A broa de Avintes dava um case study. Morena, secular e emblemática, com mais de mil anos, não há muitos que resistam a este pão de milho com côdea esquadraçada e cor de âmbar, cozida, noutros tempos, em folhas de couve e polvilhada de farinha no seu topo. Húmida, sápida e macia, com um ligeiro toque agridoce, associa-se à figura feminina da padeira de Avintes, mulher formosa, e muitas vezes também barqueira, que a trazia da margem esquerda do Douro para o Porto.
Não será por acaso que tem mais de dez séculos e faz parte da nossa identidade. Podia ser de qualquer ponto junto à margem do rio, do Areiinho à ribeira d’Arnelas. A padeira vinha de barca à cidade, remando com uma mulher barqueira, até ao Cais da Ribeira e, para além da broa com formato de cilindro convexo, trazia biscoitos morenos e crocantes ou pão loiro de mistura. Por vezes, era a própria padeira que remava de pé e com longa pá, nos barcos valboeiros, cantando uma toada lenta que embalava quem a ouvia. Marinheira de água doce, esbelta, à proa do pangaio, a barqueira e a padeira de Avintes ganharam fama e não era só por todas estas qualidades.
É que a