AERO Magazine

SAINT-EXUPÉRY NO BRASIL

Qual leitor de Voo Noturno, ou de O Pequeno Príncipe, não foi instigado a se perguntar sobre a presença de Saint-Exupéry no Brasil, ou mesmo na América do Sul? Incrédulos, alguns duvidam disso, outros, na falta de fontes documentais relevantes, continuam a fazer essa pergunta até hoje. Esta matéria tentará trazer alguma luz aos interessados que se dedicam a acompanhar a vida do aviador e escritor, que deixou para a posteridade um profundo império literário.

Aos 18 anos de idade, Antoine de Saint-Exupéry sonhava em ser oficial da Marinha. Reprovado na admissão para a Escola Naval, sem muita convicção, ingressou na Escola de Belas Artes, na secção de arquitetura, em Paris, onde permaneceu até o ano de 1920. Com a obrigatoriedade de prestar o serviço militar, logo ele pensou em ser aviador. Para facilitar o ingresso no quadro de pilotos militares, implorou à sua mãe dinheiro para pagar aulas particulares de instrução de voo. Ele contratou um instrutor para ensiná-lo a pilotar, e pagou antecipadamente dois mil francos pela instrução. Após as primeiras lições em um avião Sopwith, o instrutor embolsou o dinheiro e esqueceu o aluno. Na ânsia de voar, aproveitou sua ausência, tomou o avião às escondidas com o auxílio de um mecânico e partiu para seu primeiro voo solo. Se a decolagem não foi difícil, ao que parece, o pouso não foi tão simples assim. Depois de várias tentativas, enfim, ele aterrissou são e salvo.

MILITAR E BUROCRATA

No mês de abril de 1921, Saint--Exupéry iniciou o serviço militar no Segundo Regimento de Aviação em Estrasburgo. Poucos meses depois, foi a Rabat, em Marrocos, onde recebeu o brevê de piloto civil, no mês de julho daquele ano. Em 1922, recebeu o brevê de piloto militar no posto de subtenente da reserva. Depois de uma curta temporada em Marrocos, em janeiro de 1922, foi transferido para Istres, na França, para fazer um aperfeiçoamento na Escola de Formação de Pilotos Militares, onde voou o avião Caudron G-3, remanescente de guerra. Foi em Istres que ele conheceu aquele que seria, mais tarde, seu melhor amigo e colega no Correio Aéreo Francês, o aviador Henri Guillaumet. Futuramente, Guillaumet se notabilizaria na América do Sul, quando sobreviveria a um grave acidente sobre a Cordilheira dos Andes, na Laguna Diamante, no mês de junho de 1930.

Depois de fazer estágios em Istres e Avord, Saint-Exupéry ainda sofreria mais uma transferência, quando foi designado como alferes para outro Regimento de Aviação, na cidade de Bourget, próximo a Paris, onde deveria

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