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Inteiro Teor

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Númeração Única: 0145606-76.2010.8.13.0000


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Relator: Des.(a) MANUEL SARAMAGO
Relator do Acórdão: Des.(a) MANUEL SARAMAGO
Data do Julgamento: 09/02/2011
Data da Publicação: 25/03/2011
Inteiro Teor:
EMENTA: MANDADO INJUNÇÃO. APOSENTADORIA ESPECIAL. GOVERNADOR DO
ESTADO. ILEGITIMIDADE. CARACTERIZAÇÃO. INCOMPETÊNCIA. Falece legitimidade
ao Governador do Estado de Minas Gerais para figurar no polo passivo de Mandado
de Injunção, objetivando suprir omissão legislativa que regulamente o direito à
aposentadoria especial. Compete à União Federal legislar sobre a seguridade social.

MANDADO DE INJUNÇÃO N° 1.0000.10.014560-6/000 - COMARCA DE BELO


HORIZONTE - IMPETRANTE(S): NILTON DE OLIVEIRA - AUTORID COATORA:
GOVERNADOR ESTADO MINAS GERAIS - RELATOR: EXMO. SR. DES. MANUEL
SARAMAGO

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda a CORTE SUPERIOR do Tribunal de Justiça do Estado de Minas


Gerais, sob a Presidência do Desembargador CLÁUDIO COSTA , incorporando neste o
relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas,
à unanimidade de votos, EM DENEGAR A ORDEM.

Belo Horizonte, 09 de fevereiro de 2011.

DES. MANUEL SARAMAGO - Relator

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

O SR. DES. MANUEL SARAMAGO:

VOTO

NILTON DE OLIVEIRA impetra mandado de injunção em face do EXMO.


GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, pretendendo seja "suprida a omissão
legislativa por meio de decisão desse Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas
Gerais, legislando no caso concreto, de forma que seja concedida, conforme

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determinado pela Constituição Federal e Estadual, a concessão de aposentadoria


Especial ...".

Sustenta o impetrante que é servidor público estável, desde 10.03.87, em exercício


nas funções relativas ao cargo de Auxiliar de Necropsia, auferindo a "gratificação de
risco de contágio" por estar exposto a agentes insalubres, em grau máximo.
Contudo, inexiste no âmbito do Estado de Minas Gerais Lei Complementar
regulamentando o direito à aposentadoria especial de que trata o § 4º do art. 40 da
Carta Magna.

Preliminares

Primeira preliminar

Merece acolhimento a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pela douta


autoridade apontada como coatora.

Realmente, os requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria


aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, que exerçam atividades de
risco ou sob condições especiais e prejudiciais à saúde ou à integridade física, devem
ser regulados em leis complementares, a teor do que dispõe o art. 40, §4º, incisos II
e III, da Constituição da República, com redação dada pela EC 47/05, verbis:

Art. 40

(...)

§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de


aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos
termos definidos em leis complementares, os casos de servidores:

(...)

II que exerçam atividades de risco;

III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a
saúde ou a integridade física. (grifei)

O art. 22, "caput" e inciso XXII, da Carta Magna, em clara e indiscutível dicção,
consagra a competência privativa da União para legislar sobre seguridade social,
verbis:

Art. 22 - Compete privativamente à União legislar sobre:

(...)

XXIII - seguridade social;

Por sua vez, o art. 194 da Constituição Federal, estabelece, verbis:

Art. 194 - A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de


iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos

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relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Interpretando sistematicamente os dispositivos acima transcritos, força concluir o


seguinte: o direito à aposentadoria especial aos servidores efetivos que exerçam
atividades de risco ou em condições prejudiciais à saúde deve ser regulamentado
através de lei complementar de competência privativa da União Federal.

Nem mesmo a incidência do parágrafo único do art. 22 da Carta Magna, teria o


condão de reconhecer a competência Estadual para legislar sobre a matéria,
porquanto inexistente qualquer delegação da União.

Saliente-se, a propósito, que o § 1º, inciso II, "c" do art. 61 da Carta Magna,
estabeleceu que as leis que tratam de aposentadoria são de iniciativa privativa do
Presidente da República.

Com efeito, como a suposta omissão de regulamentar o art. 40, § 4º, da CF/88, é do
Presidente da República, flagrante a ilegitimidade da autoridade coatora.

E, mesmo que assim não fosse, como corolário do acolhimento da preliminar de


ilegitimidade passiva, este Tribunal não teria competência para julgar o presente
feito, a teor do disposto no art. 102, inciso I, "q", da Carta Magna, verbis:

Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

(...)

q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for


atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do
Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
Supremo Tribunal Federal; (grifos nossos)

Referentemente, eis a jurisprudência da Corte Superior deste Tribunal, verbis:

Mandado de Injunção. Servidor estadual. Direito à aposentadoria especial.


Ilegitimidade passiva do Governador do Estado. Competência do Supremo Tribunal
Federal. É manifesta a ilegitimidade passiva ""ad causam"" da autoridade impetrada,
se não lhe cabe a iniciativa da lei necessária à efetivação do direito reclamado.
Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, originariamente, mandado de
injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do
Presidente da República. Mandado de injunção extinto. (MANDADO DE INJUNÇÃO N°
1.0000.09.512843-5/000, RELATOR: EXMO. SR. DES. ALMEIDA MELO, DJ de
24.09.10)

Como asseverado pela douta Procuradora de Justiça que promoveu no feito, à f. 96-
TJ, verbis:

Vale dizer, por oportuno, que os Mandados de Injunção citados na inicial como
jurisprudências abarcadoras do direito reclamado (788/DF e 721/DF foram julgados
originariamente pelo Supremo Tribunal Federal, ainda que relativos à servidores

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públicos lotados no Distrito Federal, bem como tantos outros referentes à alegadas
omissões legislativas impetrados por servidores dos Estados de São Paulo, Pará, o
que reforça a competência daquele Soldalício para a apreciação do mandamus.

Isso posto, hei por bem DENEGAR A ORDEM.

Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os Desembargador(es): BELIZÁRIO DE


LACERDA, PAULO CÉZAR DIAS, ARMANDO FREIRE, ANTÔNIO ARMANDO DOS
ANJOS, FRANCISCO KUPIDLOWSKI, DÍDIMO INOCÊNCIO DE PAULA, RONEY
OLIVEIRA, ALMEIDA MELO, JOSÉ ANTONINO BAÍA BORGES, KILDARE CARVALHO,
BRANDÃO TEIXEIRA, ANTÔNIO CARLOS CRUVINEL, SILAS VIEIRA, WANDER
MAROTTA, CAETANO LEVI LOPES, GERALDO AUGUSTO e AUDEBERT DELAGE.

SÚMULA : DENEGARAM.

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