

Quantas vezes abrimos o frigorífico e destapamos caixas com restos sem saber o que lhes fazer? Muitas vezes ficam ali, até ao momento em que, num ato de comiseração culposo, despachamos tudo para o lixo. Mas esses restos podem tornar-se ouro, numa perspetiva de aproveitamento. Perder alimentos que não são consumidos tornou-se cada vez mais imperdoável. O desperdício começa, dentro da cadeia alimentar, já na produção, mas no seu consumo causa igualmente impacto ambiental, na diminuição da biodiversidade, reservas de água e contribui para o aumento das emissões de gases com efeito de estufa.
O desperdício começa, assim, logo em nossa casa, responsabilizando-nos, e urge repensar procedimentos e hábitos automáticos que cada vez menos fazem sentido e são até indecorosos. Em Portugal, desperdiça-se, anualmente, cerca de um milhão de toneladas de alimentos, algo assustador, sendo que um terço é da responsabilidade do consumidor. Ou seja, cada pessoa desperdiça, por ano, cerca de 180 quilos de comida. Só os agregados familiares desperdiçam 324 mil toneladas e 20% da comida é deitada fora ainda antes de chegar aos consumidores. Um desperdício que no conjunto da União Europeia chega quase aos 100 milhões de toneladas. Dá que pensar.
Para contornar o assunto, a Associação Portuguesa de Nutricionistas criou, até, um livro de receitas, em formato ebook, para a reutilização de aproveitamentos. ”Estamos a atravessar uma crise originada pelos grandes meios financeiros