Naquele último suspiro
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Uma história romântica, apresentada de maneira original, com todos os ingredientes que a tornam intrigante e interessante
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Naquele último suspiro - Marta Martín Girón
NAQUELE ÚLTIMO SUSPIRO
Marta Martín Girón
Para aqueles que encontraram o amor e revivem-no a cada dia.
INTRODUÇÃO
Dana
Acordei assustada enquanto meu peito palpitava incontrolavelmente. Tinha acabado de ter um sonho intenso e por sua vez era muito romântico. Eu realmente me apaixonei pelo homem com o rosto confuso que invadiu esse mundo inexistente.
Olhei para a direita e lá, inconsciente de qualquer coisa, alheio à minha aventura emocional particular, Brian dormia.
A realidade estava longe do que acabara de experimentar, mas algo me dizia que, talvez, um dia deixaria de ser uma fantasia.
––––––––
Aarón
Parecia que ia ser mais um dia. Ficaria em casa, sem fazer grande coisa, esperando por alguma chamada da empresa de telefonia móvel, algum novo cliente para atender às suas necessidades. Mas estava cansado dessa estupidez. Entediado de sentir que o tempo desaparece dessa maneira. Não queria continuar sendo parte de um mundo tão vazio, monótono e sem incentivos. E sim, eu tinha um trabalho aparentemente confortável que poderia fazer em casa, era casado e pai de uma menina bonita ... Mas agora, mais do que nunca, percebi que estava faltando alguma coisa. Até meu relacionamento com Sofia não era tão prazeroso quanto eu queria. Minha esposa concentrou-se apenas em seu trabalho e em nossa filha. Durante anos, tornei-me parte de um pano de fundo para ela, no qual não era sua prioridade, e meu coração exigia atenção.
Passava longas horas sem saber o que fazer e queria encontrar algo para compensar o afeto que não recebia.
Não me considerava uma pessoa dependente de ninguém e menos de uma mulher, mas a falta de companhia, a falta de amor é algo ao qual o ser humano ainda não está totalmente acostumado. Acredito que se nascemos, crescemos e vivemos em sociedade, é justamente por isso, porque precisamos uns dos outros, porque somos seres feitos para viver em colônias. Acho que isso está na nossa genética.
NAQUELE
ÚLTIMO
SUSPIRO
***
Aarón
Fazia dois meses desde que estive com Álex para o café. Aquele encontro de velhos amigos foi o gatilho que iniciou a grande mudança.
Lembro-me de como, em meio aos absurdos e trivialidades de nossa conversa, deixei escapar uma ideia ousada que pairava em minha cabeça durante dias. De onde tirei isso? Não sei, mas esse esboço era muito bonito e poderia se tornar uma história em toda a sua magnitude. Depois de compartilhar com meu colega, a confirmação que queria receber surgiu. Ficou fascinado com o meu pensamento extravagante e me encorajou a fazer algo com isso.
- Por que você não escreve um livro? Disse com entusiasmo. Por um momento, duvidei de suas palavras. Temia que estivesse apenas zombando do homem iludido na frente dele. Se as suas aclamações fossem sinceras, seria um impulso importante para mim, pois, sendo sincero, essa ideia não me pegou de surpresa, na verdade foi recriada em minha mente nas últimas semanas deixando uma impressão profunda. Depois de ponderá-la, sempre cheguei à mesma conclusão: o que posso perder?
E, na verdade, não havia nada a perder. Absolutamente nada. Afinal de contas, não tinha mais nada a fazer senão observar os guardas do meu tempo morrerem a cada momento.
––––––––
Dana
Às vezes, a vida é mais difícil do que podemos imaginar. Felizmente, são fendas que vêm e vão, etapas que não permanecem em nossa realidade para sempre. É necessário se acostumar com isso o mais rápido possível, liberar as emoções, deixar passar os tormentos, ou melhor, ajudá-los a atravessar o peito sem que deixem buracos. Mas as rachaduras sempre estarão lá. Permanecerá uma marca lembrando-nos de uma fase do nosso crescimento, onde houve um impacto profundo.
Eu me pergunto por que o ser humano abraça com mais intensidade os momentos traumáticos do que os apaixonados que nos enchem de felicidade. Acho que depende apenas de cada pessoa, quão forte você é, sua capacidade de se adaptar e esquecer ...
Mas precisava apagar o passado. Era imperativo. Deixar para trás os momentos compartilhados desde a infância com ele, com Óscar, meu melhor amigo. Talvez não para terminá-los, mas para fazer o possível para que não me machucassem mais. Sabia que voltar minha atenção para algo artístico poderia me dar bons resultados, do ponto de vista terapêutico. Era hora de praticar algo novo: escrever.
Não derramaria mais toda minha angústia desconsolada em lamentar sua perda. Em vez disso, tiraria do meu coração o amor que nos viu crescer e criaria algo bonito em sua memória. Afinal, ele sempre me incentivou a fazer isso.
Gosto de suas histórias, me disse. Aquelas que ficava inventando sobre os acontecimentos toda vez que brincávamos ou ficávamos entediados.
O coração me pedia para amar sua memória sem medo.
Da criação que surgisse através de minhas mãos, guiada por sua essência, nasceria um novo Óscar.
––––––––
Aarón
- Aqui, Álex, já tenho o rascunho do romance, disse, estendendo um documento impresso para ele, convencido de que estava entregando a ele uma verdadeira obra-prima.
Nós estávamos no mesmo café que nos viu reunindo apenas três meses atrás.
- Já?! Respondeu meu amigo, espantado. Que rápido!
- Sim, você sabe que tenho muito tempo livre... Além disso, não conseguia parar de escrever. Parecia que tudo surgiu com estrutura, do nada.
- Aparentemente você tinha meditado mais do que pensava, brincou ele.
- Não sei. Mas devo confessar que gostei de desenvolvê-lo.
Eu me senti feliz. Não sabia se ele gostaria do meu trabalho, mas estava orgulhoso de mim mesmo, e considerei isso como a coisa mais importante.
Finalmente, depois de tantos anos, comecei a encontrar sentido em minha vida. Não importava mais que Sofia não tivesse tempo para mim. Descobrira algo que compensava todo esse espaço; além, é claro, do tempo que desfrutava à tarde com minha filha, Lucia.
- Você vai ler? Perguntei com alguma dúvida.
- Você está louco? Claro que sim. Lembre-se que te dei a ideia. Se mais tarde você se tornar famoso, terá que me nomear em seus agradecimentos e discursos, brincou. Embora suas palavras não fossem totalmente sarcásticas. Ri porque, na verdade, nós dois sabíamos que ele estava certo; ousara dar esse passo, em grande parte graças a ele.
- Ok, quando me derem o prêmio Planeta ou o Nobel o citarei no meu discurso de agradecimento.
- Estou gostando disso, disse com um sorriso complacente.
***
Depois de dois dias, meu colega me chamou para encontrar comigo.
- No bar habitual as dez, disse misteriosamente.
E assim foi. Quando chegamos ao nosso local de encontro e depois de pedir um café cada, ele me olhou nos olhos com uma cara séria.
- O que, você vai me contar já o que acontece com você? - perguntei-lhe.
- Terminei... - deixou cair sua frase mergulhando na incerteza.
- E...
- Mas ainda estou alucinando.
Fiquei em silêncio, olhando para ele, tentando decifrar essas palavras. Não sabia qual seria o seu pensamento: teria gostado ou pensado que era a maior merda que já tinha visto em sua vida? Esperei pacientemente que continuasse falando.
- Fiquei encantado, disse finalmente.
Tratei de me mostrar contido, para esconder meu evidente júbilo; poderia encontrar pessoas que pensassem diferente dele. Mesmo assim, algo dentro de mim respirava com facilidade. Álex foi a primeira pessoa que leu meu trabalho e sua opinião, sua impressão foi muito importante. Só de imaginar que ele poderia entrar na intimidade do meu primogênito e pensar que não valia nada, estava impondo um grande respeito.
Aproveitei essa deferência para cuidar dos detalhes muito mais. Apesar de ser novato e, embora pudesse ser quase impossível ou implausível, queria que essa amostra de mim fosse perfeita.
- Só tenho algumas anotações para lhe dar, disse ele, tirando uma pasta da carteira e um maço de páginas rabiscadas.
Olhei para ele com espanto.
- O que é tudo isso?
- São algumas pequenas anotações e sugestões que estavam chegando à minha mente enquanto lia, explicou comedidamente.
Entendi o motivo de seu argumento tímido, temia minha possível reação. Olhei para seus grandes olhos castanhos e eles mostraram prudência e respeito. Depois de um momento, finalmente respondi.
- É ótimo - disse grato. Álex suspirou. - Já tenho um emprego, disse, esboçando um sorriso.
- Sim, assim parece - riu comigo.
Quando cheguei em casa, comecei a olhar para as sugestões do meu amigo. Elas eram muitas. No entanto, não tive força nem coragem para começar a estudá-las. Deixaria para o dia seguinte, quando no silêncio da manhã minha cabeça precisava se distrair com algo proveitoso.
***
Naquele momento, percebi que meu orgulho havia sido testado. Dei-lhe o meu trabalho convencido de que já estava perto da perfeição, e ele devolveu-o cheio de anotações... Essa pilha de folhas continha muito mais do que eu poderia imaginar que alguém pudesse encontrar.
Pensativo, fui para a cozinha para preparar um café muito quente, depois disso, com o laptop nas encostas, mudei meu centro de trabalho para a sala de jantar. Liguei o dispositivo e esperei pacientemente para que ele começasse; enquanto isso, deixei o meu paladar se deleitasse com o caldo de cafeína temperado. Essa tranquilidade me fez mergulhar em meus pensamentos: aquelas folhas intermináveis de notas e correções, foram usadas para ver detalhes que anteriormente escorregaram entre as, talvez, quinze vezes eu pude reler meu pequeno descendente.
O leitor tem uma capacidade muito importante, pensei, que um bom escritor sempre precisará: a perspectiva sem implicação que o autor muitas vezes não consegue ter.
Tomei outro gole...
E então o que? Meditei. Quem mais vai ler? Meus parentes? Sofia? E se eles não gostam disso? Eles nem sabem que criei um romance. Meu pai vai tirar sarro de mim, não vai acreditar que fui eu quem escreveu, eu o conheço, ele hesita muito... E Sofia... vai querer ler? Ela também não sabe o quanto esse projeto é importante para mim, talvez, quando o deixei cair, ela achou que era uma piada ou que eu me divertia escrevendo cadernos e folhas soltas sem nenhuma pretensão que de ocupar o tempo.
O que vão pensar quando disser que quero publicá-lo para que todos possam lê-lo? Eles me provocarão? Não acredito. Espero que não... Quando corrijo as anotações de Álex, direi a todos e encontrarei uma maneira de publicar meus livros. Sei que este vai ser o primeiro de alguns. Além disso, dá-me o palpite de que, ao dar esse passo, de alguma forma, me levará a preencher o vazio que por tanto tempo tem estado ansioso para ser ocupado.
***
Levava horas desejando que caísse a noite, que Lucia fosse para cama para ficar sozinho com Sofia. Naquela madrugada queria fazer amor com minha esposa há muito tempo, esquecendo tudo, desfrutando de nossos