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Fechado

Ricardo Barras

Grilhetas nos ps Para que no andes.

Grilhetas nas mos Para que no faas.

E, lentamente Tapam-te os olhos Para que no vejas O que a tua boca Quer denunciar.

Medo
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Foram eles que te pintaram a noite Cerraram-te com a maior escurido Com uivos desconhecidos Para que quebres a todos os passos.

Foram eles que criaram o teu bem-estar Imaginado. Para que te sintas sempre Pisar, sempre assente no cho Que eles construram para te proteger.

No te esqueas que tu s Apenas Uma carga que eles transportam E vendem E trocam E compram E que se te iludes a achar que no s apenas um escravo Dos piores que h: Um escravo ignorante Um escravo feliz.

Respeito
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Deixaste de te respeitar Quando aprendeste Que j no podes ser criana.

Quando te lavaram a cabea Para pensar Que tinhas que fazer o que te mandassem Para que fizesses por ti.

Deixaste de te respeitar Quando puseste de parte o respeito Pelo prximo Em prole do teu.

Deixaste de te respeitar Quando acreditaste que isso viria De grandes festas e grandes bodegas De grandes ordenados e grandes ignorncias.

Deixaste de te respeitar Quando perdeste a tua opinio E te abaixaste para engolir sapos Antes de dares a ouvir a tua voz.

Precisas de respeito Porque pes comer, talheres e pratos na mesa Porque pes roupa, cama e almofadas nos quartos
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Porque ainda te lembras De que tens Opinio E voz.

Ignorncia
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A maior arma Daqueles que sabem exactamente O que tu no sabes.

Porque se sabem E tu no Tu achas que no podes criticar Tu achas que no podes mudar.

Tu Achas Que felicidade Apenas Pr O po Na mesa E os lenis Na cama.

Mas Sempre Quiseste Mais.

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