Farsa de sonho
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About this ebook
Miller Jacobs sabia que alcançar o êxito profissional custava muito, mas o trabalho não a assustava. No entanto, a sua habilidade para os negócios não a ajudava a encontrar a solução para um problema que acabava de lhe surgir: Encontrar um noivo para um fim de semana de trabalho em casa de um possível cliente muito importante.
Valentino Ventura, corredor de carros de fama internacional, era justamente o oposto de Miller. Apesar disso, ajudá-la a desinibir-se parecia ser uma tentação a que era difícil resistir.
Michelle Conder
From as far back as she can remember Michelle Conder dreamed of being a writer. She penned the first chapter of a romance novel just out of high school, but it took much study, many (varied) jobs, one ultra-understanding husband and three gorgeous children before she finally sat down to turn that dream into a reality. Michelle lives in Australia, and when she isn’t busy plotting she loves to read, ride horses, travel and practise yoga. Visit Michelle: www.michelleconder.com
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Farsa de sonho - Michelle Conder
Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2013 Michelle Conder. Todos os direitos reservados.
FARSA DE SONHO, N.º 1498 - Outubro 2013
Título original: Living the Charade
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.
Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.
™ ®,Harlequin, logotipo Harlequin e Sabrina são marcas registadas por Harlequin Books S.A.
® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
I.S.B.N.: 978-84-687-3748-5
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
Capítulo 1
Se o mundo fosse justo, pensou Miller Jacobs, a solução para os seus problemas, um homem impecavelmente vestido e de maneiras igualmente impecáveis, atravessaria a porta dupla de vidro do escritório moderno de Sidney.
Um homem completamente diferente do bancário que tinha diante de si, sentado do outro lado da pequena mesa de madeira, que há pelo menos duas horas deveria ter deixado de beber.
– Bom, querida, que favor queres que te faça?
Miller reprimiu uma expressão de desagrado e virou a cabeça para a sua amiga, Ruby Clarkson, com uma mensagem no sorriso: «Como te ocorreu que este elemento poderia fazer-se passar por meu namorado este fim de semana?».
Ruby arqueou um sobrolho em jeito de desculpa e depois fez o que só uma mulher bonita podia fazer: deslumbrou o bancário com um sorriso e mandou-o passear. Embora não literalmente, já que talvez no futuro se vissem na necessidade de ter uma relação profissional com ele.
Miller lançou um suspiro de alívio enquanto via o bancário a atravessar o bar a caminho da porta.
– Não digas nada – advertiu Ruby. – Mas parecia perfeito no papel.
– No papel, quase todos os homens parecem perfeitos – respondeu Miller. – Os problemas surgem quando se começa a lidar com eles.
– Também não é preciso exagerar.
Miller arqueou os sobrolhos. Tinha motivos para estar de mau humor. Tinha desperdiçado uma hora do seu precioso tempo, estivera a beber um vinho branco extremamente mau e continuava sem vislumbrar uma solução para o seu problema. Um problema que começara ao mentir ao seu chefe e dizer-lhe que tinha namorado, o qual estaria disposto a acompanhá-la numa viagem de trabalho de fim de semana com o propósito de conter as insinuações de um arrogante e muito importante possível cliente.
T. J. Lyons era obeso, pedante e insuportável, e encarava as suas recusas às insinuações dele como um desafio. Pelos vistos, dissera a Dexter, o seu chefe, que a aparente frieza e o profissionalismo dela eram uma máscara atrás da qual se escondia uma mulher apaixonada e que estava disposto a acrescentá-la à lista de conquistas dele.
Aquele homem era um machista e usava o seu chapéu Akubra como se fosse a versão australiana de J. R. Ewing, mas tinha conseguido perturbá-la. E, depois do convite para que fosse à festa do seu quinquagésimo aniversário acompanhada da «cara-metade» se quisesse, ocasião que também podia aproveitar para apresentar o projeto definitivo do trabalho, ela tinha sorrido e dito que sim, que adoraria.
O que significava que tinha de encontrar um namorado até ao meio-dia do dia seguinte.
Ruby apoiou o queixo na mão.
– Tem de haver alguém.
– Também poderia dizer que o meu namorado está doente, não é?
– O teu chefe já suspeita de alguma coisa. E, além disso, terias de aguentar os cuidados do teu cliente amoroso durante todo o fim de semana.
Miller fez uma careta.
– As intenções de T. J. não são amorosas, mas licenciosas.
– Talvez seja o caso com T. J., mas as intenções de Dexter são claramente amorosas.
Miller não acreditava nas suspeitas de Ruby de que o seu chefe estava apaixonado por ela.
– Dexter é casado.
– Separado. E sabes que gosta de ti e que esse foi um dos motivos pelos quais lhe mentiste a respeito de teres namorado.
– O que aconteceu foi que, depois de uma semana a trabalhar dezasseis horas por dia todos os dias, estava exausta. Talvez a minha reação tenha sido um pouco emocional.
– Emocional? Tu? Por favor! – Ruby tremeu dramaticamente.
Entre as duas, Ruby tinha a fama de ser emocional, enquanto ela se mostrava sempre reservada e reprimia as suas emoções.
– O que preciso é de compreensão, não de sarcasmos – protestou Miller.
– Mas Dexter ofereceu-se para te proteger, não foi? – quis saber Ruby.
Miller suspirou.
– É um pouco estranho, reconheço-o, mas conhecemo-nos desde a universidade. Suponho que quisesse fazer-me um favor... depois do que T. J., em estado de embriaguez, lhe disse na semana anterior.
Ruby revirou os olhos.
– Seja o que for, inventaste um namorado e não tens outro remédio senão torná-lo realidade.
– Poderia inventar uma pneumonia.
– Miller, T. J. Lyons é um homem muito importante no mundo dos negócios e Dexter não é tolo. Trabalhaste demasiado para permitir que algum dos dois decida o teu futuro. Se fosses sozinha no fim de semana e T. J. namoriscasse contigo diante da sua esposa, estarias no desemprego num abrir e fechar de olhos. Não é a primeira vez que acontece. Os homens como T. J. Lyons nunca são condenados por assédio sexual, como deveria ser.
Ruby respirou fundo e Miller alegrou-se por a sua amiga necessitar de uma pausa. Ruby, especializada em casos de discriminação, era uma das melhores advogadas do país. E ela tomava sempre nota do que a sua amiga lhe dizia.
Miller trabalhava há seis anos na Oracle Consulting Group e a empresa convertera-se num segundo lar para ela. Ou talvez fosse o seu lar, dado que passava a vida lá. Se conseguisse a conta multimilionária de T. J., oferecer-lhe-iam participações na empresa, o seu sonho de há muito tempo e que a sua mãe a incitara a conseguir.
– Não pode dizer-se que T. J. me tenha assediado exatamente, Rubes – recordou à sua amiga.
– Durante a última reunião que tiveram, disse que não hesitaria em contratar a Oracle se fosses «amável» com ele.
Miller lançou um suspiro.
– Está bem, tens razão. Bom, tenho um plano.
Ruby arqueou os sobrolhos.
– Que plano?
– Contratarei um acompanhante – a ideia tinha-lhe ocorrido durante o discurso de Ruby e virou-se para mostrar o visor do telemóvel à sua amiga. – Madama Chloe. Diz que oferece o serviço de cavalheiros discretos e profissionais a mulheres heterossexuais.
– Deixa-me ver – Ruby tirou-lhe o telefone. – Meu Deus! Irias para a cama com este tipo?
Miller olhou por cima do ombro de Ruby para o homem que aparecia no telemóvel.
– Não quero ir para a cama com ninguém – respondeu Miller, exasperada.
O que menos queria no mundo era sexo. Não, não desejava que algo a distraísse dos objetivos que se impusera. A sua mãe tinha-o permitido e agora estava arruinada e infeliz.
– Não é a solução – declarou Ruby. – A maioria dos tipos que uma agência assim pode oferecer não é a companhia que necessitas.
– Então, estou perdida.
Ruby passeou o olhar pelos clientes do estabelecimento, enquanto Miller pensava no relatório de vendas que tinha de terminar antes de se deitar naquela noite.
– Gripe das aves? – sugeriu Miller.
– Ninguém acreditaria nisso.
– Refiro-me a mim – esclareceu Miller, com um suspiro.
– Espera... O que te parece aquele?
– Quem? – Miller olhou para o visor do telemóvel, mas estava apagado.
– Aquele tipo atraente que está ao balcão.
Miller seguiu o olhar da sua amiga e viu um homem alto sentado ao balcão de madeira, com um pé apoiado na trave do banco e o joelho a sair-lhe pelo buraco das calças de ganga rasgadas. Passeou o olhar pelas coxas, pela cintura estreita e pelo peito amplo coberto por uma t-shirt branca velha com uma frase provocadora a letras vermelhas e ao lê-la fez uma expressão de desagrado. Reparou nas costas largas, em que aquele homem de cabelo castanho comprido necessitava de se barbear e ao olhá-lo nos olhos claros... surpreendeu-o a olhá-la fixamente.
O olhar do homem era lânguido, quase indolente, e ela ficou sem ar. Sem compreender aquela reação física, baixou o olhar como uma menina ao ser descoberta com a mão na lata das bolachas.
Ignorando a sensação de que ele continuava a observá-la, virou-se para Ruby.
– Tem buracos nas calças de ganga e uma t-shirt que diz: «Ao meu ritmo ou ao teu?». Quantos copos de vinho já bebeste?
Ruby olhou para o balcão.
– Não me referia a ele, embora seja fantástico. Referia-me ao tipo do fato que está a falar com ele.
Miller olhou para o homem de fato, que lhe tinha passado despercebido. Cabelo também castanho, barbeado, nariz bonito e um fato fantástico. Sim, era mais o seu tipo.
– Oh, acho que o conheço! – exclamou Ruby.
– O de calças de ganga rasgadas?
– Não – Ruby abanou a cabeça, sorrindo abertamente em direção aos dois homens ao balcão. – O de fato que está ao lado do de calças de ganga rasgadas. Sam qualquer coisa. Tenho a certeza de que é um advogado do nosso escritório de Los Angeles. E é justamente o que precisas.
Miller arriscou-se a olhar na direção dos dois homens e viu que o alto de calças rasgadas já não a olhava. No entanto, o seu instinto disse-lhe que fugisse a toda a pressa.
– Não! – descartou a ideia imediatamente. – Recuso-me a apanhar um desconhecido num bar, embora aches que o conheces. Vou à casa de banho e quando voltar apanhamos um táxi e vamos