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Já Faz Parte de Mim
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Ebook176 pages2 hours

Já Faz Parte de Mim

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About this ebook

Um velho diário é encontrado por um casal de editores literários em Curitiba. Após localizarem o responsável pelos registros, tentam convencê-lo a transformar a história em um grande livro. Porém, para que a obra seja publicada no próximo verão, o editor Carlos Mascarenhas faz uma exigência ao autor: construir fatos reais para que os mesmos possam gerar o final feliz que a editora deseja.

LanguagePortuguês
PublisherAlan Pereira
Release dateFeb 21, 2018
ISBN9788591607433
Já Faz Parte de Mim

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    Já Faz Parte de Mim - Alan Pereira

    JÁ FAZ PARTE DE MIM

     ALAN PEREIRA

    Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados.

    Os elementos técnicos desta obra foram produzidos pelo autor, englobando capa, contracapa, diagramação, projeto gráfico, sinopse e biografia.

    REVISÃO

    Alan Pereira Rego

    Denis Maeda

    Melissa Cristina Procópio Araújo

    COLABORADORES

    Dhebora Hevelin Assis Celestino da Cunha

    Jessica Feitoza da Rocha

    Lucleide Rodrigues Clemente

    Rafael dos Santos Macedo

    ISBN: 978-85-916074-4-0

    Todos os direitos desta edição reservados a

    ALAN PEREIRA REGO

    Fone: (11) 98944-0949

    E-mail: alanpereira.sp@outlook.com 

    www.youtube.com/oprimeirosolnascente

    O mistério, a voz em um sonho. Passado, presente e futuro na continuação de Já Faz Parte de Mim, com lançamento em 01 de julho de 2021. Com novos e velhos personagens, promete muitas emoções e páginas carregadas de entretenimento, reviravoltas e ação.

    Já Faz Parte de Mim 2, em breve disponível gratuitamente nas principais plataformas digitais.

    Siga nosso Instagram para saber mais.

    http://instagram.com/jafazpartedemim

    divulgacaoinside

    Sobre o autor

    Alan Pereira Rego é paulistano, nascido em 1989 e formou-se em Sistemas de Informação pela UNINOVE - Universidade Nove de Julho. Nasceu em Itaquera e cresceu em Artur Alvim, zona leste de São Paulo. É profissional de Tecnologia da Informação e escreve livros por prazer há quase uma década.

    Seu primeiro livro, Caminhos Opostos (originalmente lançado como Paz em Ciclos), foi publicado em 2013 e teve baixa repercussão. Porém, Já Faz Parte de Mim veio em 2018 e permaneceu durante quatro meses consecutivos no top 10 da Play Store, alcançando o terceiro lugar geral entre os livros gratuitos. Esta obra possui mais de 80 mil leitores em três anos de publicação, e encontra-se periodicamente no top 100 de livros gratuitos da Amazon na categoria romance. 

    O conto Parte de Mim Quer Voltar: O Prelúdio foi lançado em 2019, alcançando 10 mil leitores e pavimentando o percurso para a publicação de Já Faz Parte de Mim 2 em 2021, dando sequência à jornada.

    SÃO PAULO, 21 de dezembro de 2013.

    "Quão complexas são as questões da vida de cada um?

    Comprar ou não um carro, deixar ou não a casa dos pais, abrir o coração para alguém ou assumir a segurança de ser e estar sozinho, casar e ter dois filhos ou desfrutar apenas do carinho da (o) esposa (o), seguir ou não determinada religião... 

    Tudo me é confuso, mas ao mesmo tempo, sem titubear, tenho respostas prontas e bem pensadas para todas as perguntas que faço.

    A criança em fase de crescimento sonha em ser adulta e viver a vida corriqueira de seus pais, enquanto os adultos querem deixar todas as responsabilidades para trás e experimentar, mais uma vez, a vida tranquila e sem compromisso de uma criança. Mas as vontades são tão confusas quanto as opiniões. 

    Queremos dinheiro, viagens, amigos e abraços. Não gostamos mais de desenhos animados e nossos familiares estão distantes, porque não dispensamos tempo e atenção necessários para cultivar nossas próprias relações pessoais. Tão envolvido em uma escala de trabalho, uma rotina, que cerca e aprisiona num carrossel sem fim, socialmente aprisionado. Os brinquedos da infância estão no fundo da gaveta e o jogo no console de videogame é sobre a Segunda Guerra Mundial — ou sobre zumbis pós-apocalípticos criados por megalomaníacos.

    Meu problema não é contra o natural desenvolvimento de um ser humano e sim com a vida sistêmica que eu, você e seus entes queridos desbravam dia após dia, de segunda a sexta, ou até mesmo seis dias por semana. Estamos movimentando a máquina, diria o talentoso e ocupado executivo diante de seus afazeres corporativos. Eu diria que o cenário é um pouco mais profundo.

    Estamos movimentando interesses pessoais e coletivos. Ponto. Você trabalha para a corporação, ela lhe paga pelo serviço prestado e o compromisso encerra-se aqui. Todos saem ganhando algo, pois é uma relação de duas vias — porém, não necessariamente alinhada entre os participantes.

    Para você, é uma questão de ‘eu fui contratado para isso’, enquanto o CEO da empresa acompanha a evolução das finanças e faz planos e castelos nas nuvens — às vezes em ilhas privadas também, é verdade — e acredite: trata-se de interesse inteiramente pessoal para tal líder. A fonte jorradeira empresarial fora levantada pelo próprio visando, ao menos, um objetivo: estabilidade financeira. O resto é ego.

    As garras do mundo corporativo estão inalcançáveis e distantes de mim neste momento, mas sei que precisarei render-me em algum momento de minha vida, pois sou parte do sistema. Uma vez dentro dele, nem que seja por alguns milímetros, serei atingido. Esse é o jogo que disputamos com a vida.

    Os resultados não surgiam. O individualismo já fazia parte de mim desde o leito de minha mãe. Mas estes anos que passaram fizeram com que eu realizasse que podemos amenizar certos pontos de nossa personalidade, mesmo que estes sejam imutáveis como um todo.

    E você pode mudar. Você tem que mudar. E eu vou lhe mostrar como isso é poss...

    A tevê ligada em meu quarto diz o óbvio como se fosse a piada mais engraçada do ano. Eu já estou cansado deles, já estou farto e volto-me para as palavras que anotei. O conforto é breve, consolador e, de certa forma, inspirador.

    Quando eu era menino, falava como menino, sentia como me-nino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.  

    Acabei com as coisas de menino, diz a Bíblia. Ou seja, deixar a infância para trás não só é algo natural, como também é a obrigação de um homem?  Isso deve ser o que chamam de maturidade, pensei comigo. Deixar uma porção de sua vida a esmo, arquivada em fotos, brincadeiras, brinquedos, ensinamentos e lembranças, até que possa praticar seus ensinamentos aos seus futuros primogênitos.

    Sendo assim, posso dizer que meu pensamento é tão ingênuo quanto o de uma criança. A questão era tão básica e eu ali, divagando e especulando diante de algo tão comum, trivial. Em minha mente, o assunto fora tratado com a seriedade de uma discussão entre nações poderosas.

    A criança brasileira é doutrinada a estudar, concluir os ensinos fundamental e médio, ingressar em uma faculdade, pregar um diploma na parede do quarto e ganhar mais de quatro salários mínimos para ter uma vida tranquila e sem emoção. Clichê. Clichê de minha parte levantar isso, claro, pois já sabes com tamanha ante-cedência. Mas é o que está pensando em fazer, não? Já se inscreveu para o próximo vestibular? Andou folheando os classificados em busca dos concursos públicos que pagam mais? Cortou todos os gastos possíveis para conseguir pagar as mensalidades daquele curso conceituado?

    Veja só como é fácil influenciá-lo a não seguir em frente. 

    Em segundos, um turbilhão de informações nos engole e compromete desde ações simples até as mais complexas. Mesmo aqueles que não querem manipulá-lo diretamente lhe prejudicam com palavras lançadas sem direção e objetivos rasos.

    A verdade é que estamos envoltos de motivos para desistir. Tudo parece difícil demais, demorado demais e caro demais, e a vida vai passando entre calendários, paradas de trem e campeonatos de futebol. A corrente de minha bicicleta já está enferrujada, pois a graxa secou e o tempo para levá-la à bicicletaria está escasso. Isso não lhe interessa, é verdade. Mas preocupa-me ver afastado daquilo que me dá imediato prazer. Pois isso é o que realmente deveria importar para nós.

    Tão perto e tão longe — já dizia o costumeiro chavão.

    É complicado discorrer sobre o aprendizado que devemos ou não adquirir durante nosso ciclo de vida. Sempre que pensamos que sabemos de tudo, descobrimos que não sabemos nada e, ainda, que estamos distantes de um ponto ideal. Confundimos o certo com o errado, trocamos o garantido pelo duvidoso e a humanidade vacila entre a fé e a incredulidade. Então, no final das contas e depois de tantos profetas e escritos, decidimos que ‘ouvir a voz do coração’ é o caminho que devemos seguir. Irônico.

    Conflitos sempre surgirão. Seguir a própria vontade pode ser algo benéfico e saudável, mas também pode tornar-se um ‘plano A sem plano B’ com um final desastroso para ambos os lados, para a outra pessoa ou apenas para você — sendo esta última a pior das possibilidades.

    A seção de notícias internacionais do jornal em cima de meu cri-ado-mudo discorre sobre o caso de um brasileiro que tentou adentrar os Estados Unidos de forma ilegal e acabara morrendo tragicamente na fronteira. Ele sonhava em morar num país de primeiro mundo, longe deste lugar injusto, de todas as suas falcatruas e dogmas. Mas não refletira o suficiente sobre as consequências que tal ato poderia causar. Nem que poderia pagar o preço de seu ato com a própria vida.

    Vejo muito ‘agir por impulso’ e pouco ‘agir com o coração’. Sentimentos que se assemelham e se confundem, mas tão distintos quanto céu e mar. 

    E meu coração sabe bem o que é isso." 

    01

    Duas horas e trinta e um da manhã no relógio de mesa. O led vermelho dos dígitos do contador é o único ponto luminoso na escuridão onde me encontro. Minha mãe dorme profundamente, mas sei que acordará instantaneamente se eu vier a pronunciar seu nome. Sono leve, ligações na hora errada e histórias repetidas — coisas de minha mãe, coisas de sempre.

    Após dois anos, este é o último dia de minha vida pacata como desempregado. Eu sabia que teria que me render, mas adiei o máximo que eu podia. Adiei tanto, mas agora estou feliz. Agora eu tenho este contrato, agora posso adquirir todas aquelas coisas que vi na televisão. Agora posso realizar os meus sonhos. De agora em diante, tudo vai mudar.

    A brisa da noite entra pela janela e me fascina. Estamos em 01 de janeiro de 2015, auge do verão brasileiro, onde os momentos de frescor são escassos. Mas esta noite é diferente das outras trezentas e sessenta e quatro que ainda viverei neste ano. Esta tem frescor. Tem cheiro de esperança. Cheira a vida.

    Em mente, transporto-me para longe dali, além das paredes daquele quarto. Mesmo dentro de casa, sinto-me como se estivesse no topo de um edifício, tão aliviado pela chance que recebi, segurando o contrato em minhas mãos.

    Ainda ensurdecidos pela queima de fogos que tomou a virada do ano, meus cachorros permanecem agoniados e inquietos no quintal, atentos a qualquer movimento alheio e aos gatos que passam próximos ao portão de casa vez ou outra. Sofro ao pensar na sensibilidade de audição destes bichanos, capaz de transformar um ruído de espirro em lamento. E o pensamento voa longe. 

    Será que vou conseguir dormir hoje?, refleti. 

    Pode ser o ano de minha vida. Pode ser o recomeço que tanto esperei. Aliás, quanto tempo mais teria que esperar?

    O executivo fitara meus olhos com ar superior.

    Dentro de seu carro importado, em um prédio corporativo na região da Avenida Paulista, centro financeiro de São Paulo, o mundo ao redor daquele homem era um lugar qualquer, onde habitam em seu imaginário seres humanos que não possuem desejos, metas ou ambições. 

    O que ele pensara de mim? Os dias passaram e ainda me recordo com frequência daquele homem, daquela situação. Queria que ele soubesse quem eu era — quem eu realmente sou. Este é o mundo corporativo, aquele que me entristece, mas onde vejo-me inserido cada dia mais. 

    Assim, visto minha camisa social com um logotipo de uma grande multinacional, olho para o relógio, despeço-me de minha mãe e vou à luta. Mais um dia atrasado — mais uma conta vencida. Estou completamente ciente de que este não é o futuro que desejo. Mas estou descendo a rua agora.

    O logotipo na amarrotada camisa deveria ser daquela microempresa que eu gerenciara por alguns meses, mas os dias foram duros, o suor em vão. Eu sabia que não duraria. Sempre soube.

    Julgo como vencidos todos aqueles que decidem seguir qualquer caminho padrão sem procurar saber o que há do outro lado do muro. Disseram-me que eu devo estudar e procurar um emprego? Pois bem, vamos estudar e procurar um emprego. Mas por que tem que ser assim?

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