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A MORTE NO CALVRIO Ao meu amigo PADRE SILVEIRA SARMENTO Consummatum est!

EI-LO, VAI sobre o alto Calvrio Morrer piedoso e calmo em uma cruz! Povos! naquele fnebre sudrio Envolto vai um sol de eterna luz! Ali toda descansa a humanidade; o seu salvador, o seu Moiss! Aquela cruz o sol da liberdade Ante o qual so iguais povos e reis! Povos, olhai! - As fachas morturias So-lhe os louros, as palmas, e os trofus! Povos, olhai! - As prpuras cesreas Valem acaso em face do Homem-Deus? Vede! mana-lhe o sangue das feridas Como o preo da nossa redeno. Ide banhar os braos parricidas Nas guas desse fnebre Jordo! Ei-lo vai sobre o alto do Calvrio Morrer piedoso e calmo em uma cruz! Povos! naquele fnebre sudrio Envolto vai um sol de eterna luz! II Era o dia tremendo do holocausto... Deviam triunfar os fariseus... A cidade acordou toda no fausto, E face das naes matava um Deus! Palpitante, em frentico delrio A turba l passou: vai imolar!

Vai sagrar uma palma de martrio, E a fronte do Glgota o altar! Em derredor a humanidade atenta Aguarda o sacrifcio do Homem-Deus! Era o ris no meio, da tormenta O martrio do filho dos Hebreus! Eis o monte, o altar do sacrifcio. Onde-se vai operar-se a redeno Sobe a turba entoando um epincio E caminha com ela o novo Ado! E vai como ia outrora s sinagogas As leis pregar do Sio e do Tabor! que no seu sudrio as alvas togas Vo cortar os tribunos do Senhor! Planta-se a cruz. O Cristo est pendente;. Cingem-lhe a fronte espinhos bem mortais; E cospe-lhe na face a turba ardente, E ressoam aplausos triunfais! Ressoam corno em Roma a populaa Aplaudindo o esforado gladiador! que so no delrio a mesma raa, A mesma gerao to sem pudor! Ressoam como um cntico maldito Pelas trevas do sculo a vibrar! Mas as douradas leis de um novo rito Vo ali no Calvrio comear! Sim, a hora. A humanidade espera Entre as trevas da morte e a eterna luz; No a redeno uma quimera, Ei-la simbolizada nessa cruz! a hora. Esgotou-se a amarga taa; Tudo est consumado; ele morreu, E aos cnticos da ardente populaa Em luto a natureza se envolveu!

Povos! realizou-se a liberdade, E toda consumou-se a redeno! Curvai-vos ante o sol da Cristandade E as plantas osculai do novo Ado! Ide, ao som das sagradas melodias, Orar junto do Cristo como irmos, Que os espinhos da fronte do Messias So as rosas da fronte dos cristos!

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