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Políticas Públicas para a Cultura: Teoria e Prática
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Políticas Públicas para a Cultura: Teoria e Prática
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Políticas Públicas para a Cultura: Teoria e Prática

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Acultura, a política cultural e a gestão cultural, desde o final da década de 1980, passaram a ser temas importantes e suscitaram várias reflexões no Brasil. Na obra Políticas públicas para a cultura: teoria e prática procura-se entender os processos pelos quais esses temas passaram no período posterior à aprovação da Constituição de 1988, na busca da compreensão desse novo momento, quando o Brasil retomava a área cultural com uma forte tendência no viés antropológico. Para isso foi escolhido como objeto o debruçar-se sobre a administração cultural da maior cidade do país, São Paulo. O momento era bastante interessante, pois estava à frente da Secretaria Municipal de Cultura e Esportes uma filósofa, teórica da cultura, e isso não só despertava interesse, mas aguçava a curiosidade em saber como foi sua atuação e se as ações concretizaram seus saberes adquiridos em sua longa trajetória acadêmica.

O texto deste livro apresenta a análise do Projeto Cidadania Cultural, proposto pela então secretária Marilena Chauí, implementado no período de 1989 a 1992, quando esteve como gestora cultural na Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo (SMCSP). O olhar focado sobre essa ação permitiu identificar as diretrizes com as quais poderia ser construída uma possível política pública para a cultura.

O projeto pretendia criar mecanismos de auto-organização dos cidadãos paulistanos, para que se tornassem partícipes do fazer cultural. No entanto, constatou-se que, embora a cidade de São Paulo tenha sido transformada em um "laboratório de experiências culturais" do Partido dos Trabalhadores, com a intenção de substituir o "clientelismo pluralista" pelo "participacionismo popular", o projeto não contribuiu, de fato, para a construção de uma política pública para cultura.
LanguagePortuguês
Release dateNov 3, 2017
ISBN9788547306861
Políticas Públicas para a Cultura: Teoria e Prática

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    Book preview

    Políticas Públicas para a Cultura - Luzia Ferreira-Lia

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO - SEÇÃO GESTÃO

    Ao mestre Otávio Ianni, in memoriam

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço aos meus antepassados.

    Ao meu pai, Pedro Ferreira, in memoriam, e à minha mãe, Jovita Dias Ferreira, pela garra herdada.

    Ao meu companheiro Edwin Pitre pelo estímulo, carinho, compromisso, compreensão e, acima de tudo, pelos diálogos cotidianos que permitiram a conclusão deste trabalho.

    À professora Dilma de Melo Silva, que me mostrou os caminhos para seguir adiante, deixando-me beber na fonte de seus conhecimentos durante toda essa jornada em que estivemos juntas, tornando-se a minha mãe intelectual.

    Aos amigos Anita Simis, Alberto Ikeda e Carmen Aranha por suas valiosas observações nas leituras realizadas.

    À Cátedra Unesco da Universidade de Girona e a Fundação Interarts de Barcelona pela possibilidade de realizar o curso de Políticas Culturais Internacionais na Espanha.

    À Sociedade Científica de Estudos da Arte – Cesa, pelo suporte que permitiu minha permanência na Espanha.

    À doutora Silvana Karpinsck, pela leitura antecipada e observações oportunas e por ter compartilhado sua sapiência do fazer acadêmico que, em muitos momentos de incerteza, foram o meu alento para não desistir da empreitada.

    Ao meu filho Fabiano Ferreira de Paula pelo amor, incentivo e apoio financeiro que viabilizou a publicação deste livro.

    A Laura e Keila Nunes, pela preciosidade de suas correções, e a todos(as) que em algum momento me apoiaram e forneceram informações: bibliotecárias, informantes, artistas, produtores culturais e ativistas políticos, os quais não nomearei para não correr o risco de esquecer alguém.

    Obrigada de coração, pois sem vocês este trabalho

    não se concretizaria.

    PREFÁCIO

    Políticas Públicas para a Cultura, Teoria e Prática é um livro imprescindível para quem pesquisa e trabalha com política cultural. Embora o foco esteja sobre a política cultural exercida na Secretaria de Cultura paulistana, gestão Marilena Chauí, o trabalho faz uma revisão dos conceitos de cultura e das obras de autores fundamentais para que possamos refletir sobre o tema das políticas culturais como um todo a partir do histórico das políticas públicas para cultura no Brasil e em São Paulo e, por fim, para analisar o projeto da gestão Chauí e sua implementação.

    A principal preocupação que permeia toda a reflexão de Luzia Aparecida Ferreira é encontrar quais são as chaves para que a cultura exerça sua vocação para a construção de um novo tecido social no qual o cidadão possa ser o agente da transformação e construção de seu mundo. A sólida formação da Prof. Dra. Luzia, herdada ao longo dos caminhos percorridos para sua trajetória intelectual, isto é, seu pós-doutorado na Escuela Nacional de Antropologia e História do México, seu doutorado em Ciências da Comunicação na Escola de Comunicações e Arte da Universidade de São Paulo, seu mestrado profissional em Políticas Culturais Internacionais – Cátedra Unesco da Universidade de Girona Fundação Interarts, em Barcelona, seu mestrado em Produção Artística e Crítica Cultural na América Latina na Universidade de São Paulo e na Universidade de Buenos Aires, constrói as longas pontes para essa síntese.

    Mas Luzia também tem uma trajetória profissional como diretora do serviço de cultura da Universidade de São Paulo e, posteriormente, como assistente de eventos do Centro Universitário Maria Antonia, também da USP. Essas gestões são revistas neste livro como complemento necessário ao da análise da administração cultural de Chauí.

    Assim, produz seus cinco capítulos de forma a atender às dimensões teóricas e práticas de experiências concretas. No primeiro deles, apresenta as formulações e definições conceituais e teóricas da cultura, valorizando as pesquisas sobre a economia da cultura, a função econômica da cultura, o consumo cultural, os problemas de seu financiamento, sem esquecer-se de sublinhar a escassez de dados estatísticos.

    Seguindo Garcia Canclini, sabe que nossa produção e comercialização de produtos culturais estão marcadas por sua fraqueza diante da produção estrangeira hegemônica e tem uma visão crítica sobre a Declaração Universal da Unesco sobre a Diversidade Cultural. Apesar de reconhecer os avanços da democratização cultural, isto é, da difusão e popularização da alta cultura em grande parte da América Latina, ainda estamos longe de completar a fase seguinte, da democracia participativa, que, ao longo do livro, aprendemos a valorizar no que diz respeito à sua ação cidadã, aquela em que o cidadão se vê fazendo parte da construção da política cultural e não mais como um apêndice dela.

    No segundo capítulo, que trata das políticas públicas da cultura no Brasil, verificamos como é longo o caminho para o desenvolvimento de políticas culturais cidadãs e que ele não é progressivo, mas com avanços e retrocessos. Se há uma institucionalidade cada vez maior, ela passa a se sobrepor ao casual e espontâneo.

    No terceiro, trabalha a cultura, a cidade e, mais uma vez, a ênfase aponta para ações culturais que não se restrinjam a atingir extensas camadas da população como simples receptores, mas como agentes de todo processo e seus desdobramentos. Em relação aos projetos culturais para as cidades, talvez os problemas da falta de continuidade dos planos culturais seja um dos pontos mais evidentes, resultantes em sua maioria de interesses específicos que atendem a grupos políticos ou empresariais.

    É nesse capítulo que se apresenta a gestão Erundina de Sousa, primeira prefeita do Partido dos Trabalhadores a assumir a administração de São Paulo, e que indica Marilena Chauí para o cargo de secretária de cultura. O que mudou e como é aqui analisado e evidenciado com um quadro que remonta à criação do Departamento de Cultura nos tempos de Mário de Andrade.

    Na sequência, o quarto capítulo apresenta o projeto da Secretaria Municipal de Cultura, sua concepção, na qual prioritariamente temos explícita cidadania cultural como meta, substituindo o clientelismo pela participação popular. Mudanças em diversos níveis, inclusive na organização dos serviços da secretaria, criando programas e ampliando outros, são analisados e nem sempre com resultados perenes ou com a desejada cumplicidade de funcionários e do público – crítica dura, que pode ou não ser incorporada, pois aponta para o elitismo que se encontrava no bojo do projeto.

    No quinto capítulo, a gestão da cultura trata das ferramentas de gestão que poderiam ter sido usadas para implementar o Projeto Cidadania Cultural, mas, com a mudança na administração municipal, as ações postas em prática já estavam totalmente esquecidas pela população, sem deixar quaisquer marcas que pudessem ser recuperadas em futuras administrações. Por fim, nas considerações finais, a autora é ainda mais dura em sua avaliação: romper com os padrões vigentes de disseminação da cultura parece ser uma tarefa intransponível devido às barreiras institucionais que determinam que a cultura só diz respeito às sete artes eruditas. Na verdade, na gestão cultural de Chauí, houve pouca ênfase na cultura do povo, e pouco ou nada dessa cultura esteve na programação da SMCSP, não conseguindo romper jogo do circuito da distribuição da indústria cultural já institucionalizado.

    Em suma: a efetivação da proposta de cidadania cultural não se concretizou. No entanto, o que poderia sugerir uma crítica pessimista, mostra-se ao final como relativa, pois, para Luzia, ela se colocou na verdade como:

    [...] um subitem entre o clientelismo pluralista e o participacionismo popular, e isto faz sugerir a criação de um novo paradigma intermediário entre a democracia cultural e a democracia participativa apontadas nas proposições e García Canclini em 1987. Paradigma este que passa a existir ao se apossar de elementos tanto da democracia cultural como da democracia participativa.

    Para o leitor arguto, trata-se de uma conclusão original que instiga a polêmica e que contribui para o diálogo franco e inteligente, para avançarmos na elaboração e institucionalização de uma política cultural que possa realmente ser digna de ser cidadã.

    Anita Simis

    Professora livre-docente do Departamento de Sociologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Araraquara

    Pesquisadora do CNPq

    APRESENTAÇÃO

    Pensar a política pública para cultura a partir de uma perspectiva que envolve teoria e prática tem sido um exercício constante, mais especificamente, no caso do Brasil, nos últimos 20 anos. García Canclini foi um dos primeiros teóricos latino-americanos da cultura a alertar para a importância de trazer essa questão para as discussões contemporâneas. Com base em suas reflexões, propus-me a entender como as teorias sobre a cultura se efetivam na prática de uma gestão cultural.

    Utilizei como base o projeto Cidadania Cultural implementado na cidade de São Paulo entre os anos 1989 e 1992, a partir do qual foi possível estabelecer parâmetros indicativos de uma gestão pública de cultura em uma grande cidade brasileira. O texto perpassa as teorias de cultura desde o ponto de vista da Ciência da Comunicação sem deixar de buscar apoio nas várias áreas das ciências sociais. O leitor vai observar por meio de sua leitura como se dá na prática a gestão cultural

    A autora

    Sumário

    INTRODUÇÃO

    Capítulo 1

    CONCEITOS E DEFINIÇÕES

    1.1 Trajetória dos conceitos de cultura

    1.2 As Novas Teorias

    1.3 As Dimensões da Cultura

    1.4 Diálogos Necessários

    Capítulo 2

    HISTÓRICO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A CULTURA NO BRASIL

    Capítulo 3

    A CULTURA E A CIDADE

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