Alberto Caeiro: Poemas Completos (Golden Deer Classics)
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BREVE NOTA SOBRE A OBRA
O GUARDADOR DE REBANHOS
O PASTOR AMOROSO
A água chia no púcaro que elevo à boca
A Criança
A Espantosa Realidade das coisas
A Guerra
A Neve
A Noite Desce
Ah! Querem uma Luz
Assim Como
Criança Desconhecida
Creio
De Longe
Dizes-me
Entre o que Vejo
É Noite
Estas Verdades
É Talvez o Último Dia da Minha Vida
Falas de Civilização
Gozo os Campos
Hoje de Manhã
Não Basta
Navio que Partes
Noite de São João
Nunca Sei
O Espelho
Ontem o Pregador
O que Ouviu os Meus Versos
O Único Mistério do Universo
O Universo
Pouco a Pouco
Pouco me Importa
Primeiro Prenúncio
Pastor do Monte
Quando Tornar a Vir a Primavera
Quando Vier a Primavera
Quando Está Frio
Quando a Erva Crescer
Seja o que For
Se Eu Morrer Novo
Se Depois de Eu Morrer
Se o Homem Fosse
Também Sei Fazer Conjeturas
Todas as Opiniões
Tu, Místico
Um Dia de Chuva
Última Estrela
Uma Gargalhada
Verdade, Mentira
Vive
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa, one of the founders of modernism, was born in Lisbon in 1888. He grew up in Durban, South Africa, where his stepfather was Portuguese consul. He returned to Lisbon in 1905 and worked as a clerk in an import-export company until his death in 1935. Most of Pessoa's writing was not published during his lifetime; The Book of Disquiet first came out in Portugal in 1982. Since its first publication, it has been hailed as a classic.
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Alberto Caeiro - Fernando Pessoa
POEMAS COMPLETOS DE ALBERTO CAEIRO
FERNANDO PESSOA
POESIA
Índice
POEMAS COMPLETOS DE ALBERTO CAEIRO
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Um Dia de Chuva
Última Estrela
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Verdade, Mentira
Vive
BREVE NOTA SOBRE A OBRA
Esta obra reúne o conjunto de poemas dos livros O Guardador de Rebanhos
, O Pastor Amoroso
e Poemas inconjuntos
assinados pelo heterónimo de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro.
Alberto Caeiro foi, como admitiu muitas vezes Fernando Pessoa, um dos seus heterónimos que mais gostava e admirava. Foi criado quando um dia Fernando Pessoa se lembrou de fazer uma partida ao seu confidente, o escritor Mário de Sá-Carneiro, mandando-lhe um poema e dizendo que era de um suposto amigo seu. Quando finalmente pôs a descoberto a mentira disse-lhe por carta: Quis inventar um poeta bucólico, de espécie complicada, e apresentar-lho, já me não lembro como, em qualquer espécie de realidade. Levei uns dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia em que finalmente desistira — foi em 8 de Março de 1914 — aproximei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia mais triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título,
O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. Desculpa-me o absurdo da frase:
aparecera em mim o meu mestre mas foi essa a sensação imediata que tive.
Em mais detalhes, Fernando Pessoa escreveu que o imaginou como tendo nascido em Lisboa, em 1889 e morrido em 1915, mas que viveu quase toda a sua vida no campo, com uma tia-avó idosa, porque tinha ficado órfão de pais cedo. Era louro, de olhos azuis. Como educação, apenas tinha tirado a instrução primária e não tinha profissão.
Fernando Pessoa diria ainda que, quando escrevia em nome de Caeiro, fazia-o por pura e inesperada inspiração, sem saber ou sequer calcular que iria escrever.
Como poeta, Alberto Caeiro apresenta-se como um simples guardador de rebanhos
que escreve sobre a natureza e só se importa em ver de forma objetiva e natural a realidade. Ao mesmo tempo despreza e repreende qualquer tipo de pensamento filosófico, afirmando que pensar obstrui a visão (pensar é estar doente dos olhos
).
É pois um poeta de extrema simplicidade que considera que a sensação é a única realidade e que refletir sobre como as coisas são é entrar num mundo complexo, desnecessário e problemático onde tudo é incerto e obscuro.
Fernando Pessoa chamava-o de o Mestre Ingénuo
e considerava-o como sendo o melhor dos seus heterónimos.
O GUARDADOR DE REBANHOS
I
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a