SANGUE E VINHO
Nasci e vivi por mais de 30 anos no estado de Minas Gerais, no Brasil. Desde a descoberta do ouro nos aluviões dos seus rios, nos finais do séc. XVII, que esta linda região colinar no interior do país passou a atrair os colonizadores portugueses, os bandeirantes - filhos de portugueses, outros povos europeus e índios - e os primeiros núcleos de povoamento rapidamente começaram a desenvolver-se. A ligação com a colónia em Minas sempre foi muito forte, para além da questão económica estratégica. Não é por acaso que a região apresenta, muito possivelmente, a mais portuguesa das cozinhas regionais do Brasil, sem de forma alguma menosprezar as influências indígena, africana e dos ingredientes únicos da terra, a amalgamarem-se nas tradições lusas e a contribuírem para sabores e perfumes muito vincados e particulares.
Na minha família cheia de cozinheiras mineiras de mão cheia, as reuniões eram sempre à volta da mesa e dos pratos típicos. Ainda que na altura não fosse um dos meus pratos preferidos, o frango ao molho pardo perfumava as nossas casas e lembro-me com grande emoção da casa histórica do meu avô na vila barroca de Sabará, com a família numerosa a partilhar essa versão da cabidela portuguesa
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