Dentro de ti
By Julia James
4/5
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About this ebook
Julia James
Mills & Boon novels were Julia James' first "grown-up" books she read as a teenager, and she's been reading them ever since. She adores the Mediterranean and the English countryside in all its seasons and is fascinated by all things historical, from castles to cottages. In between writing she enjoys walking, gardening, needlework and baking "extremely gooey chocolate cakes" and trying to stay fit! Julia lives in England with her family.
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Book preview
Dentro de ti - Julia James
Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2007 Julia James. Todos os direitos reservados.
DENTRO DE TI, N.º 311 - Agosto 2013
Título original: The Italian’s Rags-to Riches Wife.
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Publicado em português em 2008
Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.
Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.
® ™, Harlequin, logotipo Harlequin e Harlequin Euromance são marcas registadas por Harlequin Books S.A.
® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
I.S.B.N.: 978-84-687-3381-4
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
www.mtcolor.es
Prólogo
– O que quer dizer com isso de que vai continuar a ser o presidente?
O seu tom era duro e denotava claramente o seu aborrecimento. No entanto, por respeito ao homem a quem se dirigia, um homem com o dobro da sua idade, Allesandro di Vincenzo exerceu um controlo férreo sobre a sua raiva.
– A situação mudou – disse o outro homem com uma voz sombria. Estava sentado numa poltrona de pele, na biblioteca de uma mansão do século XVIII situada na zona rural romana.
Allesandro susteve a respiração. O seu corpo esbelto estava vestido com um fato feito à medida por um dos estilistas italianos mais elegantes. Levava o cabelo escuro muito bem arranjado, emoldurando um rosto cujos traços eram dignos de uma estrela de cinema. Tinha os olhos escuros e umas pestanas longas, maçãs do rosto bem marcadas, queixo firme e uma boca bem delineada e muito expressiva que, naquele momento, estava séria e tensa.
– Pensei que estava decidido que se demitiria a meu favor...
– Isso foi o que pensaste, Allesandro – disse o outro homem. – Não existe nenhum documento que me comprometa legalmente. Simplesmente pensaste que quando Stefano morresse... – sussurrou. A sua voz falhou durante um instante. Depois recuperou e continuou. – Além disso, como te disse, a situação mudou de uma forma que eu jamais teria imaginado. Eu nunca poderia ter calculado... – murmurou. Tinha um aspecto velho e cansado. Aparentava todos os seus setenta anos.
– O que se passa, Tomaso? O que nunca poderia ter imaginado? – perguntou Allesandro, com impaciência.
– Stefano nunca me contou. Descobri quando tive de examinar todos os seus objectos pessoais. Fiquei profundamente surpreendido com o que encontrei. As cartas têm mais de vinte e cinco anos – disse, depois de uma pequena pausa, como se desejasse reunir forças. – Não sei por que motivo as guardou. Não pode ter sido por motivos sentimentais, porque a última delas diz que não haverá mais, que quem as escreve pensa que Stefano não vai responder. No entanto, seja porque for, estas cartas existem e a sua existência muda tudo.
– Como? – perguntou Allesandro, com um rosto impenetrável.
Sabia que o idoso se mostrava reticente e ele estava a ficar sem paciência. Desde que Stefano, o filho de quarenta e cinco anos de Tomaso e solteiro empedernido morrera num acidente de barco dez meses antes, Allesandro parecia ter sido o escolhido para deixar de ser o director-geral da empresa que o seu falecido pai e Tomaso Viale fundaram juntos e transformar-se no presidente. Dera tempo a Tomaso para superar a sua perda e até aceitara que o idoso permanecesse no cargo para que conseguisse superar a dor da morte do seu filho. No entanto, já esperara o suficiente. Tomaso dera razões mais do que suficientes a Allesandro para pensar que ia retirar-se antes do fim do ano fiscal e entregar-lhe o controlo todo. A frustração apoderou-se dele. Tinha outros lugares muito melhores onde estar, coisas para fazer, planos para levar a cabo. Viajar até à zona rural romana não figurara na sua agenda. De facto, ocorriam-lhe uma dúzia de lugares onde preferia estar naquele momento, a começar pelo apartamento de Delia Dellatore em Roma. Delia, cujos voluptuosos encantos eram exclusivamente seus naquele momento...
Olhou para Tomaso e viu que este envelhecera muito desde a morte do seu filho. Talvez nunca tivesse tido uma boa relação com Stefano, que sempre levara um estilo de vida louco, contudo, a sua morte fora um golpe duro para o seu pai.
– Como, Tomaso? – repetiu Allesandro.
Quando levantou o olhar para olhar para ele, os olhos de Tomaso tinham uma expressão estranha.
– Como sabes, o meu filho recusou-se sempre a casar, preferindo o seu estilo de vida desenfreado. Por isso, tinha poucas esperanças de que o meu apelido continuasse à frente desta empresa. No entanto, estas cartas eram de uma mulher, uma jovem inglesa que implorava a Stefano que fosse vê-la, que pelo menos respondesse às suas cartas. A razão que tinha para as escrever era...
Voltou a fazer uma pausa. Allesandro foi testemunha da emoção que embargava o seu rosto.
– Teve uma filha de Stefano. A minha neta – anunciou, apertando os braços da poltrona com força. – Quero que a encontres e ma tragas cá, Allesandro.
1
Laura endireitou os ombros e levantou o carrinho de mão pesado. A montanha de lenha húmida que acabava de apanhar balançou durante um instante, no entanto, não caiu. Pestanejou para sacudir as gotas de chuva das pestanas e começou a andar para a porta que conduzia ao jardim traseiro. Estava completamente encharcada, porém, não se importava. Estava habituada à chuva porque chovia muito naquela parte do país. Quando chegou à superfície asfaltada do jardim, os seus progressos foram mais fáceis. Dirigiu-se com a sua carga para a casa da lenha. A lenha era muito valiosa e ajudava a baixar as dispendiosas contas do gás e da electricidade.
Ela precisava de poupar tudo o que pudesse, não só para as reparações mais essenciais que tinha de realizar na casa, que estava um pouco descuidada já desde quando os seus avós ainda eram vivos, devido à falta de dinheiro, mas também para os impostos que tinha de pagar por Wharton depois de a herdar.
A ansiedade apoderou-se dela. O seu cérebro dizia-lhe que o mais sensato era vender a propriedade, contudo, o seu coração recusava-se a fazê-lo. Não podia fazê-lo. Era a única casa que era capaz de recordar, o seu refúgio do mundo. Os seus avós tinham-na criado ali depois da tragédia lamentável e vergonhosa que acontecera à sua mãe, uma mulher que falecera solteira, deixando para trás uma filha ilegítima, concebida com um homem que se recusara a reconhecê-la.
Como não tinha despesas além da propriedade, a única esperança que Laura tinha de poder ficar com ela era transformá-la numa casa de férias com quartos para alugar, porém, isso requeria uma cozinha nova, casas de banho em todos os quartos, uma nova decoração, imensas reparações... Era tudo demasiado caro.
O pior era que o primeiro pagamento de impostos estava iminente. A única forma que tinha de pagar era vender os últimos quadros e antiguidades da casa. Laura não gostava da ideia de os vender, porém, não tinha outro remédio.
A ansiedade, sua constante companheira, voltou a apoderar-se dela.
Enquanto esvaziava o carrinho de mão, ouviu um carro a aproximar-se da casa. Laura recebia muito poucas visitas. Os seus avós eram pessoas muito reservadas e gostava de continuar assim. Deixou o carrinho de mão e dirigiu-se para a fachada principal da casa. Viu um automóvel reluzente a parar em frente à porta principal. Apesar de ter as laterais sujos de lama, continuava a parecer tão elegante, caro e deslocado como se fosse uma nave espacial. No entanto, ainda mais deslocado era o homem que acabava de sair do veículo. Laura observou-o atentamente, boquiaberta e pestanejando à chuva.
Allesandro saiu do carro com uma expressão sombria. Era quase impossível conter o seu mau humor. Apesar de ter a ajuda de um GPS, aqueles atalhos serpenteantes e sombrios eram quase impossíveis. Então, quando finalmente conseguira chegar, a casa parecia vazia. A casa tinha um aspecto descuidado e abandonado, tal como o jardim que a rodeava.
Para se proteger da chuva, refugiou-se no alpendre. Estava a chover sem parar desde que aterrara em Exeter e não parecia que fosse parar. Allesandro olhou mais uma vez para a casa e, ao ver o seu estado de abandono, perguntou-se se estava tão vazia como parecia.
O rangido do cascalho fez com que se virasse.
Não. Não estava vazia.
Viu uma figura com umas botas pesadas e coberta com o capuz de um impermeável a aproximar-se. Decidiu que devia ser algum empregado da casa.
– A menina Stowe está? – perguntou.
Laura Stowe. Assim se chamava a filha de Stefano. Segundo a investigação que Allesandro realizara, a sua mãe, Susan Stowe, e Stefano conheceram-se enquanto ela visitava Itália quando estava a estudar Arte. Aparentemente, Susan era uma mulher bonita e ingénua e o que acontecera depois era de esperar. Allesandro também descobrira que Susan Stowe morrera quando a sua filha tinha três anos e que a menina fora criada pelos avós maternos naquela casa.
Pelo menos, a rapariga ficaria contente ao descobrir que tinha um avô muito rico à espera de cuidar dela. Aquele lugar estava quase em ruínas.
Estava de muito mau humor. Não queria estar ali, praticamente como um mensageiro de Tomaso, contudo, este indicara-lhe que, quando tivesse a sua neta a seu lado, se reformaria para poder estar mais tempo com a jovem. Concordava com ele.
– A menina Stowe está em casa? – repetiu com impaciência.
A inescrutável figura falou finalmente.
– Eu sou Laura Stowe. O que deseja?
Allesandro observou-a com incredulidade.
– Você é Laura Stowe? – perguntou.
A expressão que o recém-chegado tinha no rosto tê-la-ia feito rir-se noutra ocasião, no entanto, Laura estava demasiado aflita pela presença daquele homem para que achasse a situação divertida. O que raios estava um homem como aquele a fazer em Wharton, à