Você está na página 1de 2

Tribunal de Contas enganado para aprovar auto-estradas

Sbado, 19 Maio 2012 08:43 Acessos: 1394 Tribunais

So todos os nove juzes da seco de auditoria a denunciar por unanimidade que o Tribunal de Contas foi enganado e s por isso autorizou a construo de seis parcerias pblico-privadas, lanadas pelo anterior Governo.
No um, nem um colectivo de trs, como na maioria dos casos. O relatrio, aprovado no passado dia 10, pe em causa a legalidade da Auto-estrada Transmontana, da Soares da Costa e da FCC, bem como das concesses Douro Interior, do consrcio Aenor/Mota-Engil, do Baixo Alentejo e Algarve Litoral, da Edifer/Dragados, Litoral Oeste, do consrcio MSF/Brisa/Somague, e Baixo Tejo, da Brisa, no valor global de 10 mil milhes de euros.

Nenhuma destas obras podia ter arrancado sem visto do Tribunal de Contas, que foi recusado primeira tentativa em cinco concesses, com um argumento simples. Entre o concurso e os contratos finais o Estado assumia um prejuzo ilegal de 705 milhes de euros. A Estradas de Portugal, contudo, endereou um segundo pedido de visto. Mas, garantem os nove juzes, s teve sucesso porque escondeu ao Tribunal de Contas informao financeira essencial, relativa a contratos paralelos celebrados entre os bancos financiadores, as construtoras privadas e a prpria empresa pblica, denominados acordos contingentes, que no foram submetidos a visto do Tribunal de Contas. O relatrio de auditoria, a que a TVI teve acesso, demolidor: Nesta auditoria, foi detectada a existncia de acordos consagrando um conjunto de compensaes financeiras devidas s concessionrias sem reservas ou condies. Os juzes denunciam que o Estado assumiu obrigaes financeiras sem as deixar explcitas nos contratos. Estes acordos no foram referenciados nesses contratos nem sequer indicados como seus anexos. E sem as comunicar ao tribunal nos pedidos de visto. Tambm no foram juntos aos processos do segundo pedido de fiscalizao prvia do Tribunal de Contas Ora, essas compensaes so ilegais e, caso tivessem sido conhecidas pelos juzes, teriam conduzido ao chumbo dos projectos, como recentemente aconteceu com o TGV. Este tribunal alerta para a falta de fundamentao legal destas compensaes contingentes. Caso os respectivos pagamentos venham a ocorrer, podem constituir infraces financeiras punveis. Esta grave denncia do Tribunal de Contas estava pronta num relatrio que esteve

para ser aprovado ainda antes das eleies legislativas, como a TVI noticiou h um ano. O novo documento, que agora revelamos, ainda mais demolidor para o anterior Governo e para a ento administrao da Estradas de Portugal. Assinala-se a significativa falta de transparncia do processo. Carlos Enes |TVI24 | 18/05/2012

Você também pode gostar