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Obras posthumas
Obras posthumas
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Ebook158 pages51 minutes

Obras posthumas

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LanguagePortuguês
Release dateNov 25, 2013
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    Obras posthumas - Nicolau Tolentino de Almeida

    Portugal).)

    OBRAS

    POSTHUMAS

    DE

    NICOLÁO TOLENTINO

    DE ALMEIDA.


    LISBOA, 1828.

    NA TYPOGRAFIA ROLLANDIANA.


    Com Licença da Meza do Desembargo

    do Paço.

    A Sua Alteza.

    SONETO I.

    Tornai, tornai, Senhor, ao Tejo undoso,

    Vinde honrar-lhe outra vez a clara enchente,

    E deixai que ajoelhe entre a mais gente

    Hum protegido humilde, e respeitoso.

    Não leva a vossos pés rogo teimoso

    De importuno cansado pertendente;

    Vem beijar-vos a mão humildemente,

    A mão augusta que o fará ditoso.

    Pois foi por Vós benignamente ouvido,

    Não vai fazer em pertenções estudo,

    Vai só mostrar-vos que he agradecido.

    Ante Vós ajoelha humilde, e mudo:

    Mostrai-lhe que inda he Vosso protegido;

    Que se isto lhe ficou, ficou-lhe tudo.

    A Sua Alteza.

    SONETO II.

    Qual naufrago, Senhor, que foi alçado

    Por mão piedosa d'entre as ondas frias,

    Tal eu de antigas duras agonias

    Por vossas Reaes mãos fui resgatado:

    Pois vencestes as teimas do meu fado,

    E já vejo raiar dourados dias,

    Deixai que possa em minhas poesias

    O vosso Augusto Nome ser cantado.

    Não he digna de vós minha escriptura,

    Nem harmonia, nem estilo a adoça;

    Mas valha-lhe, Senhor, vontade pura.

    Principe excelso, consentí que eu possa

    Fazer inda maior minha ventura,

    Contando ao mundo que foi obra Vossa.

    Sahindo Conselheiro da Fazenda o Illustrissimo,

    e Excellentissimo Senhor D. Diogo

    de Noronha.

    SONETO III.

    Nem sempre em verdes annos a imprudencia

    Produz irregular procedimento:

    Nem sempre encontra o humano entendimento

    Só perto do sepulcro a sã prudencia.

    Em Vós não esperou a Providencia

    Que longas cans vos dêm merecimento:

    Em Vós mostrou que estudos, e talento

    Valem mais do que a larga experiencia.

    Os eruditos velhos Conselheiros,

    Depois que o vosso voto alli for dado,

    Serão de Vós eternos pregoeiros:

    E dirão que deveis ser escutado

    Onde os Ministros vossos companheiros

    Não sejão da Fazenda, mas do Estado.

    Aos leques mui pequenos, chamados Marotinhos.

    SONETO IV.[1]

    Fofo colchão, as plumas bem erguidas,

    E sobre os hombros nas jucundas frentes

    De enrolado cabello anneis pendentes,

    Longos chorões, bellezas estendidas,

    Era esta das matronas presumidas

    A moda, que trazião bem contentes;

    Rião-se dellas as modestas gentes

    Vendo pequenas poupas esquecidas.

    Nisto a gentil Madama aperaltada,

    Grande auctora de trastes exquisitos,

    Nova moda lhe inventa abandalhada.

    Reprova-lhe aureos leques com mil ditos.

    Eis senão quando (oh moda endiabrada!)

    Abanão-se com azas de mosquitos.

    O cruel disfarce.

    SONETO V.

    Sem murmurar padecerei callado

    Cumprindo o teu preceito violento:

    Faltava a envenenar o meu tormento

    Dever ser por mim mesmo disfarçado.

    De trazer o semblante socegado

    Farei o inculpavel fingimento:

    Nos olhos mostrarei contentamento,

    Tendo hum punhal no coração cravado.

    Este peito onde nunca engano viste,

    Que não sabe a vil arte de affectar-se,

    Onde a verdade, e a intacta fé existe,

    Martyr do amor, e do infiel disfarce,

    Nas tuas adoraveis mãos desiste

    Té dos tristes direitos de queixar-se!

    Ao Illustrissimo, e Excellentissimo Senhor

    Visconde de Ponte de Lima, Secretario

    de Estado.

    SONETO VI.

    A longa cabelleira branquejando,

    Encostado no braço de hum Tenente,

    Cercado de infeliz chorosa gente

    Hia passando o velho venerando.[2]

    Geraes repostas para o lado dando:

    «Sim Senhor; Bem me lembra; Brevemente;»

    Na praguejada mão omnipotente

    Nunca lidos papeis hia aceitando.

    Mas eu que já esperava altas mudanças,

    Melhor tempo aguardei, e na algibeira

    Metti a Petição, e as esperanças.

    Chegou, Senhor Visconde, a viradeira:

    Soltai-me a mim tambem destas crianças,

    Onde tenho o meu Forte da Junqueira.

    Fazendo Annos a Illustrissima, e Excellentissima

    Senhora Marqueza de Angeja.

    SONETO VII.

    Senhora, ha muito tempo pertendia

    Ser do vosso favor patrocinado:

    Mil vezes vos quiz dar este recado;

    Porém sempre o respeito me impedia.

    Chegou em fim o venturoso dia

    A fazer beneficios destinado:

    Vou neste privilegio confiado;

    Que a não ser isso não me atreveria:

    Vou pedir que descendo da Cadeira,

    Onde explico os crueis Quintilianos,

    Me ensineis a tomar melhor carreira.

    Que em mim ponhais os olhos soberanos,

    E que me chegue em fim a viradeira[3]

    No faustissimo dia destes annos.

    Aos Annos do Illustrissimo, e Excellentissimo

    Senhor Conde de Avintes.

    SONETO VIII.

    A varonil idade florecente

    Vos tece, illustre Heróe, annos dourados

    Para serem á Patria consagrados;

    Pois sois de Almeidas claro descendente.

    Sobre as terras, e mares do Oriente

    Inda vejo os trofeos alevantados:

    Vejo beber mil corpos aboiados

    Do turvo Gange a fervida corrente.

    No difficil caminho d'honra, e gloria

    Por ferro, e fogo a seus bons Reis servindo,

    Vos deixão por doutrina a sua historia.

    Forão

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