“NÓS REALMENTE SUBESTIMAMOS o que os porta-enxertos podem fazer”. A frase do enólogo Bob Cabral, que trabalhou por anos na famosa vinícola Williams Selyem, dos Estados Unidos, revela o quanto o mundo dos porta-enxertos ainda é obscuro na vitivinicultura. Em um vasto artigo de 2019, a especialista em vinho Kelli White já apontava que estudiosos no assunto ainda estavam tentando mapear melhor as funções dos porta-enxertos e suas influências mesmo com a indústria do vinho convivendo com isso em larga escala há mais de 150 anos, ou seja, desde quando a filoxera devastou os vinhedos da Europa.
Um estudo publicado no ano passado por cientistas do Departamento de Viticultura Geral e Orgânica da Hochschule GeisenheimUniversity, na Alemanha, mostrou como “Genótipos de porta-enxertos de videira influenciam a composição fenólica do bago e do vinho” em uma pesquisa com a variedade Pinot Noir. “O objetivo principal do estudo foi testar se o porta-enxerto tem alguma influência na composição fenólica da baga Pinot Noir e do vinho e, em caso afirmativo, se poderia estar relacionado ao status de nitrogênio na vinha. O portaenxerto de fato mostrou um impacto significativo nos níveis de taninos do