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PERSONA 5 STRIKERS

Quando RPGs japoneses ganham sequências diretas, muitas vezes elas têm aquela cara de fanfic oficial. Os estúdios dizem que a história é válida só para poder vender mais um pouco, inventam uns negócios nada a ver e fica faltando aquela energia específica do jogo original. Não temos certeza se Persona 5 Strikers vai ser canônico, mas, mesmo se aventurando em outro gênero, ele tem a alma de Persona de ponta a ponta. Já começa na abertura e nos menus, ambos com o mesmo estilo e detalhismo: cada opção exibe uma animação diferente de um personagem ao fundo e cada confirmação tem outra animação. São os menus mais estilosos dos videogames e dá gosto de passear por eles.

A estrutura e ritmo também são iguaizinhos aos do RPG de 2017. Strikers é bem focado na história. Os personagens discutem o que fazer com diálogos de vários minutos antes que você entre no Metaverse para enfrentar alguém e a todo momento tem cena nova para acompanhar. Uma dungeon termina e outro vilão aparece enquanto o arco que junta tudo vai sendo revelado bem devagar.

A narrativa em si não é tão questionadora quanto a de Persona 5. Trata-se de uma história mais simples, mas que explora como pessoas podem se tornar ruins como reação por terem sido maltratadas ou enganadas. Os vilões de Strikers não são se tornaram maus por ambição ou ruindade, mas por traumas anteriores, uma diferença interessante em relação aos chefes do RPG. Como de costume em Persona, o mundo continua sendo retratado de forma muito moderna. Dessa vez todos estão usando uma assistente virtual no celular, como a Siri do iPhone (aliás, na dublagem americana ela usa mesmo a voz da pessoa que faz a Siri), e é claro que isso rapidamente se torna uma parte importante da história.

ESSE JOGO NÃO TEM MUITO DE MUSOU. NÃO HÁ NEM CENTENAS DE INIMIGOS CORRENDO PELO CENÁRIO

O esquema todo é tão parecido que traz consigo até o problema de início lento demais de Persona 5. A primeira dungeon se arrasta por uma eternidade enquanto vários elementos da história e das mecânicas são explicados com contexto e fica meio cansativo. Na segunda dungeon a situação já melhora e a partir da terceira tudo fica bem direto, mas o começo é enrolado mesmo.

STRIKERS É 80% PERSONA

Isso é surpreendente, especialmente por ser algo produzido em conjunto com a Omega Force, estúdio que por muito tempo fez jogos de ação no atacado, incluindo colaborações como os (ruins) musou de Hokuto no Ken e as (ótimas) adaptações de One Piece Pirate Warriors. Mas todas essas versões musou eram... musou. São jogos no estilo Dynasty Warriors, com centenas de inimigos que não lhe acertam uma vez sequer enquanto seu personagem todo poderoso faz combos monstruosos. Nada contra esse subgênero da ação tão popular no Japão e até gosto de vários representantes do estilo, mas, normalmente nem adianta esperar por algo muito diferente quando a Omega Force está envolvida.

Só que de musou esse jogo não tem quase nada. Não é sobre correr por cenários grandes tentando encontrar os pontos principais onde inimigos e chefes ficam concentrados. Strikers é jogado da mesma maneira que Persona 5: em dungeons feitas para atravessar com furtividade, nas quais inimigos patrulham os corredores e você sempre deve tentar pegar um deles por trás para iniciar a batalha em vantagem. Ao iniciar a luta, brotam uma ou duas dúzias de inimigos, número baixo para algo da Omega Force, e você parte para o ataque. É a mesma coisa de P5, só que sem os personagens enfileirados e sem ações decididas por meio de menus.

Se bem que você ainda vai usar menus o tempo todo durante as lutas. O sistema de usar elementos aos quais os inimigos são fracos continua aqui. Equipar a Persona certa e usar, por exemplo, uma magia de gelo em um inimigo fraco contra esse elemento o nocauteia e o deixa aberto para um All Out Attack, finalizador poderoso que pode acabar com vários oponentes de uma vez. As lutas são feitas para durar pouquinho tempo. Já que toda a parte de Personas, magias de buff, debuffs, fraquezas e o controle de quatro personagens em batalha está presente de forma completa aqui, é inevitável segurar R1 para pausar o tempo e puxar o menu de magias o tempo todo.

A mistura entre o lado e o lado de jogo de ação funciona muito melhor do que o esperado porque é claramente o lado que manda na relação. Conservar SP para poder soltar mais magias é essencial. Guardar vai sentir que está jogando mesmo uma sequência dele.

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