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A Últíma Hora
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A Últíma Hora

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About this ebook

Aos vinte e sete anos de idade Carrie Thompson-Sherman tem a vida que ela sempre quis: seu PhD, uma prestigiada bolsa e um marido maravilhoso.
Sua vida começa a desmoronar quando uma colega invejosa coloca sua bolsa em perigo e um segredo assombrado que Ray Sherman levou para casa do Afeganistão vem à tona.
Perseguido por uma investigação federal e o frenesi da imprensa que se seguiu, Carrie e Ray desesperadamente se apoiam um ao outro, até que um acidente desastroso coloca as vidas de Ray e de sua irmã em risco.
Na última hora, Carrie e Ray se encontrarão confrontados com uma escolha.
Uma escolha que mudará tudo.
LanguagePortuguês
Release dateJun 4, 2015
ISBN9781632021304
A Últíma Hora
Author

Charles Sheehan-Miles

Charles Sheehan-Miles has been a soldier, computer programmer, short-order cook and non-profit executive. He is the author of several books, including the indie bestsellers Just Remember to Breathe and Republic: A Novel of America's Future.

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    A Últíma Hora - Charles Sheehan-Miles

    A Última Hora

    Charles Sheehan-Miles

    Publicado por Cincinnatus Press

    South Hadley, MA 01075

    Direitos de autor 2015 Charles Sheehan-Miles

    Livros por Charles Sheehan-Miles

    As Irmãs Thompson

    Uma Canção para Julia

    Estrelas Cadentes

    A View From Forever

    Apenas Lembre-se de Respirar

    A Última Hora

    The Thompson Sisters / Rachel's Peril

    Girl of Lies

    Girl of Rage

    Girl of Vengeance

    Fiction

    Nocturne (with Andrea Randall)

    Republic: A Novel of America's Future

    Insurgent: Book 2 of America's Future

    Prayer at Rumayla: A Novel of the Gulf War

    Nonfiction

    Saving the World On $30 A Day: An Activists Guide to Starting, Organizing and Running a Non-Profit Organization

    Become a Full-Time Author: Practical tips, skills and strategies to turn your writing hobby into a career (with Andrea Randall)

    Dedicatória

    Para Andrea. Por sua coragem, honestidade e amizade.

    Branco (Carrie)

    —Você vai me deixar em paz? — Jessica gritou para sua irmã gêmea no banco de trás. O início do fim começou com aquelas seis palavras simples. Um guincho de pneus à nossa esquerda, o caminhão vindo do lado do motorista. Ray gritou uma maldição, Sarah gritava, e então a força do impacto foi mais alto do que qualquer som. Nos filmes, momentos cruciais às vezes acontecem em câmera lenta; para que você possa apreciar cada detalhe, admirar a tragédia ou grandiosidade do momento. A vida real não acontece assim em tudo: acontece de repente, os seus sentidos abertos, colocados nus, cada detalhe acontecendo ao mesmo tempo, enquanto sua mente assimila tudo, como se sua pele e roupas tivessem sido roubadas. O rádio tocava aquela música irritante da Carly Rae Jepsen, que Ray amava. Ray usava calça jeans e uma camiseta cinza ostentando o logotipo de um crânio que veste uma boina na frente de rifles cruzados, com as palavras ‘US Army Infantry’ estampada em cima. No seu pulso esquerdo o relógio que comprei para ele. Ele tinha cortado o cabelo, três dias antes, curto nas laterais, o que ele chamou de ‘alto e forte’. Agora a mão esquerda imitou um telefone do lado de seu rosto quando ele cantou, fora do tom, a letra de Call Me Maybe. O relógio do painel mostrava 11:15. Atrás dele, Sarah sentou-se, vestida com uma camiseta preta, calça preta e delineador preto para combinar com o cabelo preto. Ela se afastou de sua irmã gêmea mais convencional Jessica, seu maxilar serrado, com raiva. Era um dia de agosto sem nuvens, trinta e nove graus lá fora, mas no nosso carro o ar estava gelado e confortável. Estávamos descendo pela Connecticut Avenue, no cruzamento com a Tilden, no nosso caminho para o Zoológico Nacional.

    Eu vi isso no último segundo: um SUV Jeep verde com placas de Virgínia, ocromado da grade, brilhando, quando ele correu através do sinal e aceleroudiretamente para nós. O Jeep tinha placas vaidosas, onde se lia: ‘GR8 DAD’.

    Terror me inundou, minhas entranhas se contorceram, minha garganta se apertou, medo na parte de trás da minha garganta acabando com todo o pensamento. Eu não tive tempo de dizer nada, gritar, reagir, antes que ele batesse na lateral do nosso carro.

    A cabeça de Ray bateu contra o vidro, contra a frente do jeep, que parecia estar vindo direto através das janelas do lado do motorista, e vidro voou em todo ocarro, atirando em mim. A força empurrou-me para a direita, duro, e tudo ficoubranco quando batemos em outro carro.

    Branco.

    Imagens e pensamentos disformes, memórias, percorreram uma tela em branco.

    Ray em seu uniforme azul profundo, medalhas reluzentes. Ele sorriu nosso segredo através de mim, enquanto Dylan e Alexandra se beijavam na capela da universidade.

    As gêmeas, Jessica e Sarah, em vestidos combinando, brincando de esconde-esconde no andar de cima da nossa casa em San Francisco, rindo, meninas, ainda não fechadas em uma batalha constante com a outra.

    Ray de novo, seu braço direito no ar, gotas de suor na testa e círculos escuros sob os olhos, quando ele fez um juramento de dizer a verdade.

    Andando pelo gramado em Columbia com a minha irmã Alexandra em novembro passado, quando meus olhos caíram sobre Ray pela primeira vez. Ele estava com o namorado dela Dylan em um lindo dia de outono. Ray era um cara alto, de cabelo com corte curto e um sorriso fácil. Seus olhos azuis prenderam a atenção, e eu não conseguia parar de olhar para ele. Nós dois estávamos com a língua presa e desajeitados, mas ele tinha uma risada tão fácil.

    Meses mais tarde, com os braços em volta de mim, quente, seguro, quando eu inclinei minha cabeça contra seu ombro e sussurrei: — Nós vamos passar por isso. Não importa o que aconteça.

    Meus olhos se abriram e bloquearam nos dois anéis no meu dedo anelar, o diamante e a pequena faixa decorada com safiras. Meu corpo inteiro se contraiu de dor, e eu não podia mover a cabeça. Sangue e vidro polvilhado em um padrão em meu colo e nas mãos.

    — Não se mova, senhorita. — disse uma voz, e eu precisava gritar: — Eu não consigo me mexer! — mas nada saiu.

    O medo me inundou, e eu tentei virar para ver Ray e Sarah, mas alguém segurou minha cabeça no lugar, quando outra pessoa amarrava algo em torno de meu pescoço. Eles me tiraram do carro em uma maca. Uma dor aguda correu até minhas costas, e então eu estava sendo levada para longe do carro.

    — Ray... minhas irmãs... eles estão bem? — tentei gritar as palavras, mas saiu um pequeno sussurro cru.

    — Estamos verificando os outros agora, senhorita. Fique calma.

    Fique calma. Como? Eu estava ofegante. Onde estava Ray? E as gêmeas? Eu senti e ouvi um baque, e eu estava olhando para o teto da ambulância. Dois

    técnicos de emergência médica estavam amarrando algo em torno de meu pulso, enquanto o outro se aproximou e perguntou: — Você sabe onde você está, minha senhora?

    Eu me esforcei para responder, nevoeiro nublando meus pensamentos. Eu queria apertar minhas mãos na minha barriga, mas eu tinha sido amarrada. Minha garganta estava em carne viva e parecia que meu cérebro estava funcionando lentamente. Tive que me concentrar para entender suas palavras.

    — Washington. — eu disse. — Nós estávamos indo para o zoológico. Onde está meu marido? Minhas irmãs?

    Mesmo quando eu fiz a pergunta, eu odiava a lamentação em minha voz, mas eu tinha que saber se Ray e as gêmeas estavam bem. Ninguém poderia responder a minha pergunta, o que só me fez ter mais medo. O jeep nos atingiu no lado do motorista. Sarah estava sentada atrás de Ray. Ela está bem? E Ray... minha mente continuava voltando para a visão dele, a cabeça quicando na alta extremidade dianteira do jeep. Eu queria gritar. Eu não conseguia pensar. Eu não conseguia respirar.

    — Eles estão trabalhando para tirar os outros do veículo. Precisamos que você fique calma, minha senhora.

    Eu gritei: — Onde eles estão?

    — Eles ficarão bem, minha senhora, fique calma, para que possamos chegar a todos os cuidados.

    Ouvi as portas fecharem, e ficou mais escuro dentro da ambulância. Em seguida, estávamos em movimento, e eu ouvi o lamento da sirene. Da minha posição de costas, com a cabeça e o corpo imobilizado, não pude ver muita coisa, apenas um rack de equipamentos e monitores. Um dos paramédicos olhou para um monitor, lendo os números para o outro, que tomou notas. A ambulância bateu num buraco, e eu me senti guinada, então abrandamos, a buzina estridente. Foi tão alto, que minha cabeça doeu e eu estava enjoada.

    — Minha senhora, eu vou lhe fazer algumas perguntas, isso economizará tempo quando chegarmos ao hospital.

    — Sim. — eu resmunguei. Eu procurei com os meus olhos até que eu vi o paramédico. Ele tinha a pele escura, cabeça raspada, vestindo um uniforme verde escuro. Ele parecia confiante.

    — Vamos começar com o seu nome?

    — Carrie. — minha voz tremeu. — Carrie... uh... Thompson-Sherman. — fechei os olhos. Devo ter batido com a cabeça mais forte do que eu pensava. O medo me percorrendo novamente. Ray está bem? Sarah e Jessica?

    — Tudo bem, Carrie. Sou Jared. — o paramédico disse em um tom tranquilizador. — Até onde podemos dizer, você está bem. Uma possível concussão, mas nenhum osso quebrado, sem sangramento. Temos o pescoço imobilizado para proteger contra os danos na medula espinhal, mas temos certeza que você ficará bem. Eu quero que você fique relaxada.

    Eu tentei acenar e grunhi: — Relaxada.

    Eu tive que piscar para conter as lágrimas. Como diabos eles esperam que eu relaxe? Eu ainda via o carro na minha mente, um enorme jeep verde correndo diretamente para nós. A cabeça de Ray batendo contra o vidro. O vidro estilhaçando, voando em direção ao meu rosto.

    — Bom, Carrie. Agora, você pode me dizer sua idade?

    Eu tive que pensar novamente. — Vinte e seis. Não. Vinte e sete.

    — Você está tomando algum medicamento? Existem condições médicas que devemos nos preocupar?

    — Não. — eu sussurrei.

    — Você pode nos dizer quem mais estava no veículo com você?

    Eu sufoquei um soluço. — Ray. E as minhas irmãs. Sarah e Jessica. Elas estavam nos visitando. — minha voz sumiu e fiz uma pausa antes de falar

    novamente. — Elas chegaram aqui ontem à noite. De San Francisco. E... e... elas estão bem?

    — Todos ficarão bem, Carrie.

    Tentei engolir. Minha garganta estava seca, inchada. Nós batemos em outro buraco, e minha garganta encheu de vômito. — Oh Deus. — eu murmurei enquanto a bile vinha até minha garganta.

    Os paramédicos correram e Jared ordenou: — Sucção. — ácido inundou minha boca, e eu vomitei e vomitei novamente, tudo o que eu tinha comido e bebido naquele dia chegando a uma pressa enorme enquanto um deles enfiava um tubo na minha boca para sugá-lo, deixando-me engasgar, com lágrimas escorrendo meu rosto.

    Eu queria me enrolar e chorar. Eu queria encontrar Ray e minhas irmãs. Não havia nada que eu pudesse fazer, exceto ficar lá engasgando e cheirando minha própria sujeira. Meus olhos rolaram para cima, o cheiro nocivo me fazendo vomitar de novo, como se houvesse alguma coisa para expulsar. Finalmente, eu sussurrei: — Eu acho que eu estou melhor.

    Eles simplesmente me ignoraram, e aquele com o dispositivo de sucção continuou por mais alguns segundos. Minha garganta queimou.

    Jared limpou um pouco da bile do meu rosto com um lenço higiênico, enquanto o outro paramédico tirava a sucção. — Existe alguém que possamos chamar? Família?

    Fechei os olhos, tentando não gemer.

    Eu respondi a pergunta. — Por favor... chame minha irmã, Alexandra. — Alexandra era meu parente mais próximo geograficamente, apenas algumas horas de distância, em Nova York. Eu dei-lhe o número, ele anotou e a ambulância balançou e balançou, depois outro baque quando nós atropelamos mais um buraco. Fechei os olhos, tentando ignorar a náusea. Devo ter uma concussão.

    Eu esperava que eles chamassem Alexandra imediatamente. Por favor, Deus, não deixe que seja Dylan a atender ao telefone. Ele saberia como conseguir conter

    os pais de Ray, mas ele teria que tomar alguns calmantes. Dylan e Ray tinham servido juntos no Afeganistão, e eram tão próximos como irmãos. Mais próximos.

    Eu estava tão assustada.

    Eles estão trabalhando para tirar os outros do veículo.

    O que isso significa? O quanto eles foram feridos?

    Eu não tenho nenhuma resposta, eu senti a escuridão se aproximando e eu estava com tanto sono.

    — Minha senhora... você precisa se manter acordada. Tem uma concussão. Abra os olhos.

    Eu lutei para abri-los e tentei falar. Minha garganta estava tão seca que eu não poderia fazer mais do que grasnar.

    — Você vai chamar a minha irmã? — perguntei. — Por favor?

    Jared colocou a mão no meu ombro. — Vamos. Prometo.

    — Obrigada. — eu sussurrei.

    Foi à viagem mais longa da minha vida.

    Você é a esposa? (Carrie)

    —Minha senhora, eu sou a enfermeira da triagem. Vamos verificá-la rapidamente, tudo bem? — a enfermeira era mais jovem do que eu, mas ela exalava calma. A sala de emergência estava lotada, e a maca que eu estava deitada tinha sido empurrada contra uma parede no corredor. As paredes em tons de creme e arte abstrata foram projetadas para acalmar, mas os equipamentos para cima e para baixo no corredor, vários bipes e alarmes que eu podia ouvir, e o movimento eficiente e apressado de enfermeiros e médicos os superava.

    — Eu preciso saber onde Ray e minhas irmãs estão.

    — Eu prometo, vamos descobrir. Por agora, eu preciso que você fique calma enquanto eu verifico a sua pressão arterial e sinais vitais, tudo bem?

    Eu balancei a cabeça, e ela escorregou uma braçadeira de pressão arterial pelo meu braço e apertou o velcro em torno dele.

    — Eu preciso lhe fazer algumas perguntas. — ela apertou um botão em um monitor e a braçadeira começou a se expandir, apertando meu braço. — Sabe o que aconteceu?

    — Acidente de carro.

    — Tudo bem, você pode me dizer em que ano estamos?

    Eu pisquei então disse. — 2013.

    — Ok, bom. Você sabe quem é o presidente? — ela encontrou meus olhos quando fez a pergunta.

    Eu estava ficando impaciente. — Barack Obama.

    — Você bateu a cabeça ou perdeu a consciência?

    — Eu não sei.

    — Tem um pouco de hematomas no lado de seu rosto, não é ruim. — disse ela. — Náusea?

    Eu fiz uma careta. Vomitei na ambulância, mas isso não foi sequer a primeira vez hoje. — Sim.

    — Tudo bem, talvez seja necessário enviá-la para uma tomografia computadorizada, o médico irá decidir quando ele examiná-la. Deixe-me dar uma olhada em seus olhos.

    Meu estômago revirou quando ela mencionou a tomografia computadorizada.

    Ela brilhou uma luz em meu olho esquerdo, depois o direito. — Parece que você está indo bem.

    Isso foi seguido por ouvir o meu peito com um estetoscópio, em seguida, verificar para se certificar de que eu podia mover meus braços e pernas e se o meu pescoço ou as costas estavam doloridos. Eu parecia estar bem.

    — Você pode se sentar?

    Lentamente, eu fiz, chegando à posição vertical sobre a maca, me preparando para a dor. Não havia nenhuma.

    — Tudo bem. O médico irá examiná-la, mas pode demorar um pouco, eles vão querer examinar os casos mais urgentes primeiro. Pode me dar o nome do seu marido e das suas irmãs? E nesse meio tempo, precisamos registrá-la.

    Dei-lhe a informação. Meu estômago estava torcido em nós e minha cabeça estava nadando. Se eu não conseguisse alguma notícia sobre Ray e as meninas logo, eu iria gritar. Eu nem sequer sabia se eles estavam sendo trazidos para o mesmo hospital. Por falar nisso... eu nem sabia onde eu estava. Que hospital é esse?

    Isso foi respondido um momento depois, quando alguém do departamento de emergência veio com uma prancheta cheia de papelada para eu preencher. Enquanto eu comecei a papelada, meus olhos continuavam indo para um casal no corredor. Eles estavam sentados juntos em uma maca, apoiando-se um no outro, e a mulher tinha sangue em sua testa enquanto eles falavam com uma enfermeira. Ambos pareciam em pânico, exaustos. Devastados.

    Eu olhei de volta para a minha própria papelada, mas meus ouvidos continuaram apanhando palavras que enviaram calafrios pela minha espinha.

    Acidente.

    Daniel não estava usando o cinto de segurança.

    Oito anos de idade.

    Jogado do carro.

    Estremeci.

    Eu mal comecei a papelada antes de parar, porque as portas para a sala de emergência se abriram, e minha frequência cardíaca disparou.

    O que parecia uma pequena multidão de médicos, enfermeiros e paramédicos, veio correndo pela porta, se aglomerando ao redor de uma maca, eles estavam correndo pelo corredor em direção à unidade de trauma. Um olhar, e eu estava de pé, de repente, vertigens. Ray. Segui, correndo pelo corredor atrás deles.

    Na porta da unidade de trauma uma enfermeira bloqueou meu caminho. — Você não pode entrar aqui.

    — Esse é o meu marido! — ela cedeu, me empurrando contra a parede.

    — Você precisa ficar aqui, fora do caminho. — ela voltou ao seu trabalho.

    Moveram-se com urgência, antes de transferirem Ray para a cama de exame, em seguida, ligando-o a uma variedade desconcertante de máquinas e tubos. Monitores para verificar a sua frequência cardíaca e pressão arterial e uma centena de outras coisas, todas elas penduradas em um equipamento com rodas. — Ele vai precisar de uma linha central. — um dos médicos disse. Uma enfermeira cortou sua camisa e depois espalhou antisséptico na base do pescoço perto de sua clavícula. Segundos depois, dois deles inseriram um cateter branco longo em seu pescoço. Um dos médicos começou a cuspir instruções rápidas com uma enfermeira, e eu não entendia nada disso. Mas era claro o suficiente, quando um dos médicos disse. — Chame o Doutor Peterson na neurocirurgia. Um monitor começou a apitar, e uma enfermeira disse, em uma voz alta e calma: — Assistolia! Minha garganta se fechou com medo quando eles começaram a fazer RPC4 em Ray. Eu estava paralisada, incapaz de assistir, incapaz de desviar o olhar. Temor encheu minha garganta e eu tive que forçar para trás a necessidade de vomitar.

    — Adrenalina. — um dos médicos disse, mais uma vez com calma, mesmo enquanto eles estavam correndo em volta dele.

    Eu estremeci e desviei o olhar, cruzando os braços sobre o estômago, tremendo. Por favor. Deixe Ray ficar bem.

    Eu segurei minha respiração, tentando não prestar atenção, mas eu não conseguia parar. Meus olhos continuavam voltando para seu corpo devastado, sangue por toda parte. Seu rosto estava coberto de sangue, inchado e quase preto, e seu cabelo estava grosso de sangue coagulado. O lado esquerdo de seu corpo, desde as pernas até seu braço, parecia torto, errado, como se os ossos tivessem sido esmagados.

    Por favor, não o deixe morrer. Não agora. Não assim. Eu assisti e esperei, cada fibra do meu ser querendo apenas levá-lo em meus braços.

    O monitor apitou, então apitou novamente. Os médicos e enfermeiras fizeram uma pausa, um suspiro de alívio visível passou entre eles. Seu coração batia de novo. Eu caí contra a parede, minha mente nada mais que um vazio.

    A porta se abriu, e, em seguida, uma mulher estava parada ao meu lado. Ela tinha um pouco mais de um metro e sessenta, negra, vestindo as mesmas verdes roupas hospitalares como todos os outros.

    — Senhora Sherman? — ela falou em voz baixa. — Eu sou Michelle Bilmes, do trabalho social.

    Eu pisquei para ela, ainda tremendo e incapaz de responder. Eu não podia me forçar a olhar para longe dos médicos e Ray.

    Ela falou novamente. — Eu sou a coordenadora de reanimação de testemunhas familiar da unidade de emergência. Talvez você gostaria de sair comigo?

    Eu balancei minha cabeça. — Eu não vou a lugar nenhum.

    Ela me deu um sorriso fraco. — Eu entendo, tudo bem. Você entende que você precisa ficar próxima da porta e fora do caminho? Seu marido está em estado muito grave, e eles estão fazendo tudo que podem por ele.

    — Eu vou ficar fora do caminho. Você já ouviu falar alguma coisa sobre minhas irmãs?

    — Sua irmã Jessica está ao lado, permanecendo com Sarah. — ela franziu a testa e disse: — Sarah também está gravemente ferida.

    Eu fechei meus olhos com força. — Quão ruim?

    — É muito cedo para dizer. Mas eles estão fazendo tudo que podem.

    Eu balancei a cabeça. — E Jessica está com ela?

    — Sim, senhora. Ela está bem... algumas contusões, mas nada sério. Um médico irá examiná-la em breve também, mas ela estava na ambulância com Sarah.

    Meus olhos dispararam de volta para Ray. Eles ainda estavam trabalhando, ainda tentando estabilizá-lo. — Eu... eu perdi meu telefone. — eu disse. — Eu preciso ligar para... família...

    — Eu falei com sua irmã Alexandra ao telefone e disse a ela o que está acontecendo. Ela me disse que iria alertar o resto de sua família. E ela me pediu para avisá-la que ela e Dylan estarão vindo para cá, assim que conseguirem um voo.

    Fechei os olhos, alívio me inundou. Alexandra e Dylan estavam chegando. Oh, meu Deus. Eu sempre fui a pessoa que foi para as minhas irmãs quando precisavam de ajuda. Eu nunca percebi o quanto eu poderia precisar delas.

    E então eu me senti confusa, deprimida, pois minha irmã estava ao lado, em tão grande perigo quanto, mas Ray estava bem aqui na minha frente. Eu não sabia o que fazer. Eu não sabia para onde ir.

    Eu não podia deixar Jessica lidar com isso sozinha.

    Virei-me para a assistente social. — Eu sinto muito... eu esqueci o seu nome.

    Ela me deu um olhar de simpatia. — Michelle. Perfeitamente compreensível.

    — Estaria tudo bem se eu verificasse Sarah e Jessica?

    — Claro... venha comigo.

    Naquele momento, a porta se abriu e um homem entrou na sala. Ele usava trajes cirúrgicos e tinha o olhar arrogante que eu tinha aprendido a associar com os chefes de departamentos acadêmicos. Ele caminhou até a maca e, basicamente, abriu caminho a partir dos pés de Ray, em seguida, trabalhou seu caminho até a cabeça. Era evidente que ele era alguém com autoridade. Os médicos e enfermeiros ficaram silenciosos em sua entrada, continuando o seu trabalho. Ele se aproximou, um foco de luz na parte superior do crânio de Ray, olhando perto. — TC. — ordenou. — Em seguida, preparem-no para a cirurgia, imediatamente. Cabeça, seu braço esquerdo e perna. Engoli em seco. O homem levantou-se, em seguida, se afastou de Ray para a porta. O exame durou talvez 60 segundos. Ele fez uma pausa enquanto eu me aproximei da porta, os braços cruzados sobre o meu estômago. — Você é a esposa? — ele perguntou, sem emoção. Eu pisquei. Seu tom era imperioso, totalmente seguro de si, e sua formulação foi brusca. Em qualquer outro momento, eu poderia ter me importado, mas agora, eu só queria que ele ajudasse Ray. Ele poderia ser tão rude quanto ele quisesse.

    — Sim. Sou Carrie Sherman.

    Ele olhou por cima do ombro, em seguida, de volta para mim. — Seu marido está em estado grave. Se não operar agora, ele vai morrer. Você entende?

    Era como se ele tivesse se aproximado e me dado um soco no estômago. Eu não conseguia respirar, não podia sequer pensar muito, então eu apenas balancei a cabeça, tentando não chorar.

    — Tudo bem... eu quero que você fique fora do caminho, deixe-os prepará-lo para a cirurgia. A senhora Bilmes aqui, vai informá-la de forma mais detalhada sobre o que está acontecendo e você terá que assinar alguns formulários de consentimento. Seu marido está estabilizado agora, mas ele não está fora de perigo, e nós ainda não sabemos se ele tem algum sangramento intracraniano. Você entende o que estou dizendo?

    — Sim.

    — Bom. Aguente firme. Faremos o nosso melhor pelo seu marido.

    Eu balancei a cabeça, tentando me manter sã e sussurrei: — Obrigada.

    Um sonho? (Ray)

    Eu assisti Carrie quando ela falou com o cirurgião, enquanto os outros médicos trabalhavam sobre o meu corpo inútil, e eu nunca me senti tão impotente na minha vida.

    Isso não é verdade. Houve outras vezes.

    Senti-me impotente no dia que Carrie saiu do Instituto Nacional de Saúde, a raiva, choque e tristeza misturados em seu rosto por causa das acusações que haviam sido apresentadas contra ela, acusações que ameaçavam tudo pelo que ela havia trabalhado. A raiva tinha vencido, os nós dos dedos

    brancos contra o volante enquanto ela nos levava para casa, seu corpo inteiro tremendo.

    Eu me senti assim em relação há um ano e meio atrás, em fevereiro de 2012. Nós tínhamos saído em patrulha durante toda a noite, uma patrulha fantasma. Não porque os insurgentes estavam atirando em nós, mas porque eles não estavam. É louco? Sim, é uma loucura. Mas foi assustador também. Porque a regra, no nosso cantinho do inferno, era que, se você atravessou a cerca, os bandidos iriam nos acertar. Toda vez. Às vezes era apenas um único tiro de sniper6, ou uma bomba. Às vezes era horrível, como a granada que matou Kowalski. Mas eu não conseguia me lembrar de uma única noite que tinha ido em patrulha quando não fomos atingidos. Nem uma vez.

    Mas naquela noite, tínhamos passado despercebido, sem contestação. Nós estávamos voltando para a base operacional, quando aconteceu. A ironia é, estávamos apenas a quatrocentos metros da base, o que significa que alguém não estava prestando atenção, porque os Hajis foram capazes de enterrar uma grande bomba na estrada de terra sem interferência ou observação. Nós nem sequer percebemos isso, porque os três primeiros Hummers rolaram para a direita sobre a bomba. Em seguida, o quarto Hummer, com Dylan e Roberts... foi atingido.

    A explosão atingiu o lado do motorista. Nós estávamos bem atrás deles, e eu vi o salto do Hummer para o ar. Vozes explodiram no rádio, chamando no contato, e então ouvi um estalo alto, depois outro. Balas atingindo a lateral do meu Hummer, do lado do motorista.

    Esta era a rotina normal. Todos empilhados fora dos Hummers, nos escondendo e disparando de volta. Uma vez que as metralhadoras pesadas foram treinadas sobre os caras maus, o fogo foi suprimido, os bandidos tentaram sair, e os nossos meios aéreos foram atrás deles. Eu não sei o que aconteceu depois com os rebeldes, porque eu vi Dylan, então, ao lado do que restou do corpo de Roberts, e sua perna foi... destruída. Sangue vazando em todos os lugares. Eu gritei por um médico e comecei a enrolar a perna com

    ataduras, que eram inadequadas para o trabalho, então eu quebrei o torniquete e amarrei em sua coxa. Dylan não estava gritando, mas ele estava acordado, olhando para o céu.

    — Vai ficar tudo bem. — eu disse, uma e outra vez. Ele não respondeu. E lá estávamos nós, presos, aguardando a evacuação médica, que demorou uma eternidade. Não havia nada que eu pudesse fazer para ajudá-lo além de mantê-lo com morfina e esperar que o maldito helicóptero chegasse lá.

    Passaram semanas desde que eu ouvi notícias dele. Tínhamos notícia de que ele viveu, mas foi só isso... todo mundo sabia que ele provavelmente perderia a perna, se ele sobrevivesse mesmo. Por isso, foi uma espécie de pequeno milagre, quando recebi um e-mail de repente de Dylan depois da primavera.

    Dylan não sabia, mas seus e-mails tinham sido uma tábua de salvação para mim. Acho que ninguém sabia disso. Eu tinha me isolado, intencionalmente, depois de perder amigos para lesões e morte, e, em seguida, perder ainda mais amigos para a selvageria pura. Por esse tempo eu estava tomando notas, e mantendo fotos e documentos. Apenas no caso.

    Eu estava grato que ele foi capaz de sair antes que as coisas ficassem ruins.

    Antes disso, eu nunca me senti tão impotente, mas, desde então, eu tinha de sobra. Quando fui chamado de volta para o Exército durante o julgamento, e especialmente agora, eu odiava que eu era incapaz de fazer qualquer coisa por Carrie.

    Eu queria chegar a ela, eu queria dobrá-la em meus braços e protegê-la. Eu queria dizer a ela que ia ficar bem, mesmo que fosse uma mentira. Mas era óbvio que eu não podia fazer nada. Ninguém respondeu quando eu falei, e foi bastante claro como o meu corpo estava deitado em cima da maca com fio e entubado. As enfermeiras estavam se preparando para raspar minha cabeça. Cirurgia no cérebro? Cristo, eu não esperava.

    O acidente aconteceu tão rápido, eu ainda não consigo tirar minha mente disso. Por que ele não parou? Ele parecia estar dirigindo a cerca de noventa, quando ele soprou através do sinal. Ele estava ao telefone discutindo? Bêbado? Só não estava prestando atenção? São os seus filhos em casa perguntando onde GR8DAD foi?

    Caminhei em direção a Carrie, olhei-a nos olhos. Ela parecia... perdida... como se seus pés tivessem sido puxados debaixo dela. Com a mão esquerda, eu estendi e toquei-lhe o braço gentilmente.

    Ela estremeceu um pouco, seus olhos procurando ao redor da sala.

    — Não se torture.

    Eu disse e girei.

    Minha cunhada, Sarah, estava ao lado da porta. Estranhamente, ela não estava usando seu normalmente preto.

    Em vez disso, ela usava um vestido vermelho com bolinhas brancas, com um cinto de corrente. O cinto estava preso com um coração brilhante. Muito diferente dela. Sarah era inclinada para o preto, couro e spikes em circunstâncias normais.

    — Sarah? Eu não ouvi a porta.

    — É claro que não. Eu andei através dela. — de alguma forma eu achei isso muito angustiante.

    — Eu acho que seria tolo perguntar como você está?

    Ela encolheu os ombros. — Eles estão me preparando para a cirurgia também. Eu estava tentando confortar Jessica, apesar de que seria inútil, mesmo que este não fosse um sonho. Mas ela não pode me ouvir.

    — Um sonho?

    Ela levantou uma sobrancelha. — O que mais poderia ser?

    Ela tinha um bom ponto. Mas isso não se parecia com qualquer sonho que eu já tive. Este tinha todas as pontas afiadas da realidade. — Sim, eu acho. Parece real, apesar de tudo. Eu só queria poder fazer alguma coisa por Carrie.

    Sarah se aproximou e ficou ao meu lado, examinando Carrie. — Eu também. Ela parece horrível. Eu nunca a vi assim.

    Um dos médicos se aproximou de Carrie. — Senhora Sherman... vamos levá-lo até o Centro Cirúrgico agora.

    Sarah disse: — Ele deveria chamá-la de Doutora Sherman, não de Senhora.

    Eu levantei uma sobrancelha para Sarah. Por um lado, eu concordei. Por outro lado, esse realmente não parecia ser o momento para discutir sobre títulos.

    A assistente social, qualquer que seja o nome dela, falou em uma voz calma. — Carrie, nós temos que ir para a sala de espera. Precisamos cuidar de alguns papéis, e então eu vou levar você e Jessica até a área de espera cirúrgica. Tudo bem?

    Carrie parecia que estava em seu próprio mundo, como se ela não pudesse ouvi-los. Como se ela fosse mais um fantasma do que eu era. Depois de um atraso considerável, ela disse. — Tudo bem.

    Eu queria pegá-la em meus braços e confortá-la. Qualquer coisa.

    Um momento depois, vi que levaram meu corpo para fora da unidade de trauma. Eu o alcançaria mais tarde. Por enquanto eu permaneceria com Carrie.

    Não são para brincar (Carrie)

    Jessica estava começando a desmoronar. Eu podia ver isso em seus olhos. Ela sentou-se ao meu lado enquanto eu terminava a papelada do seguro, com as mãos mexendo e torcendo em seu colo, com os olhos parecendo vidrados. A enfermeira da triagem falou com uma mulher na recepção que estava pegando a nossa papelada, então olhou para nós.

    — Precisamos fazer um exame completo em vocês duas também.

    Eu congelei e olhei para Jessica.

    — Pode esperar? Nossa irmã e meu marido, eles vão para a cirurgia.

    A enfermeira suspirou. — Você pode esperar, embora eu não recomende. Mas sua irmã aqui não tem dezoito anos, e a menos que consiga que seus pais insistam no contrário, ela precisa ser examinada agora. Eu entendo a sua preocupação. Mas nenhum dos dois estará fora de cirurgia por... provavelmente muitas horas. Vocês precisam cuidar de si mesmas também.

    Eu respirei, depois assenti. — Tudo bem.

    — Venha por aqui, então.

    Eu estava de pé, segurando o braço de Jessica e conduzindo-a para a sala de exame. Ela obedeceu, mas com pouca energia. Eu acho que o acidente estava começando a afundar. Estranhamente, isso e me lembrou de um incidente que aconteceu a muito tempo atrás. Papai tinha terminado seu ano como embaixador na Rússia, e toda a família se mudou para a casa da cidade, em São Francisco. Com exceção de Julia, que estava na faculdade em Boston. Nós tínhamos passado muito pouco tempo na casa de São Francisco ao longo dos anos, apenas um feriado ocasional, e a casa precisava de um monte de reparos. Durante semanas, os empreiteiros estavam pelo lugar, reparando encanamento, paredes e quem sabe mais o que. Além do transtorno em nossas vidas, ter trabalhadores dentro e fora de casa estava estressando muito a nossa mãe. E o único lugar que eu não queria ficar quando minha mãe estava estressada, era perto dela. Eu tinha dezessete anos, aprontando para começar meu último ano na escola, o que fazia de mim, por vezes, a protetora das minhas irmãzinhas... e às vezes a líder. Naquele dia eu queria ficar longe do martelar constante, pregos e estrondos, então eu levei Alexandra e as gêmeas para passear no parque infantil no Golden Gate Park. Era agosto, mas bastante frio, e o nevoeiro tinha sido pesado naquela manhã, então fomos todos empacotadas em blusas. As gêmeas usavam casacos ameixa, bonitos, correspondentes. Naquela época elas eram inseparáveis, de mãos dadas onde quer que fossem. Estacionei ao lado do Bowling Green Drive, e passamos a próxima hora jogando conversa fora no parque, montando o carrossel e desfrutando de um sorvete bem merecido. Aconteceu no caminho de volta para o carro. Sarah tropeçou e caiu, com as mãos para fora, na frente dela. Em uma garrafa quebrada.

    Ela soltou um grito agudo, e eu corri de volta para ela, colocando meus braços ao seu redor e levantando-a, em seguida, eu estremeci. Um fragmento de vidro curvo, sujo havia se encaixado na palma da mão direita dela. Seu rosto estava mais pálido do que o normal, os olhos azul-claros arregalados, encarando a sua mão. Ela se acalmou instantaneamente, apenas olhando para ele.

    Eu encontrei seu olhar. — Você vai ficar bem, Bee.

    Sarah segurou a mão dela perto dos seus olhos, estudando-a. — Carrie, você pode tirá-lo?

    — Sem problemas. Vai sangrar, tudo bem? Provavelmente muito. Está pronta?

    Ela assentiu com a cabeça. Segurei a mão dela na minha mão direita e depois alcancei com a mão esquerda. De pé, há poucos metros, Alexandra segurava a mão de Jessica. Jessica estava pálida, seus olhos estavam molhados e ela estava tremendo. Quase como se fosse ela sentindo a dor.

    Olhei para Sarah e disse: — Tudo bem, feche os olhos?

    Ela balançou a cabeça. — Quero ver.

    — Tudo bem, então. — assim, sem hesitar, agarrei o pedaço de vidro na mão esquerda e puxei. Jessica fez uma careta. Ele saiu fácil, e sangue, muito sangue, brotou na palma da mão dela.

    — Acabou. Vamos para casa, certo? Você vai precisar de um band-aid jumbo para isso.

    — E água oxigenada? — ela perguntou, esperançosa.

    — Sim, água oxigenada também.

    — Ai. — Jessica disse.

    Sarah virou-se para a irmã e falou: — Está tudo bem. Não dói.

    Peguei a minha bolsa e encontrei alguns guardanapos que sobraram do almoço e passei a ela. — Mantenha isso pressionado contra o corte.

    Ela assentiu com a cabeça, pegou o maço de guardanapos em sua mão e fechou o punho com força, com os guardanapos pressionados contra o corte. Então ela estendeu a mão boa para Jessica. Jessica imediatamente se acalmou.

    Acabei com uma bronca desagradável da minha mãe, mas consegui impedir que Alexandra e as gêmeas a recebesse também. Eu era irresponsável; eu coloquei as minhas irmãs em uma situação perigosa e eu não era confiável. Eu tinha ouvido tudo isso antes e deixava nas minhas costas, sabendo que o mais importante era impedir que ela fosse atrás das minhas irmãs.

    Essa não foi a primeira vez, nem seria a última, quando pareceu quase como se Jessica fosse aquela que se machucava sempre que algo acontecia com Sarah. O que me deixava preocupada agora. Porque eu não sabia como ela iria reagir à Sarah indo para a cirurgia. Ou... não. O pensamento era não mencionável. Eu não ia perder ninguém hoje. Ray e Sarah iam para a cirurgia, e eles iriam sair muito bem.

    Quando a levei para a sala de exame, ela estava tremendo e pálida. Ela sentou-se na beirada da cama. Olhei-a nos olhos e coloquei minhas mãos em seus ombros.

    — Sarah vai ficar bem, Jessica. Está bem? Ela vai ficar bem. Apenas respire. Tudo bem?

    Ela fechou os olhos e pareceu acalmar um pouco.

    A enfermeira sorriu para mim e disse: — Sra. Sherman? Se você puder vir ao lado, o médico estará lá para examinar ambas em apenas alguns momentos.

    — Jessica? Estarei ao lado, fale comigo se você precisar de alguma coisa, está bem? Sarah vai dar ficar bem.

    Eu disse isso com alguma confiança. Como se eu soubesse que ela ia ficar bem. Que Ray ficaria bem. Que tudo no mundo estaria bem. Eu não tinha essa confiança. Eu devia dizer isso, eu devia olhar para os olhos mortos de Jessica e dizer para não se preocupar, mas o fato é que eu estava consumida com preocupação.

    Eu segui a enfermeira para a pequena sala de exames.

    — Sente-se, não deve demorar mais do que alguns minutos.

    E então eu esperei. E me preocupei mais. Em algum lugar, não muito longe, Sarah e Ray ambos estavam entrando em uma cirurgia de emergência. Eu deveria estar lá em cima, não sentada nessa mesa de exame, girando meus polegares. Eu nunca fui alguém de sentar e não fazer nada. Eu sempre precisava estar fazendo alguma coisa, lendo, estudando, escrevendo, alguma atividade, qualquer coisa. E agora, quando alguém precisava de ajuda? Não consegui fazer qualquer coisa estava me deixando louca.

    Eu remexi no meu assento quando a porta se abriu. Um jovem médico entrou carregando um gráfico. — Carrie? Sou o Doutor Chávez. Como estamos indo?

    Eu fiz uma careta. — Tão bem quanto se espera. Só preciso superar a cirurgia na sala de espera.

    Ele acenou com a cabeça. — Seu marido e sua irmã estão em boas mãos, Carrie. Nesse meio tempo, precisamos certificar que você está em boa forma. Isso não vai demorar muito.

    Eu balancei a cabeça. — Tudo bem.

    Ele girou um banco alto e sentou nele, em seguida, aproximou-se. — Deixe-me dar uma olhada em sua cabeça. — ele estendeu a mão e posicionou minha cabeça.

    — Parece que você vai ter um galo feio aqui. Você bateu no vidro?

    — Sim. Não está tão ruim.

    — Perdeu alguma consciência?

    Engoli em seco. Em seguida, contei uma mentira direta. — Não, eu fiquei um pouco tonta.

    — Tem certeza?

    — Sim.

    Ele continuou com o exame, ouvindo meu peito, verificando as contusões. Eu tinha muitas. — Alguma dor de cabeça? Náusea?

    — Um pouco. — na verdade, a minha dor de cabeça estava quase me cegando.

    — Alguma dor quando você move sua cabeça ou pescoço? — ele estendeu a mão e empurrou minha cabeça para trás e para frente, para os lados.

    — Eu estou um pouco dura, é isso.

    O médico pareceu duvidoso. — Estou preocupado com possíveis lesões na cabeça. Vou pedir uma tomografia

    Meu estômago revirou, e eu disse: — Por enquanto eu quero ir para a sala de espera. Posso fazer mais tarde?

    Ele franziu o cenho. — Tudo bem. Mas se você começar a se sentir enjoada novamente, ou a dor de cabeça piorar, você precisa falar conosco. Lesões na cabeça não são para brincar.

    Mil vezes pior (Ray)

    Sarah e eu estávamos sentados um ao lado do outro, em cadeiras de plástico a poucos metros de distância das salas de exame, onde Jessica e Carrie estavam. Sarah parecia irritada e aborrecida, e brincava com uma mecha de seu cabelo.

    — Quando você conheceu Carrie, afinal? — Sarah perguntou.

    Eu realmente não queria falar, especialmente sobre o passado. Mas depois eu pensei sobre Sarah... dezessete anos de idade. Ela não sabia o que estava acontecendo mais do que eu. E talvez conversar sobre... tudo... fosse a melhor do que sentar aqui inquieto e preocupado.

    Então eu decidi falar. Mantê-la ocupada, e não pensar sobre o que estávamos passando. Ela estava em San Francisco quando conheci Carrie, e com exceção de um show no Ano Novo e alguns minutos aqui e ali no casamento de Dylan e Alex, eu não passei algum tempo com Sarah. Ao mesmo tempo, me surpreendeu que elas não falassem sobre isso. Eu não tinha certeza se queria falar sobre isso, então eu mudei de assunto.

    — O que há com o vestido? — perguntei. — Eu nunca vi você em qualquer coisa, exceto preto.

    Ela encolheu os ombros. — Eu perguntei primeiro.

    — Eu sou mais velho do que você.

    Ela revirou os olhos e balançou a cabeça. — Sério? Tenho quase dezoito anos.

    Eu sorri. — Em que, mais onze meses?

    — Quase isso.

    — Então qual é o problema?

    Ela balançou a cabeça. — Eu não sei. Eu nunca uso esse tipo de coisa mais. — ela passou os olhos no vestido. — Na verdade, eu reconheço esse vestido... e isso não faz sentido, porque não devia me servir.

    Eu levantei uma sobrancelha. Ela fez uma careta. — Mamãe costumava nos vestir com roupas combinando. Sempre. Não é como se fôssemos gêmeas idênticas. Isso me deixava louca, porque ela insistia nisso, mesmo quando chegamos à metade da escola. Ela nos comprou esses vestidos para o Natal na oitava série.

    — Então... eu não entendo.

    — Eu também não. Porque eu o levei para a garagem e derramei água sanitária por toda parte.

    — O quê?

    Ela me deu um olhar triste. — Mamãe teve um ataque.

    — Sim, eu aposto. Muito dramático?

    — Tenta crescer sem identidade própria.

    Eu a estudei. Antes dessa visita, eu só encontrei Sarah duas vezes. Ela era ousada, agressiva e um pouco cínica. Ela me lembrava muito um par de meninas góticas que eu conheci na escola. Nada parecida com sua irmã gêmea, Jessica, que era muito mais reservada.

    — Não leve a mal, mas você definitivamente tem uma identidade.

    Ela balançou a cabeça, revirando os olhos. — Só porque eu a esculpi sozinha. Agora eu estou presa neste sonho, ou seja lá o que for, e eu pareço com Jessica.

    — Não se preocupe, Sarah. Isto vai acabar logo, de uma forma ou de outra.

    Ela ficou em silêncio e depois disse: — Você não acha que estamos mortos, não é?

    Eu tive que considerar a pergunta. Isso estava tão distante da minha

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