O quadro da criança que chora
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Sobre este e-book
Conheça a história por trás da lenda dos quadros de crianças chorando. O livro narra como e porque o pintor Giovanni Bragolin começou a pintar esses quadros malditos.
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O quadro da criança que chora - Hélio Ornaghi
I
O povo aglomerou-se na margem do rio para ver um corpo ser tirado das águas.
— Quem é ele? O que fazia? Onde morava? O que aconteceu? – perguntavam os transeuntes uns aos outros. Abrindo caminho nos cotovelos, Vitor por fim chegou perto do corpo.
— O que você fez meu amigo? – perguntou agachando-se para agarrar a cabeça do cadáver.
— Conhece o sujeito? – perguntou o policial vendo a cena.
— Sim, eu conheço – respondeu retirando seu casaco e colocando sobre o cadáver. Depois encarando o policial, falou:
— Esse homem é Giovanni Bragolin!
O silêncio de espanto tomou conta dos presentes.
Dez anos atrás...
Apolônia, uma das mais belas damas de Roma passeava carregando um cesto com flores. Além de ser bonita, a moça era filha de uma abastada família. Enquanto ela andava distraidamente, um jovem rapaz de grandes cabelos pretos sedosos a seguia escondendo-se pelas esquinas e atrás de barracas de feirantes. Cada vez mais se aproximava de Apolônia, até que ela se virou bruscamente fazendo o jovem assustar-se e correr para um beco. Ele ficou espreitando para ver se ela viria atrás dele.
— O que está fazendo seu infeliz? – perguntou Vitor fazendo o rapaz dar um pulo de susto.
— Por Deus homem, assim acaba por me matar! – exclamou se refazendo do susto.
— Não me preocuparia com isso, quando seus credores descobrirem onde está, vai desejar estar morto há tempos – sorriu Vitor.
— Não morrerei sem antes ter o coração da bela Apolônia – falou o rapaz olhando pelo canto da parede.
— Está fugindo de quem agora Giovanni?
— Vitor, porque o coração escolhe a pessoa mais difícil para amar? – suspirou Giovanni.
— Amigo, venha tomar um café comigo e tente esquecer essa moça, ela vai acabar te matando, isso é claro, se os credores não te acharem antes.
Vitor pegou o amigo pelos ombros e dois foram a Taberna Vitelli.
Vitor pediu vinho e pedaços de queijo e sentou-se com Giovanni em uma mesinha na calçada.
— Não devia estar pintando quadros em vez de ficar seguindo donzelas indefesas por aí? – perguntou dando risadas.
— Como posso pintar? Se só penso em Apolônia, em seus cabelos dourados, flutuando com a brisa, leve e soltos, e o que dizer de seus olhos... Meu Deus, que olhos verdes!
— Você é um completo imbecil Giovanni, sabes que não tem nenhuma chance com Apolônia, ela é rica, bonita, burguesa, o que ela iria querer com um pintor vagabundo?
— Eu sei! Eu sei! Eu sei! – esbravejou o pintor sorvendo seu copo de vinho – eu sei mais ao mesmo tempo, não quero saber. Ela tem que ser minha Vitor, ela tem que ser minha de qualquer jeito.
— Sei... E o que vai fazer a respeito?
Giovanni aproximou-se mais perto de Vitor e cochichou em seu ouvido.
— Não conte a mais ninguém bom amigo – e olhando para os lados segredou: eu pintei um quadro de Apolônia, é simplesmente de longe, a minha mais perfeita obra, simplesmente perfeita, é tão bela a retratação de minha amada que até posso me apaixonar pela pintura.
— Fascinante Giovanni! Qualquer mulher se envaidece com um quadro exaltando sua beleza.
— Apolônia simplesmente se renderá aos meus talentos ao contemplar A minha donzela de ouro
.
— A donzela de ouro
– ironizou Vitor – quanta criatividade!
— Sabe Vitor, se eu fosse rico e famoso, Apolônia já estaria casada comigo.
— Mas ela estaria casada com seu dinheiro e sua fama, você estaria em terceiro lugar.
— Eu poderia até ficar em último lugar se estivesse casado com ela.
— Você quem sabe meu amigo.
Vitor levantou-se e pegou sua bolsinha de moedas, retirou duas e as colocou em cima da mesa.
— Adoraria continuar em sua companhia, mas preciso ir andando, agora pegue esta bolsa de moedas e vá pagar alguns credores – falou Vitor jogando as moedas para o pintor.
— Não posso aceitar Vitor, já me deu muito dinheiro...
— Corrigindo, emprestei muito dinheiro, sei que um dia irá me pagar, e irá me pagar com juros, até lá, aceite mais esse empréstimo.
— Se você faz questão...
— E não gaste em bebedeiras ou jogos – repreendeu Vitor saindo pela calçada enquanto Giovanni se enchia de prazer com o volume da bolsa de moedas.
Retornando para casa, Giovanni passou em frente a um bar que há muito tempo não entrava. Sentiu o gosto o vinho atiçar seu paladar e os dedos coçarem por um baralho, porém, refletiu que dessa vez seria sensato e guardaria o dinheiro para pagar suas contas. Ao aproximar-se de sua casa, foi cercado por três homens.
— Olha só quem resolveu aparecer! – disse um homem gordo, o maior dos três, empurrando Giovanni. O sujeito grande e robusto chamava-se Primo, um cobrador de empréstimos.
— É bom revê-lo também Primo – sorriu o pintor colocando o saco de moedas em sua calça.
— Eu e meus amigos viemos ver o que senhor tem a oferecer a Seu Frederico, ele está um tanto quanto chateado com seus atrasos.
— Ah o seu Frederico, que homem bom, diga a ele que estou para receber um pagamento semana que vem, de modo que o senhor e seus nobres amigos podem vir na segunda receber o dinheiro.
Primo desatou a rir junto com seus comparsas.
— Giovanni! Giovanni! Só você mesmo para me fazer rir em meu trabalho... Quer dizer que segunda que vem eu posso vir?
— Segunda que vem estarei com o dinheiro. Promessa!
— Se é assim, Florêncio e Nélio, agarrem esse sem vergonha – ordenou Primo. Os comparsas seguraram os braços de Giovanni enquanto que Primo dava uma tunda no pintor. Depois de muito apanhar, o pintor foi jogado no chão, com o rosto inchado e quase inconsciente. Primo revistou seus bolsos e achou a bolsa de moedas.
— Ora! Ora! Que barulho estranho essa bolsa tem – comentou fazendo tilintar as moedas dentro da bolsinha, depois jogou a bolsa para um comparsa – veja quanto tem aí Nélio.
Depois de alguns minutos, o capanga falou o exato valor na bolsa. Primo agarrou os cabelos de Giovanni e o fez encarar seus olhos.
— Faltaram três moedas de ouro meu amigo, mas segunda que vem eu volto e você vai estar com essas três moedas que faltam. Promessa.
E os três homens foram embora