O Presente (cuidado com o quê você deseja)
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Uma divertida fantasia de Natal.
Joe é fã número um do Natal. Ele realmente ama essa época e mal pode esperar para passá-la com sua esposa, Beth, fazendo o que eles mais gostam: comendo tortas de frutas secas, bebendo vinho quente, rindo e assistindo A Felicidade Não se Compra na TV, abraçadinhos. Porém, Beth tem uma ideia um pouco diferente esse ano. Ela parece querer viver momentos terríveis, ou por qual outro motivo ela convidaria sua mãe para visitá-los — a sogra demônio dos infernos, que odeia o Natal e tudo que o involve? Na verdade, há apenas uma coisa que ela odeia mais que o Natal... Joe.
Felizmente, Joe tem um aliado nessa guerra contra a monstra mastigadora de chicletes de cabelos laranjas: o Papai Noel do shopping center que não é bem o que parece. Esse gigante Noel presenteou Joe com uma caixa mágica prometendo fazer o problema desaparecer, mas seu parceiro aparentemente inocente coloca Joe em uma aventura que ele nunca mais esquecerá. Se ele quiser chegar ao dia do Natal intacto e salvar sua esposa e filho ainda não nascido de uma vida inteira na terra do Natal, ele terá que aprender uma importante lição: a tomar cuidado com o que deseja... porque você pode conseguir.
Julie Hodgson
I started writing poetry and short stories at the age of 9, a nice way to switch off I guess. Then it just escalated from there. My English teacher at my secondary school Mrs Love was an inspiration to me. In 1985 I moved to Tripoli in Libya, and as the schools did not have any books I started writing for the children of the local British schools. It's amazing that when there are no books you crave anything to read. So we all got together and made something out of nothing. I have continued writing for newspapers, The Times in Kuwait in 89 just before the first Gulf conflict, then, Libya, Sweden, Uk and lots of other countries. And the story could go on and on... I now live in Portugal and I have had many books published in the past and have joined publishers Opera Omnia and they published the first bilingual book back in November 2012. Many of my books are now in several languages.
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O Presente (cuidado com o quê você deseja) - Julie Hodgson
Capítulo 1
Joe estava congelando. Ele puxou o cobertor, mas Beth puxou ao mesmo tempo e ele não teve chance. A desvantagem estava do lado de fora, a neve já caía há alguns dias e não mostrava sinal de que pararia tão cedo, mas o aquecedor central estava ligado no máximo e parecia que era julho no quarto. Então, não era a neve branca e fresca parada na escuridão fora da janela que estava gelando seus ossos e, sim, o ombro frio na cama ao seu lado. Eles haviam brigado, ele perdera e ela virou-lhe as costas, indicando que aquilo terminava ali. Não importava se ele ainda tinha um milhão de coisas para dizer sobre o assunto. Estava terminado. Sua única opção era ficar ali e afundar-se na cama apática até que estivesse cansado demais para se importar e eventualmente caísse no sono. Ou poderia tentar abraçá-la, abrindo espaço por outros meios e reconquistando seu bom humor. Valia a tentativa, então voltou-se para aquele ombro frio, mas antes que pudesse mover-se para perto dela, ouviu, Nem pense nisso
. Sim, ela havia encerrado a discussão pelo resto da noite. Não tinha mais volta.
Era tão raro que discutissem. Na verdade, isso quase nunca acontecia. Eles eram felizes. Estavam casados há oito anos, tinham uma linda casa da qual ainda eram jovens o bastante para aproveitar, ainda saíam em encontros românticos e também para ver os amigos, viajavam para o exterior em feriados e podiam passar fins de semana inteiros juntos fazendo absolutamente nada sem se cansarem da companhia um do outro. E agora tinham ainda mais um motivo para serem felizes: depois de quase cinco anos tentando, Beth estava esperando seu primeiro filho. Eles planejaram chamar o bebê de Devon, fosse menino ou menina, em homenagem ao local onde fora concebido. Joe sugeriu chamá-lo de Travel Inn, para um toque mais específico, mas Beth apenas deu-lhe um daqueles seus olhares que dizem: você é muito engraçado, eu te amo muito, mas agora não. Ele havia tentado safar-se da discussão dessa noite com algumas piadas, mas não funcionou. Não havia portas dos fundos ou saídas de emergência para aquela conversa. Ela não acabou nada bem...
Ela precisa disso, Joe. Eu sei que vocês não se dão bem, mas—
Isso é pouco. É como dizer Aliens e Predadores não se dão bem.
Só estou pedindo que vocês coloquem suas diferenças de lado por uma semana e nós poderíamos—
Uma semana! Eu não vou sobreviver a uma semana, Beth, eu juro. Uma semana! E também não é tão fácil quanto você diz. Não sou eu que causo os problemas.
É preciso duas pessoas para começar uma briga, Joe.
Não, Beth. Nesse caso, realmente não é. Ela nunca gostou de mim desde a primeira vez que me viu.
Isso não é verdade.
Não...?
Ele levantou as sobrancelhas contrariado. Ao menos ela tinha que reconhecer que isso era verdade.
Ok. Mas você tem que ser mais maduro que ela.
Por quê?
Porque é Natal.
Isso não é um motivo. Eu tentei, querida, eu tentei de verdade. Eu passei anos e anos tentando, mas temos que aceitar, ela nunca vai gostar de mim.
Ela não precisa gostar de você; vocês só têm que dividir o mesmo espaço por uma semana. Isso é pedir demais?
Sim, era. Realmente era pedir demais.
Não estou pedindo para você ver ela o resto do ano.
Então eu vou ter que tomar todos os meus remédios de uma vez, durante uma semana!
Ela não é tão ruim assim.
Novamente, ele olhou controverso para ela, fazendo-a reconsiderar o que havia dito.
Ok, ela é tão ruim assim, mas eu já contei para ela agora e ela está empolgada.
Empolgada? Como foi isso? Ela mostrou uma nova ruga? Pareceu um pouco menos com a Cruella De Vil por alguns segundos?
Você não é engraçado.
Não estou tentando ser. Por favor, só pense em mim por alguns minutos. Eu não vou durar uma semana. Eu vou literalmente morrer. É isso o que você quer? Se ela vier, eu vou morrer. Eu vou simplesmente morrer.
Ele esperava que a sua voz chorosa funcionasse. Era humilhante, mas era sua última opção.
Ela vem, Joe.
Mas por queeeeeeeeeeeê?
Porque ela é minha mãe.
E então veio a irritação e o ombro frio, a lâmpada do lado dela apagou-se naquele mesmo instante. Conversa acabada. Não havia nada que ele pudesse fazer a respeito. O tempo para o protesto já havia acabado e ele perdera sua chance. Tudo o que tinha eram algumas súplicas desesperadas, mas elas não foram ouvidas. A vida como ele a conhecia estava acabada. Ela viria para o Natal.
A sogra.
Se ela fosse um filme, seria Louca Obsessão. Se ela fosse uma sobremesa, seria um suflê murcho. Se ela fosse uma bebida, seria um Whisky Sour. Se ela fosse uma cor, seria uma contusão de concreto. Se ela fosse um livro, não seria Guerra e Paz, mas, sim, Guerra e Guerra e Mais Guerra com Muitos Insultos e Olhares de Desprezo. Seu nome pornô seria Duro de Aguentar. Seu nascimento foi no seis do seis, do seis seis seis. E, mesmo que Beth tentasse negar, ela de fato odiava Joe desde o primeiro momento que o viu.
Ele tentou, realmente tentou no começo, mas foi em torno de três anos atrás que simplesmente desistiu e decidiu aceitar. Tentou ser simpático com ela, fez tudo por ela, engoliu seus insultos, disse que seu cabelo estava bonito e que seus vestidos eram lindos; quando isso não funcionou, tentou simplesmente ser um bom marido para sua filha, agindo como tal deliberadamente na sua presença, para que ela visse que eram um casal feliz e que ele não era algum tipo de assassino do machado; quando isso ainda não funcionou, tentou afrontá-la, conquistar seu respeito e reconquistar sua masculinidade, mas falhou novamente; finalmente, chegou ao estado de aceitação: ela não gostava dele e nunca iria gostar. Não importava o que fizesse. Ele poderia ganhar na loteria e comprar-lhe uma mansão, poderia organizar uma festa para ela e unir todas as pessoas que ela já conhecera, poderia escrever uma música sobre ela e cantá-la no horário nobre da TV, humilhando-se porque realmente não sabia cantar. Nada disso mudaria a maldita situação. Ela o odiava. No início daquele ano, ele acreditou que havia feito a única coisa que poderia finalmente agradá-la: dar-lhe uma neta; porém ele poderia dar-lhe uma conta de gás ou um rato morto no espeto pelos mesmos míseros pontos ganhos por isso. Era Beth que teria o bebê, seu papel ali não tinha importância e ela nunca o mencionava. Nem míseros parabéns.
Mas ele não a odiava. Estava determinado a não odiar. Ele não odiava ninguém, não era de sua natureza, e recusava-se a rebaixar-se ao seu nível. Não, ela podia odiá-lo tanto quanto quisesse, ele apenas continuaria aguentando. Com certeza teria muito mais êxito se não tivesse que dividir a casa com ela por uma semana, mas, deitado na cama ao lado do ombro congelante de sua esposa, prometeu uma coisa a si mesmo: independente do que acontecesse no Natal ele se mostraria superior. Era Natal e queria aproveitá-lo. Ele sabia que não havia nada que pudesse mudar a morcega velha, mas podia manter o controle de si mesmo e de suas reações; e jurou naquele momento e lugar que não seria derrotado. Ele sorriria e seria agradável, e absolutamente recusava-se a odiá-la porque isso o tornaria tão ruim quanto ela.
Capítulo 2
Ele a odiava.
Foram precisos apenas dois minutos.
Toda sua determinação derretera como um boneco de neve em um micro-ondas e ele a odiava. Era oficial.
Tudo começou no domingo ao som de 'Jingle Bells' da campainha tocando pela casa. Na semana anterior Beth e Joe ficaram a semana inteira decorando a casa da forma mais festiva possível. Eles montaram a árvore de Natal de manhã cedo e a casa já havia se transformado com aquele aroma fresco de pinho. Era oficialmente Natal. Eles riam e bebericavam seu vinho quente enquanto enfeitavam a árvore com ouropel, dando voltas e voltas, com luzes multicoloridas e bolas metálicas, pouco se importando com a aparência e mais com o quanto estavam se divertindo, sendo bobos juntos, comportando-se como um casal de crianções. Com a árvore de Natal completa, as festividades espalharam-se pela casa toda com mais luzes e ouropel, ornamentos colecionados ao longo dos anos e suportes para os cartões que acumularam rapidamente. Após o almoço, Joe fez sua famosa torta de frutas secas e agora a casa cheirava como se já fosse 25 de dezembro. Uma mordida da doce massa com especiarias levou-o direto de volta à empolgação de sua infância: esperar pelo Papai Noel na cama, sempre caindo no sono antes de sua chegada; preparar um pedaço de torta de frutas secas para ele e uma cenoura para Rudolf, que era mesmo uma rena mimada. Não era de se estranhar que todas as outras renas