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CENTRO DE FORMAÇÃO MINISTERIAL

DISCIPLINA: LEGADO ESPIRITUAL


PROFESSOR: FÁBIO VAZ

Aluno: Leidmar Magnus Festa

DWIGHT L. MOODY, O GANHADOR DE ALMAS


A vida e a obra do maior evangelista do século XIX

Maio/2011
1 VIDA
Conforme narra Boanerges Ribeiro, a infância do Dwight Lyman Moody, bem como
sua adolescência foram muito difíceis. O evangelista nasceu em 05 de fevereiro de 1837,
na cidade de Northfield no Estado de Massachusetts nos EUA, oriundo de uma família
pobre era o sexto de nove filhos, seu era pai alcoólatra e morreu aos 41 anos em 1841,
devido a falência total de seus órgãos em razão de seu vício. Com sua morte, os seus
credores logo chegaram para penhorar os bens da família, e somente não tomaram a
casa da viúva, Betsy Moody, devido a uma medida legal do governo que evitava este tipo
de prática. Betsy, era uma cristã fervorosa e conservadora, realizava a leitura da Bíblia
todo o sábado com seus filhos e aos domingos os levava para a Escola Bíblica.
Dwight L. Moody não era aplicado aos estudos, pelo contrário, era mais aplicado a
suas travessuras que levavam as professoras de sua escola a loucura e ao imediato
pedido de demissão! Trabalhando muito no campo e estudando pouco, assim cresceu o
entroncado, vigoroso, e ignorante rapaz que esbravejava com a mãe que o obrigava a
assistir os cultos dominicais (RIBEIRO, 1994).
O jovem Moody mudou-se para Boston, onde ficou empregado na sapataria de seu
tio, Samuel Sócrates Holton, sob a condição de frequentar a Escola Bíblica e assim foi, na
Igreja de Mount Vernon sendo seu professor Edward Kimball. O jovem escrevia cartas
sempre que podia para sua família, utilizando sua linguagem precária, com seus
costumeiros erros de ortografia e concordância. Ele “[...] herdou da mãe o hábito peculiar
de nunca pontuar as frases […] e as palavras eram escritas no papel da mesma forma
que eram pronunciadas” (POLLOCK, 1995). Ingressou na ACM (Associação Cristã de
Moços) e aproveitou os privilégios assistindo palestras, lendo livros da biblioteca e se
divertindo com os companheiros.
Desta maneira, como conta John Pollock, sob a influência dos sermões do pastor
convidado Edward Norris Kirk e de seu professor e Escola Bíblica, Moody começou a ter
seus pensamentos transformados: "[…] pensei que aguardaria até o momento de morrer
para me tornar cristão […] e nesse meio tempo poderia aproveitar os melhores prazeres
da vida". No sábado, 21 de abril de 1855, Edward Kimball visitou Moody no meio de seu
expediente e ali mesmo, nos fundos da sapataria de Boston o jovem entregou a vida a
Cristo (POLLOCK, 1995). Na manhã seguinte, ele descreveu a sensação da nova vida:
''Achei que o sol estava brilhando um pouco mais do que antes [...] achei que ele
estava sorrindo para mim; e, enquanto eu caminhava pelo Boston Common e ouvia os
passarinhos cantando nas árvores, achei que cantavam para mim. Sabe de uma
coisa? Eu me apaixonei pelos passarinhos […] Parecia que eu estava apaixonado por
toda a criação. Não tinha sentimento de amargura contra ninguém, e estava pronto a
aceitar o mundo inteiro em meu coração" (Pollock, 1995, pg 37).
Em 1856 foi para Chicago para ganhar dinheiro, sob a desaprovação de seu tio
Sócrates e de sua mãe, onde passou a trabalhar na sapataria de Charles and Augustus
Wiswall, onde era considerado um funcionário valioso e ótimo vendedor. A cidade estava
em pleno desenvolvimento e Moody gostou dela desde o início quando fez vários amigos
em uma reunião na Igreja Congregacional de Plymouth. Em meio a sua rotina apertada e
cheia de afazeres, o jovem apresentou-se para trabalhar na Escola Bíblica na missão da
Igreja Batista da Rua Wells, e assim, passou a buscar as crianças do bairro para
participarem dos estudos. Ele declarou mais tarde "[…] descobri qual era a minha missão
[…] se eu não soubesse doutriná-los, poderia conduzi-los a alguém com capacidade para
isso". Sexton, um dos ex-garotos de rua recorda em uma carta de 1892: "Ficamos
amigos imediatamente […] apesar de sua aparência rude e um pouco estranha, nós o
considerávamos […] muito agradável e bem-humorado […] era simples, sincero e
bondoso”.
Seu trabalho deu bons frutos, decidiu organizar uma Escola Bíblica Missionária e
logo chegou a marca de 1000 crianças frequentando e vários dos pais delas frequentando
a igreja. Em 1860 o presidente Abraham Lincoln visitou a escola de Moody quando
declarou: "Já fui pobre como qualquer destes meninos da escola, mas agora sou
presidente dos Estados Unidos, e se prestarem atenção ao que está sendo ensinado
aqui, um de vocês poderá ser presidente dos Estados Unidos". Da Escola veio a decisão
coletiva de se organizar uma igreja, e assim foi iniciada a igreja Illinois Street Church, a
qual viria a ser consumida por um incêndio em Chicago e reconstruída após três meses
em uma localidade próxima, sob o nome de Chicago Avenue Church. O casamento de
Moody com Emma Revell aconteceu em 28 de agosto de 1862, quando marido e mulher
partiram para a "minha fortaleza nupcial", como disse o evangelista.
Com o passar do tempo, o trabalho do ganhador de almas cresceu muito e em sua
viagem a Inglaterra, Moody Maluco conquistou o respeito de Gladstone e do presidente
Grant, a simpatia do presidente da Câmara dos Pares da Inglaterra, a gratidão da
princesa de Gales, e a atenção de milhões de pessoas de todas as camadas sociais na
Grã-Bretanha e Escócia (POLLOCK, 1995). Dizem que nesta viagem ele foi denominado
de “o maior evangelista do século XIX”, sendo sua pregação tão impactante quanto as de
George Whitefield e John Wesley, juntando em alguns momentos mais de 25 mil
seguidores. Nos anos de 1874 e 1875 ele ficou ainda mais conhecido e retornando aos
Estados Unidos era comum que tivesse públicos de milhares de pessoas, celebrando os
cultos de Boston a Nova York, passando por vários povos da costa oeste, como
Vancouver y San Diego1
De 1884 até 1891, Moody intensificou o movimento das campanhas evangelísticas
nos EUA e no Canadá e iniciou o projeto do Instituto Bíblico de Chicago, que serviria para
treinar de forma rápida líderes e pastores, o qual mais tarde mudou de nome para
Instituto Bíblico Moody, o qual existe até os dias atuais mantendo seu foco de treinamento
e preparação de pregadores, missionários e líderes. Moody era um homem simples e
honesto, nunca aceitou lucros de suas atividades, os quais e eram destinados ao sustento
das escolas de Northfield, isso fez com que próximo de sua morte ele não possuísse
muitos bens. Ele declarou: “minha esposa e meus filhos simplesmente terão que confiar
no mesmo Deus em que tenho confiado”. Proferiu seu último sermão em 16 de novembro
de 1899 e faleceu em 22 de dezembro daquele ano. Estima-se que suas pregações
tenham atingido mais de 100 milhões de pessoas até aquele momento.
O iletrado e sem cultura humanística, que era zombado principalmente pelos
graves erros de gramática que cometia sempre demonstrava amor mesmo diante de
insultos. “Seja dócil, em qualquer disputa encerre-a com doçura”, e com este pensamento,
ele conseguiu reunir cristãos de várias denominações para trabalharem juntos
(POLLOCK,1995).

2 OBRA
A primeira "empreitada" de Dwight L. Moody foi "recrutar" crianças carentes para a
Escola Bíblica da Missão Batista da Rua Wells em Chicago, obtendo sucesso. Após isso,
vendo a miséria na qual a cidade estava submersa, decidiu em 1858 criar uma Escola
Bíblica Missionária dentro de um vagão de trem abandonado na rua North State. O
trabalho cresceu e o grupo passou a realizar as aulas no salão do mercado North Hall –
chegando então a ultrapassar o número de 1000 crianças frequentadoras. Em 1863 foi
construído o primeiro prédio próprio na Rua Illinóis e no ano seguinte os membros da
escola decidiram organizar a Igreja Independente da Rua Illinóis.
Moody demonstrava entusiasmo pelos assuntos polêmicos de sua época e
defendia seus pontos de vista com relação a união dos estados do norte e do sul
(separados durante a Guerra Civil) e pela Abolição, ele considerava os sulistas rebeldes
por defenderem a escravidão e, para ele, a Guerra Civil era um conflito óbvio entre o bem
e o mal.
O evangelista também foi presidente da Associação Cristã de Moços (ACM) e,
juntamente com seus amigos, passou a realizar reuniões de oração regularmente durante

1 http://gediel.com.br/site/?p=872
a guerra encontrando assim um solo fértil no acampamento militar Camp Douglas.
Chegaram a realizar até dez reuniões por noite, pregando para até 950 pessoas.
Mas quando a guerra realmente começou, Chicago passou a ser uma cidade com
faixas de luto dependuradas nas portas e ex-soldados mutilados perambulando
tristemente pelas ruas, à procura de trabalho. Era agora uma cidade em que o ganha-pão
tinha sido extinguido, enquanto aproveitadores tiravam vantagens da dolorosa situação.
Neste contexto, Moody levantou valores e construiu uma capela para os soldados,
diariamente ele realizava 2 reuniões nesta capela, mais 3 na cidade, respondia a
aproximadamente 10 cartas, realizava atendimentos aos fiéis e sozinho comprava
mantimentos e lenha para os necessitados. Em 1862, após a terrível Batalha de Shiloh, a
ACM mobilizou um trem lotado de voluntários (enfermeiras, médicos e estudantes de
medicina) liderados por Moody e, em meio a jovens mutilados, corpos destroçados, e
gangrenados conseguiram levar a salvação para centenas de soldados (POLLOCK,
1995).
Apesar de ter se matriculado no Seminário Teológico Batista, Moody nunca
completou o curso, e nunca foi ordenado pastor. Aliás, ele sempre pregou como leigo,
pois “se houvesse sido pastor exclusivo de uma denominação, Moody não teria, naquela
geração, alcançado êxito em conseguir o amplo apoio de pastores de outras
denominações” (POLLOCK, 1995). Nada disso foi empecilho para ele, que em suas
campanhas pela Inglaterra, Escócia e Irlanda chegou a arrebanhar mais de 25 mil
pessoas em um único culto.
Juntamente com David Sankey, músico e colega de ministério, Moody compôs o
seu primeiro hinário – e nunca aceitou ter lucros com a venda do mesmo. O ganhador de
almas também criou o Instituto Bíblico Moody2, o qual existe até os dias de hoje e fornece
educação teológica aos líderes, pastores e missionários.

3 LEGADO PARA HOJE


O legado que Dwight L. Moody deixou para os cristãos do século XXI e para o
cristianismo contemporâneo pode ser bem exemplificado através da declaração feita por
R. A. Torrey, um dos discípulos do grande evangelista, que enumerou sete razões 3 pelas
quais Deus usou a vida de Moodv:
1. era um homem inteiramente submisso: isso com certeza deve ser trazido para os
dias atuais, onde a insubordinação a Deus toma conta do pensamento das
gerações moderna, pós-moderna e net-moderna. O provérbio que diz “o temor ao
2 http://www.moody.edu/
3 As razões listadas estão em itálico em cada item de 1 a 7. O resto do texto é complemento do autor para conclusão do
pensamento.
Senhor é o princípio da sabedoria” deveria ser mais lembrado pelos homens;
2. era um homem de oração: esta prática infelizmente está esquecida no meio cristão,
a expressão “joelho de camelo”, a qual se refere ao cristão que tem os joelhos
marcados devido as longas horas que fica prostrado diante do Senhor, caiu no
esquecimento, assim como a prática da oração;
3. era um estudante profundo e prático das Escrituras: não há como falar de algo que
não conhecemos, e por isso é importante estudar a Bíblia;
4. era um homem humilde: todo cristão deve entender que é servo e, todo servo deve
ser humilde;
5. era um homem com desprendimento pelo dinheiro: a escritura sagrada nos mostra
que somente podemos ter um Senhor! Se você é apegado ao dinheiro, ele tomará
o lugar de Deus em sua vida;
6. era um homem com ardente paixão pela salvação dos perdidos: todo cristão
precisa amar ao próximo, desta maneira, automaticamente nosso coração vai arder
pela salvação do descrente;
7. era um homem revestido do poder do alto: somente seremos revestidos do poder
de Deus se nos sujeitarmos a ele e passarmos pelo processo de santificação.

4 BIBLIOGRAFIA

D. L. Moody: O maior evangelista do século XIX, Disponível em


<http://gediel.com.br/site/?p=872> Acesso em 29/05/2011

D. L. Moody, Disponível em <http://prosadecrente.blogspot.com/2011/03/gente-boa-d-l-


moody.html> Acesso em 29/05/2011

D. L. Moody (1837-1899), Disponível em <http://www.icrvb.com/conteudo.php?id=125>


Acesso em 30/05/2011

LibraryThing, Disponível em <http://www.librarything.com> Acesso em 31/05/2011

D. L. Moody Story, Disponível em <http://www.moodyministries.net/crp_mainpage.aspx?


id=64 > Acesso em 31/05/2011

RIBEIRO, Boanerges. Seara em Fogo. 7.ed. São Paulo: Cpad, 2001.

POLLOCK, John. Moody, uma biografia. 3. ed. São Paulo: Vida , 2005.

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