Um quilombo no leblon
1/5
()
About this ebook
Related to Um quilombo no leblon
Related ebooks
Rastros de resistência: Histórias de luta e liberdade do povo negro Rating: 5 out of 5 stars5/5Arariboia: O indígena que mudou a história do Brasil - Uma biografia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsLampião na trilha do cangaço Rating: 5 out of 5 stars5/5Filhos De Cã, Filhos Do Cão Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsJoão Cândido Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO piolho viajante: viagens em mil e uma carapuças Rating: 2 out of 5 stars2/5Aulas De História 1 Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsLaços de família: Africanos e crioulos na capitania de São Paulo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsGeografia e cultura: olhares, diálogos, resistências e contradições Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsNem mãe preta, nem negra fulô: Histórias de trabalhadoras domésticas em Recife e Salvador (1870-1910) Rating: 5 out of 5 stars5/5Objetos da escravidão: Abordagens sobre a cultura material da escravidão e seu legado Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsHistória do acre para Ensino Médio, Enem e Concursos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsImprensa negra no Brasil do século XIX Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsValongo: O Mercado de Almas da Praça Carioca Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsHistória Da África Negra Pré-colonial Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA valorização do ensino da história afro-brasileira e africana na prática pedagógica de professores/as em escolas públicas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Revolução do Haiti e o Brasil escravista: O que não deve ser dito Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO preto que falava iídiche Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsEscravidão urbana e abolicionismo no Grão-Pará: século XIX Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAbdias Do Nascimento: Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsEscravidão, trabalho e liberdade no Brasil Oitocentista: Outros olhares, novas visões Rating: 3 out of 5 stars3/5Mobilidade Antirracista Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPreconceito racial: modos, temas e tempos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs carnavais cariocas e sua trajetória de internacionalização (1946-1963) Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsVentres livres?: Gênero, maternidade e legislação. Brasil e Mundo Atlântico – Séculos XVIII e XIX Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsNa Terra das Palmeiras: Gênero, Trabalho e Identidades no Universo das Quebradeiras de Coco Babaçu no Maranhão Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA escravidão no Brasil Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Megera Domada Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Historical Fiction For You
O Lobo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO físico: A epopeia de um médico medieval Rating: 4 out of 5 stars4/5O menino dos fantoches de Varsóvia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsUma voz ao vento – A marca do leão – vol. 1 Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsVida e morte de M. J. Gonzaga de Sá Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsGuia de Leitura para o Livro 1 de "O Seculário de um Judeu Errante" Rating: 4 out of 5 stars4/5O homem que enterrou Hitler Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsSanto guerreiro: Roma invicta (Vol. 1) Rating: 5 out of 5 stars5/5O último judeu: Uma história de terror na Inquisição Rating: 4 out of 5 stars4/5Uma casa na pradaria Rating: 5 out of 5 stars5/5A sociedade literária e a torta de casca de batata Rating: 4 out of 5 stars4/5O livro dos nomes perdidos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO assassino cego Rating: 4 out of 5 stars4/5Razão e Sensibilidade Rating: 5 out of 5 stars5/5Um Casamento Escocês: Saga MacDowald Rating: 5 out of 5 stars5/5Uma casa na floresta Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA rede de Alice Rating: 5 out of 5 stars5/5A doçura da água Rating: 4 out of 5 stars4/5A biblioteca de Paris Rating: 5 out of 5 stars5/5Maria Montessori: Professora de uma nova era Rating: 5 out of 5 stars5/5A pintora de henna Rating: 5 out of 5 stars5/5Livre para recomeçar: Um romance Rating: 5 out of 5 stars5/5
Related categories
Reviews for Um quilombo no leblon
1 rating0 reviews
Book preview
Um quilombo no leblon - Luciana Sandroni
"Houve sol, e grande sol, naquele domingo de 1888,
em que o Senado votou a lei, que a regente sancionou,
e todos saímos à rua. Sim, também eu saí à rua, eu o mais
encolhido dos caramujos, também eu entrei no préstito,
em carruagem aberta, se me fazem favor, hóspede de um
gordo amigo ausente; todos respiravam liberdade, tudo era
delírio. Verdadeiramente, foi o único dia de delírio público
que me lembra ter visto."
MACHADO DE ASSIS
Sumário
Apresentação
Esta história não é inventada
Esta história é inventada
A fuga
O sapato
Pela janela do trem
O sinhozinho das camélias
Enfim, a corte!
Mar... Mar... Mariana!
O Zezinho nasce!
A chegada ao Leblon
A autora coruja
José de Seixas: entre malas e camélias
Álbum do bebê
Vem aí o Rapa-Coco!
A praia do Zé do Pinto
A princesa e o sorvete
Os bigodes sambam!
O aniversário
Hora do lanche
O dia mais feliz do mundo
Apresentação
ESCRITOR TEM MANIA DE INVENTAR COISAS EXTRAORDINÁRIAS. Luciana Sandroni, por exemplo, inspirou-se na pesquisa histórica e com ela criou uma estória de aventura muito movimentada, leve, gostosa de ler e, ao mesmo tempo, cheia de questões importantes sobre nosso passado, como os grandes malfeitos da escravidão (que ela não esconde) e a maravilhosa aventura de fugir de um sistema social extremamente injusto e renascer do outro lado, novinho em folha, no gozo pleno da liberdade do Quilombo do Leblon. O quilombo é história verdadeira.
Eu disse renascer novinho em folha
porque Godofredo e Mariana, quando resolvem fugir de São Paulo para o Rio de Janeiro, já estavam em adiantado estado de gravidez. Calma que eu explico! Na verdade, Mariana é que estava grávida, mas Godofredo não só assume naturalmente a paternidade, como traça junto com sua amada, no escurinho da senzala, seus planos de fuga.
Fugir é sempre um grande atropelo e correria, mas todo o mundo, lendo o livro até o final, poderá perceber que Godofredo é um verdadeiro cavalheiro e protege o tempo inteiro sua Mariana, desde os soturnos cafezais de Campinas, no interior de São Paulo, até o luminoso Quilombo do Leblon, a praia mais linda do mundo, um dos berços simbólicos da liberdade.
Pois foi naquele distante subúrbio do Leblon que nasceu também um menino de nome um tanto misterioso, e até meio desconjuntado, um certo José de Seixas Bento Clapp Barbosa do Patrocínio Rebouças Nabuco. O nome pode parecer um pouco complicado, mas eu não posso explicar tudo numa simples apresentação. As aventuras de Mariana e Godofredo também podem parecer muito complicadas, muito perigosas, e até um tanto rocambolescas, mas não devemos nos esquecer que, no essencial, quase tudo pode ser verdade mesmo e pertence à história e memória do povo brasileiro.
E por falar em verdade histórica, diga lá quem nunca teve vontade de fugir de algum lugar?
Ou se livrar de uma presença incômoda?
Diga lá quem nunca teve vontade de simplesmente sumir no oco do mundo?
Ou no oco de um esconderijo que tinha bem nos fundos do Quilombo do Leblon?
Fala a verdade! Se mesmo a gente que é livre às vezes sente vontade de dar no pé e sumir do mapa, sendo gente escravizada então... podemos imaginar a vontade que dava!
A vontade era grande, mas fugir para a liberdade era uma aventura muito perigosa. Os personagens deste livro, portanto, correm perigo real e concreto. E não são apenas os personagens que se sentem ameaçados. Por vezes a tensão é tanta que a própria autora fica nervosa e se mete diretamente na história para colocar um pouco de ordem nos delírios, agonias e dúvidas dos fugitivos. Luciana tem razão de ficar preocupada. Fugir é perigoso mesmo. Ainda mais com mulher grávida.
A maioria das pessoas, naquela época, achava inclusive que escravo fugir de seu dono não era legal. Um jovem advogado chamado Rui Barbosa de Oliveira, ao contrário, defendia que aquele sistema de escravizar os outros é que era injusto e ilegal. Portanto, fugir (como fizeram Mariana e Godofredo) não era crime nem contravenção, mas apenas uma defesa natural
a que tem direito qualquer ser humano. E principalmente, talvez, seres humanos que estivessem para dar à luz outros seres humanos, como era o caso de Mariana e Godofredo. Foi por causa desse advogado, e de outros abolicionistas radicais, que o menino acabou recebendo um nome tão comprido e diferente.
Para fugir é preciso prestar muita atenção em tudo. Olhar para um lado e para o outro. Andar manso e sorrateiro