Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
“O pior era o
jaguncismo
oficializado.
Eram as instituições
oficiais com jagunços
lá dentro”
O juiz nem pestanejou: “Justiça, para ser boa, tem que começar
em casa”. O conterrâneo do juiz foi condenado, preso e depois
nunca mais foi visto em Cascavel.
Ameaçado de morte e acusado de ser inflexível demais, ainda
assim, ao deixar a função de juiz, Figueiredo decidiu advogar nesta
cidade injusta.
Só uma coisa iria abalar esse baiano “sistemático”: a morte da
esposa Maria Thereza de Abreu, professora, depois homenageada
com o nome de uma escola em Cascavel.
Epiphânio teve com ela quatro filhos: Valéria, que foi servir na
Aeronáutica, Paulo (engenheiro agrônomo), Cláudio (advogado) e
Maria Thaís (jornalista).
A Cascavel que Epiphânio encontrou clamava por justiça: “Todo
mundo andava armado. O pior era o jaguncismo oficializado. Eram
as instituições oficiais com jagunços lá dentro”.
Quando a morte o golpeou, em 16 de novembro de 1997, a
democracia pela qual ele tanto lutou havia sido conquistada pelo seu
MDB mais de uma década antes, mas as injustiças ainda se
acumulavam no País.
Em uma reunião com jornalistas, que ele carinhosamente
chamava de “mexericólogos”, pouco tempo antes de sua morte,
reconheceu que ainda havia muito por fazer: “Conquistar a
democracia não é a democracia. A democracia é uma construção
ainda longe de acabar”.
Cabe aos que sobreviveram cimentá-la e lhe dar o devido
acabamento.