Minha Vida de Bastardo

Minha Vida de Bastardo

Damien Black

Copyright© 2018 Damien Black

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Publicado por Babelcube.,

Impresso em papel sem ácido

Esta série (livro) é um trabalho de não-ficção. Personagens, datas e locais foram alterados para proteger os inocentes e os culpados

2018

Ilustrações: Laura Caiafa

Design do livro: Laura Caiafa

Editado por: Benjamin Slaughter

Contato e as crônicas de Minha Vida de Bastardo

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Índice

Prefácio

Agradecimentos...................................................1

Capítulo 1: Inverno de 1972, Domingo Sangrento  4

Capítulo 2: Minha Irmã Marilynn e Eu Temo Nossa Primeira Aventura no Labirinto da Família Temporária  8

Capítulo 3:De Volta à Harlem...De volta ao Inferno

Capítulo 4: Fratura

Capítulo 5: Um Arrepio ao Entardecer

Capítulo 6: Sem Piedade................................37

Capítulo 7: Hamburger e Molho.....................46

Capítulo 8:Você Pode me Levantar Mais Alto?..............51

Capítulo 9: Apenas umas Férias.....................55

Capítulo 10: Vamos Ver o que Há Atrás da Porta Número Três  61

Capítulo 11: Feito de Bobo de novo.................71

Capítulo 12: Meninos Perdidos.......................78

Capítulo 13: Passatempos e Paixão

Capítulo 14: Eu Serei Seu Incendiário.............90

Capítulo 15: Terminando5

Capítulo 16: Bom Dia,Vermes!

Capítulo 17: Os Corajosos

Capítulo 18: Na moda, Atual e Com Estilo

Capítulo 19: Educação Especial

Capítulo 20: Barcos Contra a Corrente

Capítulo 21: Até Tu, Brutus?

Sobre o Autor

Prefácio

Em 2011, mudei-me para China. Sentado, ouvi horas de entrevistas com áudios e sessões de terapia transcritas e impressas: A vida de Javier Soto. Foi uma promessa feita, mas lentamente entregue porque a vida acontece nos intervalos. Quando somos jovens, conversamos tanto sobre sonhos que nos esquecemos de nos tornar adultos. Nós vendemos nossa alma para nos mantermos em um emprego e sobrevivermos, mas de vez em quando, lembramos das promessas que fizemos. Cara, eu manterei minha promessa.

O que é família temporária? É um sistema jurídico para cercar e eliminar as crianças indesejáveis,  quais são vítimas de abuso, abandonadas e não queridas. Essas crianças são colocadas em uma casa certificada por um grupo ou instituição de acordo com suas necessidades. Se os avós ou qualquer membro da família puderem cuidar da criança, então o programa fica sendo a última opção. Mas o que acontece se a única alternativa for família temporária? Essas crianças têm realmente chances de terem uma vida normal? Podem entrar no sonho de ser alguém? Podem comemorar aniversários, natais, terem a visita da fada dos dentes, graduarem-se, irem para uma universidade e dar boas vindas à vida adulta? Pergunte alguém que experimentou viver em uma família temporária. Eles dirão do horror da exploração, do abuso sexual, dos desabrigados, das estadias na prisão, uso de drogas, repetindo o mesmo ciclo de comportamentos de seus pais. Esse sistema foi uma realidade para mim e para muitos outros.

A experiência de Javier Soto é muito comum em uma nação como os Estados Unidos, que se orgulha de ter valores familiares e de ser o país mais rico do mundo. Na metade do século 19, cerca de 30.000 crianças abandonadas estavam vivendo em favelas. O Departamento de Polícia de Nova Iorque classificou-os de ratos de rua. Estas crianças em sua maioria vinham de pais desajustados. Sofriam com doenças e acabavam em problemas com a lei. Os serviços sociais estavam limitados em orfanatos e caridade. Apareceu Charles Loring Brace, um filantrópico que fundou a Sociedade de Ajuda às Crianças, com a intenção de melhorar suas vidas carentes através do programa Trem dos Órfãos. A ideia deste programa era enviar crianças para Nova Iorque e para o meio do país, em comboios para fazendas. Casais locais encomendavam algumas delas para pagar em parcelas. Ou então crianças eram distribuídas aleatoriamente, dependendo da localização. Jornais locais anunciavam quando as crianças iam chegar. Davam banho, eram relembradas das boas maneiras. Como celebridades andavam para o tribunal carregando uma bíblia. Essa parece ter sido a melhor divulgação da época. Alguns podem ser cínicos sobre dispor crianças num leilão de escravos. Mas como a maioria das ideias, acabam corrompidas por seus praticantes. Ocorreram abusos no sistema, crianças foram colocadas em trabalhos de casa para serem exploradas e não existia ajuda terapêutica para os seus sofrimentos.

Estou feliz em dizer que essa história não ocorreu no século 19. Nem é divulgada com meninos fofos cantando em um orfanato, com seus corações intensos enquanto uma menininha ruiva espera por Papai Warbucks.[1] Este livro leva-nos para várias cidades e várias famílias temporárias nos 17 anos da jornada vivida nesse sistema. É a coragem, a disposição de um jovem, qual se movia de um lugar para outro. É Javier algo que a sociedade deveria se arrepender? Seria um criminoso, usuário de drogas, alguém que é emocionalmente desajustado? Talvez seja assim que os psicopatas surgem? Pode ele, como outros, crescer para se tornar um predador sexual buscando algum equilíbrio pelo que sofreu fazendo com que outros sofram o mesmo destino? Talvez a esperança e vontade de Javier resistam. Você terá que descobrir.

Uma nota: somos rápido em comemorar histórias de sucesso, mas a maioria das crianças que vivem em famílias temporárias não se tornam bem sucedidas e são esquecidas. Frequentemente, escondemos as falhas atrás do brilho de uma história de sucesso, qual tem pouco impacto na vida daqueles que ainda estão dentro do sistema, ou saem despreparado para a vida. Como gosto de números e fatos, vamos ver se Família Temporária é verdadeiramente bem sucedida:

Dados fornecidos pelo Foster Care Clube (2014)[2]

•  415,129 crianças estavam no sistema foster care em 30 de setembro de 2014, um crescimento de 4% desde 2012

•  264,746 crianças entraram no programa–que significa uma criança entrando a cada dois minutos nos Estados Unidos.

•  238,230 crianças deixaram o programa

•  107,918  crianças estavam esperando serem adotadas em 30 de setembro de 2014.

•  60,898 crianças estavam esperando serem adotadas, das quais os direitos parentais (para todos os pais vivos) terminaram.

•  50,644 criranças foram adotadas com o envolvimento de agências públicas de bem-estar.

•  Quem são as 415,129 crianças temporárias?

•  52% do sexo masculino

•  48% do sexo feminino

•  39% 5 anos ou menos

•  23% 6 a 10 anos

•  22% 11 a 15 anos

•  16% 16 a 20 anos

•  2% Índia-americana/Nativos do Alasca

•  1% Asíaticas

•  24% Negros ou Afro-descentendes

•  0% (525) Nativos do Havaí/Outras ilhas do Pcaífico

•  22% Espanhóis

•  42% Brancos

•  3% Desconhecido/Não é possível determinar

•  7% duas ou mais raças

Em 2014, 22.392 emanciparam ou ficaram fora da idade para o sistema: quando eles completam dezoito anos, ou terminam o ensino médio (alguns Estados estendem para vinte ou vinte e um anos). Jovens na Família Temporária frequentemente não conseguem a ajuda que precisam para completar o ensino médio, estar empregado, ter acesso à saúde, não continuam na escola, não encontram casa para morar ou algum lugar para se restabelecer. Estudos demonstram que quem saiu do sistema Família Temporária estão mais propensos a não terminar o ensino médio, não ser empregado ou serem dependentes de assistência pública. Muitos vão presos, moram na rua ou são pais em idade precoce.

Crianças desse sistema têm um alto índice de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Em um estudo 60% dessas crianças sofreram abuso sexual e 42% foram psicologicamente abusadas, preechendo os critérios de TEPT. Além disso TESPT foi também encontrado em 18% de crianças que não foram abusadas. Esses meninos (as) podem ter desenvolvido TEPT  por testemunhas violência em casa. Eles também sofrem com altos índices de transtornos alimentares, suicídos, homicídios, diminuição das perspectivas acadêmicas e doenças mentais. (Marsenich, 2002)

Os números são muitas vezes esmagadores para o público em geral compreender, mas para mim é uma vergonha nacional, muitas vezes me perguntei: o que poderia fazer? Eu posso contar uma história verdadeira para aqueles que atravessaram o inferno, qual não desejamos para nossos filhos. Javier é um dentre um milhão de histórias que  não foram contadas ainda. Talvez ele possa ser uma inspiração ou um indicativo de como tratamos os abandonados e os indesejados. Leva a uma forte determinação, com vontade de sobreviver a uma infância de abusos. Talvez esse livro possa chegar até alguém que compartilhe essas experiências e possa ajudar para que não se sintam sozinhos em sua luta. Que eles possam sobreviver ao sistema, ou conviver com as feridas de uma família adotiva. Esta é uma história contada com honestidade, humor e principalmente toda a brutalidade, porque precisamos de histórias que não são disfarces revestidos de açúcar, como mostra os filmes de Hollywood. Javier considera sua vida como de bastardo, então como eu ou alguém poderia tirar essa sensação de perda?

ESSA HISTÓRIA É CONTADA PELAS PALAVRAS DE JAVIER EDITADAS EM CONTEÚDO, MAS NÃO PARA A LINGUAGEM. VOCÊ FOI AVISADO!

ALÉM DESSE LIVRO, VISITE O SITE http://www.lifeofabastard.com/ PARA MAIS HISTÓRIAS CONTADAS POR SOBREVIVENTES DO SISTEMA FAMÍLIA TEMPORÁRIA E TALVEZ POR ALGUMAS PESSOAS DA VIDA REAL DESTE LIVRO, SERÃO POSTADAS NA NOSSA SESSÃO DE CRÔNICAS.

Agradecimentos

Quando comecei, não sabia que os diários e entrevistas de sobrevivência de Javier Soto tinham algo que poderiam ser publicados ou se tinham qualidade suficiente para a jornada