Sócrates. Amanhecer na caverna
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Descrição do livro
“Sócrates, o criador do Iluminismo grego, não fundou um sistema filosófico [...]. Até mesmo em sua cela, em companhia de si mesmo, naqueles momentos extremos, Sócrates jamais deteve a busca pela quintessência da vida. Dois mil e quinhentos anos depois, como se fosse um discípulo contemporâneo do grande filósofo, o amante do helênico e dramaturgo argentino Ariel Pytrell, nesta maravilhosa obra, Sócrates. Amanhecer na caverna, assumiu a responsabilidade de transmitir [...] a atmosfera dos últimos momentos da vida do filósofo”.
Eleni Leivaditou de Bulgari, Embaixadora da Grécia na Argentina
“Em Sócrates. Amanhecer na caverna, Ariel Pytrell dramatiza vários episódios essenciais na vida de um dos filósofos mais destacados da civilização grega. Mediante um jogo metateatral brilhante, salpicado por momentos de intriga, ternura, conflito, humor, tragédia e diálogos poéticos, Pytrell logra recriar efetivamente um protagonista histórico, de carne e osso, para um público moderno. Convida-nos a celebrar a vida desta grande figura, mas neste caso, brindamos com uma taça sinistra. Com cada gota que saboreamos, desenvolve-se mais uma cena nesta obra que é, ao mesmo tempo, enigmática, mágica e perspicaz, cuja estrutura caleidoscópica segue girando até o amanhecer; ou seja, até que vejamos a luz e descubramos a verdade”.
Susan P. Berardini, Ph. D, Associate Professor of Spanish, Pace University, NY
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Book preview
Sócrates. Amanhecer na caverna - Ariel Pytrell
Sócrates
Amanhecer na caverna
Ariel Pytrell
––––––––
Estudo posliminar, conferência
e notas do autor
––––––––
Traduzido por Juliana Fernandes e Manuela Ferreira
Sócrates. Amanhecer na caverna
Escrito por Ariel Pytrell
Copyright ©2015-2016 Ariel Pytrell
Insepia Ediciones Originales | pytrell@gmail.com
www.arielpytrell.com
Todos os direitos reservados
Distribuído por Babelcube, Inc.
www.babelcube.com
Traduzido por Juliana Fernandes e Manuela Ferreira
Design da capa ©2015-2016 AP
Babelcube Books
e Babelcube
são marcas comerciais da Babelcube Inc.
Sócrates: Amanhecer na caverna estreou no dia 27 de maio de 2014,
no Centro Cultural "San Martín" de Buenos Aires, como parte do ciclo
Encuentros con Europa, com o apoio da Embaixada da Grécia na Argentina
e do Governo da Cidade de Buenos Aires
––––––––
Em seus últimos dias, Sócrates foi submetido a um processo judicial injusto,
consequência de acusações infames e mal-intencionadas. Então, foi condenado
a beber o veneno que o matou. Seus amigos não puderam convencê-lo a salvar-se.
O filósofo sabia que sua morte era uma denúncia surda para extirpar a corrupção,
para legislar com sabedoria, para aplicar as leis com coragem e, sobretudo, para
que os cidadãos decidissem ser autênticos (algo que qualquer tirano deve evitar).
De qualquer forma, Sócrates morreu e transcorridos, em torno de
dois mil e quinhentos anos, nós ainda falamos dele.
Texto das tradutoras
Pensar o trabalho de tradução é permitir-se um mergulho profundo sobre a língua e a cultura dos países e povos envolvidos. É construir pontes entre identidades, descobrindo as raízes que nos aproximam.
O tradutor é, senão, um artesão de formas alheias e quando dizemos alheias, não o fazemos, necessariamente, como algo externo a nós mesmos, pois o texto é um lugar de encontros, mas pensando este personagem como aquele que forja um desenho já criado. Desenho este que, em outras mãos e outras cores, ganha o frescor do inaugural.
A primeira vista, o estranhamento emerge da partilha indiscriminada das formas e dos sonhos daquele eu; autor, e deste outro; tradutor. A língua, a geografia, a cultura, tudo nos separa, mas o texto tece o caminho e assim a palavra nos une; entre céu e mar um horizonte infinito, que sem inclinações perceptíveis, brinda aos olhos o deleite de uma paisagem em uníssono.
Traduzir é criar a condição para que algo que vem de longe, estrangeiro, possa ser ouvido, não sem as marcas e idiossincrasias que nos lembram da distância e da viagem, mas sim com todos os obstáculos que nos permitem perceber a beleza e a força das diferenças. Não se trata de uma busca por correspondência, pura e simples, o que a complexidade das línguas já nos nega de partida, mas sim de um trabalho minucioso de escolhas que contemplam despedidas, abandonos e nascimentos. Nessa toada, percebemos que traduzir é também descobrir nossa autoria, nossos saberes, nossa cultura e nossa língua de chegada .
Como livro; Sócrates. Amanhecer na caverna, tivemos uma feliz estreia, a Literatura e a Filosofia num harmonioso diálogo, costurado pelo lirismo de um artista e a perícia de um estudioso. Trata-se de uma dramaturgia, que também conta com escritos acadêmicos, e que devido à sua densidade, exigiu um olhar aprofundado para a cultura helênica, bem como um intenso estudo sobre Sócrates e a história da filosofia.
O processo da tradução foi feito em etapas, já que o trabalho pedia cuidados e atenções distintas. Fizemos uma leitura inicial para o contato com a obra e a busca por esse autor, a quem acabávamos de conhecer, e construímos um panorama geral de nossas impressões para darmos continuidade ao processo. Os debates linguísticos foram centrais, pois tivemos que buscar uma variação histórica que desse conta do discurso da época.
É admirável a valentia do autor ao apresentar Sócrates como seu personagem principal e colocar na boca desta figura belas passagens, com lirismo e profundidade. No entanto, para as tradutoras, o desafio foi manter este tom, encontrar na língua portuguesa este Sócrates que transita entre a história, a filosofia e a dramaturgia.
Além disso, num passo posterior, preocupamo-nos em buscar as traduções ao português das fontes utilizadas pelo autor, confrontar várias versões e citar aquelas que estivessem em domínio público para garantir a acessibilidade dos leitores. Também procuramos preservar o cunho filosófico do texto, marcado pela escolha do autor por palavras carregadas de sentido filosófico, sem perder a clareza didática, outra preocupação constante.
É importante reiterar a gentileza e a disponibilidades do autor, Ariel Pytrell, que sempre se fez presente para consultas ou possíveis dúvidas, fazendo jus à natureza dialógica do trabalho. Assim como o apoio e o respeito para as nossas escolhas, sempre atento para que essas não se afastassem da intencionalidade de seu texto. Além disso, os e-mails cuidadosos com a preocupação em explicar contextos e estudos pessoais contribuíram para que pudéssemos, com mais propriedade, manter a integridade da obra. E como não assinalar, o convite que nos fez para assistir a obra encenada, o que além de ter sido um enorme um prazer, nos abriu um novo paradigma. De todos os entraves naturais do processo, nos deparamos com um, não menos importante; a potência da palavra falada em relação à palavra escrita. Fomos confrontadas com a força dramatúrgica do texto que acabou delineando novos passos na jornada. Depois, com a tradução já terminada, a leitura da obra em voz alta foi importante para definirmos os ajustes finais. Nestas leituras, em vários momentos, nos emocionamos com os personagens, que a esta altura, já nos pareciam velhos conhecidos.
Acreditamos que o resultado deste trabalho, minucioso e dedicado, é bastante fiel à qualidade original. Apresentamos ao público de língua portuguesa um texto que, ao mesmo tempo que é extremamente didático, apresenta lirismo e profundidade, combinação que Sócrates poderia chamar de sabedoria.
Esperamos que o leitor aprecie a obra e que ela sirva de estímulo para aprofundar-se ainda mais, seguindo as pistas bibliográficas que o autor nos apresenta, na figura de Sócrates. Mas que também cumpra, como arte, seu papel em emocionar e transformar àquele que se permita.
Sobre as tradutoras
Como brasileiras radicadas em Buenos Aires, encontramos neste trabalho a concretude da experiência vivente, somamos o despertar identitário, que acontece quando estamos longe de casa, com a busca pelo pertencimento. Hoje percebemos que nosso pertencimento, antes de mais nada, passa pela língua. Não só a língua que aprendemos e que nos permite desbravar outros espaços, mas também a que nos define; a que chamamos de materna e que com essa alcunha cumpre seu papel em nos apontar o Norte.
Esta dupla de tradutoras é formada, antes de mais nada, por duas amigas. Esta amizade confere bastante admiração, generosidade e confiança à relação de trabalho, que é o solo fértil das traduções que fazemos. Nossa formação é complementar, por um lado, a literatura e a língua portuguesa, por outro, a filosofia. Além disso, trazemos na nossa história de vida a experiência gratificante da docência, paixão compartilhada e que nos marca profundamente, que, junto com a psicanálise, outra paixão comum, rende horas de estudo conjunto. Sempre transitando pelas ciências humanas e pela arte, complementamos nossa formação, pesquisamos juntas, buscamos novos autores, fazemos descobertas e esse movimento é a base de nosso trabalho.
Juliana Fernandes é tradutora, graduada em Letras e professora de Língua Portuguesa e Literatura. Atualmente, estuda Literatura Latinoamericana em Buenos Aires
Manuela Ferreira é tradutora, graduada em filosofia, mestre em filosofia da educação, e professora de filosofia. Atualmente, cursa um mestrado interdisciplinar em filosofia e psicanálise em Buenos Aires.
Prefácio
––––––––
A figura de Sócrates cativou-me desde a adolescência. Como pôde manter-se presente, até hoje, sem ter escrito nada? É inevitável compará-lo com aquele outro personagem, nascido quase cinco séculos mais