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OTIMISMO CAUTELOSO

O início de 2020 dava sinais de que o mercado brasileiro de aviação de negócios teria um ano histórico. Depois de um desgastante processo recessivo entre 2015 e 2018, a demanda por aviões e helicópteros havia aumentado em 2019 e tudo indicava uma recuperação vigorosa em 2020, com prognósticos realmente animadores para a indústria como um todo. Veio então a pandemia e o mundo parou.

As medidas de contingenciamento da covid-19 – que assolaram o transporte aéreo regular – também impactaram a aviação de menor porte, ainda que de maneira mais branda. Entre os táxis-aéreos, o pico de fretamentos para voos de repatriação e o aumento da demanda tanto para o transporte de carga (sobretudo biológica e sanitária) como para evacuação médica compensaram em parte a queda do número de passageiros convencionais. No âmbito governamental, missões essenciais de utilidade pública não cessaram.

Entre os operadores privados, empresários de segmentos menos afetados, como o agronegócio, continuaram voando. O mesmo se deu com a aviação agrícola e os helicópteros do segmento offshore. Já aqueles que costumavam realizar viagens intercontinentais tiveram de manter seus jatos em solo por causa dos fechamentos de fronteira. Muitos aproveitaram para antecipar manutenções, o que manteve as oficinas ocupadas durante a quarentena. Do ponto de vista da indústria, as transações de compra e venda de aeronaves sofreram uma brusca interrupção e os fabricantes tiveram de se readequar à redução de demanda e às dificuldades logísticas e sanitárias para entregar suas máquinas e treinar pilotos.

Passados mais de seis meses do surto global da síndrome respiratória causada pelo novo coronavírus, não há um consenso sobre o que vai acontecer nos próximos meses. Os dados ainda são insuficientes para se dimensionar o impacto da pandemia. É difícil dizer, por exemplo, se estamos assistindo a uma interrupção temporária dos negócios, o começo de uma crise mais profunda ou uma transformação estrutural na dinâmica econômica global. Conversando com alguns dos principais executivos do mercado latino-americano de aviação de negócios, mesmo diante das incertezas, é possível identificar entre eles um otimismo cauteloso.

AO LARGO DA CRISE

Com uma frota de

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