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Comentário acerca do desenvolvimento da abordagem de Carl Rogers e a Gestalt Terapia, como abordagens fenomenológico existenciais de psicologia e psicoterapia. A importância de precursores como os Fenomenólogos, a Filosofia da Vida, Nietzsche e Martin Buber.
Hegel
Não pretendo traçar aqui uma história ou uma descrição exaustiva dos desenvolvimentos das psicologias e das psicoterapias fenomenológico- existenciais -- chamadas de Humanistas.Mas destacar o que parecem ser linhas fundamentais de seu processo de constituição.
Recebemos - no Brasil, e na América Latina-, uma Psicologia Humanista que decorre de intensas fermentações de certas tendências da Psicologia, da Filosofia e da Cultura em geral, no interior das Culturas europeia e norte-americana, no início do século, até a década de setenta.
Na verdade, estas correntes de Filosofia, de Psicologia, e da Cultura em geral, surgiram e se desenvolveram originariamente na Europa, constituindo-se, frequentemente, como clássicos do pensamento humano.
Se observarmos com atenção, há como que um encontro filosófico de águas entre Ontologias, Epistemologias, teorias psicológicas e tendências culturais.
Em um primeiro momento, encontros de vertentes da Filosofia, da Psicologia, e da Cultura, europeias. Em um período cultural e politicamente agitado.Que vai,desde os finais do século XVIII, até os anos anteriores, durante, e depois, das duas guerras mundiais do século XX.
As resultantes desses encontros europeus, por sua vez, encontrar-se-ão, de um modo massivo, com vertentes da Filosofia, da Psicologia, e da Cultura norte-americanas.
Este momento particular de encontros destas vertentes, europeia e norte-americana, se desdobra desde o período anterior à Segunda Guerra, até os anos setenta. E constitui a formulação básica das Psicologias Humanistas.
Em um segundo momento, e vendo o processo a partir de nossa perspectiva particular, resultantes destes encontros das vertentes europeias e norte-americanas transbordam para a América Latina, chegando ao Brasil na esteira das relações entre a sociedade norte-americana, latino-americana, e a brasileira.
São influências que são recebidas, inicialmente, de modo um tanto quanto acrítico e impessoal, digamos. Como talvez não pudesse deixar de ser. Constituem-se paulatinamente como alternativas e influências no campo das Psicologias, das Psicoterapias, das Pedagogias, e de outras abordagens das relações humanas.
Progressivamente, entretanto, as realidades e as perspectivas psicológicas, filosóficas e culturais latino-americanas e brasileiras, em particular -- no nosso caso -- começam a marcar uma presença crítica diferenciada, e a reivindicar perspectivas próprias, no processo de constituição destas abordagens em nosso meio. Desenvolve-se um movimento vigoroso neste sentido, a partir do início da década de oitenta, movimento que até hoje perdura, e que cada vez mais ganha corpo, em quantidade e qualidade. De modo que podemos falar, assim, pelo menos em nosso meio, de uma vertente brasileira, e latino-americana, no processo de constituição da chamada Psicologia Humanista entre nós.
A recepção dos produtos do encontro de uma vertente europeia com uma vertente norte-americana não mais se dá de um modo passivo.
Há a constituição de uma perspectiva brasileira e latino-americana, que participa diferenciadamente do encontro das águas que constitui a Psicologia e a Psicoterapia Fenomenológico-existencial, dita Humanista.
A vertente europeia se constitui do conhecimento e posturas de certas antigas correntes filosóficas, e de cultura, que se desenvolveram na Grécia, e nas filosofias e artes do Renascimento.
Estas perspectivas são recuperadas por filósofos do século XVIII, na constituição das poderosas perspectivas filosóficas de F. Nietzsche, da Fenomenologia e do Existencialismo.Filosofias ‘Humanistas’.
Brentano terá uma influência marcante no desenvolvimento da Fenomenologia de Edmund Husserl (1859–1938), no desenvolvimento da Fenomenologia de Martin Heidegger (1889–1976) e no desenvolvimento da Fenomenologia da Psicologia da Gestalt, da Escola de Berlim (1916–1933). Brentano, na verdade,além de criar a perspectiva da Fenomenologia contemporânea, fenomenologia da tradição de Brentano, exerce uma ampla influência sobre várias áreas da Filosofia, além da Fenomenologia.
A Escola de Berlim da Psicologia da Gestalt sofrerá ainda uma grande influência de pensadores, filósofos, físicos, músicos e psicólogos pioneiros, como Ernest Mach (1838–1916) e Christian Von Ehrenfels (1856–1932), alunos de Brentano. Elaconstituir-se-á como uma mediação fundamental para o trânsito da influência da Fenomenologia, e das concepções desses filósofos, no processo de constituição da Psicologia e da Psicoterapia,em particular através dos trabalhos de Kurt Goldstein (1878–1965) e de Max Wertheimer (1880–1943). Destacados e pioneiros da Psicologia da Gestalt. Ambos emigraram para osEstados Unidos(EUA), posteriormente a uma vida acadêmica muito produtiva na Alemanha.
Os trabalhos de Heidegger serão a raiz fundamental da Fenomenologia Existencial da análise existencial de MedardBoss (1903–1990), e de Ludwig Binswanger (1881–1966). Psicoterapeutas europeus pioneiros na abordagem fenomenológico-existencial. Pioneiros estes que, por sua vez, marcam profundamente a gênese e o desenvolvimento, da concepção, e do método dos paradigmas de Carl Rogers (1902–1987) e de Fritz Perls (1893–1970); e de toda a psicologia fenomenológico existencial norte americana, dita Humanista.
Kierkegaard (1813–1855) antecipou-se a Nietzsche, (1846–1900) em cerca de quarenta anos, na crítica ao universalismo, e ao idealismo, hegelianos. No sentido da perspectiva existencial de privilegiamento da singularidade, da subjetividade, e da existência. Ainda que muito importantes, suas ideias enveredaram por uma perspectiva religiosa ascética, praticamente se constituindo como uma teologia.
Criticando, igualmente, o universalismo e o idealismo hegelianos, Nietzsche auferiu suas fontes de inspiração nas perspectivas de privilegiamento do corpo, da vivência e dos sentidos dos pensadores pré-socráticos. Mais que isto, Nietzsche recupera o sentido de afirmação do corpo, de afirmação da vivência, e de afirmação dos sentidos. Mesmo, e em particular, como afirmação do sofrimento e da finitude. Como modo natural de potencialização da vida, e de promoção de uma superabundância de suas forças, pela afirmação da potência do retorno da vida.
Nietzsche exercerá uma profunda influência sobre as ideias de Martin Buber (1878–1965), de Heidegger, e de um psicanalista que se tornou nietzschiano -- Otto Rank (1884–1939).
Via Martin Buber, via Heidegger e via Otto Rank – dentre outras vias, como o Expressionismo, por exemplo –, F. Nietzsche exercerá uma profunda e poderosa influência no desenvolvimento da Psicologia e da Psicoterapia Fenomenológico-Existenciais, chegando de um modo seminal às concepções e metodologias de Carl Rogers, e de Fritz Perls.
Todos estes filósofos podem ser entendidos como Humanistas no sentido de que buscavam sair da esfera do idealismo e do universalismo hegelianos, no sentido de recuperar a experiência e a vivência humanas como referência.
Buscavam, assim, recuperar o Humanismo dos filósofos do Renascimento, e as perspectivas de valorização do referencial do empirismo da vivência humana, dos gregos antigos. A eles devemos as inspirações originais não só da Fenomenologia como do Existencialismo,e da própria Psicologia Humanista, Fenomenológico-Existencial Dialógica.
É interessante que se indique que, além de Otto Rank, alguns psicanalistas dissidentes tiveram uma importante influência na constituição dos referenciais da Fenomenologia, do Existencialismo, e das Psicologias Fenomenológico-Existenciais.
Jung, abandonando os referenciais freudianos, e entendendo a profunda benignidade da individualização. OsCulturalistas, como Karen Horney e Erich Fromm -- em particular, depois que emigraram para os EUA, seguindo a revoada de intelectuais europeus perseguidos pelo nazismo.
Podemos dizer que desde a Grécia antiga, pelo menos, as raízes das Psicologias e Psicoterapias Fenomenológico-Existenciais são europeias.
De um modo certamente arbitrário, podemos traçar um limite destas raízes na influência dos médicos hipocráticos, e na influência dos pensadores pré-socráticos. Como Heráclito – que teve enorme influência no desenvolvimento da obra de Nietzsche e no desenvolvimento da Fenomenologia e do Existencialismo.
Com o seu empirismo, com o seu relativismo e com o seu privilégio da afirmação do corpo, do vivencial e dos sentidos, os médicos hipocráticos exerceram uma influência poderosa, e seminal, sobre filósofos e Filosofias fundamentais para o desenvolvimento das Psicologias e Psicoterapias Fenomenológico-
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