Pitadas literárias
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Book preview
Pitadas literárias - Orlando Batista dos Santos
PITADAS LITERÁRIAS
Continhos, croniquetas, versinhos, caipirices e filosofanças.
Orlando Batista dos Santos
2015
Sumário
Apresentação
TRABALHA NEGRO; CANTA E DANÇA
SIGA O TEU CORAÇÃO, MARIANE
FELIZ, NADA MAIS
O CALO
A MARCA DO CAIPIRA
A MÃO QUE LAVA
CHUPA-CABRA: O NASCER DE UM MITO
NO MUNDO
CRIPTOLOGIA
RELIGIÃO
UFOLOGIA
FOLCLORE
CHORA, GIBRAN
RÉQUIEM PARA UM ESTADO DEPRESSIVO
UM GENERAL.EM MEU QUARTO
BATICO
ORÁCULO
OS MEDOS DA GENTE
PECADO E TECNOLOGIA
AMOR E PAIXÃO
DA CONSCIÊNCIA
A MATA DO SINO
O DEMO EM PESSOA
ENGENHO NOVO
PROBLEMAS, PROBLEMAS...
CONSELHO DE RAPOSA
É O FIM DO MUNDO!!!
SOBRE O ANTICRISTO
O SISTEMA ANTICRISTO
CATÁSTROFES
COMPORTAMENTO
RELIGIÃO
O FIM DO ANTICRISTO E DO SEU SISTEMA
O BRASIL
TRANSIÇÃO
O, GRANDE
PRA LÁ DE CAIPIRA
POEMA DE ARRIBAÇÃO
PARÓDIA ATEMPORAL
TEBAS: UM GÊNIO NO ANONIMATO
FELICIDADE É...
DE MAL COM A VIDA
BREGANEJOS?
SOL DE AGOSTO
BRIGAM OS PEQUENOS, VINGAM-SE OS GRANDES
ABC DA VENDA
POEMA DO MEDO
DAS PERDAS
A GUERRA PAULISTA
DO SER E DA COR DE CADA FLOR
DA SOLIDARIEDADE
MIJA EM CIMA
SOFRER, OU NÃO SOFRER?
PREÇOS
Apresentação
Pitadas Literárias reúne uma seleção de textos do autor que foram disponibilizados na internet de forma isolada. São contos, crônicas, poesias e pensamentos que mais agradaram os interrnautas, tendo vários deles milhares de acessos.
TRABALHA NEGRO; CANTA E DANÇA
Ninguém duvida que foi o negro quem construiu o Brasil. Trazido da África, atravessou séculos montando a engrenagem da civilização brasileira em troca da comida. O trabalho que hoje dignifica o homem
era tido como humilhante, condição que os homens bons
jamais poderiam aceitar. E se o negro construiu o Brasil, construiu também Minas Gerais, observação necessária, já que a História insiste em omitir a importância do negro naquele Estado que teve quilombos e monarquia não branca representada por Ambrósio, tendo como súditos negros fugidos das minas e dos engenhos, negros forros, índios mansos
, brancos pobres (os pés-rapados) e toda uma gama de mestiços. Tal qual Palmares, os quilombos mineiros foram atacados e, tal qual Palmares, foram destruídos com vigor e crueldade.
No Brasil, além do exercício do trabalho rude o negro desenvolveu pendores para as artes e para as manifestações rítmicas de sua alma, pois sem ritmo não há vida. E fez do canto e da dança um remédio para compensar seus sofrimentos.
Os cantos de trabalho ainda hoje são chamados de vissungos
, que se dividem em boiados
, solo tirado pelo mestre, e o dobrado
, que é a resposta em coro dos demais. Geralmente os próprios instrumentos de trabalho faziam o acompanhamento rítmico.
O negro cantava o dia todo. Tinha cantos especiais para a manhã, para o meio do dia e para a tarde. É dos vissungos a origem das tradições dos desafios e repentes.
As festas religiosas das confrarias de negros e pardos não satisfaziam de todo a vontade de cantar, de dançar e batucar; os cantos de trabalho limitavam-lhes a expressão corporal e a criatividade. Por isso, à noite, com ou sem autorização do sinhô
, a maior alegria do negro era sua participação no batuque, mesmo proibido, mas que nunca deixou de se realizar.
Foi na venda que o batuque criou fama.
Má fama; as maiores reclamações eram sobre as desordens e brigas verificadas com muita frequência. Embora proibido aos pretos e à gentalha, o batuque acabou chegando ora pois, às altas rodas da sociedade de Vila Rica, contrariando orientações da igreja que via de regra franzia a testa e ameaçava com excomunhão; os dançadores formavam uma roda e, ao compasso de uma viola, moviam-se um dançador no centro, que, ao avançar, batia com a barriga em um integrante (geralmente do sexo oposto) que o substituía no centro da roda. Eis aí a granfinagem reproduzindo a umbigada!
O batuque sobreviveu animando as vendas e as