Durante o parto vaginal, as
estruturas que sustentam o útero, a vagina, a uretra e a bexiga sofrem traumatismo.
Embora a frouxidão dessas estruturas melhorem gradativamente, pode persistir al-
gum relaxamento pélvico além do período pós-parto, causando uma das seguintes
condições:
o Prolapso uterino
o Cistocele
o Retocele
o Enterocele
14
Hipotálamo reduz
a produção de
dopamina
Hipófise anterior
Sucção estimula aumenta a pro-
o hipotálamo dução de prolac-
tina
Prolactina estimu-
la a produção de
leite
Em alguns casos, por exemplo, quando a paciente preferir alimentar seu bebê
recém-nascido com mamadeiras, a lactação precisa ser suprimida. A inexistência de
sucção e esvaziamento das mamas leva à supressão, que em geral produz a involu-
ção mamária e a interrupção da lactação dentro de uma semana. Sem estimulação,
as células alveolares ficam achatadas e param de secretar leite; dentro de 24 horas,
a estrutura das organelas celulares começa a assumir uma configuração mais nor-
16
Sistema Endócrino
Assim como ocorre com o sistema reprodutor, o sistema endócrino passa por
profundas alterações no período pós-parto. Algumas dessas adaptações estão rela-
cionadas com as alterações do sistema reprodutor.
Hormônios placentários – Com a eliminação da placenta, os níveis dos
hormônios placentários circulantes diminuem rapidamente. O nível sérico do estro-
gênio cai subitamente nas primeiras três horas após o nascimento do bebê e, em
seguida, diminui de forma mais gradativa até o sétimo dia do período pós-parto,
quando atinge seu patamar mais baixo. Nas mulheres que não estiverem amamen-
tando, o estrogênio começa a aumentar aos níveis normais cerca de duas semanas
após o parto. Nas lactantes, essa elevação é retardada e causa problemas, como a
atrofia da mucosa vaginal. À medida que a paciente amamenta ao seio com menos
freqüência, seus níveis de estrogênio aumentam gradativamente. A ovulação é su-
primida em algumas mulheres, enquanto estiverem amamentando; o nível mais bai-
xo do estrogênio é um fator que contribui para isso.
A concentração sérica da progesterona diminui abaixo dos níveis normais da
fase lútea em tomo do terceiro dia do período pós-parto. Após a primeira semana, a
progesterona não poderá ser detectada na circulação até que as ovulações recome-
cem. Conseqüentemente, os primeiros ciclos menstruais após o parto podem ser
irregulares e mais curtos do que os normais.
Os dois hormônios placentários restantes – HPL e gonadotropina coriônica
humana (hCG) – também diminuem rapidamente. A hCG circulante, que é o hormô-
nio detectado pela maioria dos testes comuns para gravidez, desaparece dentro de
oito a 24 horas após o nascimento tanto nas nutrizes quanto nas mulheres que não
estiverem amamentando. Esse declínio é tão marcante que ao final da primeira se-
mana do período pós-parto o teste urinário para gravidez é negativo. A hCG ou o
HPL deixam de ser produzidos até à gravidez subseqüente.
17
Sistema Respiratório
O período pós-parto possibilita, em geral, a regressão completa das altera-
ções respiratórias relacionadas com a gravidez e queixas associadas, tais como falta
de ar, desconforto torácico e costal e redução da tolerância aos esforços físicos.
Regressão das alterações anatômicas – As alterações anatômicas da cavi-
dade torácica e do gradil costal, causadas pelo crescimento progressivo do útero,
regridem gradativamente após o nascimento do bebê. Assim, a expansão pulmonar
plena retoma e o gradil costal readquire seu diâmetro normal. À medida que o nível
de estrogênio diminui, a vascularização do trato respiratório – aumentada pela gravi-
dez – também regride ao estado pré-concepcional.
Regressão das alterações funcionais – À medida que os níveis séricos da
progesterona diminuem, que a demanda de oxigênio é reduzida e que o útero pára
de comprimir o diafragma, ocorrem as seguintes alterações, que possibilitam a nor-
malização da função respiratória:
o O volume corrente (quantidade de ar trocada a cada respiração), o volume
me por minuto (quantidade de ar expelida pelos pulmões por minuto) e a
capacidade vital (quantidade de ar expelida após uma inspiração máxima)
diminuem aos valores pré-concepcionais.
o A capacidade residual funcional (quantidade de ar que permanece no pul-
mões, após uma inspiração tranqüila e normal) aumenta, retomando aos va-
lores pré-concepcionais.
Sistema Cardiovascular
Após o nascimento do bebê, o sistema cardiovascular desenvolve algumas al-
terações detectáveis subjetivamente, à medida que retoma ao estado pré-
concepcional.
Regressão das alterações anatômicas e da ausculta – O crescimento e o
deslocamento do coração regridem, à medida que o útero readquire seu tamanho e
volta à posição normal. As anormalidades das bulhas cardíacas, resultantes das al-
terações anatômicas e hemodinâmicas causadas pela gravidez, também regridem
no período pós-parto.
19
ga de trabalho cardíaco que ocorre após o nascimento do bebê. Por outro lado, a
taquicardia acima de 100 batimentos/minuto deve ser investigada porque pode indi-
car hipovolemia – principalmente nas pacientes com contagens de hemácias baixas
ou decrescentes.
Regressão das alterações varicosas – As dilatações varicosas das pernas,
do ânus ou da vulva podem ocorrer na gravidez devido à redução do retomo venoso
das pernas, à compressão exercida pelo feto e ao esforço realizado durante o traba-
lho de parto e no nascimento. Em algumas mulheres, essas alterações melhoram
significativamente ou regridem por completo após o parto. Contudo, os sinais e sin-
tomas são agravados a cada gestação. Caso os problemas persistam após o perío-
do puerperal, poderá ser necessário fazer uma reparação cirúrgica. Os exercícios
leves aumentam o tônus muscular, que facilita o retorno venoso.
Sistema Hematológico
Os níveis dos componentes sangüíneos podem variar no período pós-parto. A
coagulação, que está aumentada na gravidez e no trabalho de parto, normaliza-se
gradativamente. Contudo, a estimulação da coagulação induzida pelo trabalho de
parto e pelo nascimento aumenta o risco de tromboembolia.
Parâmetros dos glóbulos vermelhos – Logo após o parto, o nível da hemo-
globina e do hematócrito, assim como o hemograma completo, podem variar de pa-
ciente para paciente. Em geral, nas mulheres que deram à luz por via vaginal e não
tiveram complicações esses valores permanecem próximos dos níveis detectados
antes do parto, apesar da perda sangüínea normal nesse período. Esse fenômeno
resulta da hemoconcentração, que acompanha a diurese do período pós-parto. Nas
pacientes que tiveram partos cesáreos, a perda sanguínea maior pode causar redu-
ções dos parâmetros hematológicos logo após o nascimento do bebê.
Nas mulheres saudáveis e bem nutridas, todos os parâmetros dos glóbulos
vermelhos costumam voltar aos níveis pré-concepcionais dentro de seis semanas
após o parto. A redução progressiva ou significativa desses parâmetros nos primei-
ros dias após o parto não é normal e pode indicar sangramento persistente ou ex-
cessivo.
Contagem dos leucócitos – A contagem dos leucócitos (leucometria) au-
menta, principalmente à custa dos granulócitos, nos primeiros 10 a 12 dias após o
parto, podendo chegar a 25.000/mm3. Embora essa alteração seja uma resposta
21
Sistema Urinário
A gravidez altera a estrutura anatômica das vias urinárias e a função do sis-
tema urinário. Além disso, o nascimento do bebê pode contribuir com algumas alte-
rações anatômicas. Ao contrário da maioria dos outros sistemas do corpo, o apare-
lho urinário pode continuar com os efeitos da gravidez e do parto por muito tempo
depois do período pós-parto.
Regressão das alterações anatômicas – Por ocasião do parto, a passagem
do feto pela pelve e pela vagina produz graus variáveis de traumatismo da uretra e
da bexiga. Mesmo o traumatismo normal pode causar edema e sangramento mi-
croscópico. As complicações do parto, como nascimento acelerado ou instrumenta-
ção com fórceps, agravam esse traumatismo e podem acarretar laceração da uretra
ou meato urinário. Quando o parto foi cesáreo, há possibilidade de ocorrer trauma-
tismo cirúrgico da bexiga.
O traumatismo obstétrico agravado pela anestesia epidural ou espinhal pode
reduzir o tônus vesical. Caso isso ocorra, a bexiga toma-se menos sensível e isso
reduz o desejo de urinar, contribuindo para a retenção urinária no período pós-parto.
22
Sistema Gastrintestinal
Como o trato gastrintestinal não está mais sendo obstruído pelo útero em
crescimento e os níveis hormonais declinam rapidamente, esse sistema readquire
suas funções normais logo após o parto.
Apetite – Após o parto vaginal, a maioria das pacientes fica extremamente
faminta devido à suspensão da ingestão alimentar e aos esforços do trabalho de
parto e nascimento – principalmente se foi usada pouca ou nenhuma anestesia. O
apetite tende a voltar ao normal dentro de um a dois dias, embora as mulheres que
estão amamentando possam manter esse apetite e ingestão alimentar aumentados.
Após a cesariana, as pacientes que readquirem o apetite mais lentamente podem
começar a receber uma dieta líquida e, aos poucos, passar a consumir uma dieta
regular, à medida que a função gastrintestinal for normalizada.
23
Sistema Musculoesquelético
Embora as alterações do sistema musculoesquelético causadas pela gravidez
regridam após o nascimento do bebê, as articulações e os músculos podem apre-
sentar alguns efeitos residuais.
Regressão das alterações posturais e articulares – O nascimento do bebê
elimina a sobrecarga mecânica do sistema musculoesquelético e suprime a secre-
ção da relaxina. Nas primeiras seis a oito semanas após o parto, a postura volta ao
normal e as alterações estruturais regridem gradativamente. A causa exata ainda é
desconhecida, mas o crescimento dos pés poderia ser causado pelos efeitos da re-
laxina nas articulações dos pés, assim como pelo ganho ponderal e pelo edema
descendente que podem persistir em alguns casos. Dessa forma, o crescimento dos
pés e o aumento do tamanho dos sapatos tendem a ser sinais permanentes de uma
gravidez pregressa.
24
Sistema Tegumentar
As alterações cutâneas associadas à gravidez regridem parcial ou totalmente
após o nascimento do bebê, à medida que os níveis hormonais diminuem e a pele
não fica mais estirada.
Regressão das alterações relacionadas com fatores hormonais – Durante
o período pós-parto, as alterações pigmentares causadas pela gravidez – inclusive
cloasma (também conhecido como melasma, ou máscara gravídica) e a linha negra
(uma faixa escura na linha média do abdome) regridem gradativamente. Contudo,
em algumas mulheres essas alterações são irreversíveis. A gravidez pode estimular
o desenvolvimento dos nevos pigmentados, levando-os a crescer ou mudar de cor
ou, ainda, à formação de lesões novas. Essas alterações tendem a regredir após o
parto. Os nevos que não voltarem ao seu aspecto pré-concepcional devem ser ava-
liados. O escurecimento dos mamilos, que também é causado pela gravidez, regride
parcialmente no período pós-parto. Qualquer acentuação da acne associada à gra-
videz também regride à medida que se estabilizam os níveis hormonais.
O hirsutismo associado à gravidez também desaparece. Contudo, os pêlos
grossos que se desenvolveram na gravidez tendem a persistir. Algumas pacientes
queixam-se da perda excessiva de cabelos da cabeça após o parto. Isso é uma
compensação para a perda subnormal durante a gravidez; a perda que ocorre no
período puerperal é simplesmente uma compensação da perda que deveria ter ocor-
rido caso a paciente não tivesse engravidado. Esse processo de compensação dura
cerca de um a quatro meses após o parto.
25
Outros Sistemas
As alterações metabólicas, neurológicas e imunológicas causadas pela gravi-
dez regridem rapidamente após o parto.
Sistema metabólico
Durante toda a gravidez, a taxa metabólica basal aumenta até o nascimento
do bebê, quando atinge níveis cerca de 20% acima do normal. Após o parto, a taxa
metabólica basal diminui rapidamente e aproxima-se dos níveis pré-concepcionais
dentro de cinco a seis dias após o parto.
Sistema neurológico
Os efeitos neurológicos da gravidez, que podem ser brandos ou extremamen-
te incômodos, raramente persistem após o nascimento do bebê.
26
HEMORRAGIA PÓS-PARTO
Conceito
A hemorragia pós-parto ou puerperal ocorre quando a paciente perde mais de
500 ml de sangue durante ou após o terceiro estágio do trabalho de parto. A perda
sanguínea costuma ser subestimada por ocasião do parto, tendo em vista que é difí-
cil realizar uma determinação exata; em geral, a perda real é duas vezes maior do
que a estimada.
Os vasos maternos que permeiam a musculatura uterina es-
tão aumentados durante a gestação. Quando a placenta se separa,
muitos vasos da decídua são desnudados. Normalmente, a contra-
ção da musculatura uterina comprime esses vasos controlando a
hemorragia. Alguns fatores impedem a eficiência dessas contrações,
tais como retenção placentária, útero hiperdistendido, amniosite ou
algumas drogas (...). Além destes fatores, a hemorragia pós-parto
pode ocorrer por traumatismos pélvicos ou sutura inadequada da e-
pisiotomia (NEME, 2000).
31
Classificação
A hemorragia puerperal pode ser precoce ou tardia. A hemorragia puerperal
precoce ou primária ocorre nas primeiras 24 horas após o parto. A hemorragia tardia
ou secundária (ou ainda retardada) desenvolve-se dois dias a seis semanas após o
parto.
As seqüelas potenciais da hemorragia puerperal são reações transfusionais,
hepatite e insuficiência renal devida à hipotensão prolongada. Em casos raros, as
pacientes que se recuperam de hemorragias puerperais graves sofrem necrose do
lobo anterior da hipófise (síndrome de Sheehan).
Fatores Predisponentes
Objetivando prever a possibilidade de hemorragia puerperal, deve-se estar
atento para os seguintes fatores predisponentes de hemorragia puerperal:
o Parto cesáreo
o Parto a fórceps ou rotação por fórceps intermediário
o Hematoma
o História de hemorragia puerperal e atonia uterina
o Manipulação intra-uterina
o Lacerações do canal de parto
o Remoção manual da placenta
o Multiparidade
o Hiperdistensão do útero, como no recém-nascido grande, na gestação múl-
tipla e no poliidrâmnio
o Potencialização ou indução com ocitocina
o Hipertensão induzida pela gravidez
o Uso do sulfato de magnésio durante o trabalho de parto
o Desprendimento prematuro da placenta
o Anemia pré-natal
o Trabalho de parto prolongado
o Trabalho de parto rápido ou nascimento acelerado
o Retenção de fragmentos placentários
o Inversão uterina
o Subinvolução uterina
32
Incidência
Sendo a principal causa de mortalidade materna nos países em desenvolvi-
mento, a sua incidência é de 13% a 18%.
Etiologia
Qualquer condição que provoque traumatismo durante o nascimento do bebê
pode causar hemorragia puerperal. As causas mais comuns são atonia uterina, lace-
rações da vagina, cérvice, períneo ou lábios vaginais e retenção de fragmentos pla-
centários.
Atonia uterina – Essa condição pode ser devida ao crescimento excessivo
do útero causado pelo hidrâmnio, por uma gestação múltipla ou pelo nascimento de
um recém-nascido muito grande. À medida que o útero cresce, suas fibras muscula-
res tomam-se excessivamente estiradas e não podem contrair-se eficazmente para
comprimir os vasos sanguíneos; assim, o útero continua a sangrar, levando a uma
hemorragia.
Outras causas da atonia uterina são trabalho de parto prolongado ou acelera-
do, anestesia geral ou administração do sulfato de magnésio. Além disso, a paciente
com história de hemorragia puerperal tem risco maior de desenvolver atonia uterina.
Lacerações – As lacerações da vagina, da cérvice, do períneo ou dos lábios
vaginais podem causar hemorragia. A laceração cervical é particularmente perigosa
nesse sentido, tendo em vista o aumento da vascularização da cérvice durante a
gravidez e no período pós-parto imediato. As lacerações perineais e vaginais tam-
bém podem contribuir para a perda de sangue no período pós-parto. Contudo, essas
feridas têm mais tendência a causar lesões crônicas, devidas ao enfraquecimento
dos músculos perineais, e podem exigir uma cirurgia num período subseqüente.
Retenção de fragmentos placentários – Algumas vezes, os fragmentos pla-
centários retidos, que são a causa principal de hemorragia puerperal tardia, aderem
ao útero e causam hemorragia, impedindo a contração da musculatura uterina. Nas
pacientes com retenção placentária, toda a placenta permanece no útero, por pelo
menos 30 minutos após o segundo estágio do trabalho de parto.
Outras causas
A hemorragia puerperal também pode ser devida a várias outras causas.
33
INFECÇÃO PUERPERAL
Conceito
Define-se como uma infecção do trato genital que se desenvolve no período
pós-parto.
O trabalho de parto e o nascimento do bebê reduzem a resistência à infecção
causada por bactérias encontradas normalmente no corpo. As infecções puerperais
costumam ser devidas às bactérias como estreptococos beta-hemolíticos, estafiloco-
cos, coliformes e vários outros microrganismos. É fundamental que o enfermeiro re-
conheça a possibilidade de que a paciente possa morrer devido a essas infecções.
Além disso, deve saber que medidas profiláticas, incluindo-se as técnicas cuidado-
sas ao lavar as mãos e a orientação da gestante, podem reduzir sobremaneira a in-
cidência das infecções puerperais. A técnica estéril também deve ser usada, quando
houver indicação. Por outro lado, o enfermeiro também deve estar familiarizado com
os sinais e sintomas dessas infecções, para que possa avisar o médico ou o(a) en-
fermeiro(a)-obstetra nas fases iniciais do processo infeccioso e possibilitar a adoção
das medidas oportunas.
A duração do trabalho de parto, a ruptura das membranas, a quantidade de
exames vaginais e a intensidade das manipulações intra-uterinas são diretamente
proporcionais à incidência das infecções. Portanto, a equipe de saúde deve ser rigo-
rosa quanto às técnicas assépticas e à lavagem das mãos quando entrar em contato
com a paciente nos períodos do trabalho de parto, no nascimento e no puerpério.
Classificação e Etiologia
As infecções puerperais desenvolvem-se num local específico (ou lesão) ou
podem estender-se por outros órgãos. Quando houver uma lesão localizada, a in-
fecção limita-se à região infectada inicialmente. A vagina e a cérvice, um hematoma,
a episiotomia e qualquer laceração da vulva, vagina ou períneo são portas de entra-
da potenciais para os microrganismos patogênicos. Uma incisão também pode ser a
fonte da infecção, e a taxa de mortalidade por infecção puerperal é muito maior após
partos cesáreos do que depois de partos vaginais. Alguns estudos demonstraram
que o nível socioeconômico e o uso (ou não) de antibióticos produzem efeitos signi-
ficativos sobre o número de óbitos matemos associados às infecções puerperais.
37
Fatores de risco
Torna-se imprescindível estar atento para os sinais e sintomas de infecção
numa paciente puérpera que tiver qualquer um dos fatores de risco relacionados a
seguir:
Fatores de risco pré-natais
o Anemia
o História de trombose venosa
o Falta de assistência pré-natal
o Nutrição precária
o História de infecção vaginal ou cervical ou doença sexualmente transmissí-
vel não tratada
Fatores de risco intraparto
o Parto cesáreo
o Corioamnionite
o Episiotomia; lacerações perineais ou vaginais
o Parto a fórceps
o Ruptura prolongada das membranas
39
Incidência
Durante muitos anos, a infecção puerperal foi uma das causas principais de
morbidade e mortalidade maternas em todo o mundo. Sua incidência é de 1% a 8%.
Quando analisados separadamente, o parto vaginal e a cesariana mostram variação
quando à incidência: 1 e 3% em média, respectivamente. No Brasil, o principal fator
de risco para a infecção atualmente é a cirurgia de cesariana, devido à secção e ex-
posição de vasos, à necrose local por trauma cirúrgico e a contaminação cavitária
por sangue e líquido amniótico. Nosso país tem a maior incidência no mundo de par-
tos cesarianos, o que só faz aumentar o número de novos casos de infecção puer-
peral.
disso, deve-se obter informações relativas aos padrões de sono e repouso e às con-
dições de hidratação e nutrição da paciente.
Os resultados laboratoriais devem ser documentados. Caso haja infecção,
esses exames em geral demonstram elevação da contagem dos leucócitos e au-
mento da velocidade de hemossedimentação. As culturas de sangue e secreção va-
ginal podem ser realizadas para isolar o agente etiológico; contudo, esse isolamento
costuma ser difícil, porque a cultura de sangue ou material vaginal pode ser conta-
minada.
Infecção localizada da ferida – Examine a paciente para detectar áreas lo-
calizadas de edema, eritema e hiperestesia; secreção purulenta; afastamento das
bordas da ferida e disúria. Deve-se ficar atento para as queixas de dor numa área
específica. A avaliação dos lóquios pode ser importante; por exemplo, numa pacien-
te com infecção localizada da episiotomia, os lóquios podem ter odor fétido e colora-
ção amarelada. Observe a cor, a quantidade, a consistência e o odor dos lóquios.
Endometrite
Verifique se a paciente tem febre (que pode ser baixa ou chegar a 39,4°C),
mal-estar, letargia, anorexia, calafrios, pulso rápido, dor abdominal baixa ou hiperes-
tesia uterina e cólicas puerperais intensas. Os lóquios podem ser normais ou ter o-
dor fétido, escassos ou profusos e sanguinolentos ou serossanguinolentos e casta-
nhos.
Salpingite
Os sinais e sintomas da salpingite são febre com calafrios, aumento da velo-
cidade de hemossedimentação e presença simultânea de dor abdominal baixa com
ou sem hiperestesia de rebote, hiperestesia à mobilização da cérvice e hiperestesia
anexial. Em geral a existência de secreção vaginal não é considerada no diagnóstico
da salpingite.
Parametrite
Além dos sinais e sintomas da endometrite, essa condição pode causar febre
persistente e prolongada e hiperestesia em um ou em ambos os lados do abdome.
Peritonite
O quadro clínico da peritonite também se assemelha ao da endometrite. Ou-
tras anormalidades possíveis são vômitos, diarréia, ansiedade, taquicardia, respira-
ções superficiais e distensão intestinal. Verifique também se o abdome tem defesa,
rigidez e hiperestesia de rebote.
41
Tromboflebite
Avalie a existência de hiperestesia, calor e rubor no segmento de uma veia.
Tente provocar o sinal de Homans. Verifique se há febre baixa e um aumento discre-
to da freqüência do pulso.
Choque séptico
Na paciente com infecção suspeita ou comprovada, deve-se ficar atento aos
sinais de febre, confusão, náuseas, calafrios, vômitos e hiperventilação. Nas fases
iniciais do choque, as determinações da gasometria arterial costumam indicar alca-
lose respiratória. Mais tarde, a paciente torna-se apreensiva, inquieta, irritável, se-
denta, ruborizada e apresenta taquicardia, taquipnéia, hipotermia e anúria. Os resul-
tados da gasometria arterial podem indicar progressão para acidose metabólica com
hipoxemia.
Além da análise da gasometria arterial, o médico solicitará vários exames pa-
ra confirmar o diagnóstico e orientar o tratamento – exames hematológicos, leuco-
metria, dosagens da uréia e creatinina séricas, pressão venosa central, pressões
arterial e capilar pulmonar em cunha e monitoração hemodinâmica.
MASTITE
Conceito
As mamas têm papel fundamental no período puerperal. Assim, também es-
tão sujeitas a intercorrências que merecem atenção pelo enfermeiro. Uma delas é a
mastite.
É um processo inflamatório ou infeccioso que pode ocorrer na mama
lactante, habitualmente a partir da segunda semana após o parto.
43
Classificação
Segundo Neto (2006), quanto a sua localização as mastites podem ser (crité-
rios de Vinha):
o Mastite lobar: acomete uma região ou lóbulo. É o tipo mais freqüente.
o Mastite ampolar: acomete parte ou toda a aréola.
o Mastite glandular: toda glândula mamária é afetada.
Fatores Predisponentes
Existem fatores predisponentes para o aparecimento destas lesões:
Fatores gerais: cansaço por excesso de tarefas, estresse psicológico, tempo
de sono reduzido, levam a diminuição do estado imunológico.
Fatores locais: ingurgitamento mamário, fissuras e ducto bloqueado. As fissu-
ras são a principal causa de mastite por apresentarem solução de continuidade, ser-
vem como porta de entrada para germes.
Etiologia e incidência
Essa inflamação da mama, que ocorre em 2 a 6% das mulheres que ama-
mentam ao seio (em especial as primigestas), envolve os tecidos em torno do mami-
lo e, algumas vezes, também o tecido conjuntivo periglandular. A causa mais comum
é a infecção pela bactéria Staphylococcus aureus; outros agentes etiológicos são
estreptococos beta-hemolíticos, Haemophilus influenzae, H. parainfluenzae, Esche-
richia coli e Klebsiella pneumoniae. Embora nem sempre isso ocorra, o agente pato-
gênico costuma penetrar por uma rachadura ou abrasão do mamilo. A amamentação
44
Conceito
Algumas pacientes sofrem lacerações da vagina e da cérvice durante o nas-
cimento do bebê. Além disso, o trabalho de parto e o nascimento comumente cau-
sam alterações da posição das estruturas pélvicas.
Classificação e Etiologia
As lesões do canal de parto são lacerações vaginais e perineais, lacerações
cervicais, lesões do músculo elevador do ânus, lesões das articulações pélvicas,
relaxamento pélvico e fístulas.
Lacerações vaginais e perineais – As lacerações do segmento anterior da
vagina, próximo à uretra, são relativamente comuns durante o parto. Em geral, es-
sas lesões são acompanhadas de lacerações do períneo; uma laceração perineal
profunda pode envolver o esfíncter anal e estender-se pelas paredes vaginais. As
lacerações dos terços médio e superior da vagina, que são menos comuns do que
as lacerações anteriores, costumam ser devidas ao parto a fórceps e podem causar
sangramento copioso.
Lacerações cervicais – As lacerações cervicais de até 2 cm de comprimento
são comuns durante o nascimento do bebê. Comumente, essas lesões cicatrizam
sem intercorrências dentro de seis a 12 semanas e não causam complicações adi-
cionais; contudo, o orifício externo fica permanentemente alongado.
As lacerações cervicais profundas, que em alguns casos resultam do trabalho
de parto acelerado, podem causar hemorragia grave devida à vascularização abun-
dante da cérvice e à fragilidade dos tecidos adjacentes. A laceração pode envolver
um ou ambos os lados da cérvice, algumas vezes chegando ou até passando da
junção vaginal.
Lesões do músculo elevador do ânus – O elevador do ânus é um músculo
duplo que atravessa o arco púbico e o diafragma pélvico, sustentando o assoalho
perineal. A lesão desse músculo se deve à hiperdistensão do canal de parto; por sua
vez, isso pode levar à separação ou à redução do tônus das fibras musculares. Con-
seqüentemente, a pelve torna-se relaxada e a paciente pode ter incontinência uriná-
ria, caso o músculo pubococcígeo também seja envolvido.
46
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
SILVA, Carlos Roberto Lyra da; SILVA, Roberto Carlos Lyra da. Dicionário Compac-
to de Enfermagem. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2004.
SILVA, Janize C. Manual obstétrico: um guia prático para a enfermagem. 2.ed. rev. e
ampl. São Paulo, Corpus, 2007.