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Morte sem ressurreição
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Morte sem ressurreição

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Sinopse: Uma série de assassinatos ameaça a tranquila cidade de Ourense, sem qualquer relação aparente entre eles. Contudo, um sinal da identidade da assassina deixa claro que se trata da mesma pessoa, Emma, uma jovem extremamente inteligente, com um plano elaborado e um motivo que a leva a agir dessa forma. Eva, inspetora de polícia é a encarregada do caso. Assim começa uma corrida contra o relógio para evitar mais mortes.

LanguagePortuguês
Release dateFeb 23, 2018
ISBN9781547513925
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    Morte sem ressurreição - Roberto Martínez Guzmán

    Aos meus pais,

    Roberto e Aquilina,

    sem eles, nada seria igual.

    ÍNDICE

    PREFÁCIO

    PREÂMBULO

    DOMINGO DE RAMOS

    1

    2

    3

    SEGUNDA-FEIRA SANTA

    4

    5

    6

    7

    TERÇA-FEIRA SANTA

    8

    9

    10

    11

    QUARTA-FEIRA SANTA

    12

    13

    14

    15

    QUINTA-FEIRA SANTA

    16

    17

    18

    19

    SEXTA-FEIRA SANTA

    20

    21

    22

    23

    SÁBADO SANTO

    24

    25

    26

    27

    DOMINGO DA RESSURREIÇÃO

    28

    BIOGRAFIA DO AUTOR

    PREFÁCIO

    Você tem em suas mãos a nova novela de Roberto Martínez Guzmán; desta vez, uma história policial repleta de assassinatos, mas também com vieses psicológicos. Roberto nos apresenta uma trama maravilhosamente ambientada em duas cidades muito pouco comuns em obras literárias, Vigo e Ourense, e em uma época do ano tão conhecida por todos como é a Semana Santa. Sente-se o cheiro de incenso nestas páginas impregnadas de sangue e vingança.

    São duas as mulheres que protagonizam a história, ambas muito inteligentes. Você conhecerá Emma, a mão executora, uma jovem que mata uma série de pessoas e que deixa sua marca em cada cadáver: uma bola de golfe. Não há segredos a esse respeito, Emma é a assassina, mas... O que a leva a cometer semelhantes atrocidades? Eva é a encarregada de descobrir, a inspetora de polícia que irá na trilha da jovem, que terá que descobrir o que há na mente perturbada da autora de tais crimes. Emma e Eva lhe mostrarão que nem tudo é o que parece e que às vezes, os bons não são tão bons, nem os maus, tão maus.

    Graças à ágil prosa de Roberto você mergulhará totalmente nesta história, vai saboreá-la e desfrutá-la, e a lerá sem se dar conta de que o tempo passa à sua volta. Leia e descubra o que estas páginas escondem, pergunte-se o que é que pode haver corrompido tanto uma menina como Emma. Ajude Eva a capturar a assassina e, quando terminar e fechar o livro, pare e pense: o que eu teria feito em seu lugar?

    A narração em terceira pessoa permite que você conheça, em primeira mão, de um narrador onisciente, o que passa pela mente de cada personagem a cada momento, possibilitando assim que entre na história e reflita sobre quais serão os passos seguintes dos personagens. Os capítulos intercalam a história de Emma com a investigação de Eva, para desse modo, poder seguir cada passo de ambas protagonistas e também dos personagens secundários, muitos deles, vítimas da assassina.

    Dizia a mestra do gênero, Agatha Christie: A melhor receita para a novela policial: o detetive nunca deve saber mais que o leitor. Morte sem ressurreição se vangloria disso, pois o leitor sabe desde o primeiro momento quem mata e, pouco a pouco, pode ir adivinhando porque o faz, enquanto a inspetora terá que ir passo a passo por um caminho de tragédia.

    Pode o passado justificar ações atrozes do presente? Nem sempre, mas às vezes conseguir a paz de espírito compensa tudo. Não o distrairei mais e o encorajarei a passar esta página para encontrar-se com as verdadeiras protagonistas desta história, Emma e Eva, elas saberão guiá-lo melhor que eu. Aprecie a leitura!

    Natalia Navarro Diaz

    Administradora do blog Arte Literário

    (arte-literario.blogspot.com)

    "... e não encontro mais que portas

    que negam o que escondem..."

    (Joaquín Sabina)

    PREÂMBULO

    Domingo de Ramos. No coração de Vigo, à uma da tarde, numerosas pessoas se reúnem no interior da Igreja de Santa Maria para celebrar o início da Semana Santa.

    O aroma de louro, oliveira e incenso inunda tudo, o calor é insuportável e no altar, o padre se empenha em explicar o significado da paixão e morte de Cristo, dificultado pela enorme multidão que se concentra dentro do templo, nesse momento.

    Em uma lateral, na estrita intimidade de um confessionário, uma enigmática mulher de traços quase perfeitos explica com serenidade a um jovem sacerdote, a motivação que tem guiado sua vida durante os últimos seis anos, mas também, um mais que inquietante futuro próximo.

    DOMINGO DE RAMOS

    ––––––––

    1

    ––––––––

    Havia pouco mais a dizer. A mulher terminou a sua calma exposição e permaneceu em silêncio, como que querendo dar tempo para que o jovem sacerdote assimilasse tudo o que acabava de ouvir. Para isso foram necessários alguns segundos e que ele se acomodasse nervoso no seu assento, algumas vezes. Quando por fim tomou consciência de que a mulher havia acabado, não soube o que dizer. Certamente, havia se sentido desconfortável dentro do confessionário algumas vezes, inclusive em certas ocasiões, havia tido que suportar propostas sexuais, mas hoje era muito diferente. Notava como o sangue gelado corria por suas veias e o morno aroma do incenso e louro da igreja havia se transformado em um macabro odor de morte, dentro do seu pequeno recinto. Uma sensação tão indescritível quanto repugnante.

    Por fim, balbuciou várias vezes e logo só conseguiu dizer timidamente:

    — Não posso lhe dar a absolvição. Pelo menos, não agora.

    — Eu o entendo.

    Terminada a confissão, o sacerdote levantou o olhar através da grade e pode ver que a mulher se levantava, ao mesmo tempo em que fazia

    uma última pergunta:

    — Posso contar com o senhor?

    O jovem sacerdote vacilou por um momento. Não porque quisesse pensar na resposta, mas pelo puro desconcerto em que estava imerso.

    — Sim, estarei lá. Exatamente dentro de uma semana... — respondeu finalmente, tentando buscar uma confirmação.

    Não houve resposta. Nem tampouco, mais perguntas. A mulher terminou de levantar-se e com isso, sua imagem desapareceu da grade.

    O sacerdote abriu rapidamente a parte superior de seu confessionário e, pela pequena fresta, seguiu-a com o olhar. Seus traços eram arredondados, como se criados segundo um modelo definido. Seu cabelo, negro e preso em uma trança. Nada a diferenciava das demais pessoas que se concentravam naquele momento na igreja e, apesar das bonitas curvas que se podia imaginar debaixo de sua calça jeans e de uma discreta camiseta, ninguém reparou nela.

    Em poucos segundos, deslizou pela nave lateral, dirigindo-se discretamente até a porta de saída. Não parou para rezar, nem para fazer a penitência, nem sequer ficou até o final da eucaristia. Simplesmente se foi.

    O jovem sacerdote inclinou a cabeça inconscientemente, tentando segui-la mais tempo, mas se tornou impossível entre a multidão que abarrotava o templo. Assim que aquela mulher havia desaparecido por completo de seu reduzido campo de visão, não pode evitar benzer-se com rapidez, de um modo compulsivo, como se acabasse de ver o diabo em pessoa. Um diabo real, de carne e osso, e que inclusive lhe havia dito o seu nome, Emma.

    Estava certo de que já não se esqueceria dele.

    2

    Mãe e filha, Aurora e Emma, comeram em silêncio. Fazia tempo que não havia nada a dizer naquela casa. Entre elas já não havia celebrações ou confidências e nem sequer, alguma reprovação.

    Assim que terminaram, Emma foi para o seu quarto e fechou a tranca por dentro, tentando fazer o menor ruído possível. Uma velha tranca, colocada em uma velha porta de madeira, de um dos muitos velhos e úmidos apartamentos da rua Marquês de Valterra, na zona noroeste de Vigo. Nesta parte da cidade o sal penetrava pelas ranhuras e impregnava tudo com o seu cheiro característico e sua umidade permanente.

    Quando estava segura de que ninguém podia entrar, tirou uma grande mala do armário e abriu-a no chão. Em seguida procurou as anotações que havia guardado na primeira gaveta da mesinha de cabeceira e examinou-as com atenção. Lá estava anotado, meticulosamente, o que devia levar. Fazia meses que sabia aquela lista de cor, mas quis segui-la tintim por tintim: roupa para uma semana, um despertador, uns óculos... Quando já havia acomodado tudo dentro da mala, sentou-se na cama. Escutava ao fundo várias pessoas discutindo calorosamente, no mesmo programa de televisão de sempre. Olhou as anotações de novo, desta vez com indiferença, e se permitiu uns minutos para recobrar as forças, ou melhor, para criar coragem.

    Não demorou a abrir a tranca com cuidado e dirigir-se discretamente, ao banheiro. Lá, ainda devia pegar o resto dos objetos: maquiagem, tintura para o cabelo, uma escova de dentes, um pente, um secador pequeno, lâminas de barbear... A televisão continuava ligada e dentro dela, a discussão havia aumentado de tom o suficiente para que Aurora não reparasse nas idas e vindas de sua filha pelo corredor estreito.

    Quando já passava das cinco da tarde, Emma tornou a sair do quarto com o intuito de partir e deu de cara com sua mãe no corredor, possivelmente alertada pelo ruído que emitiam as rodinhas da mala, ou por puro instinto maternal. Imediatamente, os olhos de Aurora pousaram como lápides sobre a bagagem:

    —Vai embora? — perguntou.

    Emma olhou-a por um momento e avançou sem responder. Logo abriu a porta e chamou o elevador. A espera no hall pareceu eterna. Sentia os olhos de sua mãe cravados na nuca, suplicantes, mas não lhe dirigiu o olhar em nenhum momento, simplesmente esperou. A pior das respostas.

    Entrou no elevador jogando desajeitadamente sua mala, enquanto ouviu fechar a porta do apartamento. Em seguida, e antes que o elevador se pusesse em movimento, Aurora também entrou. Talvez Emma tivesse preferido deixar a casa de seus pais, onde havia nascido e crescido, e onde também havia vivido durante os últimos anos, na solidão, sem despedidas, sem tornar esse momento mais difícil. Lá no fundo, entretanto, entendia a sua mãe.

    A porta se abriu, Emma jogou a mala outra vez e saiu. Aurora limitou-se a segui-la, procurando alguma pergunta em sua cabeça que não conseguia encontrar.

    As duas se aproximaram da carcomida beira da calçada e esperaram.

    — Pedi um taxi. Não creio que demore – disse Emma.

    Quando chegou, o taxista não teve dúvidas de que aquelas duas mulheres deviam ser, com certeza, as que haviam solicitado os seus serviços e rapidamente, desceu e colocou a mala no carro. Enquanto isso, Emma se sentou no banco dianteiro e abriu a janela. Dali ela olhou para sua mãe, paralisada sobre a calçada, e fez um gesto para que entrasse. Que problema podia haver em que ela a acompanhasse, pensou.

    — Para a estação de trens – indicou ao taxista.

    — A Guixar?

    — Sim.

    As obras na estação principal causavam a saída dos trens da velha estação, situada na Avenida de Guixar, há meses. Some-se a isso, o costume sincero do taxista de sempre fazer perguntas aos clientes. Habitualmente, essa simples cortesia era o caminho ideal para estabelecer uma conversa, mas neste caso não foi assim.

    Durante o caminho, Emma tentava não fazer concessões das quais pudesse se arrepender e Aurora se sentia, simplesmente derrotada. Sentada no banco de trás, encontrou, por fim, uma pergunta que julgou relevante:

    — Não vai levar o seu carro?

    — Não, não preciso dele. — Emma respondeu, secamente.

    Teria que continuar pensando. O taxi contornou o posto de gasolina do Porto de Berbés e logo avançou pelos túneis da Beira-mar, a toda velocidade.

    Ninguém dirige devagar em Vigo, e o taxista não era uma exceção. Em algum momento, sentiu vontade de falar do tempo, como faria em qualquer outro serviço, mas intuiu que seria mais apropriado limitar-se a dirigir. Aurora, por sua vez, estava mais consciente de que o seu tempo estava se acabando:

    —Nem sequer vai me dar uma explicação?

    — Não.

    Aurora percebeu a resposta cortante da sua filha e não teve forças para insistir. Sabia que podia procurar mil perguntas, mas, no fundo, já tinha todas as respostas e também, a explicação que estava pedindo para sua filha. Para falar a verdade, há um ano esperava este momento. Agora, tinha descoberto que não estava preparada para enfrentá-lo com integridade.

    Já na estação, Emma se aproximou da bilheteria com passos seguros e permaneceu na fila. Três pessoas e mais cinco minutos de um angustiante adeus. Aurora esperou ao seu lado. Quando chegou sua vez, a jovem olhou de relance para sua mãe, e logo dirigiu-se à funcionária da Renfe:

    — Uma passagem para Barcelona Sants.

    — Leito?

    Emma ficou em dúvida.

    — Não, poltrona.

    — Cento e cinco e cinquenta, por favor.

    Tirou três notas de cinquenta euros de um bom maço e deu-as à funcionária, esperando o troco. Logo se virou e olhou de novo para sua mãe, mas desta vez de frente e com ar inquisidor.

    — O que foi? — perguntou.

    — Não vá para Barcelona... — Aurora respondeu, vencida.

    Emma pensou que teria que cuidar mais dos detalhes de suas artimanhas. Ainda que, a partir de então, já fosse com outras vítimas.

    As duas mulheres se aproximaram cautelosas das plataformas. De alguma maneira, o curto trajeto das bilheterias ao trem substituiu qualquer tipo de despedida. Não houve beijos, nem abraços, nem sequer um simples adeus. Emma subiu no primeiro vagão e percorreu todo o trem a pé, até sentar-se no local das poltronas, na fila mais distante da plataforma.

    Aurora seguiu-a como pôde por fora e parou na sua direção. Ficou ali olhando para ela, de pé, com os olhos marejados. No seu íntimo, sabia que não voltaria a vê-la.

    3

    Às 17:55 horas, e com pontualidade refinada, o Trenhotel partiu da estação de Vigo Guixar em direção à Barcelona Sants. Pela frente, uma longa viagem de catorze horas. A maior parte delas coincidiria com a noite, por isso que não era de se estranhar, que muitos dos passageiros optassem por comprar uma passagem com direito a leito e, só uns poucos, os mais valentes ou aqueles para os quais o trajeto terminava antes, viajassem no vagão de poltronas. Estas se distribuíam em uma fileira de blocos de dois assentos à esquerda do corredor central e, à direita, em uma fila de assentos individuais. Emma havia escolhido deliberadamente os da esquerda, os mais distantes da plataforma da estação. Pouco depois de ter-se sentado, o assento contíguo também foi ocupado, sem que ela chegasse a prestar muita atenção no seu acompanhante por conta da tensão emocional daquele momento.

    Tão logo o trem começou a mover-se, Emma reclinou suavemente o encosto e já muito mais relaxada, se fixou no jovem que viajava ao seu lado. Camisa impecável, cabelo com gel, feições suaves... e uma pequena quantidade de anos celebrados. Graças à escassa ocupação do vagão, suspeitou que talvez sua condição feminina pudesse ter tido algo a ver com a decisão do jovem de sentar-se a seu lado e, então, oferecer-lhe amavelmente, sua ajuda:

    — Com licença, posso ajudá-la a colocar a mala no bagageiro?

    Olhando para Emma, ficava bem evidente que se aquela bagagem continuava no corredor, era devido à ausência muscular de sua dona.

    Ela deixou que ele o fizesse.

    — Eu sou Alberto, e você? — o jovem continuou com sua aproximação.

    Emma vacilou na resposta.

    — Elena, me chamo Elena. — disse com um sorriso complacente.

    Melhor assim, pensou.

    — E você vai até Barcelona em poltrona?

    — Não, só até Ourense — no final das contas, ele perceberia tão logo eu descesse.

    — Nossa! Eu também, que coincidência! Você mora lá?

    Ela decidiu mentir de novo.

    — Não. Vou só passar um dia com alguns familiares. Amanhã já volto para Vigo.

    O jovem se lembrou da mala pesada que acabara de levantar e ficou sóbrio, com a seriedade que se desenha no rosto de alguém que começa a suspeitar de que estão debochando dele de maneira gratuita. Emma raciocinou rápido:

    — Já sabe como são as mulheres. Pensamos em colocar na mala somente o necessário e, no fim, e se precisamos disso, e se precisamos daquilo, presentes para as crianças.... Tenho consciência de que não vou precisar da metade das coisas que levo, mas...

    — Você tem filhos? — Alberto a interrompeu.

    Desta vez foi Emma que ficou séria.

    — Não.

    Apesar da reação que acabara de provocar, o jovem decidiu avançar mais um passo em sua aproximação:

    — Pois você é muito bonita para não ter filhos. Ao menos deve ter um companheiro.

    Muitas perguntas, muitas respostas forçadas; não era um bom caminho aquele que o seu jovem acompanhante estava iniciando. Emma decidiu que era o momento para dar por terminada sua conversa de cortesia com aquele pretensioso aspirante a galã:

    — Se não se importa, vou descansar um pouco — disse, com refinada educação — Dormi mal esta noite.

    Alberto não insistiu na conversa. Limitou-se a ver como a mulher fechava os olhos, isolando-se do entorno, por completo.

    Apenas uma hora e meia mais tarde, o trem reduziu a marcha para parar na estação de Ourense Empalme, e as luzes da cidade começaram a aparecer através da janela. Emma se apressou em levantar-se de seu lugar antes do seu companheiro de viagem. Com expressão séria, lhe pediu ajuda para descer a bagagem e logo dirigiu-se à saída, sem permitir que ele pudesse segui-la. Depois da conversa que haviam tido, não queria que ele comprovasse que, de todos aqueles familiares que ia visitar, nenhum havia se preocupado em vir esperá-la na estação. Pensou que poderia parecer estranho. No fundo, pretendia impedir que aquele jovem inocente descobrisse que na verdade, havia chegado sozinha, permaneceria sozinha na cidade e quando se fosse, dentro de uma semana exatamente, iria sozinha.

    Emma já esperava impaciente, no momento em que o trem parou e as portas se abriram. Sem perder tempo, desceu para a plataforma e atravessou a pequena estação sem olhar para trás.

    Uma vez na rua, dirigiu-se ao primeiro taxi que esperava diante do edifício e entregou um papel ao motorista.

    — Poderia levar-me a esse endereço, por favor?

    O taxista olhou o papel com desdém e pôs o carro em movimento para dirigir-se até a zona universitária da cidade, onde inúmeros apartamentos de todo tipo estão ocupados por estudantes, durante o inverno. Parou no endereço indicado.

    Emma tocou uma velha campainha e esperou enquanto o taxi se afastava atrás dela. Não demorou muito a aparecer uma garota de baixa estatura, cara de ter bebido uma quantidade inconfessável de álcool na noite anterior e com um nervosismo mais que evidente. Encontrar mais uma companheira de apartamento, talvez fosse totalmente imprescindível para sua economia. Vendo o prédio, não

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