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Herança siciliana
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Herança siciliana

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About this ebook

Sentia-se presa na rede sensual tecida pelo siciliano!

A exigência de Rocco Leopardi era inegociável: Julie Simmonds tinha de levar o seu sobrinho para a Sicília para que o menino ocupasse a posição que lhe era devida como Leopardi que era.
Ao princípio, Rocco pensou que Julie era uma caçadora de fortunas, porém a sua inocência tornou-se excitante e o sensual siciliano mudou as regras do jogo. Estava decidido a fazer dela a sua esposa!
LanguagePortuguês
Release dateJan 16, 2012
ISBN9788490106532
Herança siciliana
Author

Penny Jordan

Penny Jordan, one of Harlequin's most popular authors, sadly passed away on December 31, 2011. She leaves an outstanding legacy, having sold over 100 million books around the world. Penny wrote a total of 187 novels for Harlequin, including the phenomenally successful A Perfect Family, To Love, Honor and Betray, The Perfect Sinner and Power Play, which hit the New York Times bestseller list. Loved for her distinctive voice, she was successful in part because she continually broke boundaries and evolved her writing to keep up with readers' changing tastes. Publishers Weekly said about Jordan, "Women everywhere will find pieces of themselves in Jordan's characters." It is perhaps this gift for sympathetic characterisation that helps to explain her enduring appeal.

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    Herança siciliana - Penny Jordan

    escritório.

    CAPÍTULO 1

    O barulho de um tubo de escape fez com que Julie olhasse para trás e, depois, verificasse automaticamente se tinha a mala bem presa no ombro. Era uma vizinhança perigosa. No outro dia, a supervisora da creche avisara-a de que não devia deixar nenhum documento pessoal no seu apartamento porque havia uma onda de roubos, sobretudo de passaportes. Portanto, ela tinha sempre tudo na mala.

    – Menina Simmonds?

    Julie susteve a respiração. Estava tão ocupada a olhar para trás que não vira o homem que estava à sua frente, a bloquear-lhe a entrada no edifício remodelado em que ela arrendara um apartamento pequeno.

    Mas só de olhar para ele soube que não se tratava de nenhum ladrão. Não podia sê-lo com aquele carro tão caro estacionado ao seu lado, que tinha todo o ar de ser dele. Julie assentiu com cautela.

    – Este é o seu filho?

    Julie sentiu uma onda de apreensão enquanto agarrava com força no seu sobrinho órfão. Afinal de contas, Josh era seu filho… naquele momento.

    A chuva gélida de Março que começara a cair quando ela saíra da loja onde trabalhava a tempo parcial para poder ir à creche buscar Josh tinha-lhe ensopado o casaco e o seu cabelo suave e loiro estava muito molhado. Para cúmulo, estava presa na rua com um homem que estava a fazer-lhe perguntas a que não queria responder. Doíam-lhe os braços por causa do peso de Josh, em conjunto com o peso da mala e do saco de fraldas.

    – Se é um cobrador de dívidas… – começou a dizer. Julie sentia o coração cheio de pena. Josh era dela. Não havia razão para pensar que aquele desconhecido podia ameaçar o seu direito de dizer que Josh era filho dela, mesmo que não fosse a sua mãe biológica. Isso era o que conseguia por viver com medo da chegada de mais exigências de dinheiro. Sentia-se culpada e com os nervos em franja, mesmo que não houvesse razões para isso.

    Se o que aquele homem procurava era dinheiro, então estava a perder tempo. Já não havia nada para levar. Julie ergueu o queixo num gesto de orgulho inconsciente. Até tinham levado o carrinho de Josh para pagar as dívidas que a sua irmã deixara ao falecer. Não fazia sentido compadecer-se nem lamentar que os seus pais não tivessem pensado em deixar um testamento em condições. A longo prazo, como era a sua única filha viva, ela herdaria alguma coisa. Esperava que fosse suficiente para saldar as dívidas de Judy e para comprar uma casinha para Josh e para ela. Mas, segundo o seu advogado, o processo poderia demorar bastante tempo, dado que a situação era complicada.

    O facto era que os seus pais, a sua irmã, James, o namorado da sua irmã, e os pais dele tinham morrido juntamente com outras vinte pessoas no mesmo acidente de comboio. Fora um golpe terrível e Julie vira-se obrigada a ter de cuidar de si própria e do filho da sua falecida irmã, enquanto recaía sobre ela o pagamento das dívidas de Judy.

    E, claro, tivera de lidar com a morte de James.

    Os funerais tinham sido ainda piores do que a notícia das mortes. Obviamente, Julie, como única sobrevivente adulta da família, tivera de resolver tudo para enterrar os seus pais e a sua irmã. Pensara que talvez Judy devesse ser enterrada com James, mas Annette, a irmã mais velha de James e sua única familiar, recusara-se a pensar sequer na ideia e insistira que James fosse enterrado com os seus pais.

    Como o funeral se celebrara dois dias depois do da sua família, Julie pudera assistir e descobrir que Annette era exactamente como James a descrevera: rígida, vestida com roupa cara, pois o seu marido era banqueiro, e muito fria.

    – Mantém esse menino afastado de mim – dissera-lhe com secura, afastando-se de Julie. – Este casaco custou-me uma fortuna.

    James contara a Julie que Roger, o marido de Annette, desejava desesperadamente constituir uma família, mas que a sua irmã se recusava sequer considerar a ideia.

    James. Os olhos de Julie encheram-se de lágrimas. O seu único amor. O seu único amante. Se as coisas tivessem sido diferentes… se tivesse sido ela a conceber o seu filho… Se pelo menos…

    O facto de o ter perdido ainda continuava a doer-lhe. Quando morreu, ela admitiu que, no mais profundo da sua alma, estivera a alimentar a esperança de que um dia voltasse para ela.

    Rocco observou como as sombras passavam pelos olhos cinzentos profundamente expressivos daquela mulher. Era a única parte dela que parecia estar viva. Nunca vira uma mulher com um aspecto tão derrotado.

    – Um cobrador de dívidas? – Rocco olhou para ela com arrogância antes de responder. – Pode dizer-se que sim. Embora eu ache que se trata mais de um embargo.

    Embargo? Não havia nada no apartamento que pudesse embargar. Os funcionários judiciais tinham levado tudo. Julie tentou parecer mais valente do que se sentia quando olhou para o homem.

    A luz dura da rua outorgava às suas feições um aspecto de arrogância fria em conjunto com a crueldade. Era o rosto de um homem sem compaixão, o rosto de um homem cuja linhagem estava enraizada no perigo, reconheceu Julie.

    Para Rocco, era difícil entender o que o seu jovem meio-irmão podia ter visto naquela rapariga inglesa pálida e vulgar. Estava magra até ao extremo da malnutrição e parecia carecer de encanto ou personalidade. Mas talvez estivesse a ser injusto. Com champanhe suficiente e com as drogas ilegais que o seu meio-irmão irmão consumia, talvez tivesse brilhado da maneira doentia de que Antonio gostava.

    Rocco sentiu-se enojado, tanto devido ao modo de vida do seu meio-irmão como devido à moral da mulher que tinha à sua frente, mas sobretudo devido à tarefa que lhe tinham pedido.

    Ele opusera-se desde o começo. As crianças tinham de estar com a sua mãe. Mas Alessandro tinha assinalado que o menino continuaria a estar com a sua mãe em todo momento, porque o encargo de Rocco era trazer ambos para a Sicília com ele. Na verdade, depois de ter visto as circunstâncias em que ambos pareciam estar a viver, Rocco pensava que a sua intervenção nas suas vidas só poderia trazer benefícios para ambos.

    Julie tinha frio e devia resguardar Josh, mas aquele homem continuava à sua frente. Josh ainda não recuperara da forte constipação que tinha apanhado no princípio do Inverno.

    Pobre menino, tinha tido tantos problemas desde que a sua irmã o trouxera ao mundo com três semanas de antecedência, em Janeiro. Primeiro, fora o facto de Judy não desejar tê-lo. Depois, fora a sua incapacidade de se alimentar correctamente, seguida pela descoberta de que tinha dificuldades para falar o que o levara a uma pequena operação médica depois da qual tinha contraído uma infecção. E, então, o destino deixara-o sem pais e sem avós.

    Mas Julie compensá-lo-ia. Amá-lo-ia e cuidaria dele. Afinal de contas, era a única coisa que restava de James e da sua família.

    Quando lhe chegara a notícia do acidente de comboio que tinha matado tanta gente, incluindo a sua família e a de James, Julie prometera em silêncio ao homem que tanto tinha amado que amaria e protegeria aquele bebé, um bebé que ele acreditava ser seu filho.

    James tinha-se mostrado orgulhoso e feliz quando descobrira que Judy estava grávida.

    Rocco estava a ficar impaciente. Afinal de contas, era um Leopardi. E os Leopardi tinham governado as suas terras e imposto a sua própria lei na Sicília desde os tempos das Cruzadas. Rocco crescera num ambiente em que ser um Leopardi significava que a sua palavra era lei.

    – Não sei o que quer embargar – começou Julie a dizer, com cansaço, – mas o meu… o meu bebé tem frio e tenho de entrar com ele.

    Não lhe apetecia abrir a mala à frente daquele desconhecido, porém precisava de tirar as chaves para entrar no apartamento. Era difícil fazê-lo enquanto segurava em Josh e, quando percebeu como aquele homem olhava para ela, com uma mistura de irritação masculina e de impaciência, soube que a sua tentativa de discrição fora uma perda de tempo.

    – Deixe-me segurar no bebé – aquela sugestão inesperada fez com que Julie esbugalhasse os olhos de espanto. Parecia que estava habituado a tomar conta de bebés.

    – Tem filhos? – Julie corou ao perceber que aquela pergunta era pessoal e inapropriada.

    – Não – respondeu ele, com secura.

    Julie, que continuava a rebuscar na mala com uma mão, acabou por a deixar cair e várias coisas ficaram no chão molhado, incluído o porta-moedas, algumas contas que pertenciam a Judy, as chaves e os seus passaportes. O de Josh era uma lembrança triste da lua-de-mel que tanto tinha entusiasmado a sua irmã, as suas primeiras férias em família. Rocco franziu o sobrolho ao olhar para a calçada molhada e ao ver os passaportes que, entre outras coisas, tinham caído da mala da mulher.

    Ignorando os protestos de Julie, Rocco baixou-se para apanhar as contas e os dois passaportes. Tinha-os na mão. Seria a intervenção da Divina Providência ou um sinal de que aquela tarefa seria mais simples do que pensava? Que tipo de mulher tinha os passaportes na mala?, perguntou-se e respondeu-se imediatamente. Obviamente, a que esperava a oportunidade de viajar para o estrangeiro e queria estar preparada. Supunha que isso seria normal nas caçadoras de fortunas de classe alta. No entanto aquela mulher patética e pouco atraente não podia esperar algo assim. Rocco apanhou também a carteira, que parecia vazia, e as chaves.

    Devolveu-lhe tudo, incluindo as chaves. Julie suspirou, aliviada.

    – Terá de resguardar o bebé da chuva e do vento – Rocco pôs-lhe a mão no braço, apontando em direcção ao seu carro. – Tenho o carro aqui.

    Mexera-se por sua própria vontade ou fora uma combinação do vento e da mão dele no braço o que a levara até ao veículo? Julie tremeu. Quais eram as intenções daquele homem?

    – Deixe-me levá-lo – as mãos do desconhecido dirigiram-se para Josh.

    – O que quer? – inquiriu Julie, ansiosa. – Quem o enviou?

    – Ninguém me enviou a lado nenhum – respondeu ele com frieza. – E não devia perguntar quem sou, mas de onde venho.

    – Não entendo do que está a falar.

    – Não? Vamos ver se assim percebe. Venho do país e da família a que o menino pertence.

    Julie tinha os olhos tão cinzentos como o céu de Londres em Março e esbugalhou-os com medo ao compreender o significado daquelas palavras.

    – Vem da Sicília? – perguntou-lhe.

    – É verdade – respondeu ele.

    De todas as possibilidades que Julie tinha imaginado, aquela nem sequer fizera parte da equação.

    – Quem é? – perguntou, aterrorizada.

    Rocco não estava habituado a não ser reconhecido. Olhou para ela com desprezo e cruzou os braços.

    – O meu nome é Leopardi. Rocco Leopardi. E agora que respondi, talvez esteja disposta a dar-me o menino, o meu sobrinho, para que possa pô-lo carro.

    O seu sobrinho. Portanto, aquele não era Antonio, o playboy siciliano rico com que a sua irmã tinha tido uma aventura no sul de França e que podia ou não ser o responsável pela concepção de Josh. Um facto que a sua irmã a obrigara a não contar a James.

    Rocco aproveitou o facto de ela estar pensativa para lhe tirar o menino do colo e, depois, abrir a porta de trás do carro.

    – O que está a fazer?

    Julie sentiu-se invadida pelo pânico quando viu como Rocco punha Josh numa cadeirinha na parte traseira.

    – Estou simplesmente a pôr o bebé a salvo enquanto nós falamos.

    – Está a tentar tirar-mo, não é? – perguntou Julie. –Quer levá-lo consigo.

    Rocco olhou para ela com dureza. Devia ter previsto que era das que faziam um drama.

    Julie estava aterrorizada. Saberia que ela não era a verdadeira mãe de Josh? Iria provar que não tinha direito a ter Josh? Era o tipo de homem pertencente ao tipo de família que não pararia por nada para conseguir o que desejava e, se quisessem o seu sobrinho… O coração de Julie estava acelerado. Viu como um homem e uma mulher se aproximavam deles do outro lado da rua. Abriu a boca para pedir ajuda aos gritos.

    – Bom… – Rocco tinha a intenção de lhe dizer que estava a exagerar, porém parou ao ver que Julie estava a olhar para o outro lado da rua, para um casal que se aproximava deles. Percebendo o que pretendia fazer, reagiu imediatamente. Ela já estava perto do carro, portanto foi fácil apertá-la entre os seus braços e silenciar o grito, que tencionara emitir, com a pressão da sua boca.

    Rocco nunca pensaria em beijar uma mulher como aquela. Chamava-lhe tão pouco a atenção fisicamente como o repugnava moralmente. Era magra, loira, pálida e disposta a ter relações sexuais com qualquer homem, desde que fosse rico.

    Gostava de mulheres atraentes, inteligentes e orgulhosas de tudo o que faziam e do que eram. O seu pai era o patriarca de uma das famílias aristocráticas mais antigas da Sicília, até ele tinha também um título, todavia era milionário por direito próprio, graças às suas próprias empresas, e estava muito orgulhoso desse sucesso. Quando chegasse o momento de assentar, queria uma mulher que fosse igual a ele para ser

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